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Currículo, BNCC, Educação Profissional e Superior Unidade 1 Marly Savioli Tatiane Kuckel Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autor MARLY SAVIOLI TATIANE KUCKEL AS AUTORAS Marly Savioli Olá! Meu nome é Marly Savioli. Sou mestranda em Educação e pós-graduada em Ética, Valores e Cidadania na Escola. Além disso, sou formada em Pedagogia, com especialização em Administração e Supervisão Escolar. Tenho 35 anos de experiência técnico-profissional na área educacional, durante os quais trabalhei para escolas particulares, Prefeituras Municipais e Assessorias Educacionais em geral. Como educadora, exerci nas escolas diversos papéis, como professora, orientadora educacional, coordenadora pedagógica, vice-diretora e diretora. Por acreditar nas pessoas e na capacidade de mudar o mundo por meio da educação, trabalho atualmente para a Fundação Lemann como formadora de educadores e gestores educacionais, orientando- os e subsidiando seus trabalhos com caminhos mais eficazes. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Tatiane Kuckel Olá. Meu nome é Tatiane Kuckel e sou Mestre em Educação e Novas Tecnologias. Sou formada em Desenho pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná e em Gestão da Informação pela Universidade Federal do Paraná. Tenho mais de 15 anos de experiência em processos e projetos para EAD, arte visuais, sistemas de informação, monitoramento informacional e games. Possuo trabalhos publicados nas linhas de Inteligência Artificial, EaD, Gamificação e Artes visuais. Atualmente, sou Gerente de Projetos e Inovação na Onilearning. ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Conceito de currículo e a história das disciplinas escolares ..10 Definição de currículo .................................................................................................................. 10 Trajetória histórica do currículo............................................................................................. 14 O início .................................................................................................................................. 14 Concepções de currículo e sua evolução .................................................................... 16 Currículo tecnicista ..................................................................................................... 17 Linha Progressista........................................................................................................ 19 Pedagogia crítica .......................................................................................................... 21 Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ....................................................................22 Currículo na Educação Infantil .............................................................. 26 Currículo no Ensino Fundamental e Ensino Médio ....................... 29 Ensino Profissionalizante e Educação Superior ............................. 30 7 CURRÍCULO, BNCC, EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E SUPERIOR UNIDADE 01 Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 8 INTRODUÇÃO Dentre tantos aspectos que devem ser estudados e compreendidos sobre a pedagogia, o currículo talvez seja, um dos mais importantes, apesar de muitas vezes ser desvalorizado pela comunidade escolar. Por que não se valoriza um documento tão importante? Normal- mente é pela falta de compreensão de sua importância na vida escolar. Considerando essa falta de entendimento, vamos neste estudo constatar como o currículo deve influenciar a aprendizagem do aluno e o trabalho do professor. Vamos identificar também que o currículo deve ser resultado de muita reflexão e intencionalidade. Ele não poderá ser apenas mais um documento para ser guardado em sua gaveta e que foi feito para satisfazer uma burocracia inerente as ações educativas. O currículo deve ser um documento norteador e inspirador para o educador e prazeroso para o estudante. Este estudo é somente o primeiro momento de vários que ocorrerão, e tenho certeza que ao final entenderão todos os desafios que envolvem as questões curriculares. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Conhecer os conceitos sobre currículo e sua trajetória histórica; 2. Identificar as características e estruturas que envolvem um currículo de educação infantil; 3. Identificar as características e estruturas que envolvem um currículo de educação básica; 4. Identificar as características e estruturas que envolvem um currículo de educação profissional e ensino superior. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 10 Conceito de currículo e a história das disciplinas escolares INTRODUÇÃO: Neste capítulo, estudaremos o conceito de currículo e o processo de construção das divisões das tão conhecidas disciplinas escolares. Para a maioria das pessoas, ao pensarmos na palavra “Currículo” logo relaciona-se à história profissional, onde empresas poderão analisar a vivência de um determinado individuo e com isso determinar se essa pessoa tem habilidades para realizar o trabalho que lhe será confiado. Na educação, a palavra “Currículo” é abrangente e muitas vezes complexa. Através dele vamos delinear o trabalho realizado em cada disciplina, ou seja, ele é um norteador do trabalho realizado em sala de aula. [...] o curriculum pode ser entendido como um plano de orientação tecnológica que se prende com aquilo que deve ser ensinado e como deve ser, em ordem a um máximo de eficiência. Neste sentido, o professor é um mero “operário curricular” que tem a tarefa de executar um plano. (CORREIA e DIAS, 1998, p. 115) Definição de currículo Antes de intensificar os estudos sobre currículo, cabe-nos entender de onde essa palavra surgiu e o que ela significa na forma léxica. Segundo o dicionário Michaelis, a palavra “Currículo” tem algumas interpretações, mas o que cabe a este curso são as seguintes: • Programação de um curso. • Conjunto de matérias incluídas em um curso de uma escola, de uma faculdade etc. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 11 DEFINIÇÃO: O termo currículo advém da palavra latina “scurrere”, que pode ser traduzida como correr, referindo-se a curso a ser seguido, mais especificamente a ser apresentado (GOODSON, 1995). Observem que aideia de percorrer um caminho nos leva a refletir sobre, de que forma o currículo escolar se relaciona a essa expressão com sentido aproximado. Pensando em educação, entendemos que currículo seja um caminho a ser seguido no ensino, em cada disciplina, ou na união delas, considerando a relevância da multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Mas essa reflexão deve se aprofundar cada vez mais, pois necessitamos elaborar um currículo que venha atender às necessidades dos alunos. Dessa forma, o currículo deve ser construído para nortear um trabalho que atenda à realidade da comunidade escolar que será inserido, respeitando a demanda local, mas também considerando a realidade de um país, sua legislação, sua intencionalidade educativa. Mas por que o currículo deve atender as demandas locais? Temos um país muito grande, com regiões caracterizadas por diferenças culturais, socioeconômicas, e necessidades diferentes, como podem observar na figura 1. Pensar em um currículo igual para todos é negligenciar essas características e necessidades. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 12 Figura 1 - Diversidade brasileira - Preciso de uma imagem que mostre as diferenças culturais das regiões brasileiras Fonte: Elaborado pela autora, 2020. REFLITA: Será que uma sequência didática pensada para atender alunos de um bairro privilegiado de São Paulo se adequa igualmente para os alunos que vivem na seca do nordeste? E para os índios e quilombolas? Sabemos que é impossível, pois a realidade de estudante e suas necessidades são muito diferentes dos outros. Considerando isso, o currículo deve refletir uma realidade mais específica. Dentro de nosso país, temos referenciais norteadores, que garantem que não haja um distanciamento muito grande de aprendizagens de uma região para outra, porém, flexível o suficiente para ser adaptado ao meio que será trabalhado. VOCÊ SABIA? Hoje dispomos da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) que vem garantir essa unidade de ensino em todo território brasileiro. Cada estado também elabora sua estrutura, assim como algumas cidades. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 13 As escolas, têm liberdade de, observando essas referências, adequar o currículo para sua realidade local. Figura 2 - Construção do currículo escolar MEC - BNCC Currículo Estadual e Municnipal Fonte – Elaborado pela autora, 2020. Dessarte, o currículo consiste em uma relação daquilo que será ensinado, e como será ensinado aos alunos, em cada ano da escolaridade, em cada disciplina, e que deve atender ao público a que se destina. Para essa construção é preciso considerar as referências nacionais e regionais. Em cada Projeto Político Pedagógico deve ficar expressa a intencionalidade de seus encaminhamentos, os quais serão viabilizados pelo currículo definido. IMPORTANTE: Por ser um documento de extrema importância, um referencial para os professores, o currículo deve trazer também a identidade local, suas características e, especialmente, atender suas necessidades. Considere também que a adequação do currículo pode ser desenvolvida de forma explícita ou implícita, e considerar as disciplinas de forma transversal. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 14 Mas todas essas questões ainda serão exploradas durante nossos estudos e teremos oportunidade de aprofundar cada aspecto que envolve essa manifestação de intencionalidade pedagógica. Trajetória histórica do currículo “As teorias do currículo (…) buscam justificar por que ‘esses conhecimentos’ e não ‘aqueles’ devem ser selecionados” (SILVA, 1999, p. 15) Como tudo na vida, existe um histórico de evolução, e em alguns casos, dependendo do momento factual vivenciado, identificamos até mesmo uma involução das estruturas e aplicabilidade curricular. A história do currículo vem demonstrar o quanto ele é influenciado pelo momento histórico, político e social, e conhecê-lo é essencial para atender as demandas atuais. Isso nos ajudará a decifrar melhor a escola contemporânea e como ela se desenvolveu. No século XIX o currículo era entendido como uma sequência de conteúdo a serem trabalhados em cada disciplina. Atualmente, currículo é visto como algo maior, mais aprofundado, mais aberto e adaptável ao meio. Dessa forma, o currículo é um documento norteador que se transformará em um projeto pedagógico que o aborde da maneira mais significativa em cada espaço. Vamos na sequência, de forma sintética, trazer as informações mais relevantes ocorridas na história da escola e consequentemente seus currículos. O início Na Grécia antiga a educação se dava informalmente, sem divisões disciplinares, e era desenvolvida por filósofos. Os estudantes eram pessoas interessadas em refletir sobre determinados assuntos que envolviam a sociedade. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 15 Platão, foi um dos grandes filósofos que chegou a criar (787 a. C) nos jardins de “Academos” (gerando expressão “academia”), uma escola onde se ensinava algumas ciências como Filosofia e Matemática. Em 343 a.C., as famílias ricas pagavam um preceptor para ajudar as crianças nos estudos. Dessa forma, somente famílias abastadas financeiramente podiam proporcionar aos seus filhos alguma instrução. Figura 3 - Educação na antiguidade Fonte: Freepik A evolução da instituição escolar foi se constituindo vagarosamente, até que no Séc. XII, na Europa, onde são alicerçadas as primeiras escolas nos moldes atuais, e eram administradas pelo Clero, que valorizavam e propagavam o fundamentalismo cristão. Especificamente no Brasil, em 1549, foi fundada a primeira escola, também orientada pelo Clero e atendendo somente as famílias burguesas. Os livros usados para ensinar fundamentavam as descobertas científicas de forma rígida. Assim, o conhecimento era apresentado fechado, inquestionável, indiscutível. Pode-se afirmar que o ensino era doutrinário. A partir do século XVI, os educadores começam a defender que a experimentação e observação complementaria a aprendizagem de livros e assim se impulsiona o Iluminismo ou Idade da Razão do século XVII e XVIII. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 16 Os enfoques científicos defendidos por Bacon, Descartes, Locke, Rousseau, Comenius, Galileu e Newton, permitiram questionamentos sobre o ensino com princípios religiosos. Essa doutrinação religiosa e o conhecimento encerrado nos livros foi sendo substituída pela pesquisa, pela observação, e o aprendizado vivenciado. EXEMPLO: Antes o aluno era informado que uma semente se transformava em uma planta. Através da pesquisa, o aluno observava o crescimento de uma planta e ia construindo sua aprendizagem. Até esse momento acreditava-se que o aprendizado se construía como a formação de músculos, ou seja, exercitava-se a mente para alcançar o conhecimento. A repetição e a decoração deveriam garantir essa força mental. Nos Estados Unidos, ao longo do século XIX, aconteceram ampliações de oferta de ensino. Pensando nas novas gerações, e a insuficiência do que era ensinado nas escolas para a preparação desse futuro cidadão, surgem os debates sobre o que ensinar e em qual sequência. A partir das intervenções de Francis Parker (final do século XIX), um americano influenciado por teóricos europeus, propõe-se um currículo que atenda os interesses das crianças. Isso quer dizer que o que interessa e é significativo para o aluno deve ser explorado como forma de ensino. Essas ideias influenciaram fortemente estudos sobre o currículo como um campo da educação a ser desenvolvido. Junto com essas forças, o mundo se transformava. A revolução industrial, a sociedade, imigração e mais recentemente a tecnologia que se aperfeiçoa a cada instante influenciando nossa sociedade e diretamente a escola. Concepções de currículo e sua evolução Podemos perceber que a evolução do mundopor meio da tecnologia entre outros, vem influenciando consideravelmente a construção dos novos currículos escolares. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 17 Movimentos sociais, políticos, tecnológicos foram influenciadores da concepção de ensino e aprendizagem, tanto como na elaboração do currículo escolar. Nesse contexto, vamos dar ênfase a dois movimentos muito importantes. O primeiro movimento denominado como “Tecnicista” e o segundo “Progressista”. Currículo tecnicista Na demanda mundial emergia a revolução industrial, onde as indústrias, em busca do lucro sobre a produtividade, exploravam um trabalho em que cada funcionário fazia parte de esquema hierárquico maior, porém, sem acesso ou mobilidade nessa hierarquia. O trabalhador realizava seu serviço de forma individual e concentrava-se em parte do trabalho, de forma mecanizada e racional. Chamada de “Linha de Produção”, a pessoa não tinha envolvimento com os demais setores e cabia-lhe ter eficiência em desenvolver seu trabalho proporcionando produtividade contínua. Figura 4 - Linha de produção Fonte: Pixabay Diante das transformações da adoção do modelo taylorista- -fordista na produção fabril, há, consequentemente, uma mo- Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 18 dernização social, a qual engloba todos os aspectos, “[...] mol- dando nossos valores, inclusive nossa maneira de conceber a educação e a escola, e dando à nossa sociedade seu feito tecnológico específico”. (DOLL, 2002, p. 55) NOTA: A linha de produção consiste em um trabalho repetitivo, onde os trabalhadores desenvolvem, em forma sequencial, a montagem de produtos a serem comercializados. Denominada de Taylorismo, pois foi desenvolvido por Frederick Winslow Taylor (1856-1915), pai da Administração Científica, defendeu que o sucesso do trabalho estava associado ao sucesso da organização. Esse perfil de trabalhador influenciou a formação escolar e o currículo, e até hoje ainda é desenvolvido em grandes empresas e em muitas escolas. Objetivando uma escola eficiente, onde os estudantes seriam treinados para serem excelentes profissionais adequados à realidade social e capitalista, o currículo escolar foi moldado para atender essa demanda. Essa estrutura foi proposta por Franklin John Bobbit (1918). Segundo Silva (1999, p. 24), na concepção de Bobbit, [...] a questão do currículo se transforma numa questão de organização. O currículo é simplesmente uma mecânica. A atividade supostamente científica do especialista em currículo não passa de uma atividade burocrática. (...) o currículo se resume a uma questão de desenvolvimento, a uma questão técnica. O estabelecimento de padrões é tão importante na educação quanto, digamos, numa usina de fabricação de aços, pois, de acordo com Bobbitt, a educação, tal como a usina de fabricação de aço é um processo de moldagem”. Essa influência se deu nos Estados Unidos por volta da metade do século XX e no Brasil nas décadas de 60 e 70. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 19 Ciente dessa influência, o currículo era estático, compartimentado, e o professor era a autoridade inquestionável. Os estudantes eram levados a aceitação de tudo sem questionamentos. Obediência é a palavra de ordem. Figura 5 - Padronização do ensino Fonte- Elaborado pela autora, 2020. Como grande influenciador dessa postura temos no Brasil o Regime Militar, onde havia grande interesse de domínio e ordem estabelecida. Os currículos escolares deveriam trazer essa formatação aos alunos. Linha Progressista [...] O tecnocrático destacava a abstração e a suposta inutilidade (…) das habilidades e conhecimentos cultivados pelo currículo clássico. (…) O modelo progressista (…) atacava o clássico por seu distanciamento dos interesses e das experiências das crianças e dos jovens. (…) o currículo clássico só pôde sobreviver no contexto de uma escolarização secundária de acesso restrito à classe dominante. (SILVA, 1999, p. 26, 27) As ideias de John Dewey, impactaram fortemente as percepções de currículo. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 20 Em contraposição a inalterável estrutura curricular tecnicista, as propostas progressistas sugerem um currículo aberto e pronto para atender dialogicamente as ideias de professores e alunos, que iriam conceber a estrutura curricular, ou seja, construir o caminho a ser percorrido na sala de aula. Figura 6 - Quadro comparativo entre as linhas Linha Tecnicista Linha Progressista Preparo para mão de obra industrial Eleva o nível de consciência do estudante em relação ao meio Modeladora de Comportamento Humano Relação de Diálogo Horizontal Informações Lineares Convivência Grupal Professor como Autoridade e Detentor do Saber Temas Geradores Professor Mediador Movimento Espirituaidade Fonte – Elaborado pela autora, 2020. Essas percepções vinham atender as diversidades encontradas na escola. A sociedade deveria ser incorporada à escola, ou seja, a escola seria um protótipo de sociedade, onde os alunos já iniciavam suas expressividade e percepções ajudando em sua formação para a vida. Segundo Moreira (1990), “a teoria curricular de Dewey revela um compromisso tanto com o crescimento individual como com o progresso social” (p. 54). No Brasil, seus princípios educativos tiveram grande influência nas ideias escolanovistas de educação que foram dominantes no país no período de 1945 a 1960 (MOREIRA, 1990). Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 21 Quando pensamos em uma educação que prepare o aluno para a sociedade, percebemos que esse currículo sugerido por Dewey, e mais tarde por Maria Montessori, deve ser alicerçado, no que chamamos hoje de “protagonismo do aluno” e “contextualização do ensino”. Transformando a aula em um laboratório da realidade e pensando em converter a sociedade, contradizendo a escola tecnicista que quer perpetuar uma sociedade sem questionamentos. Kliebard (1995) explica que seus proponentes percebiam “o currículo organizado em torno de problemas sociais reais, e que estes não teriam o potencial de substituir o que caracterizava os estudos sociais em salas de aula, mas educariam com uma preocupação voltada para justiça social”. Essa postura rompe com o tradicionalismo da escola, a postura suprema do educador, que passa a ser um mediador da aprendizagem. Considerando que nos anos 50 a “Guerra Fria” estava presente no mundo, e a guerra tecnológica influenciava grandemente as nações que disputavam o poder, o currículo sofreu um retrocesso que reavivou o currículo tecnicista, exaltando as ciências na escola, inclusive no Brasil. Quando questões fundamentais de currículo não são dirigidas por educadores, os caprichos econômicos ou políticos formam o caminho e as práticas educacionais são governadas à revelia. (SCHUBERT, 1986, p.1) Em meados dos anos 60, discussões como inclusão das diferenças raciais, sociais e sexuais entre outros considerados como minoria, desponta a pedagogia crítica, que pretende dinamizar uma sociedade sem discriminações. Pedagogia crítica Em resposta ao período histórico e as contestações trazidas pela necessidade de igualdade social, surge a pedagogia crítica, que vem propor um currículo voltado aos problemas sociais, econômicos e políticos contemporâneos. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 22 Em 1970 Paulo Freire lança o livro “Pedagogia do Oprimido”. Suas convicções chegam para transformar o modelo de organização curricular, pois uma organização de ensino tradicionalista não atende à diversidade encontrada no Brasil. Apesar de ainda buscarmos essa estrutura curricular, muito da escola tecnicista domina nossos espaços escolares, mas a luta por essa conquista continua. Figura 7 - Contexto histórico-sociopolítica e a organização da prática escolar SINOPSE DA EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CURRÍCULO PERÍODO CONTEXTO HISTÓRICO SÓCIO-POLÍTICOORGANIZAÇÃO DA PRÁTICA ESCOLA Século XVI REFORMA Religiosa/Renascença Classes, Currículo prescrito e sequenciado em estágio de Níveis Século XIX Revolução Industrial Identificador e Mecanismo de Diferenciação Social (Pedagogia da Sociedade Industrial) Século XX Pós-Guerra e Globalização Ordenamento de Saberes Educativos; Currículo como Matéria Escolar Fonte: A Autora Nos próximos itens vamos nos aprofundar um pouco mais em cada segmento da educação e suas estruturas curriculares. Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 23 Entende-se por educação básica o período de escolaridade que compreende desde a educação infantil até a 3ª série do Ensino Médio. Para ficar claro, a educação básica está dividida da seguinte forma: • Educação Infantil- crianças de zero a 5 anos; • Educação Fundamental- 1º ao 9º ano; • Ensino Médio- 1ª a 3ª série. A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) é uma diretriz normativa que orienta o progresso de aprendizagens essenciais para todos os alunos. Lá estão as competências e diretrizes para direcionar os currículos escolares. Homologada em 2017 pelo MEC, sua elaboração contou com a participação de muitos especialistas e foi discutida amplamente com educadores, técnicos, e a sociedade em geral, para que atenda às necessidades do século XXI. Figura 08 - O processo de construção da BNCC A CONSTRUÇÃO DA BASE 2014 Setembro de 2015 Maio de 2016 Abril de 2017 Início da Elaboração Versão 1: 12 milhões de contribuições recebidas Versão 2: Consed e Undime reuni 9 mil especialistas Vesrão 3: O MEC entrega a Base ao CNE Fonte: A autora A BNCC deve ser entendida como um início para se avançar o trabalho na escola, garantindo o básico de aprendizagem aos estudantes, por todo país, permitindo assim, equidade no acesso a informação e aprendizagem. A BNCC não pode ser entendida como uma grade curricular para todas as escolas, com apenas distribuição de disciplinas e conteúdo. Também não pode ser comparada aos PCNs (Parâmetros Curriculares Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 24 Nacionais). Estes garantem e asseguram uma direção, com muita flexibilidade, mas não asseguravam o aprendizado mínimo dos alunos. Figura 9 - Diferença entre BNCC e currículo Fonte: Elaborado pela autora, 2020. Apoiada por nossa Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a BNCC permite que cada região, cada espaço geográfico, adapte seus conceitos à sua realidade, pretendendo garantir sempre o desenvolvimento de um cidadão consciente, crítico e apto para desenvolver uma sociedade responsável. Cada escola define seus conteúdos e metodologias, porém, seguindo a BNCC, o aluno será estimulado a ir além, sendo permitido que ele apresente novas formas de resolução de desafios, sejam de quaisquer áreas que pertençam. Você deve estar se perguntando o motivo desse movimento, e saiba que as avaliações externas nos mostram que uma das causas do insucesso escolar, e a disparidade do que é ensinado de uma escola para outra. A BNCC vem balizar esse processo. Ressalta-se o fato de que o currículo deve ser permeado sempre pelo respeito às diferenças, inclusão, igualdade e direitos humanos, de forma explicita ou oculta. Cabe ainda ressaltar que nesse período da escola, as competências para o mundo do trabalho devem ser garantidas e estimuladas. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 25 Figura 10 - Currículo permeado pelos temas transversais Fonte: Elaborado pela autora, 2020. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 26 Currículo na Educação Infantil INTRODUÇÃO: Entendendo a Educação Infantil como aquela que dá acesso a espaços escolares, para as crianças de zero a cinco anos, vamos conhecer um pouco da estrutura curricular que vem sendo amplamente discutida pela sociedade e educadores. Para iniciarmos, é importante considerar que esse currículo deve atender a nossa constituição e as diretrizes e bases da educação nacional (Lei 9394/96). Essas legislações orientam o que e como será explorado no desenvolvimento curricular. Como já esclarecido em outros itens dessa sistematização de informações, mesmo falando de crianças da educação infantil, já se inicia na construção desse currículo, aspectos que permitam um desenvolvimento pedagógico abrangente, dialógico e visando a preparação para a sociedade. Tentando evitar as mesmas estruturas rígidas do ensino fundamental para as crianças, o currículo fica denominado como projeto pedagógico. Como sabemos, as crianças gostam de brincar, e usar brincadeiras para explorar um currículo é um caminho mais adequado. Através das interações permite-se articular suas experiências com saberes que as ajudam perceber a sociedade e a cultura em que estão inseridas. Isso tudo é possível através de práticas planejadas e podem ser elencadas em um currículo. Assim, as experiências vividas no espaço de Educação Infantil devem possibilitar o encontro de explicações pela criança sobre o que ocorre à sua volta e consigo mesma enquanto desenvolvem formas de sentir, pensar e solucionar problemas. Nesse processo, é preciso considerar que as crianças necessitam envolver-se com diferentes linguagens e valorizar o lúdico, as brincadeiras, as culturas infantis. Não se trata assim de transmitir à criança uma cultura considerada pronta, mas Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 27 de oferecer condições para ela se apropriar de determinadas aprendizagens que lhe promovem o desenvolvimento de formas de agir, sentir e pensar que são marcantes em um momento histórico. (OLIVEIRA, s/d, online) Figura 11 - A criança se percebendo como parte da sociedade Fonte: Pixabay Através dessa vivência escolar a criança se apropria do todo, e principalmente de sua parcela de contribuição nessa estrutura (como ilustrado na figura 10). Para isso deve-se propiciar o envolvimento com diversas linguagens através do lúdico. Fundamental que nesse período escolar, não haja um currículo estático onde o professor é o grande centro do trabalho. É preciso sensibilizar a criança para as descobertas do mundo que a cerca. As Diretrizes Curriculares Nacional da Educação Infantil (DCNEIs) orientam o planejamento escolar com princípios éticos, políticos e estéticos. Segundo as DCNIs, a escola deve garantir que a criança se sinta acolhida, estimulada a aprender, desenvolver a curiosidade e desmistificar a escola como um lugar chato e desgastante. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 28 Essa meta pode ser atingida com um trabalho bem estruturado, onde se valoriza a participação, diálogo, respeito, valorização das diferenças e suas experiências pessoais, usando espaços e materiais adequados e atraentes, onde poderão praticar a criatividade e serem estimulados de forma afetiva, emocional, cognitiva e linguística. Não se deve perder de vista que a avaliação nesse período de vida deve ser processual, registrando a evolução atingida, sem cobranças e notas. Figura 12 - Orientações de estruturação da educação infantil segundo a BNCC Fonte: A Autora Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 29 Currículo no Ensino Fundamental e Ensino Médio Como já nos inteiramos sobre a educação infantil, vamos agora explorar informações sobre a Educação Fundamental, que abrange do 1º ao 9º ano, e Ensino Médio, que abrange de 1ª a 3ª série. O ensino fundamental está organizado em 9 anos, cinco áreas do conhecimento, que embora preservadas em sua singularidade, devem ser mantidas uma conexão entre elas. Cada área tem suas competências definidas. (continuar escrevendo sobre o Ens Fundamental e as 5 áreas do conhecimento. Já o Ensino Médio no Brasil, mesmo com toda essa orientação, permite uma disfunção de competências entre escolas, que deve ser evitada. Isso se deve ao fato de existirem escolas que preparamseus alunos para a aprovação no vestibular, sem critérios cuidadosos para garantir a aprendizagem mínima. Muitas vezes o aluno se forma pronto para entrar em qualquer universidade, porém, não está pronto para usar seus conhecimentos na vida. Talvez por isso encontremos jovens considerados tão inteligentes, mas sem condições de estabelecer relações interpessoais, ou mesmo após a formação superior, sem condições de aplicar os conhecimentos adquiridos. Conforme estabelecido na Lei qw.415/2017, o tempo mínimo do estudante do Ensino Médio na escola, passou de 800h para 1.000 horas, devendo ser adequada até 2022. Dessa forma, caberá aos gestores adequarem progressivamente a distribuição da carga horária por disciplina, permitindo ao aluno a escolha de um itinerário formativo. Dessa forma, se o estudante preferir as áreas das ciências e suas tecnologias, haverá uma carga horária maior em seu curso com foco na sua escolha. Esse encaminhamento permitirá maior possibilidade de escolha ao estudante com sinalização maior na escolha profissional. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 30 O que a reforma traz de inovação é que o cumprimento da parte comum não poderá exceder 1.800 horas do total da carga horária do Ensino Médio. Isso possibilitará também, que ao final do Ensino Médio, o estudante receba uma certificação técnica. São obrigatórios os seguintes componentes curriculares ao longo dos três anos do ensino Médio: Figura 13 - Disciplinas obrigatórias do Ensino Médio Língua Portuguesa Matemática Educação Física Artes Sociologia e Filosofia Lingua Estrangeira Fonte: Elaborado pela Autora Cada escola optará pelo itinerário formativo que mais se adeque as necessidades locais. Mesmo com essas inovações, nenhum aluno ficará sem os conhecimentos básicos essenciais que atualmente são oferecidos. Mas e para além do Ensino Médio? Como são organizados os currículos? No próximo bloco vamos nos aprofundar sobre esses temas que abrangem o Ensino Profissionalizante e a Educação Superior. Ensino Profissionalizante e Educação Superior Pensar em Ensino Profissionalizante e Educação Superior, pode nos trazer a sensação de “terra sem lei”. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 31 Na educação profissionalizante há um catálogo definido de cursos possíveis e na Educação Superior também; ambos passam por revisão da Secretaria de Educação ou da Secretaria da Educação Superior. Há certa liberdade na estruturação de currículo, mas com uma pré- formatação definida e autenticada pelos órgãos competentes. O que precisamos sempre recordar é que as instituições de ensino profissional e educação superior devem preparar o estudante para a vida, para o trabalho, para a pesquisa, para a produção de conhecimentos, tratando o ser humano como um ser integral; o estudo deve ser- lhe garantido como rege a LDB que solicita a garantia ampliada de aprendizagem e criatividade. Vejam algumas normativas que foram adequadas ao longo dos alunos para o Ensino Profissionalizante. • Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.(Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) • § 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Agora conheça parte da legislação (LDB) que rege o Ensino Superior. Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições: • I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior previstos nesta Lei, obedecendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do respectivo sistema de ensino; • II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes gerais pertinentes; • III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa científica, produção artística e atividades de extensão; Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 32 • IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade institucional e as exigências do seu meio; • V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em consonância com as normas gerais atinentes; • VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; • VII - firmar contratos, acordos e convênios; • VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em geral, bem como administrar rendimentos conforme dispositivos institucionais; Apesar de todo esse direcionamento, essas áreas são normalmente criadas e seus currículos determinados pelas instituições que as oferece. Como estamos verificando, muito se evoluiu em termos de currículo, porém alguns cursos ainda se encontram sem muito rigor científico e, ao mesmo tempo, contextualizado, a fim de atender às necessidades da população. Após ser aceito em uma Universidade ou curso Profissionalizante, o estudante agora se depara com posturas que podem diferir muito das que vivenciou nas escolas básicas. Encontramos muitas vezes professores com posturas mais arcaicas e dominadoras, não existindo muita troca com os alunos. Muitas universidades mantem os tablados onde o professor fica mais alto na sala, dando a impressão de domínio. Diante da falta de supervisão nessas instituições, é comum instituições recém-criadas copiarem currículos de instituições mais reconhecidas. Isso pode ser um benefício para a instituição, mas também pode ser um prejuízo, pois quem garantirá que a organização da outra escola está correta? Com a falta de estrutura supervisionada, contamos que as instituições tenham profissionais que articulem os saberes e garantam uma construção curricular interligada e que proporcione ao estudante a visão geral das partes, pois será na visão geral que irá trabalhar. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 33 Além disso, atualmente se valoriza profissionais que saibam trabalhar em conjunto, e que usufruam de relações interpessoais para o crescimento da empresa. Será que existe alguma escola que está preocupada com essas características são necessárias no mercado atual? Provavelmente existem sim, mas não temos registros para identificar quais são. Já os ensinos à distância, chamados EAD, estão sendo muito explorados por serem de fácil acesso, e permite que o estudante adeque seus horários de estudos as suas possibilidades diárias. É uma tendência que vem crescendo a passos largos. Será que o ensino profissionalizante não fica comprometido com cursos EAD? Não serão comprometidos, a partir do momento que sejam realizadas à distância, as matérias que são teóricas e reflexivas. Já a parte prática, precisa de ocorrer presencialmente, sendo oferecida com um mínimo de estrutura para que o aluno vivencie experiências práticas antes de ser lançado ao mercado. Já imaginaram um dentista recém- formado que nunca fez uma obturação? Você iria realizar uma cirurgia do coração com um médico que nunca operou? Tenho certeza que nem esse profissional estaria confiante para realizar um procedimento. O que fica de mais fundamental, é que os currículos são construídos mediante o Regimento Interno de cada Instituição de Ensino, e devem ser adequados pelo Projeto Pedagógico, que se recomenda ser construído de forma aberta, democrática, ouvindo toda a comunidade escolar. Na figura abaixo podemos encontrar características que devem ser consideradas na gerência da autonomia na construção de cursos profissionalizante e superior. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 34 Figura 14 - Informações que devem ser consideradas na autonomia de cada instituição de ensino Fonte: Elaborado pela autora, 2020. RESUMINDO:As escolas têm por objetivo o ensino e a consequente aprendizagem. Para que não haja desigualdades entre as escolas em nosso território nacional, a BNCC vem balizar os conhecimentos mínimos a serem desenvolvidos em todo país. Cada escola, terá autonomia para adequar essa referência de acordo com sua realidade, considerando as características locais e a relevância de preparar os estudantes para serem cidadãos conscientes e aptos para contribuir no seu desenvolvimento de forma positiva e respeitosa. Já as escolas que cuidam da preparação profissional desses estudantes são autônomas em suas decisões de currículos o que pode gerar resultados alarmantes dos exames do ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes). Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 35 REFERÊNCIAS CORREA, H. C.; DIAS, G. P. P. De volta a gestão de estoques: as técnicas estão sendo usadas pelas empresas? In: SIMPÓSIO DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO, LOGÍSTICA E OPERAÇÕES INDUSTRIAIS, 1., 1998, São Paulo. Anais...São Paulo: FGV. 1998 GOODSON, I. F. Currículo: teoria e história. Petrópolis: Vozes, 1995 MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete pedagogia progressista. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix, 2001. Disponível em: <http:// www.educabrasil.com.br/pedagogia-progressista/>. Acesso em: 10 dez. 2020. MOREIRA, A. F. Currículos e programas no Brasil. Campinas: Papirus, 1990. _________, Didática e currículo: questionando fronteiras. In: OLIVEIRA, M. R. N. S. Confluências e Divergências entre Didática e Currículo. Campinas: Papirus, 1998, p. 33-52. OLIVEIRA, Z.M.R. O currículo na educação infantil: O que propõem as novas diretrizes nacionais. FFCLRP-USP e ISE Vera Cruz. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1- curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file. Acesso em:10 dez. 2020. SILVA. T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias de currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos Marly Savioli Tatiane Kuckel Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos Currículo: Tipos e Concepções Unidade 2 Marly Savioli Tatiane Kuckel Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autor MARLY SAVIOLI TATIANE KUCKEL AS AUTORAS Marly Savioli Olá! Meu nome é Marly Savioli. Sou mestranda em Educação e pós-graduada em Ética, Valores e Cidadania na Escola. Além disso, sou formada em Pedagogia, com especialização em Administração e Supervisão Escolar. Tenho 35 anos de experiência técnico-profissional na área educacional, durante os quais trabalhei para escolas particulares, Prefeituras Municipais e Assessorias Educacionais em geral. Como educadora, exerci nas escolas diversos papéis, como professora, orientadora educacional, coordenadora pedagógica, vice-diretora e diretora. Por acreditar nas pessoas e na capacidade de mudar o mundo por meio da educação, trabalho atualmente para a Fundação Lemann como formadora de educadores e gestores educacionais, orientando- os e subsidiando seus trabalhos com caminhos mais eficazes. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Tatiane Kuckel Olá. Meu nome é Tatiane Kuckel e sou Mestre em Educação e Novas Tecnologias. Sou formada em Desenho pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná e em Gestão da Informação pela Universidade Federal do Paraná. Tenho mais de 15 anos de experiência em processos e projetos para EAD, arte visuais, sistemas de informação, monitoramento informacional e games. Possuo trabalhos publicados nas linhas de Inteligência Artificial, EaD, Gamificação e Artes visuais. Atualmente, sou Gerente de Projetos e Inovação na Onilearning. ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Currículo Escolar ........................................................................................10 Currículo como campo de estudo: as teorias curriculares .............................. 12 Teoria Tradicional ............................................................................................................................. 14 Teoria Crítica ....................................................................................................................................... 18 Teoria pós-crítica .............................................................................................................................22 Diferentes tipos de currículo: diálogos e conflitos .......................25 Currículo formal ................................................................................................................................27 Currículo real ......................................................................................................................................27 Currículo oculto ................................................................................................................................28 As concepções de currículo em políticas públicas (leis, diretrizes e orientações curriculares) ................................................ 30 Políticas públicas e avaliação ................................................................................................34 O currículo como produção social e as noções de currículo oculto .............................................................................................................. 36 7 CURRÍCULO: TIPOS E CONCEPÇÕES UNIDADE 02 Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 8 INTRODUÇÃO O currículo é um produto peculiar de cada instituição. Há órgãos que determinam as bases e fundamentações do que os alunos precisam estudar e o que as escolas precisam ensinar, mas a forma como isto se dará, a organização curricular e a caracterização deste produto, decorrem do contexto em que é produzido. O currículo deve atender à demanda específica da escola e da realidade escolar, indo ao encontro das necessidades de seu público- alvo. As Políticas Públicas têm o objetivo de garantir qualidade escolar para todos os brasileiros de forma a possibilitar as mesmas condições de vida e trabalho, e isto é concretizado na forma curricular. Siga em frente em seus estudos! Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 2! Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Explicar a fundamentação teórica do currículo; 2. Reconhecer diferentes tipos de currículos e sua influênciana aprendizagem; 3. Analisar as concepções de currículo em Políticas Públicas (leis, diretrizes e orientações curriculares); 4. Reconhecer o currículo como produção social no processo de formação cidadã. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 10 Currículo Escolar INTRODUÇÃO: Neste capítulo, estudaremos o conceito de currículo, as principais bases que fundamentam a teoria de currículo e sua prática. Sabemos que o currículo ultrapassa os limites de ser um mero documento, que geralmente é “engavetado”. E porque as pessoas usam o termo “engavetado”? É comum os profissionais elaborarem documentos de forma mecânica, até mesmo pré-moldadas, com modelos já instituídos, ou até mesmo copiados, apenas para cumprir uma normatização, uma exigência de instâncias superiores. No caso da escola, essa exigência viria da Secretaria da Educação, orientada pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura). O currículo faz parte da vida escolar e é muito comum, que os profissionais da área da educação, apenas o reproduzam todos os anos e deixem em suas gavetas, caso alguma autoridade as solicite. Se pensarmos bem, nenhum documento deveria ter esse fim. Se ele existe, foi porque estudiosos o criaram e defenderam sua existência e sua importância. O currículo, em especial, não pode ser esse tipo de documento, pois ele deve ser nosso norteador para um Projeto Político Pedagógico e sua utilização deve ser constante, sempre com objetivo de guiar as ações pedagógicas, tanto quanto acompanhamento e supervisão da prática. Quando os profissionais da área entenderem sua importância, nunca mais será “engavetado”, e provavelmente fixarão em um quadro ao alcance da visão de todos, com constante abertura para observação. Essa percepção erronia da função do documento, provém da falta de informação, e até mesmo da influência histórica. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 11 Muitos profissionais acreditam ainda que é uma mera relação de conteúdo a serem seguidos no programa de cada professor. O currículo escolar, atualmente é entendido como mais um seguimento formador da sociedade, em que seus objetivos andam lado a lado com a estrutura sócio-política. Figura 1- Influência política no currículo escolar POLÍTICA E SOCIEDADE CURRÍCULO ESCOLAR INFLUÊNCIA Fonte - Elaborada pela autora (2020). Dada a sua influência na formação do indivíduo, o currículo começou a ser motivo de estudos, e conhecer suas teorias claramente, ajudará na percepção do que o fundamenta, e mais que isso, poderemos questionar e aperfeiçoar sua efetividade e eficiência. Na unidade um tivemos uma breve explanação sobre alguns períodos históricos e sua influência no currículo, apresentando mais claramente, o currículo Tecnicista e o Progressista. Vamos agora entender melhor a história e os contextos que levaram a evolução dessas concepções de currículos. Lopes (2006, contracapa): [...] o currículo se tece em cada escola com a carga de seus participantes, que trazem para cada ação pedagógica de sua cultura e de sua memória de outras escolas e de outros cotidianos nos quais vive. É nessa grande rede cotidiana, formada de múltiplas redes de subjetividade, que cada um de nós traçamos nossas histórias de aluno/aluna e de professor/ professora. O grande tapete que é o currículo de cada escola, também sabemos todos, nos enreda com os outros, formando tramas diferentes e mais belas ou menos belas, de acordo com Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 12 as relações culturais que mantemos e do tipo de memória que nós temos de escola [...]. Currículo como campo de estudo: as teorias curriculares Os estudos sobre currículos estão intrinsicamente ligados a história e Ao entendimento de como preparar o cidadão e trabalhador. Você Sabia? O currículo pode ser organizado de forma a manipular e formatar as impressões dos estudantes. Por exemplo: são manipulados para acreditar que uma determinada postura é correta e não contestável. Quando se trata do conceito de manipulação observamos que o sentimento não é de credibilidade, pois, de acordo com o Dicionário Aurélio, manipular, é palavra de origem do latim manipulare, manipule,r e significa dar formato a algo, produzir, forjar, maquinar, fazer funcionar; pôr em movimento; acionar, controlar, dominar. Figura 2- Educação como instrumento de formatação do pensamento Fonte: Freepik Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 13 Apesar de atualmente muitos profissionais da educação já entenderem que foram moldados em uma escola tradicional e as posturas ali apresentadas não cabem mais à realidade atual, vários de nossos comportamentos podem ser gerados por prévias manipulações. Isso significa que ficamos tão condicionados a certos comportamentos e paradigmas que mesmo inconscientemente reproduzimos aquilo que nos foi incutido. Isso não descarta a vida escolar, que mesmo, após a idade adulta e mais consciente, agimos e acreditamos em determinadas propostas, como resquícios da manipulação ocorrida em determinados períodos históricos. SAIBA MAIS: Quer entender melhor como pode funcionar a manipulação, mesmo que de forma subliminar? Recomendamos a leitura de: Maquiavel Pedagogo, o Ministério da Reforma Psicológica de Pascal Bernardin. Editora Ecclesiae e Vide Editorial. Entendendo que nossos futuros profissionais precisam desmistificar esses conceitos arraigados, questionando-os e aprender a suprimir o que não vale a pena, devemos nos aprofundar nas teorias de currículo, conhecendo-as, entendendo-as e por isso vamos agora nesse caminho. IMPORTANTE: O currículo está intimamente ligado a proposta social e política. A visão do cidadão que se quer forjar precisa estar incorporada a esse currículo. Silva (2007, p.15, 16) afirma que: “Um currículo busca precisamente modificar as pessoas que ‘seguir’ aquele currículo”. Ainda reforça: [...]: “Além de uma questão de conhecimento, o currículo é uma questão que se concentram também as teorias do currículo”. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 14 As formas de entender o que é currículo, e como esse entendimento é significativo na vida escolar, serão influenciadas por: • Ênfase da natureza da aprendizagem; • Do conhecimento; • Da cultura; • Da sociedade; • Da natureza humana. Teoria Tradicional A palavra “Tradicional” se relaciona a repetição de determinados hábitos, costumes, culturas em geral. É tradicional no Brasil termos em junho as “Festas Juninas”. Estas festas celebram São João, São Pedro e São Antônio e são realizadas mesmo antes da era Cristã. É isso que chamamos de tradição: repetir hábitos e costumes arraigados a nossa cultura. Na educação essa teoria refere-se aos preceitos escolares que vamos discorrer agora. O currículo tradicional se concentra no intelecto, no conhecimento, considerando o ser humano como imutável. O ensino é organizado de maneira rígida, mecanizada, descontextualizada, valorizando o conteúdo e o conhecimento centrado no professor. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 15 Figura 3 - Ensino é centralizado no professor; conhecimento é via de mão única PROFESSOR ALUNOS Fonte- Elaborada pela autora (2020). Defendia-se que o ensino era um processo de condicionamento onde a aprendizagem consistia em modificar o desempenho. Todos os estudantes eram iguais e com capacidade de assimilação igual a um adulto. A avaliação tinha por objetivo quantificar o aprendizado do estudante, sem gerar nenhuma reflexão quanto ao trabalho do professor. Podemos dizer que até hoje muitos professores pensam dessa forma, não é mesmo? A teoria Tradicional se identifica como: “neutras, científicas, desinteressadas” (SILVA. 2007, p.16). Podemos afirmar que essa forma de se identificar é uma contradição, já que se efetiva de forma influenciadora.A alegação de ser neutra e desinteressada é incompatível com a história que ela apresenta. Vamos relembrar um pouco sobre a visão histórica que a concebia. Estamos falando de uma educação voltada para a elite, onde a exclusão é evidente e reforçada pelo sistema escolar. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 16 Figura 4 - Estratificação Social Fonte: Freepik Constata-se que esse sistema “funciona como mecanismo de exclusão natural dos dominados, que não tendo a sua cultura reconhecida acabam conformando-se com o fracasso escolar” (MOITA, 2004, p. 5). A teoria tradicional reforça a divisão de classes, apresentando as disciplinas de forma compartimentada, e os valores exteriorizados reforçam ideias da classe dominante. Se o ensino é preparado na linguagem de uma classe dominante, os poucos estudantes de classes menos favorecidas não aprendem como os demais, reforçando mais ainda as diferenças sociais e a manutenção das classes. As verdades apresentadas na escola são inquestionáveis reforçando a ideia de imobilidade social, e preparando os estudantes para trabalhos repetitivos e inquestionáveis também. Os estudos de Bobbit (início do sec. XX) apontam para uma educação empresarial, comercial ou industrial: O que implementa o currículo tem assim duas funções importantes a desempenhar – por um lado, determinar quais os desejos do mercado de consumo, em termos de produto Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 17 acabado e, por outro lado, determinar a forma mais eficiente de elaborar o produto acabado – funções estas intimamente relacionadas com a noção de controle de padrões [...]. (BOBBIT, 2004, p. 21) Podemos notar que o currículo tradicional é fechado e aponta para um ensino não reflexivo. Silva (2010, p. 24) relata que: [...] na perspectiva de Bobbit, a questão do currículo se transforma numa questão de organização. O currículo é simplesmente uma mecânica. [...] Numa perspectiva que considera que as finalidades da educação estão dadas pelas exigências profissionais da vida adulta, o currículo se resume a uma questão de desenvolvimento, a uma questão técnica. Tal como na indústria, é fundamental, na educação, de acordo com Bobbit, que se estabeleçam padrões. O estabelecimento de padrões é tão importante na educação quanto numa usina de aços. [...] a educação é um processo de moldagem. (SILVA (2010, p. 24) É deduzível assim, que a educação e seu currículo tradicional é uma forma de manter a dominação das classes, é uma estratégia de manutenção do poder, e dessa forma, não será um currículo neutro e muito menos desinteressado como se auto denomina. Importante abrir um espaço de reflexão, para que ponderemos sobre a influência que sofremos até hoje desse tipo de currículo, que vivenciamos fortemente na época do militarismo no Brasil e, que até hoje, rege muitas escolas. Muito comum, professores ainda entenderem o currículo como um simples documento e que sua disciplina pode ser desenvolvida de forma descomprometida das demais e sua autoridade será sempre inquestionável, reforçando assim o sistema social onde predomina a divisão de classes e a impossibilidade de diálogo ou ascensão social. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 18 REFLITA: Qual a postura de seus professores na educação básica? A maioria deles trabalhava de forma interdisciplinar e propiciando uma postura crítica do conhecimento? Ou simplesmente passavam o conhecimento científico de forma estática? Como esses professores foram influenciados em sua vida escolar por seus professores? Existem resquícios de uma escola Tradicional em sua forma de lecionar? Como tudo evoluiu, vamos agora entender como o currículo evoluiu a partir dessa concepção tradicional. Teoria Crítica Em negação a ordem pré-estabelecida pela sociedade tradicional, onde existe uma verdadeira manutenção das classes poderosas, políticas e socialmente, surge a teoria Crítica que busca uma sociedade mais justa. Influenciada por alemães marxistas, a partir dos anos 20, que desenvolveram pesquisas geradas pelo capitalismo contemporâneo, o ocidente recebe essas reflexões nos anos 40 aos 70 do século passado. Max Horkheimer, um filósofo marxista, foi um dos pais fundadores da Escola de Frankfurt, a qual incorporava toda a moderna Teoria Crítica da Sociedade e que, em grande escala, se caracterizada como neomarxista. Horkheimer, junto com Jürgen Habermas, Theodor W. Adorno, Herbert Marcuse e Erich Fromm, para citar apenas alguns, criaram a Escola de Frankfurt e seu Instituto para Pesquisa Social, uma instituição que moldou o pensamento cultural do Ocidente como um todo e da Alemanha em particular. Marx Horkheimer, em 1937, usa o termo “Teoria Crítica” em um de seus artigos, fugindo da força que a ideias marxistas se encerravam no materialismo histórico usada por ortodoxos, e que era rejeitada por muitos na sociedade. Figura 5 - Intelectuais que fundaram a Escola de Frankfurt Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos https://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Horkheimer https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Frankfurt https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_cr%C3%ADtica_da_sociedade https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_cr%C3%ADtica_da_sociedade https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BCrgen_Habermas https://pt.wikipedia.org/wiki/Theodor_W._Adorno https://pt.wikipedia.org/wiki/Theodor_W._Adorno https://pt.wikipedia.org/wiki/Herbert_Marcuse https://pt.wikipedia.org/wiki/Erich_Fromm https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_para_Pesquisa_Social 19 Friedrich Pollock Herbert Marcuse Walter Benjamin Erich Fromm Theodor W. Adorno Jürgen Habermas Max Horkheimer Fonte: Baseada em Todo Estudo (s/d, online). Explorando o marxismo filosófico, cultural, político e psicológico, Horkheimer tenta mostrar que o marxismo poderia não ser extremista e economista. Diz Horkheimer, no ensaio Filosofia e Teoria Crítica, também em 1937: Os sistemas das disciplinas contêm os conhecimentos de tal forma que, sob circunstâncias dadas, são aplicáveis ao maior número possível de ocasiões. A gênese social dos problemas, as situações reais nas quais a ciência é empregada e os fins perseguidos em sua aplicação, são por ela mesma consideradas exteriores. – A teoria crítica da sociedade, ao contrário, tem como objeto os homens como produtores de todas as suas formas históricas de vida. As situações efetivas, nas quais a ciência se baseia, não são para ela uma coisa dada, cujo único problema estaria na mera constatação e previsão segundo as leis da probabilidade. O que é dado não depende apenas da natureza, mas também do poder do homem sobre ele. Os objetos e a espécie de percepção, a formulação de questões e o sentido da resposta dão provas Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 20 da atividade humana e do grau de seu poder. (HORKHEIMER, 1972, p. 188) Há de se mencionar, que no Brasil, ainda existem um número grande de pesquisadores que dialogam com a Teoria Crítica, em suas investigações científicas. Diante desse histórico, o que tudo isso influenciou a escola e seu currículo? Os estudiosos passaram a defender a ideia de que os estudantes tinham mais capacidade para aprender, entender, questionar, se posicionar diante do conhecimento. Diferente do currículo tradicional, o currículo referente a Teoria Crítica propõe conhecimento para ser apropriado de forma que seja útil na vida do estudante. Não é mais uma questão de decoração. Na Teoria Tradicional a aprendizagem dependia de repetição; agora, na Teoria Crítica, a aprendizagem precisa estar contextualizada com a realidade do estudante, e transformá-lo em um pesquisador das informações, podendo aceitá-la ou mesmo questioná-la e transformá-la. Figura 6 - Relação dialética entre professor e estudantes. PROFESSOR ALUNOS Fonte - Elaborada pela autora (2020). Essa forma de ensinar despertará no estudante uma postura social maissignificativa e em busca de condições melhores de vida, deixando de ser assim uma pessoa manipulável e sem esperança de mobilidade social. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 21 Em verdade, a teoria crítica é fundamental na reconstrução da educação, que persegue um interesse educativo racional e de formas democráticas da vida social (CARR, 1985, 1993; CARR & KEMMIS,1988). Nesse caso, a teoria curricular crítica explora a reflexão sobre as práticas políticas e culturais, trazendo a percepção do currículo como instrumento de conflito entre identidade e poder: “será sempre polêmico aplicar ao mundo da escolaridade um conjunto de pressupostos prévios que não reflitam a natureza dessa mesma escolaridade e não ponderem a função social, política e cultural da educação” (PACHECO, 1996, p. 42). Figura 7- Explicação do professor não compreensível pelo aluno Emissão não considera a recepção das informações. Fonte- Elaborado pela autora (2020). Como podemos observar na figura, se o professor negligenciar as características do aluno, de sua origem, sua cultura, seus conhecimentos prévios, correrá o risco de que falem linguagens diferentes dentro da sala de aula e o professor pode não atingir seu objetivo pedagógico. Na Teoria Crítica, defende-se que é mais fácil aprender quando o ensino se traduz em verdades, em significativos encaminhamentos. Antes, a formação cidadã era para aceitar a estrutura imposta. Na Teoria Crítica, a formação é de um cidadão pensante, crítico e capaz de modificar sua realidade. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 22 Teoria pós-crítica Diante da complexidade em que vivemos atualmente, onde as verdades são relativas e as certezas são questionáveis, as diferenças se acentuam e devem ser relevantes nas ideias de currículos escolares. As ambiguidades encontradas em sala de aula nos levam a sentir saudades de um tempo em que o currículo era construído pensando na igualdade e não na singularidade dos sujeitos. Essa realidade social contemporânea nos leva a compreender que hoje é impossível prever um cidadão único que possa transformar a sociedade. Este cenário de incertezas nos direciona a pensar em um currículo que atenda toda peculiaridade e fluidez atual, que incorpore a tecnologia que se transforma rapidamente. Qual é a verdade que deve ser ensinada? Se a verdade é questionada, o conhecimento automaticamente também é, assim como o Projeto Político Pedagógico. A Teoria pós-crítica defende a formação da identidade e da singularidade, não existindo verdade absoluta. As ideias, conhecimentos podem e devem ser analisadas e não estudadas como verdades. Refletindo sobre essas informações, podemos afirmar que a teoria pós-crítica, em oposição a teoria crítica, não acredita em uma sociedade de igualdades e estabilidade social. Porém defende a aceitação da sociedade composta por diferenças. Segundo Pacheco (2013, online, apud PRIESTLEY, 2011, p.221-237): Com os pressupostos da abordagem realista, o pensamento curricular segue parâmetros consensualmente definidos em torno de registos universais, perspectivando-se em formas de análise crítica de práticas curriculares centradas no conhecimento do quotidiano. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 23 Moreira (2003, p.10) sintetiza características comuns acerca do ideário pós-moderno: a. O abandono das grandes narrativas; b. A descrença em uma consciência unitária, homogênea, centrada; c. A rejeição da ideia de utopia; d. A preocupação com a linguagem e com a subjetividade; e. A visão de que todo discurso está saturado de poder; f. A celebração da diferença. Considerando todos esses aspectos, podemos dizer que o currículo escolar deve se ajustar a realidade social, étnica, cultural, gênero, e todo e qualquer elemento que venha trazer posições diferenciadas de entender a vida. O currículo, nesse caso, não admite nenhum conhecimento como único, precisando ser adaptado às realidades que atende. Novamente reafirmamos a importância da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) ser discutida e customizada para o Projeto Político Pedagógico da unidade escolar, sendo este fundamento da prática pedagógica, atendendo as necessidades, de acordo com a realidade de seu público-alvo. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 24 Figura 8 - Exemplo de diferentes públicos Etnia: indígena Classe social: baixa Sexo: heterossexual Ritos: pajelança Alimentação: caça, pesca e agricultura Etnia: afrodescendente Classe social: baixa Sexo: heterossexual Ritos: cristianismo Alimentação: cereais e pouca proteína Etnia: cigano Classe social: média Sexo: homossexual Ritos: candomblé Alimentação: variada Fonte: Elaborado pela autora (2020). RESUMINDO: Ao observamos a figura anterior, podemos ver diferentes pessoas com características singulares. É possível construir um currículo que contemple todas as característica de cada uma delas? Ou será preciso entender cada pessoa para construir um currículo? A ideia principal da teoria pós-crítica é justamente promover um diálogo sobre as diferenças, mostrando aos indivíduos que somos diferentes. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 25 Diferentes tipos de currículo: diálogos e conflitos INTRODUÇÃO: Nesta etapa de estudo, nos aprofundaremos nos diferentes tipos de currículo (formal, real e oculto), permeado pelo diálogo e conflito que estes apresentam na jornada de sua prática. Vamos lá? Nessa trilha em que estamos caminhando chamada currículo, nos deparamos com a sociedade que é multicultural. IMPORTANTE: Relaciono o caminho com uma trilha, pois esse tipo de caminho geralmente é incerto, tortuoso, meio que inesperado. Se fosse um trilho, seria reto e inflexível. O povo brasileiro é originado a partir da miscigenação de diferentes etnias. Os índios, afrodescendentes, europeus, asiáticos trouxeram junto a sua imigração seus hábitos e costumes, gerando assim uma sociedade diversa e que só enriquece nossa sociedade. Abaixo relacionamos algumas questões que trazem influências de outras culturas: • Junto com a imigração, surgem diferentes concepções de religião, sociedade, vestimentas e alimentação etc; • Em todas as culturas temos ainda pessoas com deficiências variadas, que diferem entre a deficiência física e/ou mental; • A preferência sexual de cada indivíduo também tem sido reconhecida como um ponto a ser considerado e refletido. Para além de todas essas características ainda encontramos estudantes provenientes de lares diferentes e que trazem consigo além Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 26 de toda uma cultura, algumas vivências que podem ou não ajudar na escola. A violência está presente na sociedade e cotidianamente em algumas famílias, provindas de uso de drogas lícitas ou ilícitas, problemas psicológicos etc. Como vimos nos últimos parágrafos, muitas são as particularidades que são silenciadas em nome de uma homogeneização imposta pela liberdade capitalista. “Verdade, conhecimento, poder, identidade marcam as discussões curricular” (MOREIRA, CANDAU, 2008, p. 25). Um currículo que considere todas essas condições perpassa pelas mãos dos educadores, que também carregam características pessoais. “Por bem ou por mal a cultura é agora um dos elementos mais dinâmicos e mais imprevisíveis da mudança histórica no novo milênio” (HALL, 1997, p. 97). Como um educador pode ensinar sobre a diversidade sem impor sua própria visão de mundo? Como incluir as diferenças em sua prática? Como considerar toda a diversidade existente sem desconsiderar posturas e entendimentos? O diálogo se faz essencial para que haja uma postura neutra e de respeito às diferenças. Os conflitos culturais, a violência, a intolerância estará sempre presente de formas diferentes, e caberá ao educador se reinventar a cada dia para tratar esses assuntos sem impor sua própria forma de ver o mundo.Para isso, a formação de professores é de extrema relevância, onde os mesmos aspectos citados acima devem ser trabalhados e incentivados pela equipe Técnico-Pedagógica. Defendendo um currículo que trate de tantos aspectos, conhecemos atualmente três tipos de currículos. São eles: • Currículo formal; • Currículo real; • Currículo oculto. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 27 Veremos na sequência, de forma mais aprofundada, seus conceitos e características. Currículo formal O currículo formal é aquele estabelecido pela escola e está orientado pelas Diretrizes Curriculares Nacional, Estadual e Municipal. Nesse currículo serão estabelecidos os conteúdos e objetivos a serem desenvolvidos pelos professores em sala de aula. Figura 9- Construção do currículo formal no espaço escolar BNCC DIRETRIZES ESTADUAIS E MUNICIPAIS PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO Fonte: Elaborada pela autora (2020). A avaliação escolar reflete exatamente o currículo que foi definido. Currículo real A partir de um Projeto Político Pedagógico, cabe aos professores o desenvolverem em suas salas de aula. Cada professor trará sua forma de ensinar, sua forma de ver o mundo e assim, o currículo formal sofre interferências da dinamicidade cotidiana, da experiência do professor, da reação dos estudantes diante de um determinado conteúdo. Dessa forma, o currículo real é aquele que efetivamente acontece na sala de aula e como o estudante o recebe. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 28 Figura 10 - Currículo real BNCC + DIRETRIZES REGIONAIS + PPP DIDÁTICA PROFESSOR ALUNO SITUAÇÕES DE SALA DE AULA Fonte: Elaborada pela autora (2020). Currículo oculto A aprendizagem não ocorre apenas formalmente. Aprendemos conversando, brincando, trabalhando, participando interações interpessoais, ou mesmo sofrendo algum tipo de prejuízo ou susto. Muitas vezes, dentro de uma sala de aula o professor abre espaço para que as pessoas se expressem e inclusive ele mesmo. Nesses momentos cada um traz um pouco de si e que informalmente é trabalhado. São as culturas, as visões de mundo que se projetam nas falas, nos movimentos e interpretações. Não é à toa que dizem que nossas ações nos contam como somos. O exemplo do professor, do amigo, da família nos ensina cotidianamente. O currículo oculto geralmente é trabalhado de forma não planejada, porém, muitos professores usam desse artifício para reforçar conteúdos e reflexões intencionalmente. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 29 Dessa forma o currículo oculto não está descrito, porém ocorre de forma natural ou intencional em sala de aula. “O currículo está oculto por que ele não é prescrito, não aparece no planejamento, embora se constitua como importante fator de aprendizagem” (LIBÂNIO, 2001, p.99 a 100). Figura 11- Currículo oculto ESCRITO ENSINADO OCULTO Fonte: Elaborada pela autora (2020). Em resumo, estudamos neste capítulo, nas palavras de Libâneo, Oliveira e Toschi (2003, p. 362): O Currículo Formal é instituído pelos sistemas de ensino, onde se estipula os conteúdos e objetivos a serem seguidos nas instituições escolares. O Currículo Real acontece no cotidiano da sala de aula orientado pela rotina da escola e planejamento do professor. O Currículo Oculto não se manifesta claramente, não é prescrito, não aparece no planejamento, embora constitua importante fator de aprendizagem. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 30 As concepções de currículo em políticas públicas (leis, diretrizes e orientações curriculares) INTRODUÇÃO: Nesta etapa de estudos, abordaremos as concepções de currículo em políticas públicas, perpassando pelas leis nacionais, estaduais e municipais que norteiam o trabalho escolar e, sobretudo, o currículo escolar. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96, foi um grande passo para nossas políticas educacional. Ela baliza a forma como o Brasil deve pensar sua pedagogia. Além disso, temos a chegada dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que se identifica através de uma coleção de documentos que compõem a grade curricular de uma instituição educativa, claro sempre moldado no Projeto Político Pedagógico. Esse material foi elaborado para ser um ponto de partida para o trabalho docente, e norteia atividades realizadas em sala de aula. Como esses PCNs foram elaborados por um grupo de estudiosos, sempre vão gerar discordâncias e que dependerão de muito diálogo dentro das escolas. Mas isso não o faz menos importante. Por que necessitamos da influência de Políticas Públicas na escola? Tentaremos explicar os motivos elencando abaixo algumas situações que moldam nosso espaço geográfico e nossa história. Há de se reconhecer que no itinerário de nossas reflexões, cabe- nos considerar que existem uma imensidão de escolas em nosso território brasileiro. Somos 208.494.900 habitantes no Brasil (2018). Segundo divulgação do MEC em 2018, o país conta com 184,1 mil escolas — sendo que a maior parte (112,9 mil, o que equivale a dois terços) é de responsabilidade Municipal. Podemos dividi-las da seguinte forma: Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 31 • Colégios particulares - 21,7%; • Instituições de ensino com Ensino Fundamental - 116 mil escolas; • Instituições de ensino com Ensino Médio - 28,5 mil escolas. Outro aspecto referente a esse assunto diz respeito as diferenças da escola particular e pública. De forma geral, estas primeiras oferecem uma estrutura diferenciadas aos professores e alunos, além de uma diversidade de materiais e recursos, como laboratórios para estudos de diferentes áreas, lousas interativas e material em 3D. Já nas escolas públicas tanto a infraestrutura quanto a disponibilidade de recursos são mais escassas. Encontramos escolas de sapé, barro, lata, tijolos, a céu aberto. Consideremos também que muitos lugares não têm nem saneamento básico, quanto mais acesso à internet. Figura 12 - Diferentes escolas brasileiras Fonte: Freepik A formação dos professores que atendem os diferentes núcleos escolares também difere. Existem regiões que, na falta de alguém graduado, as aulas são atribuídas as pessoas que apenas aceitam o encargo de instruir. Segundo Débora Brito, repórter da agência Brasil, relatando sobre entrevista realizada com o Ministro da Educação, em maio de 2018, quatro em cada 10 professores que estão em sala de aula hoje no nosso país não têm a formação adequada para lecionar. Currículos, Programas e Projetos Pedagógicos 32 Qual estudante (da escola pública ou privada) terá mais possibilidade de aprender e competir no mercado contemporâneo? O que podemos esperar do nosso sistema educacional enquanto preparatório para a formação do cidadão? Dentro dessa realidade ainda as políticas públicas brasileiras sempre foram influenciadas pelas ideias curriculares estrangeiras, e hoje, entendendo as nossas peculiaridades, os principais autores do currículo brasileiro reconhecem as influências e ressaltam a importância de sua adequação a nossa realidade. Por outro lado, sustentam que devemos ser mais críticos em relação a esse discurso e precisamos desenvolver análises mais adequadas ao contexto brasileiro (SANTOS, MOREIRA, 1996). O Banco Mundial, outro influenciador de nossa educação, também oferece subsídios para o desenvolvimento educacional, dando prevalência a lógica financeira sobre a social. Um dos aspectos enfatizados pelo Banco Mundial é o monitoramento dos resultados escolares, pretendendo a melhoria na qualidade do ensino. As “Avaliações Externas”, propostas pelo MEC, vêm atender essa preocupação. Os últimos governos também sofrem influência das ideologias neoliberais e políticas adaptadas à nossa realidade. A globalização instaurada a partir nos anos 90, também afeta a construção curricular. Diante de todos os estudos que realizamos até agora, e somados as diferentes possibilidades
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