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1 Prof. Jefferson Zeferino Religiosidades na América Latina Aula 1 Conversa Inicial Sagrado e profano Espaço sagrado Organizações religiosas Linguagem religiosa Símbolos Mitos Identidade e diversidade cultural, étnica e religiosa na América Latina Textos sagrados Texto oral e escrito Ritos, festas, vida e morte Formação religiosa da AL Pluralismo e diversidade na AL Matrizes religiosas Sagrado e profano O ser humano é um ser religioso A partir de uma experiência primordial produz religião O sagrado é sua expressão simbólica Dá sentido ao mundo Estabelece doutrinas, códigos, normas, preceitos e ritos e mantém relacionamentos com aquilo que é considerado divino Espaço sagrado 1 2 3 4 5 6 2 A oposição entre sagrado e profano denota a diferença de significado de um objeto, pessoa, lugar, a depender de seu contexto e função “Todo espaço sagrado implica uma hierofania, uma irrupção do sagrado que tem como resultado destacar um território do meio cósmico que o envolve e o torna qualitativamente diferente” (Eliade, 1992, p. 20) “O sagrado e o profano constituem duas modalidades de ser no Mundo, duas situações existenciais assumidas pelo [ser humano] ao longo da sua história” (idem, p. 14), que separa e divide aquilo que está consagrado ao culto daquilo que está fora Cada tempo histórico e lugar geográfico em que uma comunidade humana se organizou produziu uma organização religiosa Estrutura institucional que se organiza a partir daquela experiência primordial e fundante como manifestação do sagrado Organizações religiosas Possuem lideranças espirituais agentes mediadores da ação ritual, que podem também exercer funções políticas e administrativas na comunidade local ou mesmo em contexto global e formam um grupo à parte (clero) Podem possuir um corpo doutrinal Essas prescrições eventualmente são tomadas de modo literal ou segundo a interpretação de seus mitos fundadores Linguagem religiosa Polissemia: a função simbólica das coisas é plural Relacional: pelo símbolo o ser humano se relaciona com o cosmo, outros indivíduos e o sagrado Permanente: o valor simbólico das coisas permanece o mesmo ao longo dos séculos Características dos símbolos 7 8 9 10 11 12 3 Universal: o mesmo símbolo com o mesmo valor pode surgir em diversas culturas Pré-hermenêutico: a significação do símbolo é inserida pelo produtor e posteriormente é captada pela interpretação Os mitos narram acontecimentos originários, geralmente protagonizados pelos deuses, explicando o sentido das coisas e instaurando como elas são, tocando o profundo da existência humana, a partir da vida concreta, e expressam uma verdade existencial Deve-se evitar: negar a realidade que o mito expressa fixar-se na literalidade da narrativa Mitos “Os mitos são histórias sagradas. Seu texto é construído para tornar dizível o indizível; portanto, utiliza-se de metáforas e dos símbolos, a fim de exprimir suas ideias que, mais do que simples palavras, são compostos que mobilizam uma ampla gama de energias emocionais direcionada aos indivíduos para os quais o mito se apresenta” (Schlögl citado por Rossi; Perondi, 2020, p. 78) Textos sagrados Os textos sagrados, narrativa oral, escrita ou pictórica, relatam uma experiência religiosa Ao contrário de uma missa católica que tem um lugar, tanto no templo como no rito, dedicado para a leitura de um livro sagrado, entre religiões orais, a transmissão de sua tradição acontece por meio da palavra dita Oralidade Mbyá-Guarani (território paraguaio): seu principal dispositivo de resistência é a palavra Não é a palavra escrita, mas é a densidade da palavra em toda sua riqueza poético-religiosa que conserva a identidade tribal, nomeia as coisas segundo seu ser divino e se expressa (esperança da Terra sem Males) 13 14 15 16 17 18 4 Cada texto sagrado possui uma história de formação: período amplo desde a manifestação religiosa, inspiração sagrada, mediação, transmissão oral, produção escrita até sua sistematização canônica Texto escrito As histórias sagradas, contadas e recontadas, lidas e relidas nos espaços sagrados em diversos tempos e contextos, sofrem influências das culturas em que circulam, até chegarem à sua versão final e serem aceitas pelas comunidades que participam da organização religiosa O texto escrito é comum em tradições religiosas que se expandiram no espaço e no tempo É meio de comunicação e transmissão de crenças apresentadas de forma fixa que devem ser preservadas, com valor em si mesmas e referências de autoridade, bem como preservam a oralidade, porém podem sofrer censuras ou acréscimos no processo de sistematização Ritos, festas, vida e morte Ritos são um conjunto de ações – gestos e palavras – normatizadas com um determinado fim Celebrações, cerimônias, cultos, orações, gestos, devocionais O rito faz o que os mitos narram Por meio da repetição de gestos, palavras, músicas, a comunidade abole o tempo cronológico Ritos e festas O rito é uma ação simbólica que imita a ação cosmogônica dos deuses, fazendo da comunidade o centro do universo, que reorganiza o caos, articula e dá identidade ao grupo, e estabelece uma relação com a transcendência 19 20 21 22 23 24 5 Festas são expressões da cultura humana Suas origens costumam ser sagradas, estando relacionadas aos ciclos temporais, ao culto a uma divindade ou a um espaço sagrado Rompem com a rotina e reorganizam o corpo social Movimentos históricos influenciam essas expressões, transformando e renovando a memória das tradições Nascimento e falecimento são comuns a todos os seres vivos O ser humano como produtor de símbolos busca dar sentido a essas experiências O nascer e o morrer são um dilema da existência Vive-se esse ciclo religiosamente, e todas as culturas possuem ritos de passagem Vida e morte Os ritos de passagem obedecem a uma lógica universal: alteram o estado das pessoas, após um tempo de “morte”, criam um ser novo, conhecedor e submetido às regras e saberes do grupo a morte, por vezes, é entendida como passagem definitiva Formação religiosa na América Latina O território da AL é historicamente habitado por uma multiplicidade de povos Os habitantes da Abya Yala (Terra Madura) são muitos e diversos e se estendem por todo o continente O empreendimento colonial promovido pelos povos europeus, a partir do século XVI, impôs outra cultura, bem como foi responsável pela escravização e tráfico de milhões de pessoas da África Pluralismo e diversidade na América Latina O racismo científico da passagem do século XIX para o XX pôs em marcha um processo de branqueamento dos povos latino- americanos Foram trazidos trabalhadores europeus e japoneses, fugidos das guerras e dos ciclos de fome, para construir uma América Latina branca e promissora 25 26 27 28 29 30 6 A AL é um lugar de encontro de culturas – não necessariamente pacífico Colonialismo e racismo são marcantes Apenas nas últimas décadas voltamos o olhar para nossas culturas sem a visão romântica de convivência pacífica e harmoniosa A despeito de toda tentativa de destruir a cultura dos africanos e seus descendentes, bem como as dos povos ameríndios, elas sobrevivem Matrizes religiosas Ao lado do cristianismo católico, protestante e pentecostal, as religiões ameríndias e afrodiaspóricas são as principais matrizes religiosas da América Latina Na Prática A negação da sacralidade de determinadas experiências religiosas produz intolerância e violência, desconsiderando a identidade e diversidade cultural, étnica e religiosa dos povos latino-americanos Intolerância religiosa Finalizando Sagrado e profano são duas modalidades do ser no mundo (dentro e fora dos espaços sagrados) A linguagem religiosa é simbólica e mítica Os texto sagrados, orais e escritos, continuam e transmitem a experiência sagrada Todas as religiões possuem ritos e festas vinculadas aos seus mitos;marcam a vida e a morte A AL está marcada pelo colonialismo e pelo racismo, com três principais matrizes culturais: cristianismo, povos originários ameríndios e povos afrodiaspóricos 31 32 33 34 35 36
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