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Puericultura
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INTRODUÇÃO:
Puericultura é o acompanhamento do desenvolvimento infantil. É a consulta de rotina que todas as crianças devem fazer periodicamente. 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, as consultas devem ser: 7 no primeiro ano de vida, 2 no segundo ano e 1 por ano a partir do segundo ano de vida.
O escore de APGAR é um dos métodos mais utilizados para a avaliação imediata do recém nascido (RN).
· Esta avaliação é feita no primeiro minuto de nascimento e é repetida novamente 5 minutos após o parto. 
· Avalia 5 sinais objetivos, atribuindo a cada sinal uma pontuação de 0 a 2: cor da pele, frequência cardíaca, irritabilidade reflexa, tônus muscular e respiração.
Para cada grupo é dado o valor correspondente à resposta que melhor representa o estado do bebê no momento. No final, essa pontuação é somada para obter um valor único, que irá variar entre 0 e 10. Interpretação dos resultados.
De 0 a 3 – Asfixia grave 
De 4 a 6 – Asfixia moderada 
De 7 a 10 – Boa vitalidade, boa adaptação
O normal é que um bebê saudável nasça, no mínimo, com uma pontuação de 7 ao primeiro minuto. Este tipo de pontuação inferior a 10 no primeiro minuto de vida é bastante comum e acontece porque a maioria dos bebês precisa ser aspirado para retirar todo o líquido amniótico dos pulmões antes de conseguir respirar normalmente. No entanto, por volta dos 5 minutos é comum que o valor aumente para os 10. O surgimento de uma pontuação inferior que 7, ao 1º minuto, é mais comum em bebês que nasceram:
· Após uma gravidez de risco
· Por cesárea;
· Após uma complicação no parto;
· Antes das 37 semanas.
Nestes casos, a pontuação inferior não é motivo de preocupação, no entanto, deve aumentar após 5 minutos.
CALENDÁRIO VACINAL INFANTIL:
Tratar com descuido o calendário básico de vacinação de crianças pode causar diversos agravos, que podem se reverter em graves problemas de saúde pública, com aumento na prevalência de algumas patologias.
BCG
· Deve ser aplicada em dose única o mais precocemente possível;
· Não se recomenda a revacinação de crianças que não apresentem cicatriz no local da aplicação após 6 meses.
· Em recém-nascidos filhos de mãe que utilizaram imunossupressores na gestação, ou com história familiar de imunossupressão, a vacinação poderá ser adiada ou contraindicada.
HEPATITE B
· A primeira dose da vacina Hepatite B deve ser aplicada idealmente nas primeiras 12 horas de vida. A segunda dose está indicada com um ou dois meses de idade e a terceira dose é realizada aos seis meses.
· Desde 2012, no Programa Nacional de Imunizações (PNI), a vacina combinada DTP/Hib/ HB (denominada pelo Ministério da Saúde de Penta) foi incorporada no calendário aos 2, 4 e 6 meses de vida.
DTP/DTPa
· Difteria, Tétano e Pertussis (tríplice bacteriana).
· A vacina DTPa (acelular), quando possível, deve substituir a DTP (células inteiras), pois tem eficácia similar e é menos reatogênica.
· O esquema é de 5 doses, aos 2, 4 e 6 meses com reforço aos 15 meses. Um segundo reforço deve ser aplicado entre quatro e seis anos de idade e na adolescência, uma dose entre 14-15 anos.
dT/dTpa
· Adolescentes com esquema primário de DTP ou DTPa completo devem receber um reforço com dT ou dTpa, preferencialmente com a formulação tríplice acelular, aos 14 anos de idade.
· No caso de esquema primário para tétano incompleto, este deverá ser completado com uma ou duas doses da vacina contendo o componente tetânico, sendo uma delas preferencialmente com a vacina tríplice acelular.
Hib
· A vacina penta do PNI é uma vacina combinada contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenza tipo B (conjugada).
· A vacina é recomendada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses de idade.
VIP/VOP
· As três primeiras doses, aos 2, 4 e 6 meses, devem ser feitas obrigatoriamente com a vacina pólio inativada (VIP).
· A recomendação para as doses subsequentes é que sejam feitas preferencialmente também com a vacina inativada (VIP).
PNEUMOCÓCICA CONJUGADA
· Está indicada para todas as crianças até 5 anos de idade. O PNI utiliza a vacina pneumocócica conjugada 10-valente no esquema de duas doses, administradas aos 2 e 4 meses, seguidas de um reforço aos 12 meses, podendo ser aplicada até os 4 anos e 11 meses de idade.
· A SBP recomenda, sempre que possível, o uso da vacina conjugada 13-valente, pelo seu maior espectro de proteção, no esquema de três doses no primeiro ano (2, 4, e 6 meses) e uma dose de reforço entre 12 e 15 meses de vida.
MENINGOCÓCICA
· Recomenda-se o uso rotineiro das vacinas meningocócicas conjugadas para lactentes maiores de 2 meses de idade, crianças e adolescentes. 
· Sempre que possível utilizar preferencialmente a vacina MenACWY pelo maior espectro de proteção, inclusive para os reforços de crianças previamente vacinadas com MenC.
MENINGOCÓCICA B RECOMBINANTE
· Recomenda-se o uso da vacina meningocócica B recombinante para lactentes, crianças e adolescentes. 
· Para aqueles que iniciam a vacinação entre 3 e 12 meses de idade, são recomendadas duas doses com intervalo mínimo de 2 meses entre elas, além de uma dose de reforço no segundo ano de vida. 
· Aqueles que iniciam a vacinação entre 12 e 23 meses devem também receber o esquema de duas doses, com dois meses de intervalo entre elas, além de uma dose de reforço. 
· Finalmente, para crianças que iniciam a vacinação após os dois anos, são indicadas duas doses com intervalo de 2 meses entre elas.
ROTAVÍRUS
· Existem duas vacinas licenciadas. A vacina monovalente incluída no PNI, indicada em duas doses, seguindo os limites de faixa etária: primeira dose aos 2 meses (limites de 1 mês e 15 dias até, no máximo, 3 meses e 15 dias) e a segunda dose aos 4 meses (limites de 3 meses e 15 dias até no máximo 7 meses e 29 dias).
· A vacina pentavalente, disponível somente na rede privada, é recomendada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses. 
· A primeira dose deverá ser administrada no máximo até 3 meses e 15 dias e a terceira dose deverá ser administrada até 7 meses e 29 dias. O intervalo entre as doses deve ser de 2 meses, podendo ser de, no mínimo, quatro semanas.
INFLUENZA
· Está indicada para todas as crianças adolescentes a partir dos 6 meses de idade. A primovacinação de crianças com idade inferior a 9 anos deve ser feita com duas doses, com intervalo de 1 mês entre elas. 
· A dose para aqueles com idade entre 6 a 35 meses pode variar conforme o fabricante, e apartir de 3 anos é de 0,5 mL.
Sarampo, Caxumba, Rubéola e Varicela (vacinas tríplice viral –SCR; tetraviral –SCRV; varicela –V).
· Aos 12 meses de idade: devem ser feitas, na mesma visita, as primeiras doses das vacinas tríplice viral (SCR) e varicela (V), em administrações separadas, ou a vacina tetraviral (SCRV). 
· A vacina SCRV se mostrou associada a uma maior frequência de febre em lactentes que recebem a primeira dose com esta vacina quando comparada às vacinas varicela e tríplice viral em injeções separadas.
· Aos 15 meses de idade deverá ser feita uma segunda dose, preferencialmente com a vacina SCRV, com intervalo mínimo de três meses da última dose de varicela e SCR ou SCRV.
HEPATITE A
· A vacina deve ser administrada em duas doses, a partir dos 12 meses de idade. 
· O PNI oferece a vacina em dose única aos 15 meses de idade. Adolescentes podem receber a 2 doses da vacina de Hepatite A com intervalo de 6 meses ou vacina combinada HepA e HepB, como uma série de 3 doses (0, 1 e 6 meses).
FEBRE AMARELA
· Indicada atualmente para toda a população brasileira e também para pessoas que se deslocam para países que exigem a comprovação de vacinação. 
· O PNI oferece duas doses da vacina para crianças menores de 5 anos de idade, aos 9 meses e 4 anos. Acima de 5 anos o esquema preconizado é de dose única. A aplicação de uma segunda dose para crianças e adolescentes que iniciaram o esquema acima de 5 anos de idade é desejável, com o intuito de prevenir falhas vacinais.
· Para viagens internacionais prevalecem às recomendações da OMS com comprovação de apenas uma dose.
· HPV
· Existem duas vacinasdisponíveis no Brasil contra o HPV (Papilomavírus humano): a vacina com as VLPs (partículas semelhantes aos vírus – “vírus- - like particle”) dos tipos 16 e 18 (HPV2) e a vacina com as VLPs dos tipos 6, 11, 16 e 18 (HPV4), que são recomendadas em duas doses com intervalo de 6 meses entre elas para indivíduos entre 9 e 14 anos, e em três doses (0, 1 a 2 e 6 meses) para maiores de 15 anos.
· A HPV4 é a vacina disponível no PNI.
DENGUE
A vacina dengue foi licenciada em nosso país no esquema de três doses (0, 6 e 12 meses) e está recomendada para crianças e adolescentes a partir de 9 anos até no máximo 45 anos de idade que já tiveram infecção prévia confirmada pelo vírus da dengue (soropositivos).
ALEITAMENTO MATERNO E INTRODUÇÃO ALIMENTAR:
O leite é um alimento completo, ou seja, até os 6 meses o bebê não necessita de nenhum complemento.
Quanto mais tempo o bebê mamar no peito, melhor para ele e para a mãe.
Aleitamento Materno Exclusivo
· Quando a criança recebe somente leite materno, diretamente da mama ou leite humano ordenhado (banco de leite), e nenhum outro alimento liquido ou solido, com possível exceção para medicamentos. Ou seja, toda a energia e nutrientes são fornecidos pelo leite materno.
Aleitamento Misto
· Quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leites, como ex.: o leite de soja...
Aleitamento predominante
· Quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas a base de agua, como sucos de frutas ou chás, mas não recebe outros tipos de leite.
Aleitamento complementado
· Quando a criança recebe, além de leite materno qualquer alimento solido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo e não substitui-lo. Nessa categoria, a criança pode receber, além do leite materno, outro tipo de leite, mas não é considerado alimento complementar.
A alimentação adequada do lactente consiste em aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida e complementado até os 2 anos. Assim, a alimentação complementar deve ser introduzida a partir dos 6 meses, não havendo qualquer indicação de retardar essa introdução alimentar.
Geralmente essa alimentação complementar é realizada por meio de papas e papas de frutas.
A introdução alimentar deve ser uma transição gradual de quantidade e consistência dos alimentos. Dessa forma, algumas fases devem ser obedecidas de acordo com a idade da criança.
• Por exemplo, ao completar 6 meses, além do leite materno sob livre demanda, a criança deve ser alimentada com duas papas de fruta e uma papa principal.
• Com 7 meses, uma nova papa principal é adicionada à rotina alimentar da criança. A quantidade de alimentos ingeridos por refeição também deve ser aumentada gradativamente, assim como a consistência, até chegar à consistência da alimentação da família, a qual deve ser introduzida com 1 ano de idade.
Quando o leite materno estiver sendo insuficiente para manter o crescimento e desenvolvimento adequados do bebê, há duas possibilidades:
• Se a criança tem menos de 4 meses, deve ser instituído o aleitamento por meio de fórmulas.
• Se a criança tem 4 meses ou mais, a introdução alimentar é antecipada e o aleitamento por fórmulas fica restrito a 600 mL/dia.
SUPLEMENTAÇÃO:
· Toda criança entre 6 a 24 meses deve tomar o suplemento de ferro, para evitar quadros de anemia, que deixam a criança sem ânimo para brincar
· As crianças entre 6 e 59 meses devem ser suplementadas com Vitamina A, que protege a visão, diminui o risco de diarreia e infecções respiratórias e ajuda no desenvolvimento e crescimento da criança.
· A vitamina K é administrada ao nascer, como forma de prevenção à doença hemorrágica, na dose de 1 mg por via intramuscular.
· Preconiza-se que a vitamina D suplementar seja administrada para todos os recém-nascidos a termo, independentemente de estar em aleitamento materno exclusivo ou fórmula infantil, desde a primeira semana até os 3 anos de vida. Observe a tabela 3 abaixo. Geralmente, a forma de apresentação da vitamina D é em gotas e possui concentração de 200 UI/gota, logo de 0 a 1 ano devem ser administradas 2 gotas/dia e de 1 a 3 anos devem ser administradas 3 gotas/dia. Para recém-nascidos pré-termo, orienta-se que a suplementação profilática oral de vitamina D (400 UI/dia) seja iniciada apenas quando o peso for superior a 1500 gramas e houver tolerância plena à nutrição oral.
TÉCNICA DE AMAMENTAÇÃO
· PEGA
A forma com que o bebê irá pegar para abocanhar a maior quantidade de seios lactíferos com a maior eficiência gerando um menor desconforto para mãe. Dentre as principais características para essa pega correta, se destaca:
· Boca bem aberta
· Aréola não visibilizada
· Lábio inferior evertido
· Queixo não toca a mama
· POSIÇÃO:
Dentre as principais características para essa posição, se destaca: 
· Bebê trazido ao seio: Não é a mãe que vai até o bebê e sim o bb q vem até a mãe.
· Barriga com barriga
· Corpo centralizado
· BB apoiado e alinhado
Crescimento e desenvolvimento:
· Anamnese
· Exame Fisico
Na Puericultura nem sempre será possível realizar o exame físico na sequência crânio-caudal com costuma-se realizar nas outras áreas da Medicina, assim, é possível iniciar parte do exame físico com a criança ainda no colo de um dos seus familiares. Sobretudo, na fase entre os 7 meses e 2 anos de idades as crianças estranham mais a realização do exame físico. Além disso, uma boa estratégia é deixar o exame da orofaringe e a otoscopia para serem realizados ao final, pois estes costumam causar maior desconforto na criança e se feitos logo no início podem dificultar a avaliação dos outros órgãos e sistemas. Lembrando que a 1ª consulta de toda criança deve ser ainda na sua 1ª semana de vida é importante ressaltar alguns, dentre todos os sistemas que não devem ser esquecidos nesta consulta com o recém- nascido.
Segundo o Ministério da Saúde, as consultas seguintes à primeira não devem obrigatoriamente contar com todos os elementos de um exame físico completo, no entanto, até os 10 anos de idade recomenda que procedimentos específicos não deixem de ser realizados: dados antropométricos, rastreamento para displasia evolutiva do quadril, ausculta cardíaca, avaliação da visão e audição, aferição da pressão arterial e rastreamento para criptroquirdia.
Dados Antropometricos:
A avaliação do crescimento e desenvolvimento faz parte da avaliação básica da Pediatria. Esse acompanhamento sistemático permite o monitoramento das condições de saúde e nutrição da criança assistida. Nesta etapa do exame físico deve-se realizar as medidas de:
· Peso
· Comprimento/altura
· Índice de massa corpórea (IMC)
· Perímetro cefálico
· Perímetro torácico (até os 3 anos de idade)
· Circunferência abdominal.
As informações do peso, altura, IMC e perímetro cefálico devem ser transpostas para as curvas disponíveis na Caderneta de Saúde da Criança e as informações devem ser compartilhadas com os pais.
Os gráficos disponíveis na Caderneta são baseados em recomendações da OMS para crianças de qualquer país ou etnia, no entanto, o diagnóstico de algum desvio no crescimento da criança deve ser analisado com base no meio e condições de vida que a mesma se encontra. Os parâmetros disponíveis na caderneta para avaliação do crescimento utilizam os seguintes gráficos:
· perímetro cefálico (até os 2 anos)
· peso x idade (0 até 10 anos)
· comprimento/altura x idade (0 até 10 anos)
· IMC x idade (0 até 10 anos).
As curvas possuem diversos pontos de corte classificados em escores z que indicam unidades do desvio-padrão do valor da mediana (escore z 0 ou linha verde), um ponto que não esteja entre as linhas vermelhas (escore z ≤ +2 e ≥ -2) indica um problema de crescimento, logo, uma criança que está crescendo adequadamente tem pontos do gráfico paralelo à linha verde (acima ou abaixo dela). 
Peso e comprimento:
É realizada por métodos diferentes a depender das características da criança examinada.
° O peso pode ser aferido por meio da balança pediátrica que deve ser utilizada para crianças de até 25 kg ou 2 anos ou até a criança poder ficar em pé, quando então poderá ser pesadana balança em pé.
° A medida do comprimento é realizada com a régua antropométrica com haste fixa que deve ficar na cabeça e a haste móvel é colocada logo abaixo do pé da criança, mais uma vez é fundamental o auxílio dos pais neste momento; em crianças a partir dos 2 anos é possível medir a altura da criança com estadiômetro onde a mesma em pé e cabeça retificada.
IMC
Já foi validado como bom marcador de adiposidade e sobrepeso, apresentando correlação com outros parâmetros que avaliam porcentagem de gordura corpórea e, e crianças, alguns estudos mostram que a mensuração do IMC na infância pode ser preditivo do IMC na adolescência e idade adulta.
• Quando o IMC da criança está entre os escores z ≥ -2 e +1, fala-se que a mesma está com IMC adequado.
PC
Deve ser medido em todas as consultas até os 2 anos de vida.
• A circunferência da cabeça deve ser medida com uma fita métrica maleável envolvendo os maiores diâmetros frontoccipital na testa no sulco supra orbital e na porção mais proeminente do occipital.
• Na Caderneta do Ministério da Saúde é possível correlacionar tal medida com a idade, de modo que, se escore z < -2 fala-se que o PC está abaixo do esperado e se > +2 está acima do esperado para idade.
• Segundo a OMS, a microcefalia deve ser diagnosticada dentro das primeiras 24h até a 1ª semana de vida se a medida do PC estiver no escore z < -2, em casos de medidas < -3 no escore z, fala-se em microcefalia grave.
• Além disso, é possível relacionar os gráficos de PC com os gráficos de peso x comprimento/altura, pois sempre que houver uma ascensão do traçado de PC deve haver uma ascensão do traçado peso x altura. Em caso de traçado positivo do PC com traçado negativo do peso x altura em mais de 2 consultas pode ser indicativo de macrocefalia.
OBS: No 1º trimestre de vida, o PC costuma crescer em média 2 cm/mês, no 2º trimestre este valor cai para 1cm/mês, enquanto que no 3º trimestre passa para 0,5 cm/mês. Ao final de um ano o crescimento do crânio chega a 12 cm.
Rastreamento para displasia evolutiva de quadril
Apesar de não haver consenso sobre a efetividade da redução dos desfechos clínicos, o rastreamento auxilia no diagnóstico precoce (antes dos 3-6 meses) e, com isso, na escolha de tratamentos menos invasivos e com menores riscos de complicações.
• Os principais fatores de risco para displasia do desenvolvimento do quadril são: sexo feminino, história familiar de displasia congênita do quadril e parto com apresentação pélvica.
• Duas manobras devem ser realizadas logo nas primeiras consultas até os 2 meses, testando um membro de cada vez a partir das manobras de Barlow (provocativa do deslocamento) e Ortolani (sua redução).
• Após os 3 meses é possível avaliar-se a criança possui limitação da abdução dos quadris e encurtamento de um dos membros.
• Quando a criança começa a deambular é pode-se observar se há Trendelenburg positivo, ou seja, a não sustentação da pelve após a elevação do membro inferior do lado oposto.
Rastreamento para criptorquidia
A criptorquidia é uma relevante anomalia congênita com isso, o Ministério da Saúde recomenda que, caso os testículos não sejam palpáveis ou sejam retráteis na 1ª consulta da Puericultura o rastreamento deve ser realizado nas próximas consultas de rotina.
• Se aos 6 meses não houver testículos palpáveis, a criança deve ser encaminhada à cirurgia pediátrica.
• Se forem retráteis, deve ser monitorado a cada 6-12 meses entre os 4-10 anos de idade, pois pode ocorrer da criança crescer mais rápido do que o cordão espermático e haver saída dos testículos da bolsa escrotal.
• Vale ressaltar que, o tratamento precoce da criptoquirdia resulta em diminuição do risco de câncer de testículo e problemas de fertilidade em adultos.
Diagnósticos
Ao final de toda consulta de Puericultura devem ser elaborados no mínimo 6 diagnósticos (havendo outros diagnósticos estes devem ser elencados após). Podemos usar o mnemônico “CEVADA” para memorizar estes diagnósticos:
Desenvolvimento neuropsicomotor
A criança deve atravessar cada fase seguindo uma sequência com certa regularidade e, se não for estimulada no momento apropriado, não conseguirá superar esse atraso no desenvolvimento. Por isso, a avaliação do desenvolvimento faz parte do conjunto de cuidados que visam promover uma infância saudável. O desenvolvimento compreende alguns domínios de função, todos interligados, sendo eles:
• Sensorial
• Emocional
• Adaptativo
• Motor
• Cognitivo
• Linguagem
Principais marcos do desenvolvimento
É importante ressaltar que esses marcos podem variar ocasionalmente em cada criança, sendo necessário avalia-las individualmente.
15 dias
Entre 1 e 2 meses: predomina tônus flexor, há assimetria postural e preensão reflexa;
• Reflexos:
 →Apoio plantar 
→ Sucção 
→ Preensão palmar 
→ Desaparecem até o 6º mês
Preensão palmar e plantar
A primeira se caracteriza pela flexão dos dedos à pressão na palma da mão; o segundo é similar, com a flexão dos dedos após pressão na base dos artelhos. Este último é o que dura mais tempo, podendo ir até os 10 a 11 meses de vida.
Reflexo da sucção
É desencadeado pela estimulação dos lábios, gerando sucção vigorosa, e sua ausência significa disfunção neurológica grave. O reflexo da busca, estimulado por colocação dos dedos nas comissuras labiais da criança (criança rotaciona a cabeça como se buscasse pelo alimento), desaparece mais precocemente – aos 2 meses.
Reflexo cutâneo-plantar
caracterizado pela extensão do hálux após estímulo na lateral do pé. Ocorre até o 13º mês, a partir do qual a resposta a esse estímulo deve ser a flexão – sendo a extensão considerada patológica.
Reflexo de Moro
Realiza-se uma queda súbita da cabeça da criança, amparada pela mão do examinador. Isso desencadeia extensão e abdução dos membros superiores, seguidas de choro. Deve ser sempre simétrico. É incompleto até o 3º mês e não deve existir após os 6 meses;
Reflexo tônico-cervical (do Esgrimista)
Rotação da cabeça para um lado, com extensão dos membros do lado contralateral e flexão dos membros do lado ipsilateral. Exame realizado bilateralmente e deve ser simétrico. Desaparece até os 3 a 4 meses de vida.
Reflexo da Marcha
O bebê inclina o tronco após apoio plantar. As pernas se cruzam uma à frente da outra. Presente até os 2 meses de vida.
Reflexo de Colocação (Placing)
Desencadeado pelo estímulo tátil do dorso do pé, segurando o bebê pelas axilas. O pé irá se elevar como se estivesse subindo uma escada. Também dura até os 2 meses de vida.
1° mês:
Entre 1 e 2 meses: melhor percepção de um rosto, medido com base na distância entre bebê e seio materno.
2 meses:
• 2-3 meses: sorriso social.
• 3 meses: adquire noção de profundidade.
• 2-4 meses: fica de bruços, levanta a cabeça e ombros na posição prona.
• Em torno dos 2 meses: ampliação do campo visual. Bebê visualiza e segue objetos com o olhar, ultrapassando a linha média. Observa rosto, vocaliza (sons diferentes do choro), reage a estímulos sonoros.
4 meses:
• Aos 4: preensão voluntária das mãos – agarra objetos colocados em sua mão. Observa sua própria mão, segue com o olhar até 180º, grita, senta-se com apoio e sustenta a cabeça.
• 4-6 meses: volta a cabeça em direção a estímulo sonoro.
6 meses:
• Aos 6 meses: começa a ter noções de “permanência do objeto”, procura objetos fora do alcance.
• Tenta alcançar um brinquedo, volta-se para o som, rola no leito e inicia interações.
• A partir do 7º: senta-se sem apoio.
• 6-9 meses: arrasta-se, engatinha.
• 6-8 meses: apresenta reações a pessoas estranhas.
9 meses:
• Aos 9 meses: transmite objetos de uma mão para outra, pinça polegar - dedo, balbucia, estranhamento (prefere pessoas do seu convívio), brinca de esconde-achou.
• Em torno dos 10: fica em pé sem apoio.
• 9-12 meses: engatinha ou anda com apoio.
12 meses:
• 12-18 meses: bebê anda sozinho.
• Em torno de 1 ano: acuidade visual de adulto.
• Bate palmas, acena, combina sílabas, faz pinça completa (polpa-polpa), segura o copo ou mamadeira.
15 meses:
• 15 meses: primeiras palavras, primeiros passos, é ativa e curiosa18 meses:
• 18 meses: anda, rabisca, obedece a ordens, nomeia objetos.
• 18-24 meses: bebê corre e sobe degraus baixos
2 anos:
• 2-3 anos: diz próprio nome e nomeia objetos como sua posse;
• Aprox. 2 anos: reconhece-se no espelho, brinca de faz de conta (deve ser estimulado, pois auxilia no desenvolvimento cognitivo e emocional), sobe escadas, corre, formula frases simples (“dá água”, “quer papar”), retira peça de roupa, tenta impor sua vontade;
• 2-3 anos: pais devem começar a gradualmente retirar as fraldas e ensinar a usar o penico;
4 a 6 anos:
• 3-4 anos: veste-se com auxílio.
• 4-5 anos: conta ou inventa histórias.
• Comportamento é egocêntrico. Com o passar do tempo, passa a considerar outras crianças.
• A partir dos 6 anos: passa a pensar com lógica, embora seja predominantemente concreta. Memória e habilidade linguística aumentam. Ganhos cognitivos aumentam capacidade de tirar proveito da educação formal. Autoimagem se desenvolve e passa a impactar na autoestima. Amigos assumem importância fundamental e criança passa a entender constância de gênero (segregação de gênero é comum)
Como avaliar o desenvolvimento?
O Ministério da Saúde (MS) disponibiliza uma planilha que deve ser utilizada como guia para a avaliação do desenvolvimento de crianças até os 3 anos. Essa planilha é preenchida a cada consulta e, a partir dela, podemos definir se o desenvolvimento da criança está adequado.

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