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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/329924189 A Importância da Relação Entre Escola e Família no Desenvolvimento Intelectual e Afetivo do Aluno Article · June 2016 CITATIONS 0 READS 390 5 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: PREVALÊNCIA DE SINTOMAS DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO EM CUIDADOR FAMILIAR DE PESSOA EM TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO View project MÚSICA E SAÚDE MENTAL: AVALIAÇÃO DE UMA OFICINA TERAPÊUTICA DE UM CAPS DO INTERIOR DE RONDÔNIA View project Eraldo Carlos Batista Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul 104 PUBLICATIONS 225 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Eraldo Carlos Batista on 26 December 2018. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/329924189_A_Importancia_da_Relacao_Entre_Escola_e_Familia_no_Desenvolvimento_Intelectual_e_Afetivo_do_Aluno?enrichId=rgreq-227ead62df03da7739427b2c264c07e0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyOTkyNDE4OTtBUzo3MDgyMDc1ODQ1MDU4NTdAMTU0NTg2MTI1NDg3MQ%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/329924189_A_Importancia_da_Relacao_Entre_Escola_e_Familia_no_Desenvolvimento_Intelectual_e_Afetivo_do_Aluno?enrichId=rgreq-227ead62df03da7739427b2c264c07e0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyOTkyNDE4OTtBUzo3MDgyMDc1ODQ1MDU4NTdAMTU0NTg2MTI1NDg3MQ%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/PREVALENCIA-DE-SINTOMAS-DE-ANSIEDADE-E-DEPRESSAO-EM-CUIDADOR-FAMILIAR-DE-PESSOA-EM-TRATAMENTO-PSIQUIATRICO?enrichId=rgreq-227ead62df03da7739427b2c264c07e0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyOTkyNDE4OTtBUzo3MDgyMDc1ODQ1MDU4NTdAMTU0NTg2MTI1NDg3MQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/MUSICA-E-SAUDE-MENTAL-AVALIACAO-DE-UMA-OFICINA-TERAPEUTICA-DE-UM-CAPS-DO-INTERIOR-DE-RONDONIA?enrichId=rgreq-227ead62df03da7739427b2c264c07e0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyOTkyNDE4OTtBUzo3MDgyMDc1ODQ1MDU4NTdAMTU0NTg2MTI1NDg3MQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-227ead62df03da7739427b2c264c07e0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyOTkyNDE4OTtBUzo3MDgyMDc1ODQ1MDU4NTdAMTU0NTg2MTI1NDg3MQ%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Eraldo-Batista?enrichId=rgreq-227ead62df03da7739427b2c264c07e0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyOTkyNDE4OTtBUzo3MDgyMDc1ODQ1MDU4NTdAMTU0NTg2MTI1NDg3MQ%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Eraldo-Batista?enrichId=rgreq-227ead62df03da7739427b2c264c07e0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyOTkyNDE4OTtBUzo3MDgyMDc1ODQ1MDU4NTdAMTU0NTg2MTI1NDg3MQ%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Pontificia-Universidade-Catolica-do-Rio-Grande-do-Sul?enrichId=rgreq-227ead62df03da7739427b2c264c07e0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyOTkyNDE4OTtBUzo3MDgyMDc1ODQ1MDU4NTdAMTU0NTg2MTI1NDg3MQ%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Eraldo-Batista?enrichId=rgreq-227ead62df03da7739427b2c264c07e0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyOTkyNDE4OTtBUzo3MDgyMDc1ODQ1MDU4NTdAMTU0NTg2MTI1NDg3MQ%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Eraldo-Batista?enrichId=rgreq-227ead62df03da7739427b2c264c07e0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyOTkyNDE4OTtBUzo3MDgyMDc1ODQ1MDU4NTdAMTU0NTg2MTI1NDg3MQ%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf 20 Relação Família/Escola _________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 4, n. 1, jan./jun., p. 20-29, 2016. ISSN: 2358-0909 A Importância da Relação Entre Escola e Família no Desenvolvimento Intelectual e Afetivo do Aluno Daniela Aparecida Bernardino Lopes1 Jeieli Lindiene da Silva Oliveira1 Fabiola Santana2 Kelvis Pereira de São Paulo 3 Eraldo Carlos Batista 4 RESUMO: O presente estudo tem como objetivo discutir a temática em questão visando analisar qual é a importância da relação familiar no desenvolvimento intelectual e afetivo da criança no ambiente escolar de como se dá a interação entre família e a escola? Para alcançar tal objetivo, o estudo utilizou-se como instrumento metodológico um levantamento bibliográfico, além deste foram utilizadas fontes documentais de base legal, como: Constituição Federal, Lei de diretrizes e base da Educação Nacional e outros. A partir do estudo teórico, emergiram três pontos de discussão: A influência familiar e escolar no desenvolvimento intelectual e afetivo da criança; O papel da família e da escola nos documentos legais de fomento à educação da criança, e, por fim, Reflexões sobre a relação escola e família. Tais resultados mostraram que, a família e escola são entidades distintas, entretanto é fundamental que estas se dialoguem para promover o ensino/aprendizagem do aluno. PALAVRAS-CHAVE: Escola. Família. Desenvolvimento Intelectual Afetivo. The Relationship Between the Importance of School and Family in Intellectual Development and Affective Student ABSTRACT: This study aims to discuss the issue in question in order to analyze what is the importance of family relationships in the intellectual and emotional development of children in the school environment how is the interaction between family and school? To achieve this goal, the study was used as a methodological tool a literature beyond this were used documentary sources of legal basis, such as the Constitution, Law and guidelines based on the National Education and others. From the theoretical study revealed three points of discussion: The family and school influence on the intellectual and emotional development of the child; The role of family and school in the legal documents of fostering the child's education, and finally, reflections on the relationship school and family. These results showed that that family and school are separate entities, however it is essential that these are to hold discussions to promote the teaching / learning of the student. KEYWORDS: School. Family. Intellectual Development Affective. 1Acadêmicas do curso de Pedagogia do VII período da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) – Campus de Rolim de Moura, e-mail: danibernardino28@gmail.com 2 Acadêmica do curso de História do III período da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) – Campus de Rolim de Moura, e-mail: santana.fa0@gmail.com 3 Acadêmico do curso de História do V período da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) – Campus de Rolim de Moura, e-mail: kelvis_pereira2013@hotmail.com 4 Professor colaborador da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) – Campus de Rolim de Moura, e-mail: eraldo.cb@hotmail.com mailto:danibernardino28@gmail.com mailto:santana.fa0@gmail.com mailto:kelvis_pereira2013@hotmail.com mailto:eraldo.cb@hotmail.com 21 Relação Família/Escola _________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 4, n. 1, jan./jun., p. 20-29, 2016. ISSN: 2358-0909 INTRODUÇÃO O tema proposto para esse trabalho enfoca a relação escola e família, tendo como foco principal a importância dessa relação no desenvolvimento intelectual da criança no ambiente escolar. Ao longo dos anos, o sistema educacional brasileiro e a instituição família vêm passando por constantes adaptações. A educação voltada para receber as crianças, propõem as mudanças necessárias para atender esse propósito. Desde que as mulheres passaram a ter de trabalhar fora para contribuir com o orçamento doméstico, a instituição escolar,principalmente, a Educação Infantil, tornou-se um apoio importante para os pais deixarem a criança durante o dia, ou parte dele. É nesse contexto histórico que esse artigo se justifica na tentativa de compreender, a partir de dados teóricos, como se dá a interação entre a escola e família? Quais os desafios que permeiam essa interação? Qual a importância da relação família no desenvolvimento intelectual da criança no ambiente escolar? Para alcançar tal objetivo, o estudo utilizou-se como base de fundamentação os autores, como: Fernandes, Piaget, Vygotsky, Tiba, entre outros. Além desses autores foram utilizadas fontes documentais de base legal, como: Constituição Federal Nacional, Lei de diretrizes e Base da Educação Nacional e outros. A pesquisa teve como instrumento metodológico um levantamento bibliográfico, com o objetivo de analisar qual é a importância da relação família/escola no desenvolvimento intelectual e afetivo da criança no ambiente escolar. 1 A INFLUÊNCIA FAMILIAR E ESCOLAR NO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL E AFETIVO DA CRIANÇA A família é a primeira instituição em que a criança encontra um espaço natural para o seu desenvolvimento. Cabe salientar que as instituições de um modo geral acompanham o desenvolvimento social, com a família não tem sido diferente, tem se modificado a cada período histórico, tanto em sua estrutura, função, modo de conceber a aprendizagem, valores e costumes. A concepção de família tem se modificado ao longo do tempo, cada período histórico influenciou e continua influenciando nesta primeira instituição. Nesse sentido, não podemos se ater somente a um modelo familiar, é necessário compreende-la como uma instituição com 22 Relação Família/Escola _________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 4, n. 1, jan./jun., p. 20-29, 2016. ISSN: 2358-0909 várias estruturas e papeis diferentes, ou seja, há famílias com laços de sangue e formada por laços afetivos. As famílias de modo geral, passam por momentos característicos e próprios do seu ciclo vital, sendo assim, [...] Todas vivem crises e dificuldades, associadas à educação e ao crescimento dos filhos, as mudanças que se produzem no caráter do casal, ao que tem como protagonista algum dos progenitores – ou ambos – e o seu mundo fora da família (trabalho, relação, etc), a acontecimentos tais como, por exemplos, separações, divórcios, etc (SALVADOR et al., 1999, p. 158). Pode-se considerar que essas mudanças citadas acima são introduzidas à estrutura e às relações da família que englobam tensões e resistências provocando o desequilíbrio familiar. Essas mudanças são importantes para a formação de novas reestruturações, adaptando-se as novas situações familiares. Como todos os sistemas, as famílias são organizadas por meio afetivos e emocionais, com funções e objetivos que almejam ser alçados, deste modo, “a família tem as funções psicossociais de proteger os seus membros e favorecer a sua adaptação à cultura à qual pertencem” (SALVADOR et al, 1999, p. 158). Documentos de aparato legal também aborda a função da família e dentre esses se encontra na Constituição Federal de 1988, que descreve em seu Art. 227 o dever da família em oferecer o cuidado, a proteção, a educação, e, dentre outros, o direito à vida. É importante destacar que o dever da família é definido dentro da lei nacional, deste modo, cabe a ela cumprir com suas funções, dentre essas o dever de pais/responsáveis em matricular seus filhos menores na instituição escolar. A relação entre a instituição familiar e a instituição escolar acontece dentro da perspectiva em atender a tal função. O papel da instituição escolar e da instituição familiar se torna imprescindíveis para o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo do aluno. O papel de cada instituição supracitada é diferente, porém se complementam. Sendo assim: As práticas educativas divergem quanto ao grau de controle que os pais exercem sobre o comportamento dos filhos. Essa dimensão é crucial ao desenvolvimento da pessoa, desde que, mediante a orientação e controle os outros exercem, aprendem a controlar e a regular a nossa conduta de maneira autônoma (SALVADOR, 1999, p. 165). Com essa conduta a família estabelece um elo entre a escola, possibilitando que as práticas pedagógicas tenham a dinâmica de explicar conteúdos, tomar decisões, compartilhar problemas, conflitos, dúvidas, ansiedades, expectativas e satisfações, levando em conta o respeito e a autonomia. Esse comportamento é possível mediante a comunicação estabelecida 23 Relação Família/Escola _________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 4, n. 1, jan./jun., p. 20-29, 2016. ISSN: 2358-0909 na instituição escolar, esta tem a função de promover o crescimento humano, auxiliando o aluno a ser protagonista de sua própria história, envolvendo a família no processo de ensino e aprendizagem. De acordo com Piaget (1984) e Vygotsky (1998) a aprendizagem é resultado da interação entre os indivíduos, considerando-se a maturação biológica, a bagagem cultural. Portanto, existem diferenças familiares que precisam ser levadas em consideração quando se trata de aprendizagem escolar, pois, esta é um processo pessoal, individual que depende de múltiplos fatores, dentre esses: a) Práticas educativas em que se exerce um notável controle sobre a conduta dos filhos, em que há uma forte exigência de maturidade, em um ambiente pouco comunicativo e em que o afeto é pouco manifestado. Essas práticas refletem o estilo dos pais denominados autoritários, que tendem a fomentar nos filhos uma baixa autoestima e uma dependência excessiva, acompanhada de sentimentos de tristeza e infelicidade; b) Prática educativas em que se exerce pouco controle e há escassa exigência de maturidade, acompanhadas de um ambiente comunicativo e com elevadas manifestações de afeto. Essas práticas refletem o estilo dos pais denominados permissivos, e seus filhos costumam a ter baixa autoestima e pouco controle sobre si próprio, além de uma certa imaturidade; c) Práticas educativas em que um elevado grau de controle e de exigências maturidade combina-se com um ambiente bastante comunicativo e afetuoso. Essas práticas refletem o estilo dos pais denominados democratas. Considera-se que favorecem a autoestima dos filhos e que contribuem ao alcance da autorregularão responsável (SALVADOR, 1999, p. 166). As classificações anteriores tendem a segregar e estereotipar realidades diversas, é importante conhecer a família e compreender as dimensões presentes na realidade e quebrar estereótipos. Nesse sentido, o afeto e a comunicação ajudam a compreender melhor as condições que contribuem para o desenvolvimento do ensino e aprendizagem do aluno. Vygotsky aborda em seus estudos a preocupação em entender os fatores sociais e culturais que influenciam o desenvolvimento intelectual, dentre os termos e conceitos destaca a mediação conduzida por um adulto no processo de aquisição da aprendizagem. A mediação é tratada por Vygotsky por Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), ou seja, a criança precisa ser mediada por um adulto para desenvolver a sua autonomia, e, se aproximar, pouco a pouco, da fase chamada de Nível de Desenvolvimento Real (NDR) (FONSECA, 1995). Sendo assim, o ambiente familiar e escolar tornam-se fortes influenciadores no desenvolvimento intelectual que necessita da mediação do adulto, seja no ambiente familiar ou escolar. 24 Relação Família/Escola ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 4, n. 1, jan./jun., p. 20-29, 2016. ISSN: 2358-0909 2 O PAPEL DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NOS DOCUMENTOS LEGAIS DE FORMENTO À EDUCAÇÃO DA CRIANÇA Cada uma das instituições, familiar e escolar, possui papeis importantes e que precisam ser compreendidas pelos seus sujeitos. Sabemos que nos dias atuais os papeis desenvolvidos por cada instituição tem sido trocados. Portanto é necessário fazer menções o que incube a cada uma dessas instituições. A Constituição Federal (1988) aponta o papel que a família deve desempenhar na criação e educação de seus membros, Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. [...] Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. [...] Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade (BRASIL, 2015). A Constituição elenca também o dever do Estado perante o processo educativo. Juntamente com a família, o Estado desempenha o papel de estabelecer condutas e valores culturais, o que influencia no convívio social dos sujeitos. Por outro lado, o acompanhamento da vida escolar do aluno pela família, torna-se fator preponderante para o seu sucesso acadêmico (BATISTA; MANTOVANI; NASCIMENTO, 2015). Para dar mais sustentação às incumbências da instituição familiar o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA reafirma tais compromissos: Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho [...] Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais. [...] Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. [...] Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar (BRASIL, 2002). A escola tem, assim como a família, uma parcela muito significativa no desenvolvimento do indivíduo, é nela que a criança vai adquirir saberes sistematicamente organizado em diferentes áreas. A instituição escolar que conhecemos hoje, dentro de um estado 25 Relação Família/Escola _________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 4, n. 1, jan./jun., p. 20-29, 2016. ISSN: 2358-0909 democrático, tem por incumbência atender a todos, sem discriminação de classe ou cor é assegurada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996). 3 REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ESCOLA E FAMÍLIA Para dar início as discussões, são necessárias compreender um importante marco histórico. Dentre esses, podemos citar inserção da mulher no mercado de trabalho, este marco influenciou na criação de novas instituições escolares, o que acarretou em um distanciamento familiar, isto é, a figura materna ficou mais longe de seu filho devido a ter que cumprir as exigências da nova conquista, atender ao mercado de trabalho. Desta forma, a família deixou de ser a única instituição de proteção à criança, a escola passou a atender o papel de educar e proteger a criança de acordo com suas necessidades. Sendo assim, a incumbência dada ao professor no ambiente escolar se amplia e se apresentada de forma cada vez mais desafiadora. O que se percebe é que, [...] no momento atual o professor não pode afirmar que a sua tarefa se reduz apenas ao domínio cognitivo. Para além de saber a matéria que leciona, pede-se ao professor que seja facilitador da aprendizagem, pedagogo eficaz, organizador do trabalho em grupo, e que, para além do ensino, cuide do equilíbrio psicológico e afetivo dos alunos, da integração social e da educação sexual etc.: a tudo isso pode somar-se a atenção aos alunos especiais integrados na turma (ESTEVE, 1995, P.100). No contexto atual, o professor precisa estar bem preparado, porém demanda muito mais que só a sua vontade de atuar, demanda políticas públicas para que os sujeitos de cada instituição percebam suas atribuições quanto o papel de educar. Por despejar tantas atribuições ao professor, os pais acabam despercebidos quanto as suas funções. A educação de modo geral, fica a carga mais da instituição escola, o que não poderia ocorrer, já que a instituição familiar é o alicerce de valores e cultural do indivíduo. Içami Tiba aponta que: A escola precisa alertar os pais sobre a importância de sua participação: o interesse em acompanhar os estudos dos filhos é um dos principais estímulos para que eles – alunos – estudem. É importante a participação dos pais nas reuniões escolares que todos os meios para convocá-los são válidos: recados na agenda, correspondência, telefonemas, e-mails ou mesmo o sistema “boca a boca”. Cada escola pode utilizar o meio que julgar mais suficiente (TIBA, 2006 p.152). É um direito da família, participar das propostas pedagógicas, como tal direito é um dever das escolas promover meios para que isso aconteça. Na relação família e escola podem ser destacados, segundo Oliveira (2002), dois aspectos principais: 1) a incapacidade da família para a tarefa de educar os filhos e 2) a entrada 26 Relação Família/Escola _________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 4, n. 1, jan./jun., p. 20-29, 2016. ISSN: 2358-0909 da escola para subsidiar essa tarefa, principalmente quando se trata do campo moral. Logo, pode-se perceber que: A partir destas colocações, vê-se que a relação família-escola está permeada por um movimento de culpabilização e não de responsabilização compartilhada, além de estar marcada pela existência de uma forte atenção da escola dirigida à instrumentalização dos pais para a ação educacional, por se acreditar que a participação da família é condição necessária para o sucesso escolar (OLIVEIRA, 2002, p.107). É importante ressaltar que na história da relação das duas instituições, escola e família, os papéis eram bem definidos. A escola era inteiramente responsável pela transmissão dos conhecimentos acumulados pela sociedade, enquanto a família cabia ensinar valores e padrões de comportamento. Esses papéis tem se confundido ao longo do tempo. Nesse contexto, é preciso que a escola esteja em perfeita sintonia com a família, pois a escola é uma instituição que deve complementar a formação educacional da criança. Essas duas instituições devem caminhar juntas na tentativa de alcançar o objetivo maior que é a formação integral da criança. Mas, incialmente a quem caberia a responsabilidade de construir tal relação? Na teoria há vários teóricos que possuem discussões controversas. Dentre esses, destaca-se Marques (1999), o qual aborda que muitos professores alegam que as escolas abrem as portas para a participação da família, porém, esses se apresentam desinteressados em relaçãoà educação dos filhos, e acaba atribuindo a escola toda a responsabilidade pela educação. Essa argumentação é pessimista, de acordo com o autor, e visa culpar a família. Nesse sentido, a escola não consegue dar passos positivos para ultrapassar os obstáculos entre escola e a família. Ao contrário de Marques (1999), Caetano (2004) acredita que a construção da relação entre escola e família é uma das atribuições dos professores, na justificativa que eles são elementos importantes no processo de aprendizagem. É preciso que cada um dos sujeitos envolvido em cada uma das instituições reconheça suas atribuições frente ao sujeito que da educação necessita, ou seja, o aluno. A construção da relação entre escola e família, enquanto cooperação, precisa se fortalecer em uma relação, primeiramente, de confiança, implica se colocar no lugar do outro, e não apenas de troca de ideias e discussões. Caetano (2004) elenca que a relação entre escola e família precisa ser de parceria, cada papel precisa ser percebido por ambas as instituições. Caetano (2004) tece um dos motivos que tem prejudicado o relacionamento entre as duas instituições, sendo este o de atribuir o fracasso escolar do aluno ao contexto familiar, como se as dificuldades que o aluno enfrenta no ambiente escolar fosse exclusivamente relacionada 27 Relação Família/Escola _________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 4, n. 1, jan./jun., p. 20-29, 2016. ISSN: 2358-0909 ao que ele enfrenta no ambiente familiar. É necessário estabelecer entre ambas as funções, e, colocar sempre, em primeiro lugar o sujeito que é o fator principal da educação, o aluno, estabelecendo diálogos que contribuam para a efetivação de responsabilidades exercidas pelas duas instituições. A relação escola e família têm despertado interesses de pesquisadores, entre esses destacaremos o estudo de Polinia e Dessen (2005). Para as pesquisadoras a instituição escola deve reconhecer a importância da família no ambiente escolar, estabelecendo uma interação, auxiliando a instituição família a exercerem o seu papel na educação e na busca de orientações no sucesso profissional dos filhos. A interação entre as duas instituições trazem benefícios que contribuem para “possíveis transformações evolutivas nos níveis cognitivos, afetivos, sociais e de personalidade dos alunos” (POLINIA; DESSESN, 2005, p. 305). Ribeiro e Andrade (2006) abordam a intervenção das políticas públicas na relação escola e família. Trazendo discussões sobre a preocupação das políticas públicas em apontar fundamentos na relação entre essas instituições para uma escolarização bem sucedida. A escola precisa criar interações entre as partes família/escola, não como uma forma de troca de favores, mas como um complemente do que se estabelece no ambiente familiar. As proximidades entre ambas as partes não é uma tarefa fácil, exige confiança e criar estratégias para atrair a família. Embora, seja uma obrigação matricular seu filho na instituição escolar, a família precisa compreender que essa obrigação não a faz outra instituição, a não ser a família, aquela que cuida, que ensina valores, amor, carinho, atenção. (BRASIL, 2002) Cabem as duas instituições aprimorar o processo democrático que acontece dentro da instituição escola, e, sem dúvidas, se educarem nessa relação de trocas, cada uma contribuindo na execução de suas atribuições. CONSIDERAÇÕES FINAIS Levando-se em consideração esses aspectos entendemos que, a família e escola são instituições distintas, entretanto é fundamental que estas se dialoguem para promover o ensino/aprendizagem do aluno. Como elencado, para que o aluno tenha um bom desenvolvimento depende principalmente da interação das duas instituições, ou seja, escola e família. Desta forma possibilitará a percepção da escola em averiguar a mudança do aluno no sentido comportamental e na aprendizagem, se estiver passando em seu lar por um momento de 28 Relação Família/Escola _________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 4, n. 1, jan./jun., p. 20-29, 2016. ISSN: 2358-0909 desiquilibro, com certeza refletirá dentro da escola, e é neste momento que a escola deverá agir para promover de certa forma um ambiente que favoreça seu desenvolvimento, mas para isto acontecer faz-se necessário a interação da família e escola, e esta ação terá êxito se a escola conhecer a criança que ela tem em suas repartições. Compreendendo esta nova transição social que perpassa-nos, a escola conseguirá contornar este momento em que vivemos em nossa sociedade, e alcançará os avanços que buscamos atingir, na educação brasileira. Portanto cabe a responsabilidade em promover esta relação entre escola e família à instituição escolar, a qual deverá organizar situações que conquiste aos responsáveis pela criança, através de eventos festivos e descontraídos, onde exigem a presença dos responsáveis para prestigiar seus filhos. Assim certamente aos poucos a escola alcançará este grande desafio que vivemos em nossa sociedade. REFERÊNCIAS BATISTA, E. C.; MANTOVANI, L. K. 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