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Farmacologia A farmacologia (do Grego, pharmakos, droga, e logos, estudo) é a ciência que estuda como os medicamentos ou substâncias interagem com o organismo, sendo capazes de promover alterações funcionais e estruturais. Remete de longas datas, desde a antiguidade, onde as doenças eram associadas a possessões divinas ou demoníacas, ou ainda, como castigo dos deuses, sendo tratadas e curadas com preparos de origem vegetal, mineral ou animal, principalmente por plantas. Contudo, o entendimento de que essas substâncias podem causar tanto efeitos benéficos quanto nocivos foi relatado por Paracelsus (1493-1541), ainda na Idade Média, ao dizer que “toda substância tem potencial tóxico, o que diferencia um medicamento de um veneno é a dose”. Foi somente no século XIX, através da descoberta da química orgânica, que as primeiras drogas puderam ser identificadas e isoladas, favorecendo a evolução para a farmacologia moderna. A primeira droga isolada foi a morfina em 1805 por Sertüner, que a extraiu do ópio. Alguns anos mais tarde, em 1847, Rudolf Buchheim fundou o primeiro Instituto de Farmacologia, na Universidade de Dorpat, na Estônia, sendo, portanto, um dos pioneiros no desenvolvimento da farmacologia como uma ciência. No século XX a indústria farmacêutica revolucionou o mercado farmacêutico. A produção em massa de substâncias sintéticas fez declinar o trabalho dos boticários, que manipulavam os medicamentos em farmácias, assim como surgir novos conceitos em farmacologia. O conhecimento da relação entre a estrutura química do fármaco e o efeito terapêutico resultante foi abordado inicialmente por Fraser (1869), assim como a teoria de que existem receptores celulares específicos para fármacos no organismo, por Langley (1878), seguida da teoria da ocupação, por Clark (1920), onde o efeito do fármaco é diretamente proporcional a fração de receptores ocupados na célula. Vários fármacos foram descobertos neste século, como a penicilina, por Fleming (1928), o prontosil por Domagk (1935), as tiazidas por Beyer (1950), assim como o propranolol e os barbitúricos, servindo como protótipos para a descoberta de uma infinidade de medicamentos hoje existentes na terapêutica. A tecnologia permitiu avanços, e hoje temos a biofarmácia, que atua através da biologia molecular, visando o estudo dos biofármacos, ou seja, de medicamentos cujo princípio ativo é obtido de microrganismos ou células modificadas geneticamente. Atualmente a farmacologia é considerada uma das principais ferramentas para os profissionais de saúde, assim como para aqueles que têm o contato direto ou indireto com os medicamentos. Ao estudar os efeitos e mecanismos de ação das drogas, pode-se compreender não somente como os fármacos atuam, mas também conhecer a fisiologia normal do organismo. Esse conhecimento permite empregar os medicamentos de forma mais objetiva, melhorando o tratamento. Desta forma, a farmacologia pode ser subdividida em vários ramos, e de acordo com a Farmacologia Básica, podemos dividi-la quanto a sua ação no organismo em farmacocinética e farmacodinâmica. Enquanto a farmacocinética estuda como o organismo se comporta ao interagir com o fármaco, verificando onde e qual o tempo em que se dá a sua absorção, assim como a biotransformação e a excreção, a farmacodinâmica visa estudar como o fármaco atua no organismo, ou seja, o local e mecanismo de ação, além da relação entre a dose e intensidade do efeito e tipos de resposta. A compreensão dessas etapas permite um maior planejamento terapêutico e o uso racional dos fármacos. A farmacologia ainda pode ser dividida quanto ao tipo de estudo, em: • Farmacognosia: É o ramo mais antigo das ciências farmacêuticas e tem como alvo de estudo os princípios ativos naturais, sejam animais ou vegetais. Apenas a partir de 1815 foi introduzido o termo farmacognosia, que deriva do grego pharmakon (fármaco) e gnosis (conhecimento). Este termo foi usado pela primeira vez pelo medico austríaco Schmidt em 1811. A definição mais ampla de farmacognosia: “é a aplicação simultânea de varias disciplinas cientificas com o objetivo de conhecer fármacos naturais sob todos os aspectos”. Ou ainda, a farmacognosia é uma ciência multidisciplinar que contempla o estudo das propriedades físicas, químicas, bioquímicas e biológicas dos fármacos ou dos fármacos potenciais de origem natural assim como busca novos fármacos a partir de fontes naturais. Originalmente – durante o seculo 19 e começo do século 20 – o termo farmacognosia era utilizado para definir o ramo da medicina que tratava das commodities cientificas, que tratavam das drogas vegetais brutas ou não processadas. Drogas vegetais são a parte utilizada da planta medicinal seca e estabilizada, podendo ser inteira, rasurada ou pulverizada. Apesar da maioria dos estudos farmacognosticos focar nas plantas e derivados, outros tipos de organismos também são considerado de interesse farmacognostico, como por exemplo, bactérias e fungos e também organismos marinhos; • Farmacotécnica: Tem como objeto a manipulação dos princípios ativos para a fabricação para o desenvolvimento e produção de medicamentos. E, quando se fala em medicamentos, fala-se de um produto atrelado a um rígido controle de qualidade, por ser destinado à promoção da saúde. Por isso, é levado em conta o efeito terapêutico e a estabilidade (prazo de validade) desejados, condições de acondicionamento, transporte e armazenamento, bem como a forma ideal de administração e dispensação. busca preparar, conservar, acondicionar e dispensar medicamentos, com dosagem exata e apresentados sob forma que facilite a sua administração. Além disso, visa o melhoramento das formas farmacêuticas existentes, por meio do estudo dos componentes das fórmulas e de novos processos de fabricação e conservação dos medicamentos, de modo a prolongar, na medida do possível, o seu período de utilização; • Farmacogenética: Área da genética que estuda como cada pessoa, de forma individual, reage aos fármacos, sejam eles um anestésico, um remédio para dor de cabeça, um quimioterápico ou um antidepressivo. Algumas pessoas possuem uma maior tolerância a ação de medicamentos, enquanto outras são mais sensíveis a eles. Todos nós conhecemos alguém que só sente os efeitos de um medicamento da marca X, enquanto, para você, somente o Y surte algum efeito. E é exatamente essa diferença na resposta a um mesmo medicamento que a farmacogenética nos ajuda a compreender. Ela busca elucidar a forma como a variabilidade genética de cada indivíduo impacta na resposta aos medicamentos. • Toxicologia: A toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos produzidos pelas substâncias químicas sobre seres humanos, animais e plantas. Por exemplo, as pessoas que tiveram contato ou que ficaram expostas às substâncias químicas liberadas ao meio em função de acidentes envolvendo a produção, o armazenamento, o manuseio, o transporte e o descarte em vias públicas, podem se intoxicar. Isto é, poderão sentir mal estar, tontura, ter problemas respiratórios, apresentar irritações na pele entre outros sintomas de intoxicação. As plantas e os animais também poderão ser afetados. Os efeitos nocivos dependem das características do produto envolvido na ocorrência, da quantidade vazada, do tempo de exposição e da forma de exposição (direta ou indireta), entre outras variáveis. Como a genética influencia na resposta aos fármacos? A genética estuda como nosso DNA funciona e como as pequenas variações nele, que acontecem naturalmente de pessoa para pessoa, impactam na fisiologia e funcionamento do corpo. E é o conjunto de todos os nossos genes, partes do DNA responsáveis pelas proteínas do nosso organismo, que inferem o modo como reagimos aos estímulos do ambiente em que vivemos. Seja esse estímulo a alimentação, a quantidade de Sol que se toma, a prática(ou não) de exercícios físicos, a qualidade do ar que respiramos, etc. E, certamente, isso inclui os estímulos causados pelos fármacos normalmente de interesse médico. Eles são compostos químicos que causam reações em nosso corpo visando o tratamento de sintomas e doenças. Assim, não apenas o estilo de vida, mas também a genética, têm influência na resposta aos diferentes medicamentos existentes. Influência esta que pode fazer com que os efeitos do medicamento sejam mais ou menos eficientes de acordo com cada pessoa. Aspectos de toxicologia humana para assistência a emergências químicas. A quantidade de pessoas afetadas por um incidente químico pode ser mínima (um indivíduo) ou maior (milhares de indivíduos), pois os efeitos de determinadas substâncias no organismo podem se manifestar tanto de imediato como tempos depois do acidente, o que depende de vários fatores tais como intensidade da exposição, tipo do produto liberado e faixa etária. Por exemplo, no caso do acidente na indústria química que fabricava o inseticida Carbaril, em 1984, em Bhopal, na Índia, a liberação de grande quantidade de isocianato de metila gerou uma nuvem tóxica que contaminou cerca de 40 km² de área. Estima-se que 3.800 pessoas morreram nas primeiras horas após o vazamento, além de muitos animais (vacas, búfalos, cães e pássaros), 200.000 pessoas ficaram intoxicadas e nos vinte anos seguintes, mencionam entre 20.000 e 30.000 óbitos associados aos efeitos do produto e dos resíduos perigosos gerados (Broughton, 20051 e Portal EcoDebate, 20122). Qual a importância da Farmacogenética no cenário atual? A cada dia que passa novas tecnologias inovadoras surgem com a expectativa de revolucionar a forma com a qual as coisas foram feitas até então. E, esse advento, vem acontecendo também com as mais diversas áreas da saúde. Sabemos, e não é de hoje, que cada um possui uma necessidade específica e uma forma de supri-la que pode ser tão única quanto. Há muito tempo, medicamentos são usados para o tratamento e prevenção de diversas doenças, utilizando-se do mesmo medicamento para quadros semelhantes em diferentes pessoas. Parte disso se deve à capacidade do organismo de absorver, metabolizar e eliminar medicamentos, cuja resposta varia de pessoa para pessoa, devido à composição genética de cada um. Em outras palavras, um tratamento pode ser otimizado, sendo mais eficiente e assertivo a partir dos conhecimentos adquiridos através da genética. Assim, os conhecimentos em farmacogenética podem ser mais um instrumento na criação de intervenções clínicas mais individualizadas e efetivas. Analisar as características genéticas dos pacientes para obter êxito em seu tratamento já é uma realidade em áreas que usam a genética como base. Analogamente temos alguns profissionais da nutrição, por exemplo, que através da nutrigenética conseguem alcançar resultados mais assertivos. Divisões da farmacologia. A área pode ser dividida em vários ramos, dentre eles estão: • Farmacodinâmica: mecanismo de ação; • Farmacocinética: destino do fármaco; • Farmacologia pré-clínica: eficácia e RAM do fármaco nos animais (mamíferos); • Farmacologia clínica: eficácia e RAM do fármaco no homem (voluntário sadio; voluntário doente); • Farmacoterapia (assistência farmacêutica): orientação do uso racional de medicamentos; • Fitoterapia: uso de fármacos vegetais (plantas medicinais); • Farmacoepidemiologia: estudo das RAM, do risco/benefício e custo dos medicamentos numa população; • Farmacovigilância: detecção de RAM, validade, concentração, apresentação, eficácia farmacológica, industrialização, comercialização, custo, controle de qualidade de medicamentos já aprovados e licenciados pelo Ministério da Saúde; https://blog.vitta.com.br/index.php/2020/03/18/o-que-e-fitoterapia/ • Farmacocinética: é o estudo da velocidade com que os fármacos atingem o sítio de ação e são eliminados do organismo, bem como dos diferentes fatores que influenciam na quantidade de fármaco a atingir o seu sítio. Basicamente, estuda os processos metabólicos de absorção, distribuição, biotransformação e eliminação das drogas. Conceitos básicos da área Conhecer os diversos conceitos da área de estudo facilita a sua compreensão. Alguns dos principais conceitos dessa ciência são: • Fármaco: substância química com ação terapêutica; • Medicamento: produto tecnicamente elaborado contendo um ou mais fármacos. Os medicamentos podem ser classificados em magistrais, oficiais e oficinais; • Remédio: O conceito de remédio é bem amplo. Pode ser considerado como todo e qualquer tipo de cuidado utilizado para curar ou aliviar doenças, sintomas, desconfortos e mal-estar • Dose: quantidade de fármaco capaz de provocar alterações no organismo; • Droga: qualquer substância que modifica a função fisiológica; • Posologia: estudo da quantidade de medicamento (dosagem) que o paciente deve tomar de cada vez e o intervalo entre uma e outra dose; • Forma farmacêutica: forma de apresentação do medicamento, em comprimidos, cápsulas, xaropes etc.
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