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Assistênci� d� enfermage� a� pacient� n� perioperatóri� d� cirurgi� cardíac� 1. Avaliar a história biopsicossocial do paciente ● Ao fazer a visita pré operatória de enfermagem deve-se assegurar confiança e tranquilidade mental do paciente ● Atentar para a classe funcional do paciente, para a quantidade de atividade produtora de angina pectoris e fatores de risco da doença cardiovascular: -Sistema de Classificação Funcional da New York Heart Association: 1. Classe I: Ausência de sintomas (dispneia) durante atividades cotidianas. A limitação para esforços é semelhante a esperada em indivíduos normais. 2. Classe II: sintomas desencadeados por atividades 3. Classe III: sintomas desencadeados em menos intensas que as cotidianas ou pequenos esforços 4. Classe IV: sintomas em repouso Sistema de classificação da Canadian Cardiovascular Society 1. Classe I: Angina apenas em atividades vigorosas 2. Classe II: Atividade moderada, como subir mais de um lance de escadas, provoca angina 3. Classe III: Atividade discreta, como subir menos de um lance de escadas, provoca angina Classe IV: Qualquer atividade, eventualmente até mesmo em repouso, ocorrem episódios de angina ● Essas classificações são para buscar atentar para a Classe funcional do paciente e classificar o risco que a doença cardiovascular impõe ao paciente. ● Paciente com comprometimentos da coronária por exemplo, que faz cirurgia de revascularização do miocárdio, não deixa de ter a doença, apenas ganha sobrevida. Por isso, o enfermeiro deve identificar fatores de risco do paciente. ● Atentar para história de febre reumática e tratamentos ou lesões orais = lesão das valvas cardíacas → Porque a febre reumática é causada pelo Streptococcus beta hemolítico. Ele não provoca infecção quando não se eleva em quantidade. Mas, na corrente sanguínea tem afinidade pelas valvas cardíacas, provocando uma lesão nelas. ● Febre reumática ou amigdalites frequentes na infância é significativa, uma vez que as sequelas da febre reumática e das infecções estreptocócicas podem levar à lesão das valvas cardíacas. ● Presença de diabetes: afeta sistema vascular, retardo de cicatrização, predisposição a infecção. (A diabetes gera alta de glicose na corrente sanguínea, e isso faz com que as bactérias que colonizam a pele se multipliquem) ● Hipertensão e obesidade: aumentam a sobrecarga do coração. → Perguntar ao paciente se ele já fez alguma intervenção cardiovascular prévia. ● Endoarterectomia de carótida, outra cirurgia vascular e procedimentos; ● Não cirúrgicos- angioplastia, aterectomia, laser, stent, trombólise e valvoplastia com balão; ● História: insuficiência cardíaca congestiva, infarto do miocárdio, ressuscitação cardíaca, tipo de angina, choque cardiogênico, arritmias- ventriculares, bloqueio AV, fibrilação atrial, aguda ou crônica. Realizar exame físico direcionado: A) Pressão arterial: medição nos dois braços. ● Sempre considerar o braço de maior pressão. ● O indivíduo deverá ser investigado para DOENÇAS ARTERIAIS, se apresentar diferenças de pressão entre os membros superiores maiores de 20/10 mmHg para a pressão sistólica/diastólica. ● Por exemplo, a pressão arterial de um paciente em: - Um dos braços - 120 X 80 mmHg - Outro braço - 140 X 80 mmHg (considerar o maior valor e investigar para alguma doença arterial de carótida, subclávia) → Obs: paciente com doença arterial, não tem apenas doença arterial coronariana, mas também sistêmica. → Obs²: Pelo paciente ter doença arterial, pode ser que ele tenha alguma diferença na PA entre os membros, provocado por alguma outra obstrução em alguma artéria, que está promovendo essa diferença. B) Palpação dos pulsos periféricos ● Tratar a lesão arterial em questão antes ou após revascularização miocárdica, conforme conduta médica. ● Ex: endarterectomia (é um tratamento cirúrgico para a doença da artéria carótida. As artérias carótidas são os vasos sanguíneos principais que transportam sangue e oxigênio para o cérebro. Durante uma endarterectomia de carótida, seu médico irá remover cirurgicamente a placa que obstrui a passagem do sangue na artéria carótida. O cirurgião fará uma incisão no lado do pescoço sobre a artéria carótida afetada. A artéria é aberta e a placa é removida.) C) Ausculta cardíaca ● Deve-se também avaliar de maneira atenta a ausculta do pericárdio, para confirmar ou não a presença de doença vascular concomitante. D) Estado nutricional ● Importante quando se pensa no pós operatório da cirurgia cardíaca, para que tenha aporte nutricional adequado, a fim de fazer consolidação óssea de forma rápida e não tenha retardo na recuperação. E) Nível de consciência ● Circulação extracorpórea (CEC é um dispositivo artificial pelo qual a circulação de sangue do paciente é total ou parcialmente transportada para fora do organismo. Passa por tubos e órgãos artificiais, sendo depois devolvido ao corpo do paciente.) ● Na CEC, durante a canulação arterial e venosa do coração do paciente, pode-se ter uma artéria aorta mais calcificada, e os pedaços de cálcio podem ser deslocados e irem para o cérebro, causando um AVC ● Por isso, deve-se avaliar o nível de consciência do paciente previamente, para que não associe alguma condição prévia dele (como alzheimer) ao procedimento cirúrgico. F) Ausculta pulmonar ● Importante pois a cirurgia leva tempo, logo a assistência ventilatória durante o procedimento também. G) Avaliação da integridade da pele e alergias ● Avaliar se há lesões, se há infecções, e no caso de haver, a cirurgia pode ser suspendida. H) Verificar Exames Laboratoriais e de Imagem ● Laboratoriais (hemograma, coagulograma TAP e INR, bioquímica, eletrólitos, EAS e parasitológicos de fezes); ● ECG (deve ser feito rotineiramente, na sala de cirurgia, antes de seu início). ● Radiografia de tórax PA e perfil esquerdo; cinecoronariografia (estudo das coronárias); ● Ecocardiograma: para avaliar função do VE (FEVE >= 55%), se apresenta valvulopatias, calcificação da aorta consegue-se se ver nesse exame. (avaliação hemodinâmica da bomba cardíaca, porcentagem de sangue ejetado pelo VE a cada batimento) → cirurgião consegue determinar qual o melhor posicionamento para canulação da aorta e minimizar a chance de avc Obs: TAP e INR são medidas para avaliar a via extrínseca da coagulação do paciente. Usadas para determinar a tendência de coagulação do sangue desse paciente. ● TAP é o tempo de protrombina (normal de 11 a 14s) ● O INR é significa "international normalized ratio" ou "Razão Normalizada Internacional" e é um cálculo feito ao se dividir o seu tempo de ativação de protrombina e o tempo normal da população (1,0 a 1,4) I) Verificar medicação utilizada ● Rever a história medicamentosa do paciente, com particular atenção para as drogas VASOATIVAS e outros medicamentos que possam afetar a cirurgia. ● - Drogas anti agregante plaquetário e recomendações: 1. Aspirina: NÃO DEVE SER SUSPENSA. Propriedade anti-inflamatórias. 2. Clopidogrel: Deve-se suspender de 5 a 7 dias antes da cirurgia eletiva. 3. Ticlopidina (TICLID) - Suspender 10 a 14 dias antes da cirurgia. . -Drogas anticoagulante oral: Ex.: Xarelto, Apixabana, Varfarina (ORAIS), Enoxaparina - heparina de baixo peso molecular (SUBCUTÂNEA), Heparina não fracionada (VENOSA): Suspenso 5 dias antes -Betabloqueador: Não deve ser suspenso para a cirurgia Fitoterápicos: podem afetar a coagulação, provocar hipoglicemia ou outras complicações. -ATB: que pode afetar e modificar a indicação de ATB profilático J) Orientar higiene oral (Clorexidina Alcoólica): Avaliar visita ao dentista; ● Em estudos epidemiológicos amplos, apenas 2,7 a 5% dos casos de Endocardite Infecciosa foram precedidos por intervenção dentária. ● Atividades prosaicas rotineiras, como escovação de dentes (50%), uso de fio dental (20% a 68%), uso de palito de dentes e mesmo mastigação de refeição (7% a 51%), são associadas a bacteremia. ● Cerca de 25% dos casos de EB são causados por estreptococos. ● Enfatizar a importância da higiene oral; RETIRADAPIERCING ● Orientar a realizar a higiene oral com clorexidina 0,12%. Medidas de controle pré-operatória: 1. Avaliação de colonização nasal ou microbiota endógena: -Aplicar nas narinas mupirocina a 2% (ATB) nasal a cada 12 horas, durante 5 dias seguidos; (prevenção de bacteria multirresistente que coloniza a regiao das narinas) - Banho: ● Tomar banho com água e sabão antes da realização do procedimento cirúrgico, noite anterior ou manhã da cirurgia. Incluir a higiene do couro cabeludo e o cuidado com as unhas; • Dar atenção à higiene da cabeça • Observar que o cabelo deve estar seco antes de ir para o bloco operatório; • Fornecer toalhas limpas ao paciente para o banho pré-operatório; ● Proceder à troca de pijama/camisola, da roupa de cama ou da maca de transporte após o banho ● Manter o paciente em jejum desde às 22:00 hr do dia anterior. ● Orientar sobre a tricotomia. ● Orientar o paciente a esvaziar a bexiga 30 minutos antes da cirurgia. ● Retirar próteses dentárias, jóias, ornamentos e identificá-los. ● Atentar para termo de consentimento assinado. ● Verificar se há sangue cruzado e disponível para o paciente no dia da cirurgia. ● Verificar se há leito disponível na UTI ● Encaminhar o paciente ao Centro Cirúrgico assistênci� d� enfermage� intraoperatóri� Segurança do paciente antes de sua chegada: ● Instrumentais: analisados para assegurar que não haja lesões não esperadas. ● Equipamentos: Todos funcionando adequadamente e submetidos a testes rotineiros pela engenharia clínica Deve ser disponibilizado: ● Serra esternal e motor; ● Desfibrilador com espátulas internas e pás adesivas externas (minimamente invasiva); ● Gerador de marcapasso; ● Foco de fibra ótica e fonte; ● Balão intra-aórtico; ● Sonda e Monitor de ETE (Eco Transesofágico); ● Material prostético (próteses valvares, tubo endovascular); ● Dentre outros. Propriedades da sala de cirurgia para realização de cirurgias cardiovasculares: ● Sala cirúrgica ampla com mínimo de 36m²; ● Temperatura em torno de 18º; Mesa cirúrgica medindo aproximadamente 220 cm; ● Mesas de Mayo e mesas auxiliares; ● Bomba de circulação extracorpórea e bomba de cardioplegia; ● Bisturi elétrico microprocessado; ● Colchão térmico; ● Aspiradores externos com boa sucção; ● Teletermômetro nasal e retal; ● Verificar as condições de limpeza da sala, antes de equipada; ● Testar o funcionamento dos aparelhos tais como: aspiradores, bisturi elétrico, focos, carrinho de anestesia, mesa elétrica, bomba de perfusão e cardioplegia; ● Ligar colchão térmico; ● Dispor dos pacotes de campos, aventais e caixas de instrumentais em local acessível; ● Saber o tipo de cirurgia cardíaca a ser realizada e qual a equipe; ● Providenciar o material específico para aquela equipe cirúrgica; ● Dispor de bandejas para punção venosa profunda, cateterismo vesical e para degermação do campo operatório; ● Colocar os dados do paciente nas placas de identificação (nome, peso, altura, idade, tipo de cirurgia e equipe cirúrgica); ● Dispor de cateteres para monitorização; ● Preparo das soluções para os acessos periférico e central; ● Preparo do sistema de monitorização; ● Checar as reservas de hemocomponentes e hemoderivados; ● Checar com o setor de Ecocardiografia e ● Neurofisiologia clínica quanto à monitorização do paciente na SO. Cuidados na recepção do paciente 1. A enfermeira checa: ● Prontuário completo com exames laboratoriais e de imagem anexados; ● Termo de autorização assinado; Relatório de visita pré-operatória de enfermagem; ● Confirmar identidade do paciente; ● Confirmar lateralidade se aplicável, de qual perna será coletada a veia safena; ● Verificar estresse e ansiedade do paciente para prever instabilidade hemodinâmica (aumento do consumo de oxigênio pelo miocárdio). ADMISSÃO À SALA DE OPERAÇÃO (SO) ● Paciente posicionado em decúbito dorsal; ● Cobertores aquecidos para redução de calafrios; ● Monitorização hemodinâmica, oxímetro de pulso; ● Indução anestésica: escolha de agentes anestésicos que de acordo com os efeitos cardiovasculares, as condições do paciente e duração do procedimento; ● Monitorização invasiva: acesso venoso central com preferência para jugular, subclávia e por último femoral. ● Pressão arterial média através de uma punção radial via catéter que ficará fazendo a leitura online durante todo o procedimento. * ● Realizado cateterismo vesical de demora; ● Inspeção minuciosa da pele; ● Proteção das proeminências ósseas como: cóccix e occipital (podem sofrer com a hipoperfusão e hipotermia durante o bypass). COMPORTAMENTO E POSTURA DA EQUIPE DE ENFERMAGEM ANTES E DURANTE O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO ● Posicionar o paciente para a realização das punções, colocando o suporte de braço na mesa para apoiar o braço e em seguida, colocar o paciente em posição de trendelemburg, retirar suporte de cabeça e lateralizar o pescoço (para punção via jugular), não esquecendo de explicar ao paciente todas as etapas; ● Auxiliar durante as punções; ● Auxiliar o anestesista durante a indução anestésica, posicionando, fixando o tubo e o circuito de anestesia, a fim de prevenir extubação ou desposicionamento precoce do tubo e facilitar a dinâmica respiratória; ● Instalar cateter vesical; Colocar placa de bisturi; ● Colocá-lo em posição cirúrgica, atentando para todos os itens já descritos anteriormente; ● Realizar a tricotomia de acordo com a cirurgia a ser realizada. VIGILÂNCIA CONSTANTE ● Monitorar técnica asséptica da equipe; ● Auxiliar na paramentação cirúrgica. PROCEDIMENTO DE CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA (CEC) ● Compreende o conjunto de máquinas, aparelhos, circuitos e técnicas extremamente seguros mediante as quais se substituem temporariamente as funções do coração e dos pulmões, enquanto esses órgãos ficam excluídos da circulação. A CEC é constituída por duas unidades funcionais principais: 1. O oxigenador, que remove sangue pouco oxigenado e substitui por sangue rico em oxigênio; 2. A bomba, que impulsiona o sangue através de uma série de cânulas. → Administra-se heparina ao paciente para evitar coagulação do sangue no sistema; → Ao final da CEC, administra-se o sulfato de protamina para reverter os efeitos da heparina. PROTEÇÃO MIOCÁRDICA ● Há uma indução de hipotermia (32ºC) com aorta clampeada, que junto a cardioplegia: -Diminuição de 90% de consumo de O2 pelo miocárdio; -Economia de energia e manutenção da viabilidade do miócito por tempo prolongado; -Composição de cardioplégica: potássio, magnésio, sódio e bicarbonato de sódio. ● O sangue resfriado, em geral, tem uma viscosidade mais elevada: uso de cristalóides para melhorar a perfusão do sangue pelos tecidos. ● Assim, o sangue que chega é filtrado, oxigenado, resfriado pelo aparelho e devolvido ao corpo DURANTE O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO PROPRIAMENTE DITO A) Observar e registrar líquidos drenados ou sangue aspirado; B) Observar sinais vitais e procura de arritmia, hipotensão e hipotermia; Manter o paciente aquecido; C) O preparo de todas as soluções solicitadas (Dopa, Dobuta, Nora, Tridil, Niprid, etc); D) Organização e manutenção da limpeza da sala durante todo o procedimento; E) Orientar o circulante quanto a folha de cobrança e registros de Enfermagem; F) O momento de entrada e saída do paciente em circulação extracorpórea (observar fibrilação ventricular e/ou atrial, hipotensão, temperatura e hipovolemia); Horário e nome do antibiótico administrado e sua conformidade; G) Observar e registrar diurese antes, durante e após a CEC; Análises gasométricas (acidose respiratória, metabólica, K, Na, hematócrito); Registrar TCA (basal) e TCA (final), tempo de CEC e pinçamento aórtico, quais os baypass’s colocadas e quais os enxertos (safena, radial e mamária), nos casos de trocade válvula, registrar o número da válvula, tipo, marca e origem da válvula; H) Auxiliar o cirurgião no curativo de incisão cirúrgica, retirar todo o Povidine da pele do paciente com Solução Fisiológica 0,9% aquecido, retirar os campos e placa de bisturi; I) Avaliar integridadeda pele. TRANSPORTE DO PACIENTE PÓS-CIRURGIA CARDÍACA 1. Relatar ao Enfermeiro do pós operatório tudo o que ocorreu com o paciente durante o transoperatório (folha de transporte); 2. Montar a bala de oxigênio ou ventilador de transporte; 3. Pinçar todos os drenos; Fechar e zerar a diurese; 4. Manusear o paciente com movimentos firmes e lentos para evitar hipotensão; 5. Colocar o paciente no leito e conectá-lo ao suporte ventilatório, organizar as linhas de infusões e aquecê-lo; 6. Manter o monitor em local de fácil visualização e transportar o leito de forma tranquila. Pós-operatório imediato ● Após 24h do procedimento