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Resina Composta em Dentes Anteriores Introdução | a primeira resina composta foi sintetizada em 1942 e tinha três componentes principais: matriz orgânica (com diferentes monômeros – Bis-GMA, UDMA, Bis-EMA, TEG-DMA), carga inorgânica (pequenas partículas de vidro) e agente de união (silano) | o módulo de elasticidade é muito importante para a adaptação da resina e absorção de tensões durante a polimerização | as resinas devem ser classificadas de acordo com o tamanho e tipo de partículas de carga Quanto ao tipo de partícula: - macroparticuladas: foram as primeiras resinas, partículas de quartzo (15 mcm); conteúdo de carga de 75-80%; boa resistência a compressão; alta rugosidade superficial; alto grau de desgaste; instabilidade de cor; maior acúmulo de carga; - microparticuladas: partículas de sílica (10 a 40 nm); alta lisura superficial; menos retenção de placa; menos manchamento; partículas de resina com carga pré-polimerizadas; menor porcentagem de carga (35-60%); menor resistência; são mais translúcidas e ficam mais claras após a polimerização; - híbridas: vidros mais moles e friáveis (0,5 mcm); 75-85% de partículas de carga; partículas de 0,04 a 5 mcm; menor capacidade de polimento que das resinas; mais opacas que as microparticuladas; - micro híbridas: partículas menores e alto conteúdo de carga; - nanoparticulada/ nano-híbrida: partículas entre 10 a 100 nm; maior espalhamento da luz (efeito camaleão) Quanto a viscosidade: - baixa viscosidade/ flow/ fluida: menor conteúdo de carga; maior contração de polimerização; - média viscosidade/ convencionais: de uso universal - alta viscosidade/ compactáveis: ajudam a construir pontos de contato | as resinas podem variar o nível de translucidez ou opacidade; a dentina possui maior grau de opacidade; o esmalte é mais translúcido | a sobreposição de esmalte e dentina é o proporciona o poli cromatismo nos dentes | a dentina é mais espessa e menos translúcida na região cervical, na mesma região o esmalte é mais fino e translúcido; no terço médio as espessuras são próximas, no terço incisal o esmalte tem a maior espessura e dentina mínima ou nenhuma | em geral as resinas compostas apresentam três grais de translucidez: alta translucidez ou incisais; média translucides ou resinas de esmalte; baixa translucidez ou resinas para dentina Técnica Restauradora: Manobras Prévias | antissepsia da cavidade bucal com clorexidina | diagnóstico da profundidade da lesão por meio de imagens radiográficas | caso a cavidade seja rasa pode-se seguir a anestesia do local; caso a cavidade seja profunda ou com suspeita de necrose pulpar fazer teste térmico ou iniciar o preparo sem anestesia | realizar profilaxia com pedra pomes se houver biofilme ou pigmentação | seleção de cor e tipo de resina | checagem dos contatos oclusais (lado vermelho - movimentos de protusão e lateralidade; lado preto - oclusão máxima) Preparo Dental | em lesões proximais deve-se optar pelo acesso mais conveniente ao paciente (vestibular, lingual ou estritamente proximal) - usar cunhas para promover o afastamento dental - abertura da cavidade com ponta diamantada esférica - remoção do tecido cariado com broca esférica ou cureta de dentina - o preparo deve-se restringir a remoção do tecido cariado * realização de bisel vestibular - proteger o dente vizinho com tira de matriz de aço - inclinar a ponta diamantada em direção ao dente adjacente, de modo a fazer o menor desgaste possível - quando dois dentes adjacentes necessitarem de restauração, o preparo deve ser iniciado na maior cavidade e a restauração deve ser iniciada pela menor cavidade | o preparo pode ser realizado com ou sem isolamento absoluto, mas sempre com uma cunha | por causa da proximidade com a câmara pulpar as lesões de Classe V são profundas do ponto de vista biológico e rasas mecanicamente | em lesões não cariosas deve-se primeiro identificar e eliminar o causador e então seguir-se a restauração Confecção da Restauração | é fundamental que no momento da restauração a umidade da região esteja perfeitamente controlada (isolamento total ou relativo) | aplicação de gel de ácido fosfórico (caso o sistema adesivo seja de condicionamento ácido total) - proteger a superfície dos dentes vizinhos com fita teflon - começar a aplicação pelo esmalte (15s + 15s) e avançar para dentina (15s) * sempre ultrapassar as margens da restauração - lavar abundantemente por 20-30s - secar a cavidade usando uma bolinha de algodão | aplicar o sistema adesivo de acordo com as instruções do fabricante com aplicadores tipo Microbrush ou pincéis descartáveis - caso seja um sistema de dois passos, aplicar primeiro o primer de forma ativa; aplicar jato de ar - aplicar uma camada do adesivo e fotopolimerizá-lo * caso ocorra contaminação por sangue ou saliva, o condicionamento deve ser repetido por 10s e reaplicação do sistema adesivo | o dente é uma estrutura policromática, a dentina opaca e o esmalte é translúcido | para reproduzir as características do dente devemos empregar resinas de diferentes opacidades | aplicar as resinas com a técnica de estratificação Lesões Cervicais em Superfícies Vestibulares e Linguais (Classe V) | com o envelhecimento da população o número de restaurações de Classe V tem aumentado | bochecho com antisséptico; profilaxia; seleção de cor; anestesia da região | checar se a margem gengival está sub ou supra gengival (isolamento absoluto com grampo afastador ou isolamento relativo com fio de afastamento) | inspecionar a cavidade e avaliar a proximidade com o tecido pulpar | se a lesão for causada por cárie, remover o tecido cariado com broca esférica | em cavidades com fundo róseo aplicar cimento de hidróxido de cálcio e CIV por cima; em cavidade profundas sem o fundo rosa aplicar somente o CIV | nos demais casos não há necessidade de materiais protetores | realizar bisel no cavossuperficial incisal | condicionamento ácido, seguido de condicionamento da dentina; lavagem e secagem; aplicação do sistema adesivo | dispensar o adesivo antes da secagem da cavidade em dappen opaco | a resina pode vir em tubos ou seringas; as resinas em tubos devem ser removidas do tudo com espátula e dispensadas em placa de vidro e coberta com objeto opaco | pequenos incrementos são pegos com a espátula e levados e adaptados na cavidade | as resinas em seringa podem ser levadas diretamente a cavidade | deve-se manter a espátula sempre limpa, usando uma gaze com álcool | para evitar a polimerização prematura, o foco central do refletor deve ser afastado | para reproduzir dentina utiliza-se resina opaca | pode ser usada resinas fluidas ou convencionais, contanto que tenham ótimo polimento | em cavidades rasas só a resina de esmalte já é suficiente | o incremento final de resina deve ser levado a cavidade em forma de “bolinha” feita com os dedos | fotopolimerizar cada incremento por no mínimo 40s | cada incremento deve ter no máximo 2mm e unir até duas paredes cavitárias por vez | o último incremento não se polimeriza por completo pelo contato com o ar, por isso aplica-se gel bloqueador de O2 após a polimerização e a repete | analisar se restam excessos com sonda exploradora | ao final da restauração pedir ao paciente para evitar alimentos com corantes por algum tempo | em casos de lesões cervicais muito extensas com retração gengival pode haver comprometimento estético com a sensação de dente muito longo, para isso pode-se usar resinas na cor da gengiva fazendo a ilusão de coroa clínica mais curta (em casos que o paciente não quer ou não pode passar por um procedimento cirúrgico) | as lesões cervicais também podem ser restauradas com cimento de ionômero de vidro | o preparo é o mesmo realizado para resina composta, mas sem bisel vestibular | para o CIV convencional deve-se fazer o condicionamento ácido da dentina com ácido poliacrílico 11% por 30s, seguido de lavagem e secagem | para o CIV resinoso deve-se utilizar o primer recomendado pelo fabricante | inserir o material na cavidade em incremento único, suficiente para preencher a cavidade | podemos usar aplicadorde cimento de hidróxido de cálcio, espátula n°1 ou seringa Centrix para levar o material a cavidade | pela dificuldade de escultura as matrizes cervicais são bastante recomendadas | após a presa final do material retirar os excessos com lâmina de bisturi 12 | podemos cobrir o CIV convencional com verniz ou adesivo | as restaurações de CIV convencional só devem ser acabadas e polidas após atingir as máximas propriedades mecânicas (24h) * as restaurações com CIV resinoso podem ser acabadas e polidas na mesma sessão | tomar cuidado para não desidratar a superfície quando utilizar instrumento rotatórios para polir a restauração (utilizar vaselina sólida) * algumas marcas de CIV resinoso tem uma resina fluida chamada glaze que deve ser aplicada sobre a restauração após o polimento, espalhada com jato de ar e fotopolimerizada Lesões Proximais sem Envolvimento do Ângulo Incisal (Classe I I I) | sempre que possível realizar isolamento absoluto de canino a canino | em casos de preparos estritamente proximais pode-se descartar o uso de tira matriz de aço; se o dente adjacente estiver presente deve-se usar tira matriz de aço para realizar o preparo e tira de poliéster para a restauração | a matriz pode ser posicionada antes ou depois do adesivo | por causa de a proximal do dente ser convexa e a tira plana, esta deve ser adaptada para reproduzir o contorno adequado | a cunha deve ser inserida pelo lado oposto a abertura do preparo | caso o acesso seja vestibular deve-se posicionar o dedo indicador na face lingual do dente para dar a forma adequada aquela face da restauração | a resina deve ser inserida pela técnica incremental | no último incremento o material é aplicado em excesso, sendo este removido antes da polimerização do material | caso a cavidade se estenda de vestibular a lingual, resinas opacas devem ser empregadas para reproduzir dentina * em dentes com esmalte muito opaco pode-se fazer a lingual e toda a porção central com resina de dentina e aplicar resina de esmalte somente no último incremento vestibular * em dentes com esmalte mais translúcido é necessário reconstruir as faces lingual e proximal em resina para esmalte também | caso duas restaurações proximais sejam realizadas simultaneamente elas devem ser finalizadas na mesma sessão * a menor cavidade deve ser restaurada primeiro | se o acesso da restauração for lingual não há necessidade de resina de esmalte, pois ela não será visualizada | em preparos estritamente proximais não há necessidade de usar resina para dentina (a depender da profundidade da restauração) Lesões Proximais com Envolvimento do Ângulo Incisal (Classe IV) | essas lesões podem ser resultado de cárie ou fraturas na região incisal | o uso de matriz de poliéster é indispensável para a reconstrução da anatomia do dente | a cunha deve ser inserida pela maior ameia | o dedo indicador deve ficar na face lingual para dar o formato a tira de poliéster | criar um vinco na região de ângulo mesio ou disto lingual com uma espátula de inserção | o dedo é mantido em posição até a polimerização do incremento lingual | inserção dos incrementos de dentina pela técnica incremental | a porção de resina de dentina deve cobrir metade do bisel para ajudar a mascarar a restauração | a resina de esmalte é aplicada e fotopolimerizada através da matriz rebatida | após o preenchimento da cavidade uma polimerização adicional deve ser feita por vestibular e lingual | em caso de perda dos dois ângulos incisais reconstrói-se um de cada vez | pode-se utilizar também a técnica da coroa de policarbonato ou guia de silicone Acabamento e Polimento | o acabamento é a remoção grosseira de material, contornando a restauração e removendo excessos | o polimento é a remoção fina de material, conferindo a restauração uma superfície bastante lisa e refletiva, reproduzindo a superfície do esmalte dental Acabamento | imediatamente depois do término da restauração apenas ajustes mínimos devem ser feitos, a resina só atinge sua máxima resistência após 24h | a contração de polimerização pode causar o surgimento de fendas marginais, se o acabamento for realizado logo após a inserção da resina isso pode levar ao aparecimento de linhas brancas na interface dente-restauração * a reina sofre expansão higroscópica e tende a fechar essas fendas, diminuindo a possibilidade de fendas marginais | em casos de uso de grampos ou fios retratores gengivais, acabamento e polimento devem ser feitos logo após a polimerização final da resina | fazer o ajuste oclusal (primeiro os contatos em oclusão central) | toda a periferia da restauração deve ser analisada com sonda exploradora | checar sobre ou sub contorno | as superfícies proximais devem ser checadas com fio dental | pode-se utilizar instrumentos rotatórios ou lâminas de bisturi para remover excessos das restaurações | a forma do instrumento rotatório deve coincidir com a face a ser desgastada; nas faces proximais utiliza-se tiras de lixa de poliéster Polimento | a rugosidade da restauração deve ser diminui o máximo possível utilizando uma sequência de abrasivos decrescente | pode-se utilizar discos abrasivos, discos de feltro com pastas de polimento, cones de borracha, escovas impregnadas com abrasivos | caso após o polimento seja necessário o acréscimo de resina, deve-se fazer o biselamento da cavidade, condicionamento ácido por 15s, lavagem e secagem, aplicação do adesivo sem fotopolimerizá-lo e aplicação da resina usualmente, seguido de acabamento e polimento Durabilidade e manutenção das Restaurações de Resina Composta | a durabilidade depende de três fatores: profissional material utilizado e paciente - Profissional: preparo e escolha adequada da resina e sistema adesivo, boa técnica restauradora - Material Utilizado: produtos de qualidade e corretamente indicados - Paciente: extensão do problema inicial, oclusão, higiene, dieta (consumo de alimentos ácidos, alimentos com muitos corantes), tabagismo, hábitos parafuncionais (bruxismo e apertamento) | quanto maior a extensão do preparo, maiores são as chances de fracasso | as restaurações adesivas diretas em dentes anteriores têm vida útil de em média 5 anos
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