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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – PÓLO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Atividade Avaliativa I - Seminário Temático III Coordenador: Prof. Ricardo Sparapan Pena Disciplina: Seminário Temático III Nome da Atividade: Atividade Avaliativa I Atividade Avaliativa I – 2022-2 1. Dentro de um contexto histórico e conturbado, surge na década de 1970 o movimento da Reforma Sanitária Brasileira, tal movimento político com capacidade de produzir mudanças em meio a sociedade capitalista, relatando um conjunto de ideias que se tinha em relação a área da saúde, com o intuito de introduzir mudanças e transformações nas bases de organização do sistema de saúde do país. Um marco importante dentro da Reforma foi a VIII Conferência Nacional de Saúde (1986), trazendo contribuições importantes para o debate acerca do setor de saúde, trazendo definições a respeito do Sistema Único de Saúde (SUS). Sua proposta era o modelo único de saúde pública, distante de víeis capitalistas, com o princípio de que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado, a ser implementado com a unificação, a democratização e a descentralização do sistema de saúde. Suas principais vertentes eram: A saúde como dever do Estado e direito do cidadão; A reformulação do Sistema Nacional de Saúde e O financiamento setorial. A Conferencia contou com a participação não só de autoridades civis e políticas como da população. O resultado desta Conferência Nacional foi um relatório final que propunha alguns princípios como: Revisão da legislação; Formação de um sistema único de saúde, separado da previdência, e coordenado, em nível federal, por um único ministério; Atribuir ao Estado o dever de garantir condições dignas de vida e de acesso universal à saúde; Integrar a política de saúde às demais políticas econômicas e sociais, assim como as condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra, e acesso aos serviços de saúde; Um sistema exclusivamente público, com o setor privado subordinado às normas do SUS; Aprovaram propostas relativas às bases financeiras do sistema. Após o movimento sanitário ter êxito em diversas lutas passando a pressionar grupos políticos, as propostas da Reforma Sanitária resultaram na universalidade do direito à saúde, tendo então a promulgação da Constituição de 1988, oficializando a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). 2. Princípio do SUS (a base do sistema de saúde brasileiro, que representam os valores, os preceitos e as bandeiras de luta que sustenta todo o sistema). São eles: Universalidade, “a saúde é direito de todos e dever do Estado” que significa dar acesso universal e igualitário a todos os cidadãos brasileiros. Esse princípio significa simplesmente que o SUS deve ser gratuito e acessível sem discriminação. Independentemente da sua contribuição na previdência; Integralidade, significa prover ações que atendam todas as demandas. Pessoas saudáveis devem receber ações e orientações preventivas, enquanto pessoas doentes devem ser tratadas de acordo com a gravidade e as necessidades geradas por seu problema de saúde específico. Esse princípio visa a coletividade e assistência integral à sociedade; Equidade, significa oferecer igualdade de condições ao cidadão, isto é, o reconhecimento de que as condições econômicas, sociais e de saúde das pessoas podem ser muito desiguais, sendo necessário investir mais em indivíduos e comunidades que estejam em condições mais precárias. Diretrizes (os meios e normas para atingir o objetivo, obedecendo os princípios do SUS). São eles: Descentralização, determina que o SUS deve ser descentralizado, porém, prevê a divisão de responsabilidades, poder e recursos entre as três esferas do governo federal, estadual e municipal. Portanto, cabe geralmente ao município a administração direta dos serviços de saúde, enquanto os outros níveis (estadual e municipal) ficam responsáveis por outras funções, como formular e executar políticas e definir normas; Regionalização e Hierarquização, onde os serviços de saúde devem estar organizados em níveis crescentes de complexidade, determinados a uma área geográfica específica e planejados com base nas necessidades dos diversos usuários; Participação da Comunidade: a participação da comunidade está garantida nas questões do SUS por meio dos Conselhos e d as Conferências de Saúde, divididos em segmentos de acordo com a natureza de sua inserção no sistema de saúde (usuários, gestores e trabalhadores). A participação da comunidade é uma diretriz do SUS assegurada pelo artigo 198 da CF/88 e regulamentada pela Lei n. 8.142/90. É evidente que todos esses princípios e diretrizes possuem uma enorme influência sobre a gestão política da saúde brasileira, no modo como os sistemas municipais de saúde não somente são organizados como também são planejados e executados, garantindo um acesso universal de seus cidadãos aos cuidados em saúde que necessitam de qualidade de vida. Para garantir essa qualidade universal, dependemos de um conjunto de políticas econômicas e sociais mais amplas (emprego, moradia, saneamento, boa alimentação, educação, segurança etc.). Contudo o SUS tem sofrido instabilidades e fraudes durante todo o tempo, refletindo diretamente na execução prática dos princípios. Apesar de tais desafios e problemas, os profissionais e gestores de saúde devem conhecer esses princípios para incentivar as mudanças necessárias para a real efetivação das políticas de saúde e oferecer um atendimento melhor a comunidade, com mais qualidade e agilidade. 3. Atenção Primária à Saúde (Atenção Básica à Saúde) - A atenção básica à saúde envolve um conjunto de práticas em saúde, coletivas e individuais. Definida como atenção ambulatorial de primeiro contato, que é direcionada a cobrir qualquer alteração patológica do corpo e a resolver a maioria dos problemas de saúde de uma população. Média Complexidade - No âmbito do SUS, é definida pelas ações que transcendem aquelas da atenção básica e as que ainda não se configuram como alta complexidade. Vem sendo compreendida como serviços de apoio diagnóstico e terapêutico de atenção especializada de menor complexidade tecnológica. Os procedimentos da média complexidade encontram-se relacionados n a tabela do SUS, em sua maioria no SIA (Sistema de Informações Ambulatoriais), como: cirurgias ambulatoriais especializadas; procedimentos traumato-ortopédicos; ações especializadas em odontologia; entre outros. Alta Complexidade - O nível de atenção de alta complexidade é representado pelos procedimentos que abrangem alta tecnologia e alto custo. Os procedimentos de alta complexidade são, em sua maioria, relacionados na tabela do SUS como procedimentos hospitalares. Porém, alguns procedimentos ambulatoriais, também definidos como de alta complexidade, são responsáveis por grande consumo de recursos financeiros, apesar do menor número de incidências, como é o c aso de procedimentos de diálise, quimioterapia, radioterapia e hemoterapia. Em meio as mudanças nos sistemas de saúde, os hospitais seguem ocupando papel-chave na prestação de serviços em saúde, sendo o centro do setor saúde onde hospitais públicos e privados, prestam serviços à população. 4. Planejamento: A etapa de planejamento envolve a decisão sobre os objetivos, a definição de planos para alcançá-los e a programação de atividades. Execução: Etapa onde são organizados recursos e atividades para atingir os objetivos, órgãos e cargos. Também são definidas as atribuições de autoridade e responsabilidade. Direção: Etapa apontada como “liderar”, “influenciar” e “motivar” os colaboradores a realizaras tarefas essenciais, direcionando para os objetivos. Nessa etapa é necessário que o gestor saiba distribuir tarefas, cobrar funcionários e resultados, além de inspirá-los com segurança e determinação. Controle: A etapa de controle esta associada diretamente ao monitoramento dos resultados das etapas administrativas anteriores. Mesmo que o planejamento seja excelente, a empresa esteja organizada e as funções direcionadas, o controle de todas as funções é necessário, para garantir que o trabalho está sendo executado corretamente. 5. Esfera federal: Garantia de recursos estáveis e suficientes para o setor saúde; responsável por promover e desenvolver sistemas para a gestão estadual e municipal com o objetivo de compor o SUS nacional por meio da sua harmonização e modernização; função de normalização e coordenação no que se refere a gestão nacional do SUS; controla e fiscaliza as ações estratégicas de saúde; Manutenção da universalidade, respeitando a diversidade e busca da equidade. Esfera Estadual: Identifica os problemas e define as prioridades no âmbito estadual exercendo a gestão do SUS; promove a regionalização e incentiva os municípios a terem uma atenção integral promovendo condições, caso não cumpridas pelo município, a esfera estatual se torna provisoriamente responsável pela gestão da saúde; define os critérios claros para redistribuir os recursos federais e estaduais entre áreas da política e entre municípios, realizando investimentos para redução de desigualdades; avalia, controla e acompanha os resultados das políticas estaduais. Esfera Municipal: Identifica e soluciona os problemas, definindo as prioridades no âmbito municipal; planeja e executa as ações necessárias nos diversos campos básicos da saúde; garante a aplicação dos recursos financeiros; gerência as unidades de saúde, contratando, administrando e capacitando os profissionais de saúde; prestação direta de serviços assistenciais, de vigilância epidemiológica e sanitária. 6. A área de saúde busca diariamente um aprimoramento constante de técnicas profissionais e serviços oferecidos diretamente aos pacientes, visando manter a organização e suprir todas as necessidades, logo, os recursos humanos envolve tudo que se refere aos colaboradores da saúde, seja administrativo ou assistencial. O papel do RH é administrar todas as etapas (recrutamento, retenção, remuneração, educação, qualificação profissional e avaliação de desempenho). 7. A Constituição (BRASIL, 1988) nos artigos 196 a 200, garante que “a saúde é direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. O gestor municipal tem como dever assegurar o direito à saúde de seus munícipes, deve assumir total responsabilidade pelos resultados, garantindo que toda a população, sem exceção, tenha direito ao atendimento no sistema de saúde público, buscando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, como por exemplo da mortalidade materna e infantil e da tuberculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações e serviços que promovam e protejam a saúde de TODOS, prevenindo as doenças e garantindo que recuperem os doentes. Além de garantir a gratuidade dos serviços nos atendimentos públicos e acessibilidade sem nenhuma discriminação. Referencias: GONÇALVES, Márcio Augusto. Organização e funcionamento do SUS / Márcio Augusto Gonçalves – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2014. 33-104p. PONTE, Carlos Fidélis, org. Na corda bamba de sombrinha: a saúde no fio da história/ Carlos Fidélis e Ialê Falleiros organizadores. – Rio de Janeiro: Fiocruz/COC; Fiocruz/EPSJV, 2010. p. 179-276. MATTA, Gustavo Corrêa. Princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. Políticas de saúde: organização e operacionalização do Sistema Único de Saúde. Rio de Janeiro: EPSJV/FIOCRUZ, 2007. p. 61-80. (Coleção Educação Profissional e Docência em Saúde: a formação e o trabalho do agente comunitário de saúde, 3). MACHADO, Cristiani Vieira; DE LIMA, Luciana Dias; BATISTA, Tatiana Wargas de Faria. Princípios organizativos e instâncias de gestão do SUS. Rio de Janeiro: EAD/ENSP/Fiocruz/MS, 2011. p. 47-72.
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