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FARMACOLOGIA DO SISTEMA ADRENÉRGICO E COLINÉRGICO Ms. Priscila Borges de Faria Arquelau FARMACOLOGIA DOS SISTEMAS Unidade de Ensino 2 - Farmacologia do SNP e SNA PRINCÍPIOS DE FARMACOLOGIA Pedro era um rapaz de 25 anos que trabalhava como agrônomo na fazenda de sua família. Um dia, ele passou mal e foi encaminhado ao hospital, apresentando o movimento dos braços e das pernas comprometido, dificuldade em falar e engolir, visão comprometida e olhos lacrimejantes. Ele só conseguia se movimentar com a ajuda do colega, que relatou ao médico que Pedro estava na plantação que havia sido pulverizada algumas horas antes com um produto que lembrava o cheiro de enxofre. Flávia Farmacêutica SITUAÇÃO-PROBLEMA PRINCÍPIOS DE FARMACOLOGIA O que poderia ter causado esses sintomas? Como agem esses compostos? Quais são as ações sobre o sistema nervoso autônomo que explicam tais sintomas? SITUAÇÃO-PROBLEMA CONCEITOS IMPORTANTES – Droga anticolinérgica (parassimpaticolítica): bloqueia e reduz a atividade do sistema nervoso parassimpático – Droga colinérgica (parassimpatomimética): estimula o sistema nervoso parassimpático; podem atuar direta ou indiretamente sobre a ACh – Droga simpaticomimética: imita os efeitos das catecolaminas, estimulando o sistema nervoso simpático – Droga simpaticolítica: inibe o sistema nervoso simpático ACh NAdr Adrenalina NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA CLASSES DE RECEPTORES LOCALIZADOS NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA – Canais iônicos regulados por ligante RECEPTORES NICOTÍNICOS - NN e NM 2 moléculas de ACh (ou agonista) se ligam às subunidades α permitindo a abertura de um poro seletivo Na+ (despolarização), que pemite a entrada de Ca+2 NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA – NN nos gânglios autônomos: ativação do neurônio pós-ganglionar – NN na medula supra-renal: secreção de catecolaminas – NN no SNC: resultam em ações mais complexas, como despertar, ter atenção e analgesia – NM na junção neuromuscular: contração da musculatura esquelética CLASSES DE RECEPTORES LOCALIZADOS NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA RECEPTORES NICOTÍNICOS - NN e NM NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA – M2 e M4: inibe a adenilil ciclase via Gi e contribui para a abertura de canais K+ via Go (hiperpolarização) – M1, M3 e M5: estimula a fosfolipase C via proteína Gq (excitação celular) RECEPTORES MUSCARÍNICOS - M1 a M5 – Acoplados à proteína G CLASSES DE RECEPTORES LOCALIZADOS NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA Receptores pares inibem Receptores ímpares excitam NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA CLASSES DE RECEPTORES LOCALIZADOS NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA EstômagoNeurônios corticais SNC Gânglios autônomos Potencial pós-sináptico excitatório tardio e secreção de ácido gástrico após estimulação vagal Receptor M1 – “Neuronais” RECEPTORES MUSCARÍNICOS - M1 a M5 NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA CLASSES DE RECEPTORES LOCALIZADOS NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA Coração Efeito inibitório Diminuição da força de contração e período refratário RECEPTORES MUSCARÍNICOS - M1 a M5 Receptor M2 – “Cardíacos” NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA Glândulas salivares CLASSES DE RECEPTORES LOCALIZADOS NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA RECEPTORES MUSCARÍNICOS - M1 a M5 Receptor M3 – “Glandulares/do m. liso” M. Liso Contração da musculatura lisa visceral Estimulação de secreções Brônquios Glândulas sudoríparas NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA RECEPTORES MUSCARÍNICOS - M1 a M5 CLASSES DE RECEPTORES LOCALIZADOS NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA Receptor M4 e M5 Os efeitos não foram completamente elucidados, mas podem estar relacionados às mudanças comportamentais NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA Os fármacos que atuam na transmissão colinérgica podem agir em receptores de ACh pós-sinápticos, como antagonistas ou agonistas, ou na síntese, armazenamento, liberação ou degradação do neurotransmissor. NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA FÁRMACOS USADOS APENAS EM PESQUISA – Hemicolínio-3: bloqueia o transportador de colina (síntese de ACh) – Vesamicol: bloqueia o transportador de ACh-H+ (armazenamento do NT em vesículas) INIBIDORES DA SÍNTESE, ARMAZENAMENTO E LIBERAÇÃO DA ACh Diminuição de ACh na fenda sináptica FÁRMACO DE IMPORTÂNCIA CLÍNICA – Toxina botulínica: impede a fusão da vesícula sináptica à membrana plasmática (liberação da ACh) o Efeitos adversos: paralisia motora e parassimpática, com boca seca, visão embaçada, seguida de paralisia respiratória NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA INDICAÇÃO FARMACOLÓGICA – Miastenia gravis: aumenta a transmissão na junção neuromuscular – Diminuição da pressão intraocular: aumenta o tônus parassimpático – Doença de Alzheimer: aumenta a atividade colinérgica central INIBIDORES DA DEGRADAÇÃO DA ACh Aumento de ACh na fenda sináptica Classes principais – Curta duração (2–10 min): álcoois simples com um grupo amônio quaternário (ex: edrofônio) – Média duração (3–8 h): ésteres do ácido carbâmico (ex: neostigmina e fisostigmina) – Irreversíveis (centenas de horas): derivados do ácido fosfórico (ex: diisopropil fluorofosfato) NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA – Agonistas de receptores muscarínicos: diagnóstico da asma e tratamento de glaucoma (mióticos – contrição da pupila) o Exemplos: ésteres de colina (carbacol, metacolina, betanecol) e alcaloides (muscarina, pilocarpina, cevimelina) o Efeitos adversos: bradicardia, redução da PA e intraocular, aumento da atividade peristáltica no TGI e estimulação de glândulas exócrinas AGONISTAS DE RECEPTORES Agem sobre receptores muscarínicos ou nicotínicos – Agonistas de receptores nicotínicos: indução de paralisia muscular durante cirurgias (via bloqueio despolarizante) o Exemplos: nicotina e succinilcolina NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA – Antagonistas de receptores muscarínicos: antagonistas competitivos da ACh; inibição de secreção de glândulas exócrinas, taquicardia, dilatação da pupila (midríase) podendo aumentar a pressão intraocular, inibição da motilidade GI, efeitos excitatórios no SNC o Exemplos: alcaloides naturais (atropina, escopolamina) e compostos de amônio quaternário sintético (glicopirrolato, pirenzepina, propantelina, ipratrópio) ANTAGONISTAS DE RECEPTORES - ANTICOLINÉRGICOS Agem sobre receptores muscarínicos ou nicotínicos Atropina: estimulante do SNC Escopolamina: depressor do SNC NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA – Antagonistas de receptores nicotínicos: bloqueio neuromuscular não despolarizante, competindo com a ACh pelos receptores, resultando em paralisia o Exemplos: pancurônio, tubocurarina, trimetafan o Efeitos adversos: bloqueio de receptores nos gânglios autônomos (taquicardia, midríase, retenção urinária) ANTAGONISTAS DE RECEPTORES - ANTICOLINÉRGICOS Agem sobre receptores muscarínicos ou nicotínicos Pancurônio Relaxante muscular em cirurgia NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA CLASSES DE RECEPTORES LOCALIZADOS NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA – Acoplados à proteínas G RECEPTORES ADRENÉRGICOS - α e β NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA CLASSES DE RECEPTORES LOCALIZADOS NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA RECEPTORES ADRENÉRGICOS - α e β Receptor α1 A ativação resulta em contração muscular e relaxamento da musculatura lisa! Sistema cardiovascular M. Liso trato urinário M. Liso TGI NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA CLASSES DE RECEPTORES LOCALIZADOS NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA RECEPTORES ADRENÉRGICOS - α e β Pâncreas Inibição da liberação de insulina Receptor α2 Neurônios pré e pós-sinápticos Envolvidos na retroalimentação negativa (feedback negativo): diminuem a liberação de NAdr SNC Plaquetas Inibição da agregação plaquetária NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA CLASSES DE RECEPTORES LOCALIZADOS NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA RECEPTORES ADRENÉRGICOS - α e β Receptor β1 Coração Aumento do ionotropismo (força de contração) e cronotropismo (frequência cardíaca) Rins Liberação de renina Aumento da PA NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA CLASSES DE RECEPTORES LOCALIZADOS NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA RECEPTORES ADRENÉRGICOS - α e β Receptor β2 M. Liso M. Esquelético Relaxamento da musculatura, glicogenólise, gliconeogênesee captação de potássio Fígado NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA CLASSES DE RECEPTORES LOCALIZADOS NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA RECEPTORES ADRENÉRGICOS - α e β Receptor β3 Tecido adiposo Aumento da lipólise Ainda não existem fármacos de uso clínico que atuem sobre este subtipo de receptor! NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA CLASSES DE RECEPTORES LOCALIZADOS NA MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA RECEPTORES ADRENÉRGICOS - α e β Afinidade de NAdr e adrenalina pelos receptores NAdr tem pouco efeito sobre os receptores β2 e age preferencialmente via α1 e β1 [Adrenalina] [Adrenalina] Ligação predominante em receptores β1 e β2 Ligação em receptores α1 Os fármacos que atuam na transmissão adrenérgica podem agir em receptores de NAdr/Adrenalina pós- sinápticos, como antagonistas ou agonistas, ou na síntese, armazenamento, recaptação ou metabolismo do neurotransmissor. NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA INIBIDORES DA SÍNTESE, ARMAZENAMENTO, RECAPTAÇÃO E METABOLISMO DE CATECOLAMNIAS Diminuição/Aumento de catecolaminas na fenda sináptica – Metiltirosina: análogo da tirosina; inibe tirosina hidroxilase; uso clínico limitado (efeitos não são específicos) (inibe a síntese) – Inibidores do armazenamento de catecolaminas: bloqueio do transportador VMAT, responsável pelo armazenamento de NAdr acúmulo de neurotransmissor no citoplasma, sendo degradado pela MAO o Exemplos: reserpina, guanadrel, metilfenidato NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA Reserpina Tratamento da hipertensão (obsoleto) INIBIDORES DA SÍNTESE, ARMAZENAMENTO, RECAPTAÇÃO E METABOLISMO DE CATECOLAMNIAS Diminuição/Aumento de catecolaminas na fenda sináptica – Inibidores da recaptação de catecolaminas: acúmulo de neurotransmissor na fenda sináptica por inibir o transportador NET responsável pela recaptação de catecolaminas o Exemplos: antidepressivos tricíclicos (como imipramina e amitriptilina), duloxetina, cocaína o Efeitos adversos: hipotensão postural e taquicardia (fármacos não- seletivos para a NAdr bloqueam a recaptação de outros NT) NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA INIBIDORES DA SÍNTESE, ARMAZENAMENTO, RECAPTAÇÃO E METABOLISMO DE CATECOLAMNIAS Diminuição/Aumento de catecolaminas na fenda sináptica – Inibidores do metabolismo de catecolaminas: inibidores da MAO (IMAO) resultam em um acúmulo de catecolaminas na forma ativa nas vesículas sinápticas; ação seletiva ou não sobre as formas MAO-A e MAO-B o Exemplos: fenelzina, iproniazida e tranilcipromina (inibidores não-seletivos) e clorgilina, selegilina, brofaromina, befloxatona e moclobemida (seletivos) NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA – Agonistas de receptores α-adrenérgicos o α1-adrenérgicos: aumento da resistência vascular periférica aumento da PA; contração da musculatura lisa vascular (alívio da congestão nasal) • Exemplos: metoxamina, fenilefrina, oximetazolina, tetraidrazolina o α2-adrenérgicos: tratamento da hipertensão • Exemplos: clonidina, guanabenzo, guanfacina e metildopa AGONISTAS DE RECEPTORES NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA Metildopa Tratamento da hipertensão gestacional – Agonistas de receptores β-adrenérgicos o β1-adrenérgicos: aumento da frequência cardíaca e da força de contração • Exemplo: dobutamina o β2-adrenérgicos: relaxamento da musculatura lisa vascular, brônquica e gastrointestinal • Exemplos: metaproterenol, terbutalina, salbutamol e salmeterol AGONISTAS DE RECEPTORES NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA Efeitos não desejáveis decorrentes de ações agonistas não-seletivas podem ocorrer! – Antagonistas de receptores α-adrenérgicos: bloqueio da ligação de catecolaminas aos receptores α vasodilatação e redução da PA o Exemplos: prazosin, doxasozin e terazosin (seletivos para α1), ioimbina e idazoxan (seletivos para α2), fenoxibenzamina e fentolamina (não-seletivos) ANTAGONISTAS DE RECEPTORES NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA – Antagonistas de receptores β-adrenérgicos o β1-adrenérgicos: diminuição da frequência cardíaca e contratilidade do miocárdio - redução da PA; aqueles que apresentam baixa seletividade podem atuar sobre os β2 causando boncoconstrição FATAL EM PACIENTES ASMÁTICOS • Exemplos: Propranolol, nadolol e timolol (não seletivos) Labetalol e carvedilol (antagonistas β e α1 não seletivos) Pindolol e acebutolol (agonistas parciais β-adrenérgicos) Esmolol, metoprolol, atenolol e celiprolol (antagonistas β1-seletivos) ANTAGONISTAS DE RECEPTORES NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA Antagonistas seletivos para β1 não são usados na terapêutica PRINCÍPIOS DE FARMACOLOGIA O que poderia ter causado esses sintomas? Como agem esses compostos? Quais são as ações sobre o sistema nervoso autônomo que explicam tais sintomas? SITUAÇÃO-PROBLEMA PRINCÍPIOS DE FARMACOLOGIA SITUAÇÃO-PROBLEMA – Intoxicação acidental por organofosforado inibidor de colinesterase: aumento da concentração de NT na fenda sináptica o Altamente lipossolúvel o Penetração por via dérmica o Problemática • Formação de complexos estáveis praticamente irreversíveis com a AChE • Envelhecimento: rompimento espontâneo das ligações oxigênio-fósforo e formação de ligações mais fortes, prolongando a inibição da enzima o Tratamento: atropina i.v (antagonista de receptores muscarínicos) até que os sinais muscarínicos diminuam ou compostos sejam capazes de regenerar a enzima em sua forma ativa 1. Atenolol 2. Escopolamina 3. Metildopa 4. Metilfenidato 5. Neostigmina 6. Pancurônio 7. Pilocarpina 8. Salbutamol 9. Toxina botulínica TRABALHO FICHAS FARMACOLÓGICAS TRABALHO FICHAS FARMACOLÓGICAS • As fichas deverão ter as seguintes informações: classe e/ou indicação; mecanismo de ação; efeito adverso mais comum; e nomes comerciais. As fichas serão padronizadas, conforme exemplo abaixo: INDICAÇÃO: Hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. MECANISMO DE AÇÃO: inibidor da ECA, que impede a angiotensina I de ser convertida em angiotensina II. Logo, não há vasoconstrição periférica, diminuindo a resistência vascular periférica e promovendo uma diminuição da pressão arterial. EFEITO ADVERSO: Tosse NOMES COMERCIAIS: Capoten®, Capotrineo®, Captosen® FRENTE VERSO CAPTOPRIL
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