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Aula 4 - Gestação e Parto Normal O útero faz a mesma função de uma incubadora, fornecendo calor, umidade, proteção da luz, esterilidade e nutrição. Pode se dividir a gestação em 3 períodos: ▪ Período de ovo (onde o embrião se desenvolve dentro da zona pelúcida, ainda livre) – fase mais rápida; ▪ Período de embrião [eclode e começa a estabelecer implantação, e começa a se desenvolver – sai de uma célula indiferenciada, passa pela organogênese, origem aos 3 epitélios germinativos → Ectoderma (sistema nervoso, pele e anexos), mesoderma (músculos, ossos, sistema reprodutivo e urinário) e endoderma (sistema digestivo e respiratório)] – fase intermediaria; ▪ Período de feto (embriogênese já terminou, quando se tem a calcificação do esqueleto) – fase mais demorada. Influencias no tempo de gestação: Fatores maternos: ▪ Idade (fêmeas jovens – primeira gestação – tendem a ter uma gestação mais curta), metabolismo (hipotireoidismo → influencia o que ela fornece para o filhote, demorando mais para se desenvolver); Fatores fetais: ▪ Multíparas: ninhadas grandes gestação menor; ▪ Uníparas: gestação múltipla também influencia; ▪ Equinos e bovinos: machos 2 dias mais longa; ▪ Equinos gemelar: subdesenvolvido 30-40 dias mais longo; ▪ Genética: Holandês 278 – pardo suíço 292. Fatores ambientais: ▪ estresse, hormônios; fitoestrógeno; Mudanças fisiológicas para gestação se estabelecer e desenvolver ▪ Progesterona: o ↑consumo de alimento, ↓atividade física = ↑ganho de peso; o Relaxamento do miométrio; o Estimula secreção das glândulas endometriais → leite uterino (histotrofo); o Diminui a resposta imunológica o Desenvolvimento dos acinos mamários; ▪ Estrógeno; o Sinergismo com P4 (gl. endometriais e mamária), importante a relação P4/E2; o Causa o enovelamento do endométrio – ↑superfície de contato – assim conseguindo ter ↑da secreção no endométrio, com o ↑da P4. ▪ Prolactina; o CL – Ativa colesterol sintetase, ↑colesterol disponível para esteroidogênese; ↑LHr, ↓metabolização a dihidroxiprogesterona; o Lactação; o Comportamento materno; o Efeito luteotrófico em cadelas; ▪ Relaxina; o Produzida CL e placenta, relaxa cérvix, sínfise púbica e ligamentos pélvicos; o Diagnostico de gestão em cadelas em cadelas; o Produzida no final da gestação. Progesterona sobe por conta do CL, há o acasalamento, se essa P4 se manter quer dizer que está prenha, causa bloqueio do miométrio. No final da gestação para ter o parto, é necessário que P4 diminua, para que o E2 sensibilize o miométrio (receptores de ocitocina) – isso acontece por sinalização do feto pelo estresse, causando o ↑de cortisol o que transforma P4→E2, (ou seja, se não houver a sensibilização pelo E2 no miométrio, não adianta aplicar ocitocina para aumentar as contrações, porque ainda não há receptores para a ocitocina). E quando P4 diminui, estimula o aumento da prolactina. Gata, cadela, cabra e porca: placenta nunca se torna autossuficiente, depende do CL. Ovelha: a partir do segundo mês, se retirar o ovário, gestação continua sustentada pela placenta. Vaca: a partir do 6º mês, mantem a gestação com a placenta, mas a retirada do CL dificulta no parto. Égua: placenta se torna autossuficiente a partir dos 70 dias. Cálices endometriais (égua) → são células do embrião (corion) que passa para o tecido materno causando uma reação inflamatória formando os cálices endometriais, que produzem o ECG (↑ o efeito de LH), depois de 100 dias essas células são reconhecidas pelo sistema imune da fêmea, o expulsando. Cadela começa a produzir P4 a partir dos 30 dias quem vai manter a produção de P4 é a prolactina. Quando houver a queda do P4, a prolactina sobe mais ainda. Classificação quanto ao número de fetos • Unípara o 1: unípara, mono-ovulatória ou monotócica; o Gemelar: bovino (2-4%); equino (0,5-1,5%) o Dupla ovulação equínos 20% PSI o Cérvix bem desenvolvida o Placenta ocupa todo útero o Feto 10% do peso vivo da mãe o Distocia o Caprinos e ovinos ▪ Uníparos, mas gemelar muito frequente. • Bíparos o Classificação quanto ao número de fetos – 2; • Multíparos, politócicas; o Caninos, felinos, porcinos o Cérvix pouco desenvolvida; o Cada placenta ocupa uma pequena parte do corno; o Fetos se distribuem por todos os cornos; o Tamanho do feto: 1-3% do peso vivo materno o Cadelas maiores = ninhada maior Adaptação do organismo materno Aumenta consumo de alimento, diminui atividade física para ter aumento da reserva energética. Aumenta a frequência cardíaca (taquicardia), aumentando o debito cardíaco, aumenta o volume de sangue, aumenta a reabsorção de sódio e água (sistema renina angiotensina aldosterona) para aumentar hemodiluição ↑40% v.p. (anemia gestacional) → Fêmea incha, para ter um aumento de sangue circulante e poder mandar para a placenta sem ter que retirar de algum órgão importante. A hemodiluição vai estimular o rim para aumentar a produção de eritropoetina. Esses mecanismos acontecem com maior intensidade nas espécies que tem placenta hemocorial, que muita perda de sangue no parto. Aporte/consumo energético a P4 vai aumentar o consumo de alimento, pois nos primeiros 2/3 ela faz reserva, tendo que parir com 25% a mais do peso dela, para depois sustentar a lactação. Ela tem uma resistência à insulina para não consumir a glicose e mandar para a placenta, ficando com uma hiperglicemia, para o feto ter uma maior demanda de glicose, sendo necessário o consumo de gordura para o aporte da mãe. No terço final da gestação ↑E2, ↑lactogênio placentário (maior aporte de glicose para o feto) e o cortisol fetal, criam resistência a insulina, causando hiperglicemia e indo em maior concentração de glicose para o feto. Principal fonte de energia para a fêmea será de fontes de gordura, sendo necessário aumentar 35% de fontes de gordura em sua alimentação, 70% de proteína e lembrar de manter boa relação de cálcio e fosforo (para o crescimento do feto). Mecanismo do parto e eventos Tipos de alterações: • Neuro-endocrinas→ estímulos do útero, detecção daquele ambiente, concentrações hormonais, a presença do cortisol fetal. • Bioquímicas → como liberação de cálcio para as contrações, alteração de receptores. • Biofísica→ alteração de fisiologia muscular, o útero bloqueado que era incapaz de contrair, precisa mudar e ficar mais responsivo a contração. Durante a gestação quando o feto começa a crescer a parede do útero vai começar a dilatar (crescimento e proliferação), e há a queda do desenvolvimento folicular, atingindo tamanhos bem pequenos, e o CL cíclico precisa se transformar no gravídico, mantendo sua função durante toda a gestação. O parto é a expulsão do feto e anexos fetais, sendo necessário a dilatação e expulsão (contração). O parto é desencadeado pelo estresse do feto (cortisol fetal – ACTH), sendo ele quem define o momento do parto, quando há a maturação hipotalâmica (que é a hora que ele responde ao estresse, quando percebe que o útero já não supre mais suas necessidades – oxigenação, temperatura, espaço e etc.). Próximo ao parto, a vulva e a vagina da fêmea ficam edemaciadas e hiperemicas devido a ação do ↑E2 pelo ACTH fetal que ativa enzimas que convertem P4→E2, aumentando a contratilidade (uma semana antes do parto), aumentando a secreção para a lubrificação (dois dias antes – tirando o tampão mucoso feito no início da gestação) e a ativar o miométrio para as contrações (as células musculares precisam criar ligações entre elas junções comunicantes tipo GAP, feitas pelo E2 e PGF). O ACTH fetal também estimula PGF2a que faz luteólise (muito importante para as espécies que tem a gestação sustentada pelo CL) e desbloqueia o miométrio, fazendo a estimulação da relaxina e relaxamento do ligamento pélvico. Quando há contrações uterinas, aumentando o tônus uterino, o filhote está sendo empurrado contra a cérvix que tem neurônios aferentes que detectam a pressão,e faz a dilatação – reflexo de Fergunson, que libera a ocitocina (reflexo neuroendócrino) causando contração máxima e intensa. Origem da progesterona: • Placentária: ovelha, égua e gata → parte mais importante do ACTH fetal é estimular as enzimas que vai converter P4 em E2 • Luteal: vaca, cabra, porca e cadela → parte mais importante do ACTH fetal é a produção de PGF2a para luteolise. Algumas particularidades de espécie: • Porca: Tem PGF2a mas não é induzida pelo estrógeno, é induzida direto pelo ACTH fetal; • Cadela: Tem PGF2a mas não tem aumento do E2. Estruturas que formam o canal de passagem do feto Via fetal é o caminho que o feto precisa passar de dentro do útero para extrauterina • Via fetal óssea (dura): o Ossos da pelve ▪ Formato causa mais distocia ▪ Redonda, curta e plana ▪ Comprida, ovalada e côncava • Via fetal mole: o Cérvix, vagina cranial, vestíbulo, vulva e ligamentos sacroisquiático; o Pontos críticos: cérvix (se não há a abertura), anel himenal (que segura a passagem) e a vulva (alteração – se é infantilizada, cicatrização que interfere na dilatação); Fases do parto 1. Prodrômica, pródomos: o Alterações de comportamento: ▪ Isolamento; ▪ Inapetência/anorexia; ▪ Inquietação/agitação; ▪ Ansiedade. ▪ Cadelas e porca: construção de ninho Égua: • Andar, andar em círculos, patear, deitar e levantar, rolar, coice na cavidade abdominal; • Bom indicativo é ver as glândulas mamarias, 3 dias antes do parto começa a produção do colostro que extravasa e seca na entrada do teto. Cadela: • 24h antes do parto, que tem diminuição de P4 faz com que tenha queda de 1ºC; • US: cavidade gástrica fetal dilatada (55 dias); • Secreção láctea: até duas semanas antes. Gata: • Queda de queda temperatura corporal, mas não chega a 1ºC e é só 12h antes, sendo menos evidente. • Vocalização, andar em círculos, olhar para posterior, corrimento – comportamento muito característico. Porca: • Elevação de temperatura corporal 12h antes o Mantém ↑TC durante lactação; ▪ Não confundir com condições palotógicas. 2. Dilatação • Início: contrações uterinas • Término: ruptura da membrana fetal • Útero começa a ganhar tônus e impulsiona contra a cérvix; • Vaca até 16h • Égua 2h 3. Expulsão • Início: ruptura das membranas fetais • Término: Expulsão do(s) feto(s); • Vaca 1-3 h (no primeiro parto pode chegar 6h); placenta 30’- 8h • Égua 30 min; placenta 15' – 2h • Útero + musculatura abdominal (compressão nervo pudendo – reflexo medula espinhal) Cães • Fetos nascem com ou sem ruptura das membranas; • Mãe come a placenta, comum vômito; • Intervalo de 15’- 3h • 40% apresentação posterior; Gatas • Âmnio pode não romper – assessorar; • Gata pode se preocupar mais com a própria higienização – assessorar. Alterações que ocorrem com o feto • Respiração o Segundos após o nascimento ▪ Surfactante: iguala tensão de superfície, evita o colabamento dos alvéolos • Produzido pelos pneumócitos o Cortisol: produção o Epinefrina: liberação • Termo-regulação (gordura marrom) • Glicose (glicogênico - hepático, músculo cardíaco) – faz reserva enquanto ainda está na placenta para quando nascer se manter vivo, ex: temperatura o Armazenamento dependente de cortisol e insulina ▪ Suprimento materno Puerpério Vai desde do fim do parto até a fêmea estar apta a ter uma nova gestação, precisa voltar a ciclar e ter a involução uterina (mucosa precisa se recuperar – histológica). 1. Delivramento – liberação das secundinas (placenta, membranas fetais) o Perda da pressão, alterações hemodinâmicas o Involução uterina ▪ Enzimas proteolíticas guardadas em lisossomos (P4) Vaca • Um dos puerpérios mais longos, até 120 dias em zebu • 5 dias cessa contração uterina – amamentação libera ocitocina o Involução até 40 dias ▪ Vacas que amamentam mais curto; • Lóquios → sanguinolento o Até 30 dias • Retorno atividade ovariana 30-72 dias leite, 46 - 104 corte (demora mais tempo porque fica mais tempo com o filhote). Égua • Um dos puerpérios mais curtos • Involução 10-14 • Lóquios claros e escassos primeira semana o Até 30 dias • Retorno atividade ovariana 6-14 dias o Cio do potro Suíno • Placenta junto com o filhote, logo após cada filhote ou até 4 horas após o parto; • Cios anovulatórios (ausência de ovulação) 3 - 5 dias depois • Sem amamentação 2 semanas • Amamentando inibido • Cio 3-5 dias pós desmame Cães • 12 semanas para involução (monoéstricas) • Lóquios esverdeados no começo o Até 5 semanas