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FARMÁCIA PRÁTICAS INTEGRADAS A FARMÁCIA (PIF) POSTAGEM I ATIVIDADE 1 – RELATÓRIO Juliana Mariza Pereira Santos – R.A 0405617 – Polo Tupi Valter Kepe Silva – R.A 0426756 – Polo Boqueirão Carolina Capuci – R.A 0424252 – Polo Boqueirão Maria Macia de Arruda – R.A 0405453 – Polo Tupi Nayra Lyssandra da Silva Santos – R.A 2196811 – Polo Tupi RESUMO De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde, de 2022, a Tuberculose continua sendo um grande desafio de saúde pública. No Brasil, só em 2021, de acordo com o boletim foram notificados mais de 55 mil casos novos de Tuberculose 1. Sabendo deste enorme desafio, e que a maior dificuldade no combate da TB é a não aderência ao tratamento por causa da grande quantidade de drogas administrado diariamente por um período longo, o que traz muitos efeitos colaterais, nossa proposta é a junção química de duas drogas, com objetivo de construir um pro-fármaco que, além de reduzir a quantidade de drogas administrada diariamente, ou seja, melhorar a adesão ao tratamento, também busca resgatar uma molécula que tem sido evitada nos esquemas terapêuticos por causas dos seus efeitos indesejáveis na ingesta desta droga, por se tratar de um ácido. INTRODUÇÃO A tuberculose é um sério problema de saúde pública, estima-se que a cada ano, surgem aproximadamente 8 milhões de novos casos no mundo, destes, mais de 2 milhões evoluem ao óbito 2. Até 1950, cerca de 50% dos pacientes com TB morriam nos dois anos seguintes, entretanto com os surgimentos das drogas tuberculostáticas e/ou tuberculocidas a situação começa a melhorar. A estreptomicina descoberta em 1944, o ácido para-aminossalicílico, em 1956 e a isoniazida em 1952, trouxeram novas expectativas para o declínio da doença e bom prognostico para pacientes que aderiam o tratamento corretamente. Entretanto, com o surgimento da imunodeficiência adquirida (AIDS) e o aparecimento de cepas multirresistentes, o quadro voltou a assombrar, ao ponto de a Organização Mundial da Saúde em 1993, declarar a TB em Estado de Emergência Mundial, e a necessidade de buscas por novas moléculas para o arsenal quimioterápico 2. Transmissão – A transmissão da TB se dá pelo contato direto com pacientes contaminados com o Mycobacterium tuberculosis, (Bacilo de Koch) 5. Uma vez dentro do organismo humano, o sistema imunológico forma pontos de calcificação em volta dos bacilos, que são chamados de complexo primário da tuberculose (ou Complexo de Ranke) que mantem o bacilo dormente, podendo ficar nesta condição por muitos anos 5. Entretanto, dependendo das condições gerais da pessoa infectada, como imunidade, estado nutricional, idade, incidências de outras patologias de base, carga bacilifera, o indivíduo pode evoluir para a cura completa ou para tuberculose na sua forma letal 5. A forma mais comum da TB é a pulmonar, porém, podem também ocorrer em vários outros órgãos sendo: rins, ossos, genitais e meninges 2,5. Tratamento – A quimioterapia é a única arma eficaz no tratamento da sua forma ativa 5. Os fundamentos do tratamento da TB e o longo tempo desse tratamento estão diretamente ligadas as características do bacilo de Koch (BK) 3. Como o bacilo da TB tem crescimento muito lento, e a monoterapia pode levar ao aparecimento de bacilos resistentes, o tratamento deve ser feito sempre com associação de quimioterápicos 2,5. O Programa Nacional de Controle da Tuberculose recomenda quatro esquemas terapêuticos: Esquema I, IR, II e III, de acordo com a gravidade do caso, órgão acometido, recessiva ou falha no esquema anterior 2,3,5. Dentre as drogas utilizadas nos esquemas terapêuticos, estão o Etambutol (EMB) e o Ácido para-aminossalicílico (PAS), que são os protagonistas da nossa proposta de síntese com o objetivo de formar um pró-fármaco. Etambutol (EMB) O EMB é uma molécula sintética, solúvel em água e estável a determinada variação de calor 2,5. EMB O EMB demostrou ser eficaz contra todas as amostras de M. tuberculosis, M. Kansaii, e um porcentual de Micobacterium avium 2,5. Seu mecanismo de ação consiste na inibição de metabólicos celulares, impedindo a fixação do acido micólico a parede celular micobacteriana 2,5. O EMB é bem absorvido pelo trato intestinal, chegando a 80% da dose administrada. é muito bem tolerado e raramente tóxico 2,5. O EMB está inerido nos esquemas terapêuticos IR, II e III 2,3,5. Ácido para-aminossalicílico (PAS) O PAS é uma molécula estável na forma de sal de sódio, solúvel em água, tolerante a temperatura ambiente, mas sensível quando exposto ao calor. PAS Bactariostático e específico para o M. tuberculosis, o PAS é prontamente absorvido no trato intestinal, sendo a absorção do sal sódico mais rápido 2,3,5. Sua estrutura química tem semelhança ao ácido para-aminobenzoico e seu mecanismo de ação é bem semelhante aos da sulfonamidas 2,3,5. Antigamente o PAS em combinação com isoniazida e estreptomicina, era utilizado como um medicamento da primeira linha de tratamento da tuberculose 6. Por sua ação bacteriostática, enquanto usado separadamente, é um antibiótico relativamente fraco, em combinação o agente passa a ter um papel muito mais relevante, visto que diminui notavelmente o aparecimento de resistência à mesma 6. Assim, desde o aparecimento de primeiros esquemas de quimioterapia, o uso de PAS em combinação constituiu a primeira terapêutica combinada na luta contra a tuberculose 6. Seu mecanismo de ação ainda não está totalmente esclarecido. Sabe-se que a sua ação resulta da competição com o ácido para-aminobenzóico, interferindo na biossíntese bacteriana do ácido fólico e, consequentemente, comprometendo os processos transcricionais do bacilo 6. Atualmente, PAS é utilizado como medicamento de segunda linha de escolha. Não apresenta resistência cruzada e é relativamente bem tolerado 6. A incidências de reações adversas como dor epigástrica, náuseas e diarreias são queixas predominantes. Pacientes que cursam com ulceras péptica também não toleram essa droga 2,6. Por causa dessas reações o PAS foi colocado para segunda escolha no tratamento da TB sendo substituído pelo EMB na terapêutica atual, pois este apresenta um valor de tolerância mais elevado 2,6. Pró-fármacos Pró-fármacos são agentes terapêuticos inativos que são transformados nos seus metabolitos ativos, de uma forma previsível, no metabolismo pré sistêmico 7. O objetivo do desenvolvimento de pró-fármacos é ultrapassar certas barreiras, mascarar certos grupos funcionais, obter uma melhor formulação, melhor estabilidade química, melhor aceitação e adesão por parte dos pacientes, melhor biodisponibilidade, uma duração de ação mais prolongada, melhor seletividade dos órgãos e tecidos alvo e consequentemente menos efeitos laterais 7. Podemos classificar os pró-fármacos de várias formas, de acordo com a sua classificação química, mecanismos de ativação, mecanismos de seletividade órgão/tecido, potencial tóxico e potencial ganho terapêutico 7. Síntese de ésteres (Esterificação de Emil Fischer) Os ésteres são compostos orgânicos de baixa polaridade, ponto de ebulição menor do que os ácidos carboxílicos e de peso molecular semelhante. Sintetizados através de reação entre um ânion carboxilato e um haleto de alquila ou ainda pela reação de esterificação de Fischer, à qual se tem dado maior importância devido à viabilidade de aplicação industrial 8. Em 1895, Fischer e Speier constataram que era possível a obtenção de ésteres através do aquecimento de um ácido carboxílico e um álcool na presença de catalisador ácido. Esta reação ficou conhecida como esterificação de Fischer 8. Todavia, a reação de ácidos com álcoois é uma reação de equilíbrio, no sentidodireto conduz à formação de ésteres e no sentido inverso leva à hidrólise dos mesmos. Para aumentar o rendimento no sentido da formação do éster pode utilizar-se um excesso de um dos reagentes ou remover um dos produtos à medida que a reação acontece 8. Esterificação de Fischer (esquema geral) OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS A síntese proposta neste trabalho é a formação de éster, através da reação de Fischer, reagindo a função ácido Carboxílico do PAS com a função álcool do EMB utilizando o HCl como catalizador. Com isso, a ideia é construir uma molécula inédita, inerte, preservando as funções originais das moléculas protótipos, através de um tipo de tamponamento. O objetivo é resgatar o uso do PAS, eliminando seus efeitos adversos relacionado a suas características químicas, por se tratar de um ácido, bem como potencializar a terapêutica, contribuir para a adesão ao tratamento. Com o metabolismo hepático de primeira passagem da fase 1, através das reações de oxidação ou hidrolise, espera-se que esta nova molécula, que agora contém uma função éster, seja clivada e, consequentemente, sejam liberadas as moléculas de EMB e PAS no sistema. A clivagem por oxidação é catalisada pelas enzimas hepáticas, através do citocromo P450 ou enzimas plasmáticas. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico/Tuberculose. Brasília, 2022 2 SILVA, Penildon. Farmacologia / Penildon Silva, 7.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006 3 CAMPOS, Hisbello S. Tratamento da tuberculose - Curso de tuberculose - aula 6. Disponível em: http://www.sopterj.com.br/wp- content/themes/_sopterj_redesign_2017/_educacao_continuada/curso_tuberculose_6.pdf. Acesso em: 01 de abril de 2023 4 MEDEIROS, Camila Rigini. Otimização da síntese de ésteres usados na indústria de sabores e aromas, 2008. Disponivel em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/105208/Camilla_Rigoni_Medeiros. pdf?sequence=1&isAllowed=y#:~:text=Os%20%C3%A9steres%20podem%20ser%20sintetiza dos,um%20%C3%A1lcool%2C%20catalisada%20por%20%C3%A1cido. Acesso em: 01 de abril de 2023 5 KORALKOVAS, Andrejus. Dicionário Terapêutico Guanabara. Edição 1998/1999. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998 6 AZIMKA, Nataliya. Tratamento da Tuberculose Passado, Presente e Futuro. (Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas) - Universidade de Lisboa, Faculdade de Farmácia, 2017. Disponível em: https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/36171/1/MICF_Nataliya_Azimka.pdf. Acesso em: 02 de abril de 2023 7 ALMEIDA, Teresa Sofia Baptista de. Desenvolvimento de pró-fármacos do ácido pirazinóico ativados por esterases de micobactérias. Tese (Mestrado em Química Farmacêutica e Terapêutica) - Universidade de Lisboa, Faculdade de Farmácia, 2011. Disponível em: https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/11589/1/Desenvolvimento%20de%20pr%C3%B3f %C3%A1rmacos%20do%20%C3%A1cido%20pirazin%C3%B3ico%20activados%20por%20est erases%20de%20micobact%C3%A9rias_Ter.pdf. Acesso em: 03 de abril de 2023 8 CALVALCANTE, Phelipe Matheus. SILVA, Renato Luiz da. FREITAS, Jucleiton José Rufino de. FREITAS, Juliano Carlos Rufino. FILHO, João Rufino de Freitas. Proposta de preparação e caracterização de ésteres: um experimento de análise orgânica na graduação. Monografias Brasil Escola. Disponível em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/quimica/sintese- esteres-atraves-reacoes-esterificacao-transesterificacao-por-via-catalitica.htm. Acesso em: 08/04/2023
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