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Apostila - Currículos e Projetos Pedagógicos

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Currículo, BNCC, 
Educação Profissional 
e Superior
Unidade 1
Marly Savioli
Tatiane Kuckel
Currículos, 
Programas 
e Projetos 
Pedagógicos
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autor 
MARLY SAVIOLI
TATIANE KUCKEL
AS AUTORAS
Marly Savioli
Olá! Meu nome é Marly Savioli. Sou mestranda em Educação 
e pós-graduada em Ética, Valores e Cidadania na Escola. Além disso, 
sou formada em Pedagogia, com especialização em Administração e 
Supervisão Escolar. Tenho 35 anos de experiência técnico-profissional na 
área educacional, durante os quais trabalhei para escolas particulares, 
Prefeituras Municipais e Assessorias Educacionais em geral. Como 
educadora, exerci nas escolas diversos papéis, como professora, 
orientadora educacional, coordenadora pedagógica, vice-diretora e 
diretora. Por acreditar nas pessoas e na capacidade de mudar o mundo 
por meio da educação, trabalho atualmente para a Fundação Lemann 
como formadora de educadores e gestores educacionais, orientando-
os e subsidiando seus trabalhos com caminhos mais eficazes. Por isso, 
fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores 
independentes. 
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e 
trabalho. Conte comigo!
Tatiane Kuckel
Olá. Meu nome é Tatiane Kuckel e sou Mestre em Educação e 
Novas Tecnologias. Sou formada em Desenho pela Escola de Música 
e Belas Artes do Paraná e em Gestão da Informação pela Universidade 
Federal do Paraná. Tenho mais de 15 anos de experiência em processos 
e projetos para EAD, arte visuais, sistemas de informação, monitoramento 
informacional e games. Possuo trabalhos publicados nas linhas de 
Inteligência Artificial, EaD, Gamificação e Artes visuais. Atualmente, sou 
Gerente de Projetos e Inovação na Onilearning.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Conceito de currículo e a história das disciplinas escolares ..10
Definição de currículo .................................................................................................................. 10
Trajetória histórica do currículo............................................................................................. 14
O início .................................................................................................................................. 14
Concepções de currículo e sua evolução .................................................................... 16
Currículo tecnicista ..................................................................................................... 17
Linha Progressista........................................................................................................ 19
Pedagogia crítica .......................................................................................................... 21
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ....................................................................22
Currículo na Educação Infantil .............................................................. 26
Currículo no Ensino Fundamental e Ensino Médio ....................... 29
Ensino Profissionalizante e Educação Superior ............................. 30
7
CURRÍCULO, BNCC, EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E SUPERIOR
UNIDADE
01
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
8
INTRODUÇÃO
Dentre tantos aspectos que devem ser estudados e compreendidos 
sobre a pedagogia, o currículo talvez seja, um dos mais importantes, 
apesar de muitas vezes ser desvalorizado pela comunidade escolar.
Por que não se valoriza um documento tão importante? Normal-
mente é pela falta de compreensão de sua importância na vida escolar.
Considerando essa falta de entendimento, vamos neste estudo 
constatar como o currículo deve influenciar a aprendizagem do aluno e o 
trabalho do professor. Vamos identificar também que o currículo deve ser 
resultado de muita reflexão e intencionalidade. Ele não poderá ser apenas 
mais um documento para ser guardado em sua gaveta e que foi feito para 
satisfazer uma burocracia inerente as ações educativas. 
O currículo deve ser um documento norteador e inspirador para o 
educador e prazeroso para o estudante. 
Este estudo é somente o primeiro momento de vários que ocorrerão, 
e tenho certeza que ao final entenderão todos os desafios que envolvem 
as questões curriculares.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Conhecer os conceitos sobre currículo e sua trajetória histórica;
2. Identificar as características e estruturas que envolvem um 
currículo de educação infantil;
3. Identificar as características e estruturas que envolvem um 
currículo de educação básica;
4. Identificar as características e estruturas que envolvem um 
currículo de educação profissional e ensino superior.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho! 
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
10
Conceito de currículo e a história das 
disciplinas escolares 
INTRODUÇÃO:
Neste capítulo, estudaremos o conceito de currículo e o 
processo de construção das divisões das tão conhecidas 
disciplinas escolares.
Para a maioria das pessoas, ao pensarmos na palavra “Currículo” 
logo relaciona-se à história profissional, onde empresas poderão analisar 
a vivência de um determinado individuo e com isso determinar se essa 
pessoa tem habilidades para realizar o trabalho que lhe será confiado.
Na educação, a palavra “Currículo” é abrangente e muitas vezes 
complexa. Através dele vamos delinear o trabalho realizado em cada 
disciplina, ou seja, ele é um norteador do trabalho realizado em sala de 
aula.
[...] o curriculum pode ser entendido como um plano de 
orientação tecnológica que se prende com aquilo que deve 
ser ensinado e como deve ser, em ordem a um máximo de 
eficiência. Neste sentido, o professor é um mero “operário 
curricular” que tem a tarefa de executar um plano. (CORREIA 
e DIAS, 1998, p. 115)
Definição de currículo
Antes de intensificar os estudos sobre currículo, cabe-nos entender 
de onde essa palavra surgiu e o que ela significa na forma léxica.
Segundo o dicionário Michaelis, a palavra “Currículo” tem algumas 
interpretações, mas o que cabe a este curso são as seguintes:
 • Programação de um curso.
 • Conjunto de matérias incluídas em um curso de uma escola, de 
uma faculdade etc.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
11
DEFINIÇÃO:
O termo currículo advém da palavra latina “scurrere”, que 
pode ser traduzida como correr, referindo-se a curso a 
ser seguido, mais especificamente a ser apresentado 
(GOODSON, 1995). Observem que aideia de percorrer um 
caminho nos leva a refletir sobre, de que forma o currículo 
escolar se relaciona a essa expressão com sentido 
aproximado.
Pensando em educação, entendemos que currículo seja um 
caminho a ser seguido no ensino, em cada disciplina, ou na união delas, 
considerando a relevância da multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e 
transdisciplinaridade.
Mas essa reflexão deve se aprofundar cada vez mais, pois 
necessitamos elaborar um currículo que venha atender às necessidades 
dos alunos. 
Dessa forma, o currículo deve ser construído para nortear um 
trabalho que atenda à realidade da comunidade escolar que será inserido, 
respeitando a demanda local, mas também considerando a realidade de 
um país, sua legislação, sua intencionalidade educativa. 
Mas por que o currículo deve atender as demandas locais?
Temos um país muito grande, com regiões caracterizadas por 
diferenças culturais, socioeconômicas, e necessidades diferentes, como 
podem observar na figura 1. Pensar em um currículo igual para todos é 
negligenciar essas características e necessidades.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
12
Figura 1 - Diversidade brasileira - Preciso de uma imagem que mostre as diferenças 
culturais das regiões brasileiras
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
REFLITA:
Será que uma sequência didática pensada para atender 
alunos de um bairro privilegiado de São Paulo se adequa 
igualmente para os alunos que vivem na seca do nordeste? 
E para os índios e quilombolas? Sabemos que é impossível, 
pois a realidade de estudante e suas necessidades são 
muito diferentes dos outros.
Considerando isso, o currículo deve refletir uma realidade mais 
específica. Dentro de nosso país, temos referenciais norteadores, que 
garantem que não haja um distanciamento muito grande de aprendizagens 
de uma região para outra, porém, flexível o suficiente para ser adaptado 
ao meio que será trabalhado. 
VOCÊ SABIA?
Hoje dispomos da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) 
que vem garantir essa unidade de ensino em todo território 
brasileiro.
Cada estado também elabora sua estrutura, assim como algumas 
cidades.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
13
As escolas, têm liberdade de, observando essas referências, 
adequar o currículo para sua realidade local.
Figura 2 - Construção do currículo escolar
MEC - BNCC
Currículo Estadual 
e Municnipal
Fonte – Elaborado pela autora, 2020.
Dessarte, o currículo consiste em uma relação daquilo que será 
ensinado, e como será ensinado aos alunos, em cada ano da escolaridade, 
em cada disciplina, e que deve atender ao público a que se destina.
Para essa construção é preciso considerar as referências nacionais 
e regionais. Em cada Projeto Político Pedagógico deve ficar expressa a 
intencionalidade de seus encaminhamentos, os quais serão viabilizados 
pelo currículo definido.
IMPORTANTE:
Por ser um documento de extrema importância, um 
referencial para os professores, o currículo deve trazer 
também a identidade local, suas características e, 
especialmente, atender suas necessidades.
 Considere também que a adequação do currículo pode ser 
desenvolvida de forma explícita ou implícita, e considerar as disciplinas 
de forma transversal.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
14
Mas todas essas questões ainda serão exploradas durante nossos 
estudos e teremos oportunidade de aprofundar cada aspecto que envolve 
essa manifestação de intencionalidade pedagógica.
Trajetória histórica do currículo
“As teorias do currículo (…) buscam justificar por que ‘esses 
conhecimentos’ e não ‘aqueles’ devem ser selecionados” (SILVA, 1999, p. 
15)
Como tudo na vida, existe um histórico de evolução, e em alguns 
casos, dependendo do momento factual vivenciado, identificamos até 
mesmo uma involução das estruturas e aplicabilidade curricular.
A história do currículo vem demonstrar o quanto ele é influenciado 
pelo momento histórico, político e social, e conhecê-lo é essencial para 
atender as demandas atuais. Isso nos ajudará a decifrar melhor a escola 
contemporânea e como ela se desenvolveu.
No século XIX o currículo era entendido como uma sequência de 
conteúdo a serem trabalhados em cada disciplina.
Atualmente, currículo é visto como algo maior, mais aprofundado, 
mais aberto e adaptável ao meio. Dessa forma, o currículo é um documento 
norteador que se transformará em um projeto pedagógico que o aborde 
da maneira mais significativa em cada espaço.
Vamos na sequência, de forma sintética, trazer as informações mais 
relevantes ocorridas na história da escola e consequentemente seus 
currículos.
O início
Na Grécia antiga a educação se dava informalmente, sem divisões 
disciplinares, e era desenvolvida por filósofos. Os estudantes eram 
pessoas interessadas em refletir sobre determinados assuntos que 
envolviam a sociedade.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
15
Platão, foi um dos grandes filósofos que chegou a criar (787 a. C) 
nos jardins de “Academos” (gerando expressão “academia”), uma escola 
onde se ensinava algumas ciências como Filosofia e Matemática.
Em 343 a.C., as famílias ricas pagavam um preceptor para ajudar 
as crianças nos estudos. Dessa forma, somente famílias abastadas 
financeiramente podiam proporcionar aos seus filhos alguma instrução.
Figura 3 - Educação na antiguidade
Fonte: Freepik
A evolução da instituição escolar foi se constituindo vagarosamente, 
até que no Séc. XII, na Europa, onde são alicerçadas as primeiras escolas 
nos moldes atuais, e eram administradas pelo Clero, que valorizavam e 
propagavam o fundamentalismo cristão.
Especificamente no Brasil, em 1549, foi fundada a primeira escola, 
também orientada pelo Clero e atendendo somente as famílias burguesas.
Os livros usados para ensinar fundamentavam as descobertas 
científicas de forma rígida. Assim, o conhecimento era apresentado 
fechado, inquestionável, indiscutível. Pode-se afirmar que o ensino era 
doutrinário.
A partir do século XVI, os educadores começam a defender que a 
experimentação e observação complementaria a aprendizagem de livros 
e assim se impulsiona o Iluminismo ou Idade da Razão do século XVII e 
XVIII.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
16
Os enfoques científicos defendidos por Bacon, Descartes, Locke, 
Rousseau, Comenius, Galileu e Newton, permitiram questionamentos 
sobre o ensino com princípios religiosos. Essa doutrinação religiosa e o 
conhecimento encerrado nos livros foi sendo substituída pela pesquisa, 
pela observação, e o aprendizado vivenciado. 
EXEMPLO: Antes o aluno era informado que uma semente se 
transformava em uma planta. Através da pesquisa, o aluno observava o 
crescimento de uma planta e ia construindo sua aprendizagem. 
Até esse momento acreditava-se que o aprendizado se construía 
como a formação de músculos, ou seja, exercitava-se a mente para 
alcançar o conhecimento. A repetição e a decoração deveriam garantir 
essa força mental.
Nos Estados Unidos, ao longo do século XIX, aconteceram 
ampliações de oferta de ensino. Pensando nas novas gerações, e a 
insuficiência do que era ensinado nas escolas para a preparação desse 
futuro cidadão, surgem os debates sobre o que ensinar e em qual 
sequência.
A partir das intervenções de Francis Parker (final do século XIX), um 
americano influenciado por teóricos europeus, propõe-se um currículo 
que atenda os interesses das crianças. Isso quer dizer que o que interessa 
e é significativo para o aluno deve ser explorado como forma de ensino.
Essas ideias influenciaram fortemente estudos sobre o currículo 
como um campo da educação a ser desenvolvido.
Junto com essas forças, o mundo se transformava. A revolução 
industrial, a sociedade, imigração e mais recentemente a tecnologia 
que se aperfeiçoa a cada instante influenciando nossa sociedade e 
diretamente a escola.
Concepções de currículo e sua evolução
Podemos perceber que a evolução do mundopor meio da tecnologia 
entre outros, vem influenciando consideravelmente a construção dos 
novos currículos escolares.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
17
Movimentos sociais, políticos, tecnológicos foram influenciadores 
da concepção de ensino e aprendizagem, tanto como na elaboração do 
currículo escolar. Nesse contexto, vamos dar ênfase a dois movimentos 
muito importantes.
O primeiro movimento denominado como “Tecnicista” e o segundo 
“Progressista”.
Currículo tecnicista
Na demanda mundial emergia a revolução industrial, onde as 
indústrias, em busca do lucro sobre a produtividade, exploravam um 
trabalho em que cada funcionário fazia parte de esquema hierárquico 
maior, porém, sem acesso ou mobilidade nessa hierarquia. 
O trabalhador realizava seu serviço de forma individual e 
concentrava-se em parte do trabalho, de forma mecanizada e racional.
Chamada de “Linha de Produção”, a pessoa não tinha envolvimento 
com os demais setores e cabia-lhe ter eficiência em desenvolver seu 
trabalho proporcionando produtividade contínua.
Figura 4 - Linha de produção
Fonte: Pixabay
Diante das transformações da adoção do modelo taylorista-
-fordista na produção fabril, há, consequentemente, uma mo-
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
18
dernização social, a qual engloba todos os aspectos, “[...] mol-
dando nossos valores, inclusive nossa maneira de conceber 
a educação e a escola, e dando à nossa sociedade seu feito 
tecnológico específico”. (DOLL, 2002, p. 55)
NOTA:
A linha de produção consiste em um trabalho repetitivo, 
onde os trabalhadores desenvolvem, em forma sequencial, 
a montagem de produtos a serem comercializados.
Denominada de Taylorismo, pois foi desenvolvido por Frederick 
Winslow Taylor (1856-1915), pai da Administração Científica, defendeu que 
o sucesso do trabalho estava associado ao sucesso da organização.
Esse perfil de trabalhador influenciou a formação escolar e o 
currículo, e até hoje ainda é desenvolvido em grandes empresas e em 
muitas escolas.
Objetivando uma escola eficiente, onde os estudantes seriam 
treinados para serem excelentes profissionais adequados à realidade 
social e capitalista, o currículo escolar foi moldado para atender essa 
demanda. Essa estrutura foi proposta por Franklin John Bobbit (1918).
Segundo Silva (1999, p. 24), na concepção de Bobbit, 
[...] a questão do currículo se transforma numa questão de 
organização. O currículo é simplesmente uma mecânica. A 
atividade supostamente científica do especialista em currículo 
não passa de uma atividade burocrática. (...) o currículo se 
resume a uma questão de desenvolvimento, a uma questão 
técnica. O estabelecimento de padrões é tão importante na 
educação quanto, digamos, numa usina de fabricação de 
aços, pois, de acordo com Bobbitt, a educação, tal como a 
usina de fabricação de aço é um processo de moldagem”. 
Essa influência se deu nos Estados Unidos por volta da metade do 
século XX e no Brasil nas décadas de 60 e 70.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
19
Ciente dessa influência, o currículo era estático, compartimentado, 
e o professor era a autoridade inquestionável. Os estudantes eram levados 
a aceitação de tudo sem questionamentos. Obediência é a palavra de 
ordem.
Figura 5 - Padronização do ensino
Fonte- Elaborado pela autora, 2020.
Como grande influenciador dessa postura temos no Brasil o Regime 
Militar, onde havia grande interesse de domínio e ordem estabelecida. Os 
currículos escolares deveriam trazer essa formatação aos alunos.
Linha Progressista
[...] O tecnocrático destacava a abstração e a suposta inutilidade 
(…) das habilidades e conhecimentos cultivados pelo currículo 
clássico. (…) O modelo progressista (…) atacava o clássico por seu 
distanciamento dos interesses e das experiências das crianças 
e dos jovens. (…) o currículo clássico só pôde sobreviver no 
contexto de uma escolarização secundária de acesso restrito 
à classe dominante. (SILVA, 1999, p. 26, 27)
As ideias de John Dewey, impactaram fortemente as percepções 
de currículo.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
20
Em contraposição a inalterável estrutura curricular tecnicista, as 
propostas progressistas sugerem um currículo aberto e pronto para 
atender dialogicamente as ideias de professores e alunos, que iriam 
conceber a estrutura curricular, ou seja, construir o caminho a ser 
percorrido na sala de aula.
Figura 6 - Quadro comparativo entre as linhas
Linha Tecnicista Linha Progressista
Preparo para mão de obra 
industrial
Eleva o nível de consciência 
do estudante em relação ao meio
Modeladora de Comportamento 
Humano
Relação de Diálogo Horizontal
Informações Lineares Convivência Grupal
Professor como Autoridade 
e Detentor do Saber
Temas Geradores
Professor Mediador
Movimento
Espirituaidade
Fonte – Elaborado pela autora, 2020. 
Essas percepções vinham atender as diversidades encontradas na 
escola.
A sociedade deveria ser incorporada à escola, ou seja, a escola 
seria um protótipo de sociedade, onde os alunos já iniciavam suas 
expressividade e percepções ajudando em sua formação para a vida.
Segundo Moreira (1990), “a teoria curricular de Dewey revela um 
compromisso tanto com o crescimento individual como com o progresso 
social” (p. 54).
No Brasil, seus princípios educativos tiveram grande influência nas 
ideias escolanovistas de educação que foram dominantes no país no 
período de 1945 a 1960 (MOREIRA, 1990).
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
21
Quando pensamos em uma educação que prepare o aluno para a 
sociedade, percebemos que esse currículo sugerido por Dewey, e mais 
tarde por Maria Montessori, deve ser alicerçado, no que chamamos hoje 
de “protagonismo do aluno” e “contextualização do ensino”. Transformando 
a aula em um laboratório da realidade e pensando em converter a 
sociedade, contradizendo a escola tecnicista que quer perpetuar uma 
sociedade sem questionamentos.
Kliebard (1995) explica que seus proponentes percebiam “o currículo 
organizado em torno de problemas sociais reais, e que estes não teriam o 
potencial de substituir o que caracterizava os estudos sociais em salas de 
aula, mas educariam com uma preocupação voltada para justiça social”.
Essa postura rompe com o tradicionalismo da escola, a postura 
suprema do educador, que passa a ser um mediador da aprendizagem.
Considerando que nos anos 50 a “Guerra Fria” estava presente no 
mundo, e a guerra tecnológica influenciava grandemente as nações que 
disputavam o poder, o currículo sofreu um retrocesso que reavivou o 
currículo tecnicista, exaltando as ciências na escola, inclusive no Brasil.
Quando questões fundamentais de currículo não são dirigidas 
por educadores, os caprichos econômicos ou políticos 
formam o caminho e as práticas educacionais são governadas 
à revelia. (SCHUBERT, 1986, p.1)
Em meados dos anos 60, discussões como inclusão das diferenças 
raciais, sociais e sexuais entre outros considerados como minoria, 
desponta a pedagogia crítica, que pretende dinamizar uma sociedade 
sem discriminações.
Pedagogia crítica
Em resposta ao período histórico e as contestações trazidas 
pela necessidade de igualdade social, surge a pedagogia crítica, que 
vem propor um currículo voltado aos problemas sociais, econômicos e 
políticos contemporâneos.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
22
Em 1970 Paulo Freire lança o livro “Pedagogia do Oprimido”. Suas 
convicções chegam para transformar o modelo de organização curricular, 
pois uma organização de ensino tradicionalista não atende à diversidade 
encontrada no Brasil.
Apesar de ainda buscarmos essa estrutura curricular, muito da 
escola tecnicista domina nossos espaços escolares, mas a luta por essa 
conquista continua.
Figura 7 - Contexto histórico-sociopolítica e a organização da prática escolar
SINOPSE DA EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CURRÍCULO
PERÍODO
CONTEXTO HISTÓRICO 
SÓCIO-POLÍTICOORGANIZAÇÃO 
DA PRÁTICA ESCOLA
Século XVI
REFORMA 
Religiosa/Renascença
Classes, Currículo 
prescrito e 
sequenciado em 
estágio de Níveis
Século XIX Revolução Industrial
Identificador e 
Mecanismo de 
Diferenciação Social 
(Pedagogia da 
Sociedade Industrial)
Século XX
Pós-Guerra 
e Globalização
Ordenamento de 
Saberes Educativos; 
Currículo como 
Matéria Escolar
Fonte: A Autora
Nos próximos itens vamos nos aprofundar um pouco mais em cada 
segmento da educação e suas estruturas curriculares.
Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
23
Entende-se por educação básica o período de escolaridade que 
compreende desde a educação infantil até a 3ª série do Ensino Médio.
Para ficar claro, a educação básica está dividida da seguinte forma:
 • Educação Infantil- crianças de zero a 5 anos;
 • Educação Fundamental- 1º ao 9º ano;
 • Ensino Médio- 1ª a 3ª série.
A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) é uma diretriz normativa 
que orienta o progresso de aprendizagens essenciais para todos os 
alunos. Lá estão as competências e diretrizes para direcionar os currículos 
escolares.
Homologada em 2017 pelo MEC, sua elaboração contou com a 
participação de muitos especialistas e foi discutida amplamente com 
educadores, técnicos, e a sociedade em geral, para que atenda às 
necessidades do século XXI.
Figura 08 - O processo de construção da BNCC
A CONSTRUÇÃO DA BASE
2014
Setembro de 
2015
Maio de 2016 Abril de 2017
Início da 
Elaboração
Versão 1: 12 
milhões de 
contribuições 
recebidas
Versão 2: 
Consed e 
Undime reuni 9 
mil especialistas
Vesrão 3: O MEC 
entrega a Base 
ao CNE
Fonte: A autora
A BNCC deve ser entendida como um início para se avançar o 
trabalho na escola, garantindo o básico de aprendizagem aos estudantes, 
por todo país, permitindo assim, equidade no acesso a informação e 
aprendizagem.
A BNCC não pode ser entendida como uma grade curricular para 
todas as escolas, com apenas distribuição de disciplinas e conteúdo. 
Também não pode ser comparada aos PCNs (Parâmetros Curriculares 
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
24
Nacionais). Estes garantem e asseguram uma direção, com muita 
flexibilidade, mas não asseguravam o aprendizado mínimo dos alunos.
Figura 9 - Diferença entre BNCC e currículo
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
Apoiada por nossa Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional, a BNCC permite que cada região, cada espaço 
geográfico, adapte seus conceitos à sua realidade, pretendendo garantir 
sempre o desenvolvimento de um cidadão consciente, crítico e apto para 
desenvolver uma sociedade responsável.
 Cada escola define seus conteúdos e metodologias, porém, 
seguindo a BNCC, o aluno será estimulado a ir além, sendo permitido que 
ele apresente novas formas de resolução de desafios, sejam de quaisquer 
áreas que pertençam.
Você deve estar se perguntando o motivo desse movimento, e 
saiba que as avaliações externas nos mostram que uma das causas do 
insucesso escolar, e a disparidade do que é ensinado de uma escola para 
outra. A BNCC vem balizar esse processo.
Ressalta-se o fato de que o currículo deve ser permeado sempre 
pelo respeito às diferenças, inclusão, igualdade e direitos humanos, de 
forma explicita ou oculta. Cabe ainda ressaltar que nesse período da 
escola, as competências para o mundo do trabalho devem ser garantidas 
e estimuladas.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
25
Figura 10 - Currículo permeado pelos temas transversais
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
26
Currículo na Educação Infantil
INTRODUÇÃO:
Entendendo a Educação Infantil como aquela que dá acesso 
a espaços escolares, para as crianças de zero a cinco anos, 
vamos conhecer um pouco da estrutura curricular que vem 
sendo amplamente discutida pela sociedade e educadores.
Para iniciarmos, é importante considerar que esse currículo deve 
atender a nossa constituição e as diretrizes e bases da educação nacional 
(Lei 9394/96). Essas legislações orientam o que e como será explorado 
no desenvolvimento curricular.
Como já esclarecido em outros itens dessa sistematização 
de informações, mesmo falando de crianças da educação infantil, 
já se inicia na construção desse currículo, aspectos que permitam 
um desenvolvimento pedagógico abrangente, dialógico e visando a 
preparação para a sociedade.
Tentando evitar as mesmas estruturas rígidas do ensino fundamental 
para as crianças, o currículo fica denominado como projeto pedagógico. 
Como sabemos, as crianças gostam de brincar, e usar brincadeiras 
para explorar um currículo é um caminho mais adequado. Através das 
interações permite-se articular suas experiências com saberes que as 
ajudam perceber a sociedade e a cultura em que estão inseridas. Isso 
tudo é possível através de práticas planejadas e podem ser elencadas em 
um currículo.
Assim, as experiências vividas no espaço de Educação Infantil 
devem possibilitar o encontro de explicações pela criança 
sobre o que ocorre à sua volta e consigo mesma enquanto 
desenvolvem formas de sentir, pensar e solucionar problemas. 
Nesse processo, é preciso considerar que as crianças 
necessitam envolver-se com diferentes linguagens e valorizar 
o lúdico, as brincadeiras, as culturas infantis. Não se trata assim 
de transmitir à criança uma cultura considerada pronta, mas 
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
27
de oferecer condições para ela se apropriar de determinadas 
aprendizagens que lhe promovem o desenvolvimento de 
formas de agir, sentir e pensar que são marcantes em um 
momento histórico. (OLIVEIRA, s/d, online)
Figura 11 - A criança se percebendo como parte da sociedade
Fonte: Pixabay
Através dessa vivência escolar a criança se apropria do todo, e 
principalmente de sua parcela de contribuição nessa estrutura (como 
ilustrado na figura 10). Para isso deve-se propiciar o envolvimento com 
diversas linguagens através do lúdico. 
Fundamental que nesse período escolar, não haja um currículo 
estático onde o professor é o grande centro do trabalho. É preciso 
sensibilizar a criança para as descobertas do mundo que a cerca.
As Diretrizes Curriculares Nacional da Educação Infantil (DCNEIs) 
orientam o planejamento escolar com princípios éticos, políticos e 
estéticos.
Segundo as DCNIs, a escola deve garantir que a criança se sinta 
acolhida, estimulada a aprender, desenvolver a curiosidade e desmistificar 
a escola como um lugar chato e desgastante. 
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
28
Essa meta pode ser atingida com um trabalho bem estruturado, onde 
se valoriza a participação, diálogo, respeito, valorização das diferenças e 
suas experiências pessoais, usando espaços e materiais adequados e 
atraentes, onde poderão praticar a criatividade e serem estimulados de 
forma afetiva, emocional, cognitiva e linguística.
Não se deve perder de vista que a avaliação nesse período de vida 
deve ser processual, registrando a evolução atingida, sem cobranças e 
notas.
Figura 12 - Orientações de estruturação da educação infantil segundo a BNCC
Fonte: A Autora
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
29
Currículo no Ensino Fundamental e 
Ensino Médio
Como já nos inteiramos sobre a educação infantil, vamos agora 
explorar informações sobre a Educação Fundamental, que abrange do 1º 
ao 9º ano, e Ensino Médio, que abrange de 1ª a 3ª série.
O ensino fundamental está organizado em 9 anos, cinco áreas do 
conhecimento, que embora preservadas em sua singularidade, devem 
ser mantidas uma conexão entre elas. Cada área tem suas competências 
definidas. (continuar escrevendo sobre o Ens Fundamental e as 5 áreas 
do conhecimento. 
Já o Ensino Médio no Brasil, mesmo com toda essa orientação, 
permite uma disfunção de competências entre escolas, que deve ser 
evitada. Isso se deve ao fato de existirem escolas que preparamseus 
alunos para a aprovação no vestibular, sem critérios cuidadosos para 
garantir a aprendizagem mínima.
 Muitas vezes o aluno se forma pronto para entrar em qualquer 
universidade, porém, não está pronto para usar seus conhecimentos na 
vida. Talvez por isso encontremos jovens considerados tão inteligentes, 
mas sem condições de estabelecer relações interpessoais, ou mesmo 
após a formação superior, sem condições de aplicar os conhecimentos 
adquiridos.
 Conforme estabelecido na Lei qw.415/2017, o tempo mínimo do 
estudante do Ensino Médio na escola, passou de 800h para 1.000 horas, 
devendo ser adequada até 2022. Dessa forma, caberá aos gestores 
adequarem progressivamente a distribuição da carga horária por disciplina, 
permitindo ao aluno a escolha de um itinerário formativo. Dessa forma, se 
o estudante preferir as áreas das ciências e suas tecnologias, haverá uma 
carga horária maior em seu curso com foco na sua escolha.
Esse encaminhamento permitirá maior possibilidade de escolha ao 
estudante com sinalização maior na escolha profissional.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
30
 O que a reforma traz de inovação é que o cumprimento da parte 
comum não poderá exceder 1.800 horas do total da carga horária do 
Ensino Médio.
Isso possibilitará também, que ao final do Ensino Médio, o estudante 
receba uma certificação técnica.
São obrigatórios os seguintes componentes curriculares ao longo 
dos três anos do ensino Médio:
Figura 13 - Disciplinas obrigatórias do Ensino Médio
Língua Portuguesa
Matemática
Educação Física
Artes
Sociologia e Filosofia
Lingua Estrangeira
Fonte: Elaborado pela Autora
Cada escola optará pelo itinerário formativo que mais se adeque as 
necessidades locais.
Mesmo com essas inovações, nenhum aluno ficará sem os 
conhecimentos básicos essenciais que atualmente são oferecidos.
Mas e para além do Ensino Médio? Como são organizados os 
currículos?
No próximo bloco vamos nos aprofundar sobre esses temas que 
abrangem o Ensino Profissionalizante e a Educação Superior.
Ensino Profissionalizante e Educação 
Superior
Pensar em Ensino Profissionalizante e Educação Superior, pode nos 
trazer a sensação de “terra sem lei”.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
31
Na educação profissionalizante há um catálogo definido de cursos 
possíveis e na Educação Superior também; ambos passam por revisão da 
Secretaria de Educação ou da Secretaria da Educação Superior. 
Há certa liberdade na estruturação de currículo, mas com uma pré-
formatação definida e autenticada pelos órgãos competentes.
O que precisamos sempre recordar é que as instituições de ensino 
profissional e educação superior devem preparar o estudante para a vida, 
para o trabalho, para a pesquisa, para a produção de conhecimentos, 
tratando o ser humano como um ser integral; o estudo deve ser-
lhe garantido como rege a LDB que solicita a garantia ampliada de 
aprendizagem e criatividade.
Vejam algumas normativas que foram adequadas ao longo dos 
alunos para o Ensino Profissionalizante.
 • Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento 
dos objetivos da educação nacional, integra-se aos diferentes 
níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da 
ciência e da tecnologia.(Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008)
 • § 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser 
organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção 
de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do 
respectivo sistema e nível de ensino. (Incluído pela Lei nº 11.741, 
de 2008)
Agora conheça parte da legislação (LDB) que rege o Ensino 
Superior.
Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às 
universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições:
 • I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas 
de educação superior previstos nesta Lei, obedecendo às normas 
gerais da União e, quando for o caso, do respectivo sistema de 
ensino; 
 • II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas as 
diretrizes gerais pertinentes;
 • III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa 
científica, produção artística e atividades de extensão;
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
32
 • IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade 
institucional e as exigências do seu meio;
 • V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em 
consonância com as normas gerais atinentes;
 • VI - conferir graus, diplomas e outros títulos;
 • VII - firmar contratos, acordos e convênios;
 • VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de 
investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em 
geral, bem como administrar rendimentos conforme dispositivos 
institucionais;
Apesar de todo esse direcionamento, essas áreas são normalmente 
criadas e seus currículos determinados pelas instituições que as oferece.
Como estamos verificando, muito se evoluiu em termos de currículo, 
porém alguns cursos ainda se encontram sem muito rigor científico e, ao 
mesmo tempo, contextualizado, a fim de atender às necessidades da 
população.
Após ser aceito em uma Universidade ou curso Profissionalizante, 
o estudante agora se depara com posturas que podem diferir muito das 
que vivenciou nas escolas básicas.
Encontramos muitas vezes professores com posturas mais 
arcaicas e dominadoras, não existindo muita troca com os alunos. Muitas 
universidades mantem os tablados onde o professor fica mais alto na sala, 
dando a impressão de domínio.
Diante da falta de supervisão nessas instituições, é comum 
instituições recém-criadas copiarem currículos de instituições mais 
reconhecidas. Isso pode ser um benefício para a instituição, mas também 
pode ser um prejuízo, pois quem garantirá que a organização da outra 
escola está correta?
Com a falta de estrutura supervisionada, contamos que as 
instituições tenham profissionais que articulem os saberes e garantam 
uma construção curricular interligada e que proporcione ao estudante a 
visão geral das partes, pois será na visão geral que irá trabalhar.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
33
Além disso, atualmente se valoriza profissionais que saibam 
trabalhar em conjunto, e que usufruam de relações interpessoais para 
o crescimento da empresa. Será que existe alguma escola que está 
preocupada com essas características são necessárias no mercado atual? 
Provavelmente existem sim, mas não temos registros para identificar 
quais são. 
Já os ensinos à distância, chamados EAD, estão sendo muito 
explorados por serem de fácil acesso, e permite que o estudante adeque 
seus horários de estudos as suas possibilidades diárias. É uma tendência 
que vem crescendo a passos largos.
Será que o ensino profissionalizante não fica comprometido com 
cursos EAD?
Não serão comprometidos, a partir do momento que sejam 
realizadas à distância, as matérias que são teóricas e reflexivas. Já a 
parte prática, precisa de ocorrer presencialmente, sendo oferecida com 
um mínimo de estrutura para que o aluno vivencie experiências práticas 
antes de ser lançado ao mercado. Já imaginaram um dentista recém-
formado que nunca fez uma obturação? Você iria realizar uma cirurgia 
do coração com um médico que nunca operou? Tenho certeza que nem 
esse profissional estaria confiante para realizar um procedimento.
O que fica de mais fundamental, é que os currículos são construídos 
mediante o Regimento Interno de cada Instituição de Ensino, e devem ser 
adequados pelo Projeto Pedagógico, que se recomenda ser construído 
de forma aberta, democrática, ouvindo toda a comunidade escolar.
Na figura abaixo podemos encontrar características que devem 
ser consideradas na gerência da autonomia na construção de cursos 
profissionalizante e superior.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
34
 Figura 14 - Informações que devem ser consideradas na autonomia de cada instituição 
de ensino
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
RESUMINDO:As escolas têm por objetivo o ensino e a consequente 
aprendizagem.
Para que não haja desigualdades entre as escolas em nosso 
território nacional, a BNCC vem balizar os conhecimentos 
mínimos a serem desenvolvidos em todo país.
Cada escola, terá autonomia para adequar essa referência de 
acordo com sua realidade, considerando as características 
locais e a relevância de preparar os estudantes para serem 
cidadãos conscientes e aptos para contribuir no seu 
desenvolvimento de forma positiva e respeitosa.
Já as escolas que cuidam da preparação profissional desses 
estudantes são autônomas em suas decisões de currículos 
o que pode gerar resultados alarmantes dos exames do 
ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes).
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
35
REFERÊNCIAS
CORREA, H. C.; DIAS, G. P. P. De volta a gestão de estoques: as técnicas 
estão sendo usadas pelas empresas? In: SIMPÓSIO DE ADMINISTRAÇÃO 
DA PRODUÇÃO, LOGÍSTICA E OPERAÇÕES INDUSTRIAIS, 1., 1998, São 
Paulo. Anais...São Paulo: FGV. 1998
GOODSON, I. F. Currículo: teoria e história. Petrópolis: Vozes, 1995
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. 
Verbete pedagogia progressista. Dicionário Interativo da Educação 
Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix, 2001. Disponível em: <http://
www.educabrasil.com.br/pedagogia-progressista/>. Acesso em: 10 dez. 
2020.
MOREIRA, A. F. Currículos e programas no Brasil. Campinas: 
Papirus, 1990. _________, Didática e currículo: questionando fronteiras. 
In: OLIVEIRA, M. R. N. S. Confluências e Divergências entre Didática e 
Currículo. Campinas: Papirus, 1998, p. 33-52.
OLIVEIRA, Z.M.R. O currículo na educação infantil: O que propõem 
as novas diretrizes nacionais. FFCLRP-USP e ISE Vera Cruz. Disponível 
em: http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1-
curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file. Acesso em:10 dez. 2020.
SILVA. T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias de 
currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
Marly Savioli
Tatiane Kuckel
Currículos, Programas e 
Projetos Pedagógicos
Currículo: 
Tipos e Concepções
Unidade 2
Marly Savioli
Tatiane Kuckel
Currículos, 
Programas 
e Projetos 
Pedagógicos
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autor 
MARLY SAVIOLI
TATIANE KUCKEL
AS AUTORAS
Marly Savioli
Olá! Meu nome é Marly Savioli. Sou mestranda em Educação 
e pós-graduada em Ética, Valores e Cidadania na Escola. Além disso, 
sou formada em Pedagogia, com especialização em Administração e 
Supervisão Escolar. Tenho 35 anos de experiência técnico-profissional na 
área educacional, durante os quais trabalhei para escolas particulares, 
Prefeituras Municipais e Assessorias Educacionais em geral. Como 
educadora, exerci nas escolas diversos papéis, como professora, 
orientadora educacional, coordenadora pedagógica, vice-diretora e 
diretora. Por acreditar nas pessoas e na capacidade de mudar o mundo 
por meio da educação, trabalho atualmente para a Fundação Lemann 
como formadora de educadores e gestores educacionais, orientando-
os e subsidiando seus trabalhos com caminhos mais eficazes. Por isso, 
fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores 
independentes. 
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e 
trabalho. Conte comigo!
Tatiane Kuckel
Olá. Meu nome é Tatiane Kuckel e sou Mestre em Educação e 
Novas Tecnologias. Sou formada em Desenho pela Escola de Música 
e Belas Artes do Paraná e em Gestão da Informação pela Universidade 
Federal do Paraná. Tenho mais de 15 anos de experiência em processos 
e projetos para EAD, arte visuais, sistemas de informação, monitoramento 
informacional e games. Possuo trabalhos publicados nas linhas de 
Inteligência Artificial, EaD, Gamificação e Artes visuais. Atualmente, sou 
Gerente de Projetos e Inovação na Onilearning.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Currículo Escolar ........................................................................................10
Currículo como campo de estudo: as teorias curriculares .............................. 12
Teoria Tradicional ............................................................................................................................. 14
Teoria Crítica ....................................................................................................................................... 18
Teoria pós-crítica .............................................................................................................................22
Diferentes tipos de currículo: diálogos e conflitos .......................25
Currículo formal ................................................................................................................................27
Currículo real ......................................................................................................................................27
Currículo oculto ................................................................................................................................28
As concepções de currículo em políticas públicas (leis, 
diretrizes e orientações curriculares) ................................................ 30
Políticas públicas e avaliação ................................................................................................34
O currículo como produção social e as noções de currículo 
oculto .............................................................................................................. 36
7
CURRÍCULO: TIPOS E CONCEPÇÕES
UNIDADE
02
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
8
INTRODUÇÃO
O currículo é um produto peculiar de cada instituição.
Há órgãos que determinam as bases e fundamentações do que 
os alunos precisam estudar e o que as escolas precisam ensinar, mas a 
forma como isto se dará, a organização curricular e a caracterização deste 
produto, decorrem do contexto em que é produzido.
O currículo deve atender à demanda específica da escola e da 
realidade escolar, indo ao encontro das necessidades de seu público-
alvo.
As Políticas Públicas têm o objetivo de garantir qualidade escolar 
para todos os brasileiros de forma a possibilitar as mesmas condições de 
vida e trabalho, e isto é concretizado na forma curricular.
Siga em frente em seus estudos!
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 2! Nosso objetivo é 
auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais 
até o término desta etapa de estudos:
1. Explicar a fundamentação teórica do currículo;
2. Reconhecer diferentes tipos de currículos e sua influênciana 
aprendizagem;
3. Analisar as concepções de currículo em Políticas Públicas (leis, 
diretrizes e orientações curriculares);
4. Reconhecer o currículo como produção social no processo de 
formação cidadã.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho!
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
10
Currículo Escolar 
INTRODUÇÃO:
Neste capítulo, estudaremos o conceito de 
currículo, as principais bases que fundamentam a teoria 
de currículo e sua prática.
Sabemos que o currículo ultrapassa os limites de ser um mero 
documento, que geralmente é “engavetado”. E porque as pessoas usam 
o termo “engavetado”?
É comum os profissionais elaborarem documentos de forma 
mecânica, até mesmo pré-moldadas, com modelos já instituídos, ou 
até mesmo copiados, apenas para cumprir uma normatização, uma 
exigência de instâncias superiores. No caso da escola, essa exigência 
viria da Secretaria da Educação, orientada pelo MEC (Ministério da 
Educação e Cultura).
O currículo faz parte da vida escolar e é muito comum, que os 
profissionais da área da educação, apenas o reproduzam todos os anos e 
deixem em suas gavetas, caso alguma autoridade as solicite.
Se pensarmos bem, nenhum documento deveria ter esse fim. Se 
ele existe, foi porque estudiosos o criaram e defenderam sua existência e 
sua importância.
O currículo, em especial, não pode ser esse tipo de documento, 
pois ele deve ser nosso norteador para um Projeto Político Pedagógico e 
sua utilização deve ser constante, sempre com objetivo de guiar as ações 
pedagógicas, tanto quanto acompanhamento e supervisão da prática.
Quando os profissionais da área entenderem sua importância, 
nunca mais será “engavetado”, e provavelmente fixarão em um quadro 
ao alcance da visão de todos, com constante abertura para observação.
Essa percepção erronia da função do documento, provém da falta 
de informação, e até mesmo da influência histórica.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
11
Muitos profissionais acreditam ainda que é uma mera relação de 
conteúdo a serem seguidos no programa de cada professor.
O currículo escolar, atualmente é entendido como mais um 
seguimento formador da sociedade, em que seus objetivos andam lado a 
lado com a estrutura sócio-política.
Figura 1- Influência política no currículo escolar
POLÍTICA E 
SOCIEDADE
CURRÍCULO 
ESCOLAR
INFLUÊNCIA
Fonte - Elaborada pela autora (2020).
Dada a sua influência na formação do indivíduo, o currículo começou 
a ser motivo de estudos, e conhecer suas teorias claramente, ajudará na 
percepção do que o fundamenta, e mais que isso, poderemos questionar 
e aperfeiçoar sua efetividade e eficiência.
Na unidade um tivemos uma breve explanação sobre alguns 
períodos históricos e sua influência no currículo, apresentando mais 
claramente, o currículo Tecnicista e o Progressista.
Vamos agora entender melhor a história e os contextos que levaram 
a evolução dessas concepções de currículos.
Lopes (2006, contracapa): 
 [...] o currículo se tece em cada escola com a carga de seus 
participantes, que trazem para cada ação pedagógica de 
sua cultura e de sua memória de outras escolas e de outros 
cotidianos nos quais vive. É nessa grande rede cotidiana, 
formada de múltiplas redes de subjetividade, que cada um de 
nós traçamos nossas histórias de aluno/aluna e de professor/
professora. O grande tapete que é o currículo de cada escola, 
também sabemos todos, nos enreda com os outros, formando 
tramas diferentes e mais belas ou menos belas, de acordo com 
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
12
as relações culturais que mantemos e do tipo de memória que 
nós temos de escola [...]. 
Currículo como campo de estudo: as 
teorias curriculares
Os estudos sobre currículos estão intrinsicamente ligados a história 
e Ao entendimento de como preparar o cidadão e trabalhador.
Você Sabia? O currículo pode ser organizado de forma a manipular 
e formatar as impressões dos estudantes. Por exemplo: são manipulados 
para acreditar que uma determinada postura é correta e não contestável.
Quando se trata do conceito de manipulação observamos que 
o sentimento não é de credibilidade, pois, de acordo com o Dicionário 
Aurélio, manipular, é palavra de origem do latim manipulare, manipule,r e 
significa dar formato a algo, produzir, forjar, maquinar, fazer funcionar; pôr 
em movimento; acionar, controlar, dominar. 
Figura 2- Educação como instrumento de formatação do pensamento
Fonte: Freepik
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
13
Apesar de atualmente muitos profissionais da educação já 
entenderem que foram moldados em uma escola tradicional e as 
posturas ali apresentadas não cabem mais à realidade atual, vários de 
nossos comportamentos podem ser gerados por prévias manipulações. 
Isso significa que ficamos tão condicionados a certos comportamentos 
e paradigmas que mesmo inconscientemente reproduzimos aquilo que 
nos foi incutido.
Isso não descarta a vida escolar, que mesmo, após a idade adulta 
e mais consciente, agimos e acreditamos em determinadas propostas, 
como resquícios da manipulação ocorrida em determinados períodos 
históricos.
SAIBA MAIS:
Quer entender melhor como pode funcionar a manipulação, 
mesmo que de forma subliminar? Recomendamos a 
leitura de: Maquiavel Pedagogo, o Ministério da Reforma 
Psicológica de Pascal Bernardin. Editora Ecclesiae e Vide 
Editorial.
Entendendo que nossos futuros profissionais precisam desmistificar 
esses conceitos arraigados, questionando-os e aprender a suprimir o 
que não vale a pena, devemos nos aprofundar nas teorias de currículo, 
conhecendo-as, entendendo-as e por isso vamos agora nesse caminho.
IMPORTANTE:
O currículo está intimamente ligado a proposta social e 
política. A visão do cidadão que se quer forjar precisa estar 
incorporada a esse currículo.
Silva (2007, p.15, 16) afirma que: “Um currículo busca precisamente 
modificar as pessoas que ‘seguir’ aquele currículo”. Ainda reforça: [...]: 
“Além de uma questão de conhecimento, o currículo é uma questão que 
se concentram também as teorias do currículo”.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
14
As formas de entender o que é currículo, e como esse entendimento 
é significativo na vida escolar, serão influenciadas por:
 • Ênfase da natureza da aprendizagem;
 • Do conhecimento;
 • Da cultura;
 • Da sociedade;
 • Da natureza humana.
Teoria Tradicional
A palavra “Tradicional” se relaciona a repetição de determinados 
hábitos, costumes, culturas em geral.
É tradicional no Brasil termos em junho as “Festas Juninas”. Estas 
festas celebram São João, São Pedro e São Antônio e são realizadas 
mesmo antes da era Cristã. É isso que chamamos de tradição: repetir 
hábitos e costumes arraigados a nossa cultura. 
Na educação essa teoria refere-se aos preceitos escolares que 
vamos discorrer agora.
O currículo tradicional se concentra no intelecto, no conhecimento, 
considerando o ser humano como imutável.
O ensino é organizado de maneira rígida, mecanizada, 
descontextualizada, valorizando o conteúdo e o conhecimento centrado 
no professor.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
15
Figura 3 - Ensino é centralizado no professor; conhecimento é via de mão única
PROFESSOR
ALUNOS
Fonte- Elaborada pela autora (2020).
Defendia-se que o ensino era um processo de condicionamento 
onde a aprendizagem consistia em modificar o desempenho.
Todos os estudantes eram iguais e com capacidade de assimilação 
igual a um adulto.
A avaliação tinha por objetivo quantificar o aprendizado do 
estudante, sem gerar nenhuma reflexão quanto ao trabalho do professor. 
Podemos dizer que até hoje muitos professores pensam dessa forma, não 
é mesmo?
A teoria Tradicional se identifica como: “neutras, científicas, 
desinteressadas” (SILVA. 2007, p.16).
Podemos afirmar que essa forma de se identificar é uma contradição, 
já que se efetiva de forma influenciadora.A alegação de ser neutra e desinteressada é incompatível com a 
história que ela apresenta.
Vamos relembrar um pouco sobre a visão histórica que a concebia. 
Estamos falando de uma educação voltada para a elite, onde a exclusão 
é evidente e reforçada pelo sistema escolar.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
16
Figura 4 - Estratificação Social
Fonte: Freepik
Constata-se que esse sistema “funciona como mecanismo de 
exclusão natural dos dominados, que não tendo a sua cultura reconhecida 
acabam conformando-se com o fracasso escolar” (MOITA, 2004, p. 5).
A teoria tradicional reforça a divisão de classes, apresentando 
as disciplinas de forma compartimentada, e os valores exteriorizados 
reforçam ideias da classe dominante. 
Se o ensino é preparado na linguagem de uma classe dominante, 
os poucos estudantes de classes menos favorecidas não aprendem como 
os demais, reforçando mais ainda as diferenças sociais e a manutenção 
das classes.
As verdades apresentadas na escola são inquestionáveis reforçando 
a ideia de imobilidade social, e preparando os estudantes para trabalhos 
repetitivos e inquestionáveis também.
Os estudos de Bobbit (início do sec. XX) apontam para uma 
educação empresarial, comercial ou industrial: 
O que implementa o currículo tem assim duas funções 
importantes a desempenhar – por um lado, determinar quais 
os desejos do mercado de consumo, em termos de produto 
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
17
acabado e, por outro lado, determinar a forma mais eficiente 
de elaborar o produto acabado – funções estas intimamente 
relacionadas com a noção de controle de padrões [...]. (BOBBIT, 
2004, p. 21)
Podemos notar que o currículo tradicional é fechado e aponta para 
um ensino não reflexivo. Silva (2010, p. 24) relata que:
[...] na perspectiva de Bobbit, a questão do currículo se 
transforma numa questão de organização. O currículo é 
simplesmente uma mecânica. [...] Numa perspectiva que 
considera que as finalidades da educação estão dadas pelas 
exigências profissionais da vida adulta, o currículo se resume 
a uma questão de desenvolvimento, a uma questão técnica. 
Tal como na indústria, é fundamental, na educação, de acordo 
com Bobbit, que se estabeleçam padrões. O estabelecimento 
de padrões é tão importante na educação quanto numa usina 
de aços. [...] a educação é um processo de moldagem. (SILVA 
(2010, p. 24)
É deduzível assim, que a educação e seu currículo tradicional 
é uma forma de manter a dominação das classes, é uma estratégia de 
manutenção do poder, e dessa forma, não será um currículo neutro e 
muito menos desinteressado como se auto denomina.
Importante abrir um espaço de reflexão, para que ponderemos 
sobre a influência que sofremos até hoje desse tipo de currículo, que 
vivenciamos fortemente na época do militarismo no Brasil e, que até hoje, 
rege muitas escolas.
Muito comum, professores ainda entenderem o currículo como 
um simples documento e que sua disciplina pode ser desenvolvida 
de forma descomprometida das demais e sua autoridade será sempre 
inquestionável, reforçando assim o sistema social onde predomina a 
divisão de classes e a impossibilidade de diálogo ou ascensão social.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
18
REFLITA:
Qual a postura de seus professores na educação básica? 
A maioria deles trabalhava de forma interdisciplinar e 
propiciando uma postura crítica do conhecimento? Ou 
simplesmente passavam o conhecimento científico 
de forma estática? Como esses professores foram 
influenciados em sua vida escolar por seus professores? 
Existem resquícios de uma escola Tradicional em sua forma 
de lecionar?
Como tudo evoluiu, vamos agora entender como o currículo evoluiu 
a partir dessa concepção tradicional.
Teoria Crítica
Em negação a ordem pré-estabelecida pela sociedade tradicional, 
onde existe uma verdadeira manutenção das classes poderosas, políticas 
e socialmente, surge a teoria Crítica que busca uma sociedade mais justa.
Influenciada por alemães marxistas, a partir dos anos 20, que 
desenvolveram pesquisas geradas pelo capitalismo contemporâneo, o 
ocidente recebe essas reflexões nos anos 40 aos 70 do século passado.
Max Horkheimer, um filósofo marxista, foi um dos pais fundadores 
da Escola de Frankfurt, a qual incorporava toda a moderna Teoria Crítica da 
Sociedade e que, em grande escala, se caracterizada como neomarxista.  
Horkheimer, junto com  Jürgen Habermas,  Theodor W. 
Adorno,  Herbert Marcuse  e  Erich Fromm, para citar apenas alguns, 
criaram a Escola de Frankfurt e seu  Instituto para Pesquisa Social, uma 
instituição que moldou o pensamento cultural do Ocidente como um todo 
e da Alemanha em particular.
Marx Horkheimer, em 1937, usa o termo “Teoria Crítica” em um de 
seus artigos, fugindo da força que a ideias marxistas se encerravam no 
materialismo histórico usada por ortodoxos, e que era rejeitada por muitos 
na sociedade.
Figura 5 - Intelectuais que fundaram a Escola de Frankfurt
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Horkheimer
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Frankfurt
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_cr%C3%ADtica_da_sociedade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_cr%C3%ADtica_da_sociedade
https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BCrgen_Habermas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Theodor_W._Adorno
https://pt.wikipedia.org/wiki/Theodor_W._Adorno
https://pt.wikipedia.org/wiki/Herbert_Marcuse
https://pt.wikipedia.org/wiki/Erich_Fromm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_para_Pesquisa_Social
19
Friedrich Pollock
Herbert Marcuse Walter Benjamin Erich Fromm
Theodor W. Adorno Jürgen Habermas Max Horkheimer
Fonte: Baseada em Todo Estudo (s/d, online).
Explorando o marxismo filosófico, cultural, político e psicológico, 
Horkheimer tenta mostrar que o marxismo poderia não ser extremista e 
economista.
Diz Horkheimer, no ensaio Filosofia e Teoria Crítica, também em 1937:
Os sistemas das disciplinas contêm os conhecimentos de 
tal forma que, sob circunstâncias dadas, são aplicáveis ao 
maior número possível de ocasiões. A gênese social dos 
problemas, as situações reais nas quais a ciência é empregada 
e os fins perseguidos em sua aplicação, são por ela mesma 
consideradas exteriores. – A teoria crítica da sociedade, ao 
contrário, tem como objeto os homens como produtores 
de todas as suas formas históricas de vida. As situações 
efetivas, nas quais a ciência se baseia, não são para ela uma 
coisa dada, cujo único problema estaria na mera constatação 
e previsão segundo as leis da probabilidade. O que é dado 
não depende apenas da natureza, mas também do poder do 
homem sobre ele. Os objetos e a espécie de percepção, a 
formulação de questões e o sentido da resposta dão provas 
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
20
da atividade humana e do grau de seu poder. (HORKHEIMER, 
1972, p. 188)
Há de se mencionar, que no Brasil, ainda existem um número 
grande de pesquisadores que dialogam com a Teoria Crítica, em suas 
investigações científicas.
Diante desse histórico, o que tudo isso influenciou a escola e seu 
currículo?
Os estudiosos passaram a defender a ideia de que os estudantes 
tinham mais capacidade para aprender, entender, questionar, se posicionar 
diante do conhecimento. Diferente do currículo tradicional, o currículo 
referente a Teoria Crítica propõe conhecimento para ser apropriado de 
forma que seja útil na vida do estudante. Não é mais uma questão de 
decoração. Na Teoria Tradicional a aprendizagem dependia de repetição; 
agora, na Teoria Crítica, a aprendizagem precisa estar contextualizada 
com a realidade do estudante, e transformá-lo em um pesquisador das 
informações, podendo aceitá-la ou mesmo questioná-la e transformá-la.
Figura 6 - Relação dialética entre professor e estudantes.
PROFESSOR
ALUNOS
Fonte - Elaborada pela autora (2020).
Essa forma de ensinar despertará no estudante uma postura social 
maissignificativa e em busca de condições melhores de vida, deixando 
de ser assim uma pessoa manipulável e sem esperança de mobilidade 
social.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
21
Em verdade, a teoria crítica é fundamental na reconstrução da 
educação, que persegue um interesse educativo racional e de formas 
democráticas da vida social (CARR, 1985, 1993; CARR & KEMMIS,1988).
Nesse caso, a teoria curricular crítica explora a reflexão sobre as 
práticas políticas e culturais, trazendo a percepção do currículo como 
instrumento de conflito entre identidade e poder: “será sempre polêmico 
aplicar ao mundo da escolaridade um conjunto de pressupostos prévios 
que não reflitam a natureza dessa mesma escolaridade e não ponderem 
a função social, política e cultural da educação” (PACHECO, 1996, p. 42).
Figura 7- Explicação do professor não compreensível pelo aluno 
Emissão não 
considera a 
recepção das 
informações.
Fonte- Elaborado pela autora (2020).
Como podemos observar na figura, se o professor negligenciar as 
características do aluno, de sua origem, sua cultura, seus conhecimentos 
prévios, correrá o risco de que falem linguagens diferentes dentro da sala 
de aula e o professor pode não atingir seu objetivo pedagógico.
Na Teoria Crítica, defende-se que é mais fácil aprender quando o 
ensino se traduz em verdades, em significativos encaminhamentos.
Antes, a formação cidadã era para aceitar a estrutura imposta. Na 
Teoria Crítica, a formação é de um cidadão pensante, crítico e capaz de 
modificar sua realidade.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
22
Teoria pós-crítica
Diante da complexidade em que vivemos atualmente, onde as 
verdades são relativas e as certezas são questionáveis, as diferenças se 
acentuam e devem ser relevantes nas ideias de currículos escolares.
As ambiguidades encontradas em sala de aula nos levam a sentir 
saudades de um tempo em que o currículo era construído pensando na 
igualdade e não na singularidade dos sujeitos.
Essa realidade social contemporânea nos leva a compreender 
que hoje é impossível prever um cidadão único que possa transformar a 
sociedade.
Este cenário de incertezas nos direciona a pensar em um currículo 
que atenda toda peculiaridade e fluidez atual, que incorpore a tecnologia 
que se transforma rapidamente. Qual é a verdade que deve ser ensinada?
Se a verdade é questionada, o conhecimento automaticamente 
também é, assim como o Projeto Político Pedagógico.
A Teoria pós-crítica defende a formação da identidade e da 
singularidade, não existindo verdade absoluta. As ideias, conhecimentos 
podem e devem ser analisadas e não estudadas como verdades.
Refletindo sobre essas informações, podemos afirmar que a teoria 
pós-crítica, em oposição a teoria crítica, não acredita em uma sociedade 
de igualdades e estabilidade social. Porém defende a aceitação da 
sociedade composta por diferenças.
Segundo Pacheco (2013, online, apud PRIESTLEY, 2011, p.221-237): 
Com os pressupostos da abordagem realista, o pensamento 
curricular segue parâmetros consensualmente definidos em 
torno de registos universais, perspectivando-se em formas 
de análise crítica de práticas curriculares centradas no 
conhecimento do quotidiano.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
23
Moreira (2003, p.10) sintetiza características comuns acerca do 
ideário pós-moderno: 
a. O abandono das grandes narrativas;
b. A descrença em uma consciência unitária, homogênea, centrada;
c. A rejeição da ideia de utopia;
d. A preocupação com a linguagem e com a subjetividade;
e. A visão de que todo discurso está saturado de poder;
f. A celebração da diferença. 
Considerando todos esses aspectos, podemos dizer que o currículo 
escolar deve se ajustar a realidade social, étnica, cultural, gênero, e todo e 
qualquer elemento que venha trazer posições diferenciadas de entender a vida.
O currículo, nesse caso, não admite nenhum conhecimento como 
único, precisando ser adaptado às realidades que atende.
Novamente reafirmamos a importância da BNCC (Base Nacional 
Comum Curricular) ser discutida e customizada para o Projeto Político 
Pedagógico da unidade escolar, sendo este fundamento da prática 
pedagógica, atendendo as necessidades, de acordo com a realidade de 
seu público-alvo.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
24
Figura 8 - Exemplo de diferentes públicos
Etnia: indígena
Classe social: baixa
Sexo: heterossexual
Ritos: pajelança
Alimentação: caça, 
pesca e agricultura
Etnia: 
afrodescendente
Classe social: baixa
Sexo: heterossexual
Ritos: cristianismo
Alimentação: cereais 
e pouca proteína
Etnia: cigano
Classe social: média
Sexo: homossexual
Ritos: candomblé
Alimentação: variada
Fonte: Elaborado pela autora (2020).
RESUMINDO:
Ao observamos a figura anterior, podemos ver diferentes 
pessoas com características singulares. É possível construir 
um currículo que contemple todas as característica de cada 
uma delas? Ou será preciso entender cada pessoa para 
construir um currículo? A ideia principal da teoria pós-crítica 
é justamente promover um diálogo sobre as diferenças, 
mostrando aos indivíduos que somos diferentes.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
25
Diferentes tipos de currículo: diálogos e 
conflitos
INTRODUÇÃO:
Nesta etapa de estudo, nos aprofundaremos nos diferentes 
tipos de currículo (formal, real e oculto), permeado pelo 
diálogo e conflito que estes apresentam na jornada de sua 
prática. Vamos lá?
Nessa trilha em que estamos caminhando chamada currículo, nos 
deparamos com a sociedade que é multicultural.
IMPORTANTE:
Relaciono o caminho com uma trilha, pois esse tipo 
de caminho geralmente é incerto, tortuoso, meio que 
inesperado. Se fosse um trilho, seria reto e inflexível.
O povo brasileiro é originado a partir da miscigenação de diferentes 
etnias. Os índios, afrodescendentes, europeus, asiáticos trouxeram junto 
a sua imigração seus hábitos e costumes, gerando assim uma sociedade 
diversa e que só enriquece nossa sociedade.
Abaixo relacionamos algumas questões que trazem influências de 
outras culturas:
 • Junto com a imigração, surgem diferentes concepções de religião, 
sociedade, vestimentas e alimentação etc;
 • Em todas as culturas temos ainda pessoas com deficiências 
variadas, que diferem entre a deficiência física e/ou mental;
 • A preferência sexual de cada indivíduo também tem sido 
reconhecida como um ponto a ser considerado e refletido.
Para além de todas essas características ainda encontramos 
estudantes provenientes de lares diferentes e que trazem consigo além 
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
26
de toda uma cultura, algumas vivências que podem ou não ajudar na 
escola.
A violência está presente na sociedade e cotidianamente em 
algumas famílias, provindas de uso de drogas lícitas ou ilícitas, problemas 
psicológicos etc.
Como vimos nos últimos parágrafos, muitas são as particularidades 
que são silenciadas em nome de uma homogeneização imposta pela 
liberdade capitalista. “Verdade, conhecimento, poder, identidade marcam 
as discussões curricular” (MOREIRA, CANDAU, 2008, p. 25).
Um currículo que considere todas essas condições perpassa pelas 
mãos dos educadores, que também carregam características pessoais. 
“Por bem ou por mal a cultura é agora um dos elementos mais dinâmicos 
e mais imprevisíveis da mudança histórica no novo milênio” (HALL, 1997, 
p. 97).
Como um educador pode ensinar sobre a diversidade sem impor 
sua própria visão de mundo? Como incluir as diferenças em sua prática? 
Como considerar toda a diversidade existente sem desconsiderar posturas 
e entendimentos? O diálogo se faz essencial para que haja uma postura 
neutra e de respeito às diferenças. 
Os conflitos culturais, a violência, a intolerância estará sempre 
presente de formas diferentes, e caberá ao educador se reinventar a 
cada dia para tratar esses assuntos sem impor sua própria forma de ver 
o mundo.Para isso, a formação de professores é de extrema relevância, onde 
os mesmos aspectos citados acima devem ser trabalhados e incentivados 
pela equipe Técnico-Pedagógica.
Defendendo um currículo que trate de tantos aspectos, conhecemos 
atualmente três tipos de currículos. São eles: 
 • Currículo formal;
 • Currículo real;
 • Currículo oculto.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
27
Veremos na sequência, de forma mais aprofundada, seus conceitos 
e características.
Currículo formal
O currículo formal é aquele estabelecido pela escola e está 
orientado pelas Diretrizes Curriculares Nacional, Estadual e Municipal.
 Nesse currículo serão estabelecidos os conteúdos e objetivos a 
serem desenvolvidos pelos professores em sala de aula.
Figura 9- Construção do currículo formal no espaço escolar
BNCC
DIRETRIZES 
ESTADUAIS E 
MUNICIPAIS
PROJETO
POLÍTICO
PEDAGÓGICO
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
A avaliação escolar reflete exatamente o currículo que foi definido.
Currículo real
A partir de um Projeto Político Pedagógico, cabe aos professores o 
desenvolverem em suas salas de aula.
Cada professor trará sua forma de ensinar, sua forma de ver o 
mundo e assim, o currículo formal sofre interferências da dinamicidade 
cotidiana, da experiência do professor, da reação dos estudantes diante 
de um determinado conteúdo.
Dessa forma, o currículo real é aquele que efetivamente acontece 
na sala de aula e como o estudante o recebe.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
28
Figura 10 - Currículo real
BNCC + DIRETRIZES 
REGIONAIS + PPP
DIDÁTICA
PROFESSOR
ALUNO
SITUAÇÕES DE 
SALA DE AULA
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
Currículo oculto
A aprendizagem não ocorre apenas formalmente. Aprendemos 
conversando, brincando, trabalhando, participando interações 
interpessoais, ou mesmo sofrendo algum tipo de prejuízo ou susto.
Muitas vezes, dentro de uma sala de aula o professor abre 
espaço para que as pessoas se expressem e inclusive ele mesmo. 
Nesses momentos cada um traz um pouco de si e que informalmente 
é trabalhado. São as culturas, as visões de mundo que se projetam nas 
falas, nos movimentos e interpretações.
Não é à toa que dizem que nossas ações nos contam como somos. 
O exemplo do professor, do amigo, da família nos ensina cotidianamente.
O currículo oculto geralmente é trabalhado de forma não planejada, 
porém, muitos professores usam desse artifício para reforçar conteúdos e 
reflexões intencionalmente.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
29
Dessa forma o currículo oculto não está descrito, porém ocorre de 
forma natural ou intencional em sala de aula.
“O currículo está oculto por que ele não é prescrito, não aparece 
no planejamento, embora se constitua como importante fator de 
aprendizagem” (LIBÂNIO, 2001, p.99 a 100).
Figura 11- Currículo oculto
ESCRITO ENSINADO
OCULTO
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
Em resumo, estudamos neste capítulo, nas palavras de Libâneo, 
Oliveira e Toschi (2003, p. 362):
O Currículo Formal é instituído pelos sistemas de ensino, onde 
se estipula os conteúdos e objetivos a serem seguidos nas 
instituições escolares. O Currículo Real acontece no cotidiano 
da sala de aula orientado pela rotina da escola e planejamento 
do professor. O Currículo Oculto não se manifesta claramente, 
não é prescrito, não aparece no planejamento, embora 
constitua importante fator de aprendizagem. 
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
30
As concepções de currículo em políticas 
públicas (leis, diretrizes e orientações 
curriculares)
INTRODUÇÃO:
Nesta etapa de estudos, abordaremos as concepções de 
currículo em políticas públicas, perpassando pelas leis 
nacionais, estaduais e municipais que norteiam o trabalho 
escolar e, sobretudo, o currículo escolar.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96, foi 
um grande passo para nossas políticas educacional. Ela baliza a forma 
como o Brasil deve pensar sua pedagogia.
Além disso, temos a chegada dos Parâmetros Curriculares Nacionais 
(PCN) que se identifica através de uma coleção de documentos que 
compõem a grade curricular de uma instituição educativa, claro sempre 
moldado no Projeto Político Pedagógico. Esse material foi elaborado para 
ser um ponto de partida para o trabalho docente, e norteia atividades 
realizadas em sala de aula.
Como esses PCNs foram elaborados por um grupo de estudiosos, 
sempre vão gerar discordâncias e que dependerão de muito diálogo 
dentro das escolas. Mas isso não o faz menos importante.
Por que necessitamos da influência de Políticas Públicas na escola? 
Tentaremos explicar os motivos elencando abaixo algumas situações que 
moldam nosso espaço geográfico e nossa história.
Há de se reconhecer que no itinerário de nossas reflexões, cabe-
nos considerar que existem uma imensidão de escolas em nosso território 
brasileiro. Somos 208.494.900  habitantes no Brasil (2018). Segundo 
divulgação do MEC em 2018, o país conta com 184,1 mil escolas — 
sendo que a maior parte (112,9 mil, o que equivale a dois terços) é de 
responsabilidade Municipal.
Podemos dividi-las da seguinte forma:
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
31
 • Colégios particulares - 21,7%;
 • Instituições de ensino com Ensino Fundamental - 116 mil escolas;
 • Instituições de ensino com Ensino Médio - 28,5 mil escolas.
 Outro aspecto referente a esse assunto diz respeito as diferenças 
da escola particular e pública. De forma geral, estas primeiras oferecem 
uma estrutura diferenciadas aos professores e alunos, além de uma 
diversidade de materiais e recursos, como laboratórios para estudos de 
diferentes áreas, lousas interativas e material em 3D.
Já nas escolas públicas tanto a infraestrutura quanto a disponibilidade 
de recursos são mais escassas. Encontramos escolas de sapé, barro, lata, 
tijolos, a céu aberto. Consideremos também que muitos lugares não têm 
nem saneamento básico, quanto mais acesso à internet.
Figura 12 - Diferentes escolas brasileiras
Fonte: Freepik
A formação dos professores que atendem os diferentes núcleos 
escolares também difere. Existem regiões que, na falta de alguém 
graduado, as aulas são atribuídas as pessoas que apenas aceitam o 
encargo de instruir. 
Segundo Débora Brito, repórter da agência Brasil, relatando sobre 
entrevista realizada com o Ministro da Educação, em maio de 2018, quatro 
em cada 10 professores que estão em sala de aula hoje no nosso país não 
têm a formação adequada para lecionar.
Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos
32
Qual estudante (da escola pública ou privada) terá mais possibilidade 
de aprender e competir no mercado contemporâneo? O que podemos 
esperar do nosso sistema educacional enquanto preparatório para a 
formação do cidadão?
Dentro dessa realidade ainda as políticas públicas brasileiras 
sempre foram influenciadas pelas ideias curriculares estrangeiras, e hoje, 
entendendo as nossas peculiaridades, os principais autores do currículo 
brasileiro reconhecem as influências e ressaltam a importância de sua 
adequação a nossa realidade. Por outro lado, sustentam que devemos 
ser mais críticos em relação a esse discurso e precisamos desenvolver 
análises mais adequadas ao contexto brasileiro (SANTOS, MOREIRA, 1996).
O Banco Mundial, outro influenciador de nossa educação, também 
oferece subsídios para o desenvolvimento educacional, dando prevalência 
a lógica financeira sobre a social.
Um dos aspectos enfatizados pelo Banco Mundial é o monitoramento 
dos resultados escolares, pretendendo a melhoria na qualidade do 
ensino. As “Avaliações Externas”, propostas pelo MEC, vêm atender essa 
preocupação.
Os últimos governos também sofrem influência das ideologias 
neoliberais e políticas adaptadas à nossa realidade.
A globalização instaurada a partir nos anos 90, também afeta a 
construção curricular.
Diante de todos os estudos que realizamos até agora, e somados 
as diferentes possibilidades

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