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@anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues 1 Trabalho de Parto Prematuro e Ruptura Prematura de Membranas INTRODUÇÃO O parto prematuro prévio (PPP) é o fator de risco mais importante para o TPP subsequente. Outros importantes fatores de risco incluem gestação múltipla, vaginose bacteriana (VB) e comprimento cervical (CC) uterino curto ao ultrassom. A progesterona pode ser utilizada para diminuir a probabilidade de TPP em pacientes com PPP ou com colo curto. A administração de corticosteroides pré-natais (CPN) continua sendo a intervenção mais importante para melhorar os resultados neonatais em gestantes em TPP. O uso de agentes tocolíticos pode retardar o parto, dando tempo para administrar CPN ou transferir para um centro com unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN). O MANEJO da ruptura prematura de membranas (RPM) pode incluir a administração de antibióticos ou CPN ou a indução do parto com base na idade gestacional. O manejo da RPM a termo inclui a indução/condução precoce do trabalho de parto. FATORES DE RISCO PARA TPP Características Maternas Raça negra não hispânica IMC < 19kg/m2 Baixo status econômico Eventos estressantes da vida História médica materna TPP anterior Abortos anteriores (> 1 versus nenhum) Anomalias uterinas Infecção Vaginose bacteriana Infecção intrauterina Infecção periodontal Características da Gravidez Colo do útero curto Gestação múltipla Uso de reprodução assistida Intervalo de gravidez < 6 meses Uso de cocaína ou heroína Uso de álcool (> 10 bebidas/semana) Uso de tabaco Cirurgia abdominal materna durante a gravidez Depressão materna durante a gravidez Presença de autoanticorpos da tireoide Polidrâmnio ou oligoidrâmnio Sangramento vaginal por descolamento da placenta ou placenta prévia Baixo nível de vitamina D Outras infecções, tais como tricomoníase, clamídia e/ou gonorreia, também estão associadas a risco aumentado para TPP, apesar da evidência conflitante sobre a redução do risco de TPP e o tratamento para essas infecções. Pielonefrite, infecção sintomática do trato urinário inferior e bacteriúria assintomática têm sido associadas ao aumento do risco de TPD. Entre as mulheres com TPP, as espécies Mycoplasma e Ureaplasma urealyticum são os microrganismos mais comumente identificados na cavidade amniótica. Esses provavelmente ascendem da vagina e têm sido relacionados com corioamnionite, TPP e RPM. Os mediadores inflamatórios (tais como citocinas e TNF- alfa) e de ativação celular provavelmente atuam no início do trabalho de parto e são as principais áreas de investigação em curso. Infecções não geniturinárias, como pneumonia, também foram associadas ao TPP. Infecção periodontal dobra o risco para TPP, no entanto o tratamento no pré-natal não parece alterar os resultados finais. A presença de contrações uterinas está associada à maior probabilidade de TPP. PREVENÇÃO DO TPP A progesterona pré-natal mostrou-se promissora em ensaios recentes. Rastreio e tratamento da VB têm sido menos bem- sucedidos historicamente, embora melhores resultados são obtidos com triagem prévia, foco em mulheres de alto risco e escolha adequada de antibióticos. Além disso, a cerclagem cervical continua sendo usada para indicações específicas. PROGESTERONA PRÉ-NATAL Os mecanismos pelos quais a progesterona impede o TPP incluem redução da formação de junções celulares conhecidas como gap, antgonismo da ocitocina, manutenção da integridade cervical e ação anti- inflamatória. A 17P por via intramuscular deve ser usada para tratar mulheres com histórico de TPP espontâneo. Mulheres com histórico de parto prematuro tratadas com injeções semanais de 17P apresentam menor incidência de mortalidade perinatal, TPP antes das 34 e 37 semanas de @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues 2 gestação. Em contraste, o estudo não registrou melhora nas taxas de TPP em 32 semanas ou menos. Indicação Progestogênio Dosagem TPP anterior Caproato de 17- alfahidroxiprogesterona 250mg, IM, semanalmente, de 16 a 36 semanas Nenhum PPP, CC < 20mm em < 24 semanas Gel de progesterona por via vaginal 90mg Cápsula de progesterona por via vaginal 200mg Diariamente desde o diagnóstico de CC até 36 semanas O comprimento do colo do útero deve ser avaliado pelo ultrassom transvaginal (UTV) a cada 2 semanas, de 16 a 24 semanas de gestação em mulheres com histórico de TPP (que também estão sendo tratadas com 17P). Se o CC for inferior a 25mm, deve-se indicar cerclagem cervical. Mulheres sem histórico de TPP, mas com colo curto (menos de 20mm) deveriam receber progesterona vaginal desde o momento do diagnóstico até 36 semanas. No caso especial de gestação múltipla, nem a progesterona nem a cerclagem melhoram os resultados. MANEJO DA INFECÇÃO A inflamação induzida por microrganismos está associada ao TPP. Triagem para o tratamento de bacteriúria assintomática, possivelmente por meio da prevenção, está associada com redução na incidência de recém-nascidos de baixo peso ao nascer, mas não na prevenção de TPP. A VB assintomática está associada a TPP e aborto tardio. Atenção específica a rastreio e conduta antes de 22 semanas e uso de clindamicina, em vez de metronidazol, parecem ser associados com melhores resultados na gravidez. Embora a maioria dos estudos use critérios baseados na coloração de Gram, a maioria dos clínicos se baseará nos critérios de Amsel para o diagnóstico de VB. Critérios de Amsel para diagnóstico da VB66 O diagnóstico requer três de quatro achados: − Descarga homogênea, branca e não inflamatória que cobre suavemente as paredes vaginais − Presença de clue cells ao exame microscópico − pH do fluido vaginal > 4,5 − Odor suspeito de corrimento vaginal antes ou depois da adição de KOH a 10% KOH = hidróxido de potássio. Recomendações do CDC para o tratamento com clindamicina da VB na gravidez Tratamento Dosagem Creme de clindamicina a 2% Um aplicador completo (5g) por via intravaginal ao deitar, durante 7 dias Regimes alternativos Clindamicina 300mg Por via oral duas vezes ao dia, durante 7 dias Óvulos de clindamicina 100mg Intravaginal uma vez na hora de dormir, durante 3 dias CDC = Centro de Controle e Prevenção de Doenças AVALIAÇÃO DA PACIENTE SINTOMÁTICA O objetivo de avaliar uma mulher que apresenta contrações prematuras inclui determinar se as membranas estão rompidas, se há infecção e estratificar o risco de TPP. O diagnóstico de TPP é tipicamente baseado nos critérios clínicos de contrações uterinas regulares acompanhadas por alteração da dilatação ou apagamento cervical ou em mulher com menos de 37 semanas de idade gestacional. Também pode ser usada como critério a presença de contrações uterinas normais e dilatação cervical de pelo menos 2cm. A avaliação do status fetal e a de complicações médicas, como pré-eclâmpsia, são sempre necessárias. AS MEMBRANAS ESTÃO ROTAS? O exame especular auxilia na avaliação da integridade da membrana e facilita a coleta de líquido para o teste de fibronectina fetal (fFN). Os toques vaginais devem ser evitados para minimizar o risco de infecção. A observação direta da saída de líquido amniótico do orifício cervical e da acumulação no fundo de saco vaginal é diagnóstico de ruptura de membranas. A pressão suave do fundo ou a tosse da paciente durante o exame pode facilitar a perda. O ambiente vaginal normal tem um pH de 4,5 a 6,0, enquanto o pH do líquido amniótico é de 7,1 a 7,3. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues 3 Portanto, o líquido amniótico muda a cor do papel de nitrazina de laranja para azul. Um teste de nitrazina falso- positivo é possível se houver sangue, sêmen ou VB. Em casos ambíguos, a ruptura das membranas pode ser diagnosticada com o teste de alfafetoproteínamicroglobulina-1 (AmniSure) em secreção cervical. Em alguns casos de ruptura prolongada das membranas, pode haver muito pouco líquido para análise, dificultando o diagnóstico. O oligoidrâmnio ao ultrassom apoia o diagnóstico de membranas rotas, mas não é patognomônico. Se o diagnóstico de ruptura da membrana permanecer incerto após avaliação completa, pode ser instilado índigo carmina por via transabdominal guiada por ultrassom. A passagem do líquido tingido de azul através da vagina é diagnóstico de ruptura da membrana. INFECÇÃO ESTÁ PRESENTE? Suspeita-se de infecção ao avaliar uma mulher com contrações prematuras. O teste para infecções sexualmente transmissíveis, infecção do trato urinário e VB é necessário. Corioamnionite subclínica, infecção sem achados clássicos de febre, sensibilidade uterina, secreção fétida e taquicardia materna podem estar presentes. A menos que o teste do estreptococo do grupo B (GBS) tenha sido realizado nas últimas 5 semanas, uma cultura vaginal/retal deve ser coletada. Se a cultura de GBS não está disponível ou é positiva, profilaxia para GBS deve ser administrada. QUAL É A PROBABILIDADE DE TPP? O diagnóstico de TPP continua sendo um desafio, apesar da infinidade de ferramentas clínicas disponíveis para o obstetra. Embora a frequência das contrações uterinas seja significativamente correlata ao risco de TPP, a frequência de contração por si só não é sensível e tem valor preditivo positivo baixo para TPP. Avaliação do colo do útero é subjetiva e também tem baixo valor preditivo para TPP. O diagnóstico precoce e preciso de TPP proporciona a possibilidade de transferir uma mãe em trabalho de parto para uma referência com unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN), administrar corticosteroides, considerar sulfato de magnésio para neuroproteção e iniciar tratamento profilático para GBS. O teste de fibronectina fetal pode ajudar na identificação de mulheres com baixo risco de TPP que apresentam sintomas de TPP. A fFN é uma glicoproteína de matriz extracelular encontrada na interface materno-fetal, e em gestações normais é quase indetectável em secreções vaginais. Com ruptura dessa interface, que ocorre antes do início do parto, fFN é liberada para a vagina. O teste de fFN pode ser realizado entre 24 e 34 semanas de gestação e é mais útil para identificar mulheres com baixo risco de parto nos próximos 10 a 14 dias. O teste não deve ser realizado quando houver sangramento vaginal ativo, ou quando ocorrerem relações sexuais, exame vaginal digital ou ultrassonografia endovaginal nas primeiras 24 horas, pois podem gerar resultado falso-positivo. MANEJO DO TPP Depois de diagnosticado, intervenções devem ser implementadas para melhorar os resultados neonatais, incluindo transferência para um local especializado, administração de corticosteroides, profilaxia com antibióticos para infecção por GBS, considerar o sulfato de magnésio para neuroproteção e se preparar para um parto prematuro. TRATAMENTO PRÉ-NATAL COM CORTICOSTEROIDE (CCA) O tratamento com CCA diminui a mortalidade e a morbidade neonatais. O uso de CCA é eficaz em mulheres com RPM e síndromes de hipertensão relacionadas à gravidez. Recomenda-se um curso de CCA para mulheres entre 24 e 34 semanas de gestação que correm risco de TPP em 7 dias. Os esteroides podem ser considerados para mulheres entre 23 e 24 semanas. Os efeitos ideais de CCA parecem diminuir depois de uma semana. Para as mulheres que permanecem em risco de TPP, repetir uma dose única de CCA melhora os resultados de síndrome do desconforto respiratório, outros resultados infantis, além de afetarem resultados em longo prazo. Recomenda-se que mulheres com menos de 33 semanas de gestação que permaneçam em risco de parto em 7 dias e que receberam sua primeira dose de CCA pelo menos 14 dias antes recebam um único ciclo repetido de CCA. De modo geral, a dexametasona e a betametasona mostram resultados semelhantes na angústia respiratória e mortalidade perinatal, mas uma metanálise mostrou diminuição da hemorragia intraventricular e permanência em UTI com a dexametasona. Há evidências de que mesmo uma dose única de qualquer agente mostra benefício, por isso recomenda-se que a primeira dose seja dada, mesmo que seja pouco provável que a paciente receba as doses subsequentes. SULFATO DE MAGNÉSIO PARA NEUROPROTEÇÃO O sulfato de magnésio administrado imediatamente antes e no momento do parto colabora com a diminuição da taxa de paralisia cerebral no prematuro (PC). Dois esquemas comumente usados estão listados na tabela e são @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues 4 aplicáveis a mulheres entre 24 e 32 semanas com alto risco de parto em 24 horas. TOCÓLISE Drogas tocolíticas são usadas para o prolongamento da gravidez de curto prazo (até 48 horas), com o objetivo de dar tempo para administrar CCA, sulfato de magnésio para a neuroprotecção, antibióticos para GBS profilaxia e transferência materna se necessário. Elas podem ser úteis em gestações entre a viabilidade e a idade gestacional estimada em 34 semanas com TPP estabelecido e na ausência de evidências de comprometimento materno ou fetal (isto é, corioamnionite, pré-eclâmpsia com sinais de gravidade, instabilidade materna, morte fetal ou anomalia letal, bem-estar fetal preocupante). A nifedipina diminui a probabilidade do parto em 48 horas e pode mostrar vantagens sobre outros tocolíticos. Comparada com betamiméticos, a nifedipina aumenta o tempo antes do nascimento, menos eventos adversos e melhores resultados neonatais (prematuridade, síndrome da angústia respiratória, enterocolite necrotizante, hemorragia intraventricular, icterícia neonatal e admissões na UTI). Comparada com o sulfato de magnésio, a nifedipina mostrou eventos adversos maternos reduzidos e admissões reduzidas na UTI. Os betamiméticos (por exemplo, terbutalina, ritodrina) são eficazes para atrasar o parto por 48 horas. Os estudos não mostraram melhoras nos resultados fetais, mas os efeitos adversos e os eventos adversos maternos foram significativos. A terbutalina é o betamimético mais usado na tocólise. A indometacina, anti-inflamatório não hormonal (AINH), utilizado como agente tocolítico, aumenta a probabilidade de parto após 37 semanas de idade gestacional média com baixos efeitos adversos. Como os AINH podem interferir na síntese fetal de prostaglandinas, foram levantadas preocupações quanto à segurança fetal. As metanálises de estudos de observação mostraram resultados conflitantes em relação à segurança fetal (principalmente nenhum efeito), mas levantaram preocupações sobre a hemorragia intraventricular grave, enterocolite necrotizante e leucomalacia periventricular. Os inibidores da prostaglandina podem ser o agente de primeira linha ideal para o TPP antes das 32 semanas de gestação. Devido ao risco de fechamento prematuro do ducto arterioso, os AINH não devem ser utilizados por mais de 48 horas ou além de 32 semanas de gestação. Não foi demonstrado que o sulfato de magnésio usado para tocólise prolonga a gravidez ou melhora os resultados neonatais quando comparado com placebo ou outros tocolíticos. Em mulheres que receberam sulfato de magnésio para a neuroproteção que continuaram com contrações após a administração de magnésio, pode-se considerar a adição de um outro tocolítico. No entanto, metanálise da Cochrane não conseguiu chegar a nenhuma conclusão sobre combinações de tocolíticos em relação à segurança e eficácia, citando a falta de grandes ensaios bem projetados. Deve-se ter cuidado se o uso de bloqueadores dos canais de cálcio e magnésio for devido a complicações cardíacas maternas. PROFILAXIA DE GBS NEONATAL Esfregaço vaginal-retal, para cultura de GBS, deve ser obtido quando as mulheres apresentam TPP ou RPMse os resultados de testes feitos nas últimas 5 semanas não estão disponíveis. Antibióticos intraparto (penicilina ou ampicilina) devem ser iniciados à admissão e continuar até o nascimento, ou até que se determine que a mulher não está em TPP ou um resultado negativo de cultura para GBS seja obtido. Nos casos de RPM quando antibióticos @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues 5 são usados para prolongar a latência, a cobertura antibiótica deve incluir cobertura para o GBS. As mulheres alérgicas à penicilina devem receber cefazolina, a menos que a resposta alérgica seja anafilaxia, angioedema, angústia respiratória ou urticária. A clindamicina e a vancomicina são os antibióticos de última instância para mulheres com alergia à penicilina com risco de morte. Deve ser usada apenas quando o GBS isolado for sensível à clindamicina e à eritromicina. A vancomicina deve ser usada em mulheres com alergias graves à penicilina e status desconhecido de GBS, ou cepas de GBS resistentes à clindamicina. RUPTURA PREMATURA DE MEMBRANAS (RPM) Entre 25 e 30% dos TPP são precedidos pela RPM. As fibras de colágeno contribuem para a resistência à tração das membranas fetais. Há atividade aumentada da colagenase, possivelmente, como resultado de infecção ou inflamação, podendo ser a via final comum que conduz à ruptura da membrana. No contexto do descolamento da placenta, a trombina também pode estar envolvida. Quanto mais cedo na gravidez ocorre a RPM, é mais provável que sua etiologia esteja associada com infecção. Os fatores de risco para a RPM são semelhantes aos TPP com membranas intactas. O parto é provável dentro de uma semana após a ruptura. No entanto, quanto mais cedo na gravidez ocorre a ruptura, maior o período de latência. As principais ameaças ao feto são complicações da prematuridade. Complicações intrauterinas incluem compressão do cordão umbilical, descolamento da placenta, infecção e anormalidades do desenvolvimento pulmonar. A infecção pode levar à morbidade materna e provavelmente desempenha seu papel no início do trabalho de parto. AVALIAÇÃO INICIAL DA PACIENTE COM SUSPEITA DE RPM − Data precisa é essencial: revise os critérios de datação, pois o manejo escolhido é determinado pela idade gestacional. − Exame especular estéril: Se a ruptura das membranas é suspeita, exame digital deve ser evitado, pois aumenta o risco de infecção. − Avaliação por ultrassom: o oligoidrâmnio suporta o diagnóstico de ruptura da membrana. Os oligoidrâmnios também diminuirão a precisão do peso fetal e a avaliação gestacional. Volume amniótico baixo aumenta a probabilidade de compressão de cordão e outras complicações. − Avaliação da maturidade pulmonar fetal: fluido amniótico vaginal pode ser testado para a contagem de corpos lamelares e fosfaditilglicerol para avaliar a maturidade pulmonar fetal em gestação de 32 e 34 semanas. A amniocentese permite a coleta de líquido para teste de maturidade pulmonar fetal e avaliação de infecção. − Triagem para infecção: a infecção está associada à RPM. Se o status GBS é desconhecido, então a cultura deve ser feita. Considere o rastreamento de infecções sexualmente transmissíveis. − Monitorização fetal: monitorização eletrônica da frequência cardíaca fetal e contração uterina durante a avaliação inicial pode identificar comprometimento fetal. MANEJO DA RPM Como no caso do TPP com membranas intactas, o manejo da RPM exige equilíbrio entre as vantagens de postergar o parto e os riscos de prolongar a exposição fetal a um ambiente potencialmente hostil. O potencial de desenvolvimento de infecção e a probabilidade decrescente de morbidade neonatal são anúncios da prática padrão atual de indução do trabalho de parto com 34 semanas. − Monitorizar a infecção clínica: febre materna, sensibilidade uterina e taquicardia fetal são indicadores de infecção. − Avaliação do bem-estar fetal pré-parto: as recomendações para vigilância fetal pré-natal são baseadas principalmente na opinião de especialistas, como o teste sem estresse e o perfil biofísico fetal. − Terapia com antibióticos: nas gestações entre 24 e 32 semanas, a administração de antibióticos prolonga a fase de latência e diminui a morbidade fetal, corioamnionite e infecção materna. Os regimes de antibióticos que incluem a ampicilina 1g por via intravenosa a cada 6 horas são adequados para a profilaxia de GBS, apesar de um intervalo de dosagem de 4 horas ser típico para profilaxia GBS intraparto. A dose oral de 1g de azitromicina tem sido substituída, em alguns protocolos, para eritromicina sem alteração aparente nos resultados. − Corticosteroides: administração de CCA na RPM reduz o risco da síndrome da angústia respiratória neonatal, hemorragia intraventricular e enterocolite necrotizante. Há tendência para a diminuição da mortalidade neonatal. A incidência de infecção materna e neonatal não é aumentada. − Tocólise: um argumento comum para o uso de tocolíticos em TPP é que o atraso no parto permite a administração de corticosteroides. Ao contrário do tratamento com antibióticos e corticosteroides, a tocólise no contexto da RPM carece de evidências de benefício. Espera-se que a associação da infecção ao início do trabalho de parto seja mais forte na RPM do que no TPP com membranas intactas, indicando circunspecção na escolha da tocólise. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues 6 − Sulfato de magnésio para neuroproteção: em análise secundária de um estudo controlado randomizado (ECR), o sulfato de magnésio não alterou os resultados neonatais ou a latência do parto. No entanto, o sulfato de magnésio é tipicamente administrado para neuroproteção fetal, se o parto é iminente, entre 24 e < 32 semanas de gestação. IDADE GESTACIONAL E MANEJO DA RPM 37 OU MAIS SEMANAS: induzir o parto. Se GBS desconhecido e nenhuma outra indicação para profilaxia com GBS, não será necessário iniciar antibióticos, a menos que haja ruptura de membranas por mais de 18 horas ou temperatura ≥ 38°C (100,4°F). 34 A 36 SEMANAS: manejo expectante versus indução. Se o GBS for desconhecido, inicie os antibióticos com os resultados pendentes. Estudo de 2016 demonstrou que o manejo expectante da RPM entre 34 e 36 semanas de gestação (pré-termo tardio) resultou em taxas significativamente mais baixas de desconforto respiratório, ventilação mecânica, permanência em UTI e parto cesáreo, mas significativamente maior nas taxas de hemorragia pré-parto ou intraparto, febre intraparto, uso de antibióticos pós-parto e maior permanência hospitalar. 24 A 33 SEMANAS: administre antibióticos e corticosteroides. Adicione sulfato de magnésio para neuroproteção quando estiver em trabalho de parto se tiver menos de 32 semanas de idade gestacional. Monitorizar infecções e outras complicações fetais intrauterinas. Se não houver evidência de comprometimento fetal e o trabalho de parto não começar espontaneamente, essas gestações são gerenciadas com expectativa até atingir 34 semanas. 23 SEMANAS: considere administrar antibióticos e corticosteroides com base na escolha dos pais somente após aconselhamento com a neonatologia e com a medicina fetal quanto aos resultados das intervenções, incluindo o parto cesáreo e a reanimação para prematuridade extrema. Adicione sulfato de magnésio para neuroproteção quando estiver em trabalho de parto.