Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Introdução Disfunção tireoidiana acomete pelo menos 2 a 3% das gestantes e cerca de 10% sofrem de doença tireoidiana autoimune, mesmo que sejam eutireóideas.1 As alterações fisiológicas na economia da tireoide durante a gravidez podem originar dificuldades no diagnóstico de anormalidades no funcionamento da glândula. Isso é especialmente importante, porque tanto o hiper quanto o hipotireoidismo não diagnosticados ou tratados inadequadamente podem causar complicações significativas para a mãe e para o feto. O objetivo deste capítulo é fornecer ao endocrinologista os elementos necessários para o manejo adequado do hiper e hipotireoidismo durante a gravidez, não somente em aspectos nos quais há consenso, mas também naqueles em que as opiniões são controversas. Mudanças na economia da tireoide materna durante a gravidez Desde o início da gravidez, ocorre uma redução transitória dos níveis de tiroxina livre (FT4), correspondente à fração na ligada globulina transportadora de tiroxina (TBG). Isso acontece devido a alguns fatores: (1) elevação dos níveis séricos da TBG, resultante da hiperestrogenemia da gravidez que induz aumento na síntese e menor degradação (por diminuição na sialação) da proteína; (2) menor disponibilidade de iodeto por aumento na taxa de filtração glomerular do mesmo; e (3) degradação da tiroxina (T4) pelas deiodinases placentárias, à medida que a gravidez progride.2 Por essas razões, a tireoide materna precisa aumentar sua produção de T4, essencial para o desenvolvimento psiconeurológico do feto, que é incapaz de produzi-lo durante o 1o trimestre e o faz em pequena quantidade até a 20a semana. Para alcançar esse objetivo, a gonadotropina coriônica humana (hCG) exerce seu papel de estimulador da tireoide, devido à elevada similaridade estrutural com o TSH e a que existe entre os seus respectivos receptores. Durante seu pico, entre a 8a e a 12a semana de gravidez, observa-se uma correlação positiva entre os níveis de hCG e os de T4, que alcança seu nível máximo nesse período e depois decresce gradativamente ao longo da gravidez. Em contrapartida, durante o 1o trimestre, há uma correlação negativa entre a hCG e o TSH, que pode se mostrar suprimido em até 18% das gravidezes normais, mas depois ascende com a progressão da gestação.3 Hipertireoidismo e gravidez file:///C|/Users/AnaMilk/Desktop/Vilar/Endocrinologia%20Cl%EDnica,%20Sexta%20edi%E7%E3o%20(185).html#bib1 file:///C|/Users/AnaMilk/Desktop/Vilar/Endocrinologia%20Cl%EDnica,%20Sexta%20edi%E7%E3o%20(185).html#bib2 file:///C|/Users/AnaMilk/Desktop/Vilar/Endocrinologia%20Cl%EDnica,%20Sexta%20edi%E7%E3o%20(185).html#bib3 Endocrinologia Clínica (Lúcio Vilar) - 6ª Edição
Compartilhar