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Devolutiva 7

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Explicar as mudanças morfofuncionais no aparelho genitourinário no 
homem e urinário na mulher e relacionar com a incontinência urinária 
Envelhecimento do ureter 
➜ Estudos do envelhecimento do ureter realizados em humanos por necropsia e urografia têm sinalizado progressivo 
aumento do seu diâmetro desde a infância. Em outros estudos nos quais se avaliou o comportamento do ureter de 
coelhos condicionado à pressão em sua luz, observou-se que, sob essas condições, o ureter dos animais mais velhos 
sofria menos deformidade, tanto longitudinal como transversalmente, quando comparado ao dos animais mais novos 
➜ Recentemente, em estudos foram analisadas modificações relacionadas à idade em relação ao conteúdo dos seus 
eletrólitos, constatando aumento de ferro e sulfato e diminuição de cálcio, ao contrário da maioria dos órgãos. 
➜ Com relação à investigação funcional do envelhecimento do ureter, tem sido relatada uma maior contratilidade, 
que, provavelmente, estaria associada a expansão da sua camada muscular em relação às outras camadas 
➜ Em estudos com animais, tem sido relatado comportamento ambíguo com relação ao relaxamento do ureter, 
quando submetido a diferentes estímulos. A resposta de relaxamento é menor com emprego de betabloqueadores, 
provavelmente relacionada a uma diminuição na concentração de cAMP, ocorrendo, ao contrário, um aumento do 
relaxamento quando do emprego de nitroprussiato de sódio como estímulo, associado ao aumento de GMPc. 
 
Envelhecimento da bexiga 
➜ Órgão responsável pelo armazenamento da urina produzida pelo rim e por sua expulsão para o meio exterior, a 
bexiga é submetida, no envelhecimento, a alterações próprias do órgão e extravesicais, que podem levar a uma 
exteriorização clínica, podendo promover inúmeras limitações no campo psíquico, social e profissional do idoso 
➜ O envelhecimento da bexiga pode resultar no desarranjo do delicado equilíbrio entre os músculos estriados 
(voluntários) e liso (autônomo), controlado pela ação simpática, responsável pelo relaxamento e pelo capacidade de 
armazenamento vesical, e o parassimpático, com ação predominante na contração da bexiga e expulsão da urina. 
➜ Morfologicamente, as alterações do envelhecimento da bexiga são representadas pela deposição de colágeno, 
com alterações histológicas observadas nas três camadas do detrussor e consequente hiperatividade do mesmo, e 
pela progressiva esclerose dos vasa-vasorum, cuja consequência é a denervação da bexiga. 
➜ Um fator extravesical, como o processo de atrofia cerebral, pode, também, ser responsável por alterações na 
função da bexiga, de forma temporária ou definitiva. 
➜ Aspectos do envelhecimento diferenciado entre os sexos: 
• A origem embriológica comum da bexiga, uretra, ureter e trato genital responde, na mulher, a estímulo estrogênico, 
cujo declínio de produção que acompanha o climatério pode trazer consequências fisiológicas, participando como 
facilitador do aparecimento, por exemplo, de infecções urinárias 
• Nos homens, em associação aos processos degenerativos próprios, a bexiga está vulnerável, principalmente, ao 
aumento prostático e à consequente acentuação do prejuízo aos processos primários do seu envelhecimento. 
 
Envelhecimento da uretra 
➜ Órgão pouco comprometido pelo envelhecimento, a uretra apresenta entre as mulheres uma diminuição da 
pressão uretral máxima e do comprimento funcional. Nos homens, o comprometimento principal é o extrínseco, 
promovido pela hipertrofia prostática 
 
Envelhecimento da próstata 
➜ No adulto, a próstata pesa 20 g e se situa abaixo da bexiga, ao redor da porção proximal da uretra, tendo limites 
nítidos e textura suave. Sua arquitetura glandular tubuloalveolar secreta um líquido incolor, ligeiramente ácido, 
que contém zinco, potássio, cálcio, fibrinolisina, fosfatase ácida, espermina e ácido cítrico. Essa estrutura glandular 
é sustentada por estroma fibromuscular que representa ⅓ do tecido prostático total. Anatomicamente, a próstata é 
dividida em 5 zonas: central, periférica, de transição, estroma fibromuscular e tecido periprostático. Desde o 
período embrionário até a maturidade sexual, sua diferenciação, crescimento e função dependem da ação 
reguladora dos andrógenos testiculares (testosterona, regulada pelo LH). Apesar de sua relativa importância vital e 
de suas pequenas dimensões, a próstata ocupa um lugar de grande destaque no universo geriátrico. São muito 
comuns, a partir da meia-idade, os processos inflamatórios, congestivos e neoplásicos da próstata, trazendo assim 
sinais e sintomas, principalmente, ligados a distúrbios da micção. Por essa razão, os homens apenas percebem a 
existência da próstata a partir do momento em que tais desordens se manifestam. 
INCONTINÊNCIA URINÁRIA 
Anatomia 
Bexiga 
• A bexiga é um órgão de músculo liso formado pelos músculos detrusor e trígono, com capacidade para armazenar 
de 350 a 450 ml de urina. Do ponto de vista funcional, pode ser dividida em corpo e base. O corpo consiste na porção 
localizada acima dos orifícios ureterais, enquanto a base inclui o trígono posterior, o detrusor profundo e a parede 
anterior da bexiga. O músculo detrusor é formado por 3 camadas de fibras musculares lisas distribuídas em sentido 
longitudinal, circular e espiral, e é o responsável pelo armazenamento e eliminação da urina. O trígono é um músculo 
pequeno, de forma triangular, formado por uma camada superficial oriunda das fibras longitudinais da porção 
intravesical dos ureteres, e uma camada profunda, formada pelas fibras da bainha de Waldeyer. Essas fibras seguem 
sobre o detrusor até o colo vesical. Tal arranjo possibilita o livre afluxo da urina na bexiga a partir dos ureteres 
durante a fase de enchimento e previne o refluxo da urina para os ureteres durante o aumento da pressão vesical 
 
Uretra 
• A uretra inicia-se no meato interno da bexiga e se estende até o meato uretral externo. Posiciona-se em direção 
oblíqua, quase tangencial à bexiga. É constituída por 2 camadas de fibras musculares lisas, oriundas do detrusor, e 
por fibras do trígono, as quais são entremeadas por grande quantidade de tecido conectivo e por rica rede vascular, 
arranjo que contribui para a manutenção da pressão uretral e para a continência. Na mulher, a uretra mede 4 cm, 
desde o colo vesical até o meato externo, e pode ser dividida em 3 segmentos: proximal, medial e distal. O proximal e 
o medial têm influência na continência, enquanto o segmento distal funciona como um condutor da urina até o meato 
externo. No homem, uretra mede 20cm e se divide em 4 segmentos: uretra prostática, membranosa, bulbar e peniana 
• Composta por 2 esfíncteres: interno e externo. O esfíncter interno existe apenas no homem e é formado por colar de 
músculo liso em continuidade com a musculatura lisa da próstata. Esse esfíncter previne o refluxo de sêmen para a 
bexiga durante a ejaculação. O esfíncter externo é uma estrutura de músculo estriado, presente tanto no homem 
quanto na mulher. É o principal mecanismo da continência, essencial para o controle voluntário da micção 
 
Neurofisiologia 
➜ O trato urinário inferior executa 2 funções importantes: armazenamento e eliminação da urina (micção), cujos 
mecanismos envolvem a integração entre a inervação simpática, parassimpática, somática e sensorial, com centros 
reguladores localizados na medula espinal, no tronco cerebral, no mesencéfalo e em estruturas corticais superiores. 
➜ A contração da bexiga resulta da ativação de neurônios parassimpáticos localizados no segmento S2-S4, de onde 
impulsos eferentes seguem pelos nervos pélvico e hipogástrico até o músculo detrusor. Esse mecanismo é mediado 
pela estimulação de receptores muscarínicos (colinérgicos). A inervação simpática da bexiga origina-se do segmento 
medular T11-L2, de onde fibras eferentes cruzam a cadeia simpática paravertebral nos níveis T12, L1 e L2, e 
prosseguem pelos nervos esplâncnicos lombares até o plexo hipogástrico.➜ Neste local, fazem sinapses com neurônios pós-ganglionares e se dirigem para inervar a região do corpo vesical, 
trígono, esfíncter interno até meatos uretrais. A resposta do trato urinário inferior ao estímulo simpático depende da 
distribuição dos receptores adrenérgicos. No corpo, onde receptores beta-2 são abundantes, excitação do simpático 
provoca relaxamento. Na base, onde predominam receptores alfa-1, provoca a contração do colo vesical e da uretra 
 
➜ A inervação somática para o esfíncter externo e para músculos do soalho pélvico é fornecida pelo nervo pudendo, 
cujas fibras se originam nos neurônios motores no núcleo de Onuf, localizado na coluna anterior da medula sacral 
➜ As funções de armazenamento e eliminação da urina são coordenadas por estruturas localizadas nos segmentos 
superiores do sistema nervoso, notadamente nas regiões medial, dorsolateral e ventral da ponte, onde se localizam o 
centro pontino da micção (CPM), e o centro pontino esfincteriano (CPE). 
➜ O 1º tem ação facilitadora sobre a micção, e o segundo age sobre a continência. O centro cortical da micção, 
localizado na face lateral do giro pré-central, exerce ação inibitória sobre o músculo detrusor, tanto que lesões nessa 
região resultam em contrações descontroladas desse músculo (contrações não inibidas), que se manifestam pelo 
aumento do número de micções (frequência), súbito e intenso desejo de urinar (urgência) e pela perda involuntária de 
urina (incontinência). Os núcleos da base, o hipotálamo e o cerebelo também exercem influência sobre a micção. 
 
➜ O processo de armazenamento e eliminação da urina envolve funções opostas entre a uretra e a bexiga. Durante o 
armazenamento, o impulso simpático alfa-adrenérgico mantém o tônus da região esfincteriana elevado, enquanto o 
impulso beta mantém o detrusor relaxado; simultaneamente, a inervação somática mantém os músculos do soalho 
pélvico e o esfíncter externo contraídos, enquanto o parassimpático permanece inibido. Quando o volume vesical 
alcança de 150 a 300 ml, o mecanismo se inverte: o simpático é inibido, enquanto o parassimpático é estimulado, 
provocando contração do detrusor e expulsão da urina. Esse processo atua sob coordenação dos centros encefálicos 
 
Relacionar as mudanças hormonais nos idosos com a vida sexual 
➜ Na 6ª década de vida das mulheres, as secreções ovarianas de estrógenos e androgênios diminuem abruptamente; 
entretanto, aumentam as secreções de FSH e LH. Após a menopausa, mulheres apresentam elevadas concentrações 
séricas de FSH e LH até aproximadamente os 75 anos, quando então esses níveis começam a declinar gradualmente 
➜ Na maioria dos homens, a função testicular declina gradualmente durante o envelhecimento, havendo redução dos 
níveis de testosterona. Estudos sugerem que o declínio seja constante a partir dos 25 anos, obedecendo a um ritmo 
de 1% ao ano para a testosterona total e de 2% ao ano para a forma livre. Como a concentração sérica da globulina 
carreadora de hormônio sexual (SHBG) aumenta com a idade, os homens idosos têm um maior declínio nas 
concentrações séricas de testosterona livre. Diferentemente da menopausa, situação em que há uma deficiência 
completa de estrógenos, o declínio androgênico nos homens varia de moderado a grave. Aproximadamente 70% dos 
homens com mais de 70 anos de idade apresentam concentrações séricas de testosterona livre compatíveis com 
hipogonadismo. A partir dessa idade também começa a declinar a produção de esperma que, por volta dos 90 anos, 
chega a 50%. Esse declínio está associado a: fibrose tubular, redução do volume testicular e elevações séricas de 
FSH 
 
Menopausa 
• Definida como falência total da função ovariana (cessação da produção de esteroides e ausência de ovulação), 
resultando em amenorreia permanente. A ausência de menstruação por um período de 12 meses confirma o 
diagnóstico em mulheres idosas; portanto, a menopausa é um diagnóstico retrospectivo. 
• Climatério é um termo usado com referência às alterações fisiológicas e sintomas que decorreram da transição do 
período reprodutivo para o não reprodutivo na mulher. A idade média de ocorrência da menopausa é de 47,8 anos. 
 
• A mulher nasce com um número finito de óvulos armazenados nos ovários. Com a idade, sofre depleção dos 
folículos ovarianos, com falência funcional dos ovários, culminando com interrupção definitiva dos ciclos menstruais, 
o que caracteriza a menopausa, confirmada a partir de 12 meses consecutivos de amenorreia ou após cirurgia, 
quimioterapia ou irradiação. 
• Os ovários produzem 2 importantes hormônios: estrogênio e progesterona. Os estrogênios constituem um grupo de 
hormônios essenciais para o desenvolvimento do útero, mama e outras transformações associadas à puberdade, 
determinando características femininas de distribuição de gordura e as responsáveis pelo processo de reprodução 
• O declínio funcional dos ovários ocorre gradativamente, englobando um período de transição, denominado 
climatério, que se estende, sem nenhuma intervenção médica, dos 35 aos 65 anos. 
• Raramente os ciclos menstruais são interrompidos abruptamente. A menopausa propriamente dita é precedida por 
um período chamado perimenopausa ou transição menopausal, durante o qual há flutuação hormonal com 
irregularidades dos ciclos, acompanhada por sintomas próprios da queda de estrogênios. A caracterização da 
transição menopáusica é clínica, visto que as dosagens hormonais são muito flutuantes, não sendo, portanto, 
confiáveis. Entretanto, cerca de 6 meses antes da menopausa os níveis de estrogênios caem significativamente. 
• A falência ovariana é acompanhada por pequena produção de testosterona, transformada em estradiol na gordura 
corporal. Também a glândula adrenal mantém a produção de hormônio masculino, da mesma forma transformado 
em estrona e estradiol. A mais potente forma de estrogênio é o estradiol; o estriol e a estrona também são 
importantes, porém de menor potência. A atuação dos estrogênios no organismo ocorre por meio da sua ligação a 
receptores específicos, abundantes em todo o organismo. Em mulheres submetidas à ooferectomia, ou com falência 
da produção androgênica pelo ovário, níveis baixos de testosterona podem ocorrer, o que causa redução de libido 
• Embora seja um processo fisiológico, a menopausa resulta em profundas modificações no organismo da mulher, 
determinando, diversos sintomas clínicos, como os vasomotores, além de torná-la suscetível ao aparecimento de 
doenças, entre as quais destacam-se a osteoporose, doenças cardiovasculares, atrofia urogenital, declínio cognitivo, 
depressão e a doença de Alzheimer. 
 
Alterações urogenitais 
➜ O sistema urogenital sofre efeitos deletérios devido ao hipoestrogenismo, o que provoca sintomas referidos por 
1/3 das mulheres. Os principais são a secura e a irritação vaginal, acompanhados, com frequência, de pruridos e 
queixas de desconforto ou dor durante o ato sexual. Habitualmente há urgência urinária, polaciúria e disúria, além de, 
não raro, perda urinária aos esforços como, por exemplo, ao tossir. 
➜ Esses sintomas são decorrentes de marcantes fenômenos involutivos do sistema urogenital. A vulva perde 
panículo adiposo, as glândulas de Bartholin se atrofiam, há diminuição da secreção das glândulas sudoríparas e 
sebáceas. Os pelos pubianos tornam-se escassos e quebradiços. Há, normalmente, retração do introito vaginal, 
principalmente nas pacientes de nenhuma ou escassa atividade sexual. A vagina apresenta-se menos rugosa e 
elástica, passa a ser repovoada, perdendo bacilos de Döderlein, que são substituídos por flora inespecífica, incluindo 
organismos patogênicos encontrados em infecções do sistema urinário. O pH torna-se mais elevado, em geral acima 
de 6, sendo esse mais um fator para originar quadros infecciosos 
➜ Caracteristicamente, há atrofia do útero, das trompas e dos ovários. Todo o sistema de sustentação do assoalho 
pélvico torna-seatrófico e menos elástico, com redução da musculatura pélvica e do tecido colágeno, o que ocasiona 
prolapso genital. 
➜ Em algum momento da menopausa, grande parte das mulheres terá problemas vulvovaginais. O aparecimento de 
secreção vaginal, por vezes com odor desagradável, pode ter origem inflamatória, causando irritação, rubor e prurido. 
O ressecamento e o adelgaçamento da vulva e da parede vaginal tornam esses tecidos mais propensos a traumas 
durante a relação sexual e ao exame ginecológico. O aumento do pH, alcalinizando o meio, que normalmente é ácido, 
associado ao adelgaçamento da parede vaginal, origina vaginite atrófica, necessitando de medidas terapêuticas 
próprias para evitar o surgimento de feridas, sangramento e dor, principalmente durante a relação sexual. A 
deficiência estrogênica leva à redução do fluxo sanguíneo para a vagina e a vulva, sendo a maior causa de redução 
da lubrificação vaginal e da atividade sexual. Além disso, pode determinar neuropatia do nervo pudendo, resultando 
em menor sensibilidade do clitóris e da área vulvar, processo que parece ser reversível com o uso de estrogênio. 
➜ A produção de androgênio se reduz e pode resultar em perda de libido, porém os estudos dos efeitos da reposição 
androgênica sobre a função sexual na mulher são conflitantes. 
➜ O sistema urinário manifesta importantes repercussões relacionadas à deficiência hormonal da menopausa. A 
parede da uretra torna-se delgada, e a musculatura pélvica ao redor pode enfraquecer. Há redução do tecido 
conjuntivo que envolve a uretra e a bexiga, região rica em receptores estrogênicos, portanto hormônio-dependente. 
Consequentemente, há perda de elasticidade e atrofia da mucosa uretral e do colo vesical, com menor irrigação 
sanguínea e menor resposta muscular. A redução da rede vascular compromete a manutenção adequada da pressão 
intrauretral e da transmissão da pressão intra-abdominal à uretra proximal, prejudicando a cooptação da mucosa 
uretral. Essas alterações propiciam o aumento da frequência e urgência urinária, associadas ou não à disúria. Além 
disso, outra ocorrência comum é a incontinência urinária, particularmente ao esforço, quase tão frequente quanto os 
quadros de instabilidade do músculo detrusor 
➜ A infecção urinária é mais frequente no período pós-menopausa, sendo a infecção vaginal, o resíduo pós-miccional 
e a deficiência imunológica creditados ao hipoestrogenismo os fatores que mais contribuem para que ocorra. Além 
disso, a atrofia da mucosa e a deficiência estrogênica podem aumentar o pH da vagina e alterar a sua flora, 
mudanças que predispõem à infecção do trato urinário. Os quadros infecciosos recorrentes levam a fibrose e 
estreitamento da uretra. 
➜ Devido à frequente ocorrência de quadros de infecção urinária, é importante o diagnóstico dos sintomas 
urológicos não infecciosos da menopausa, que têm rápida remissão com estrogenioterapia 
➜ Apesar de todas essas manifestações, a menopausa não necessariamente afeta a sexualidade. A compreensão 
dessas mudanças e o apoio psicológico, quando necessário, ao lado de medidas terapêuticas próprias, 
desmistificam a concepção de que o sexo acaba nesse período. A sexualidade faz parte da vida saudável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hipogonadismo masculino (andropausa) no idoso 
• Hipogonadismo no indivíduo adulto é a incapacidade dos testículos para produzir quantidades adequadas de 
testosterona ou espermatozoides, ou ambos. 
• Assim como ocorre no sexo feminino, o homem apresenta, com o envelhecimento, alterações na função 
reprodutiva. A avaliação do nível circulante de testosterona deve levar em conta o estado de saúde do indivíduo, 
assim como tabagismo, uso de álcool, obesidade e horário da coleta. É interessante ressaltar que os níveis de 
proteínas transportadoras de hormônios sexuais (SHBG) aumentam com a idade, o que acarreta o declínio dos níveis 
de T livre ou T não ligada a SHBG, em uma intensidade maior do que o declínio dos níveis de T total. 
• Quantifica-se a testosterona livre a partir da quantidade da testosterona total sérica não ligada a qualquer proteína 
(cerca de 1 a 2% da testosterona total = 3 a 10 ng/dl). O cálculo da testosterona “não ligada a SHBG”, também 
denominada testosterona biologicamente presente (bioavailable), corresponde à porção de testosterona total não 
mais SHBG ligada à albumina (= fracamente ligada). Aumento de SHBG (níveis normais de testosterona total e níveis 
baixos de testosterona biologicamente presentes) pode ocorrer na síndrome de Klinefelter, no hipertireoidismo, nas 
hepatopatias, nos estados de hiperestrogenismo e com o avanço da idade. Estima-se que 50% dos idosos sadios 
apresentem, aos 60 anos de idade, níveis de T livre abaixo do limite normal para homens aos 30 anos. Conclui-se que 
entre 3 e 4% de todos os homens, com idade entre 40 e 60 anos, seriam considerados hipogonádicos caso fosse 
necessário incluir níveis elevados de gonadotrofinas como critério diagnóstico de hipogonadismo. Estudos 
epidemiológicos demonstram que a taxa anual de declínio dos níveis de T total e T livre chega a 0,4 e 1,2%, 
respectivamente, com um aumento pequeno, mas significativo, dos níveis de LH e FSH 
• Uma grande alteração ocorre na variação circadiana de secreção de T entre jovens e idosos. Enquanto os jovens 
apresentam um zênite no período entre 6 e 8 h e um nadir entre 17 e 18 h, nos idosos o ritmo circadiano, quando 
detectável, tende a ser mais “achatado” e inconstante. Clinicamente, isso significa que a diferença entre os níveis de 
T entre jovens e idosos é percebido quando se avaliam níveis coletados durante a manhã e perdido quando se 
avaliam níveis coletados no período da tarde. Em resumo, indivíduos com níveis de T total menores do que 2 ng/ml 
(7,0 nm/l) devem ser considerados hipogonádicos. A avaliação dos níveis de gonadotrofinas e, por exemplo, 
prolactina deve ser realizada posteriormente, no sentido de se avaliar a etiologia do processo. No momento, não é 
claro como se devem classificar indivíduos com níveis de T total entre 2 e 3 ng/ml (7,0 a 10,5 nm/l). A suspeita clínica 
de hipogonadismo deve ser aventada quando o indivíduo se queixa de alteração de libido, vigor, potência sexual, 
diminuição de fâneros, fraqueza muscular e diminuição da massa muscular (Figura 68.2). Ocasionalmente, o 
hipogonadismo masculino no idoso pode ser acompanhado de ondas de calor. 
• À medida que o indivíduo envelhece, ocorre diminuição na sua massa magra e muscular, e sua porcentagem de 
gordura corpórea aumenta; ainda ocorrem sarcopenia, tendência a quedas, fraturas, perda de mobilidade e perda da 
independência para as atividades diárias. Alterações metabólicas, como diminuição das taxas do metabolismo basal 
e do controle da termorregulação, além de alteração do metabolismo da glicose, também podem estar presentes. 
Ginecomastia pode ocorrer em idosos normais, embora isso possa indicar doença subjacente: parece ser devida a 
alterações do metabolismo androgênico após os 70 anos de idade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Explicar a disfunção erétil no idoso e relacionar com o 
mecanismo do viagra 
➜ Os corpos cavernosos contêm os chamados espaços lacunares onde o sangue se acumula após o relaxamento da 
sua musculatura lisa. O fluxo sanguíneo para os corpos cavernosos é trazido pelas artérias peniana e cavernosa. A 
própria tumescência peniana comprime as vias de drenagem venosa, o que impede o escoamento do sangue e ajuda 
na manutenção da ereção. A inervação parassimpática, que vem dos plexos sacrais, é responsável pela ereção, 
enquanto os nervos da cadeia simpática, ao liberarem norepinefrina, levam à vasoconstrição e perda da ereção 
➜ O relaxamento da musculatura lisa é regulado pelo aumento da concentração intracelular de GMP cíclico (GMPc). 
A produção desse mensageiro químico, por sua vez, é estimulada pelo óxido nítrico (ON), que é liberado 
principalmente pelas terminaçõesnervosas parassimpáticas. O GMPc é metabolizado e inativado pela 
fosfodiesterase tipo 5 (PDE5), que o transforma em GMP. Com isso as células musculares lisas dos corpos 
cavernosos se contraem e o fluxo de sangue é reduzido, o que leva à perda da ereção. 
➜ Recentemente o papel do cálcio, cujo aumento de concentração intracelular dispara a reação da miosina com a 
actina, causando a contração do músculo liso, tem sido muito estudado, assim como os papéis dos canais da 
membrana celular que regulam os fluxos de entrada e saída desse íon e de vias enzimáticas (RhoA, Rho quinase) que 
potencializam seus efeitos sobre a contração celular. O potássio, por sua vez, é um importante regulador dos níveis 
de cálcio intracelular. A compreensão desses processos já nos possibilita antever novas alternativas terapêuticas 
para a DE 
➜ Todo esse mecanismo depende do funcionamento adequado da inervação peniana, das artérias e veias, e de uma 
anatomia peniana intacta. Danos a qualquer uma dessas estruturas podem causar DE. Os nervos podem ser afetados 
por trauma (ex: prática de ciclismo), ou irradiação (tratamento de tumores na região pélvica), ou patologia sistêmica 
(diabetes melito). Uma obstrução do fluxo arterial por doença aterosclerótica pode impedir a ereção. Anormalidades 
anatômicas e estruturais do pênis e dos corpos cavernosos, por patologias como a doença de Peyronie, ou como 
consequência de traumas físicos, também podem interferir nesse mecanismo. Modificações estruturais das 
moléculas de colágeno relacionadas ao processo de envelhecimento podem aumentar a vulnerabilidade da anatomia 
peniana a essas doenças. 
 
Mecanismo de ação do viagra 
➜ O mecanismo fisiológico para a ereção do pênis envolve a liberação de óxido nítrico (NO), que é um gás produzido 
pelas células do organismo, no corpo cavernoso, durante a estimulação sexual. O NO induz a produção da enzima 
guanilato ciclase, resultando no aumento dos níveis de guanosina cíclica monofosfatase (cGMP), fazendo com que 
haja relaxamento da musculatura e facilitando a irrigação do pênis e a ereção. 
➜ O Viagra age através da inibição da enzima fosfodiesterase tipo 5 (PDE5), responsável por degradar a cGMP, 
fazendo com que o estado não erétil demore mais tempo para ser alcançado e permitindo, conseqüentemente, uma 
ereção mais prolongada. 
➜ Convém ressaltar a necessidade de estímulos sexuais (físicos ou psicológicos), para que o óxido nítrico seja 
liberado no organismo, desencadeando, consequentemente, o processo de ereção e induzindo a ação do 
medicamento. Assim, os inibidores da enzima PDE5 não produzem efeito sem o estímulo sexual. 
 
 
 
 
Discutir sobre a sexualidade no idoso 
➜ O funcionamento sexual é influenciado por quatro determinantes: o contexto biológico, o psicológico, o social 
(incluindo cultura) e as interações entre eles. É crescente o reconhecimento do papel desempenhado pelo contexto 
social, especialmente a possibilidade de um parceiro sexual e a qualidade do relacionamento com ele. Numa 
população acima de 50 anos, da zona rural da Indonésia, a falta ou insatisfação com a vida sexual e a presença de 
problemas sexuais estavam associados com avaliação negativa da qualidade de vida entre os homens, enquanto 
para as mulheres, apenas a presença de problemas sexuais estava associada com piora da qualidade de vida. 
Observou-se também que estar em uma relação conjugal pode diminuir o impacto dos problemas sexuais sobre a 
qualidade de vida de homens e mulheres 
➜ Homens de todas as faixas etárias têm maior probabili- dade de manter relacionamento estável sexualmente ativo 
e apresentam atitudes mais positivas e permissivas em relação ao sexo. Homens e mulheres com boa saúde têm 
expectativa de vida sexual ativa aumentada, havendo inclusive associação positiva entre boa saúde e maior 
frequência sexual (para os homens), melhor qualidade da vida sexual e mais interesse sexual (homens e mulheres) 
➜ Nas últimas quatro décadas, a atividade sexual dos homens aumentou de 47% para 66% e das mulheres, de 12% 
para 34%. Esse resultado está associado à atitude mais positiva frente à sexualidade, à iniciação sexual anterior aos 
20 anos, à manutenção de bom relacionamento conjugal e à melhor saúde física e mental do casal.16 
A principal atividade sexual da maioria da população (91% dos homens e 87% das mulheres) envolve penetração 
vaginal, segundo Waite e cols. Com o avançar da idade, essa frequência diminui. Entre 75 e 85 anos, a penetração 
está incluída nas práticas sexuais de 84% dos homens e 75% das mulheres. Por outro lado, abraços, beijos ou outros 
toques sexuais (preliminares) têm frequência mantida em todas as faixas etárias. Penetração e preliminares são 
condições necessárias para relato de prática sexual, sendo que a primeira torna-se opcional com o avanço da idade. 
➜ O sexo oral é menos comum em atividade sexual com parceria e é executado por 28% dos homens e 36% das 
mulheres entre 75 e 85 anos. Os autores concluem que a atividade sexual de indivíduos com idade avançada 
apresenta mais beijos, abraços e toques sexuais do que se observa na população mais jovem. 
Considerando o impacto do comprometimento da saúde sobre a função sexual, o risco de o casal mais velho 
interromper a vida sexual exige atenção maior. Estudo envolvendo respondentes de 27 países observou que quase 
metade (48%) dos homens tem alguma dificuldade com ereção, sendo que 65% deles não estavam satisfeitos, dado 
corroborado pela insatisfação com a ereção do parceiro relatada por 63% das mulheres. Esse resultado torna-se mais 
relevante pela associação entre satisfação com a firmeza da ereção e satisfação com a vida sexual, o amor e o 
romance, além da saúde geral. 
➜ Quando a mulher não interrompe a vida sexual por motivos de saúde, as evidências são de que não terá mais 
problemas nessa área, com a idade avançada, do que em décadas anteriores. 
(Sexualidade na mulher idosa)

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