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ACESSE AQUI ESTE MATERIAL DIGITAL! ME. ADRIANA CASAVECHIA FRAGALLI CONTABILIDADE GERAL Coordenador(a) de Conteúdo Luciano Santana Pereira Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Matheus Silva de Souza Fotos Shutterstock Impresso por: Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722. Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). Núcleo de Educação a Distância. FRAGALLI, Adriana Casavechia. Contabilidade Geral / Adriana Casavechia Fragalli. - Indaial, SC: Arqué, 2023. 200 p. ISBN papel ISBN digital “Graduação - EaD”. 1. Contabilidade. 2. Geral. 3. EaD. I. Título. CDD - 657 EXPEDIENTE Centro Universitário Leonardo da Vinci.C397 FICHA CATALOGRÁFICA RECURSOS DE IMERSÃO Utilizado para temas, assuntos ou conceitos avançados, levando ao aprofundamento do que está sen- do trabalhado naquele momento do texto. APROFUNDANDO Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas por meio de fantásticos podcasts. PLAY NO CONHECIMENTO Utilizado para agregar um conteúdo externo. Utilizando o QR-code você poderá acessar links de vídeos, artigos, sites, etc. Acres- centando muito aprendizado em toda a sua trajetória. EU INDICO Este item corresponde a uma proposta de reflexão que pode ser apresentada por meio de uma frase, um trecho breve ou uma pergunta. PENSANDO JUNTOS Utilizado para desmistificar pontos que possam gerar confusão sobre o tema. Após o texto trazer a explicação, essa interlocução pode trazer pontos adicionais que contribuam para que o estudante não fique com dúvidas sobre o tema. ZOOM NO CONHECIMENTO Uma dose extra de conheci- mento é sempre bem-vinda. Aqui você terá indicações de filmes que se conectam com o tema do conteúdo. INDICAÇÃO DE FILME Uma dose extra de conheci- mento é sempre bem-vinda. Aqui você terá indicações de livros que agregarão muito na sua vida profissional. INDICAÇÃO DE LIVRO 3 119U N I D A D E 3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO II 120 CONTABILIDADE POR BALANÇOS SUCESSIVOS I 140 CONTABILIDADE POR BALANÇOS SUCESSIVOS II 166 5U N I D A D E 1 ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE I 6 ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE II 24 SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO 34 59U N I D A D E 2 BALANÇO PATRIMONIAL I 60 BALANÇO PATRIMONIAL II 80 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO I 100 4 SUMÁRIO MINHAS METAS ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE I ME. ADRIANA CASAVECHIA FRAGALLI A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará neste tema de aprendizagem: Compreender a história da Contabilidade Objetivos da Contabilidade Usuários da informação contábil Campos de atuação T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 1 6 INICIE SUA JORNADA Olá, prezado(a) estudante! Seja bem-vindo(a) ao nosso estudo sobre Con- tabilidade Geral. Neste tema de aprendizagem você terá a oportunidade de conhecer um pouco sobre a história da Contabilidade, compreendendo como ela surgiu e se desenvolveu. Você aprenderá, também, quais são o objeto, o objetivo e os usuários da informação contábil. E, por fim, ao contrário do que muitos pensam, você perceberá que a Contabilidade não serve apenas para atender às exigências legais, na verdade, ela possui diferentes campos de atuação, os quais você conhecerá. Bons estudos! Para abrir a empresa, João e seus colegas procuraram um escritório de Con- tabilidade que foi muito bem recomendado. O contador explicou sobre os di- ferentes tipos de regime tributário e orientou a adoção do mais adequado para a loja de João. Esclareceu, também, sobre a necessidade de documentação fiscal de todos os fatos que ocorrerem na empresa. Após a abertura da empresa, que recebeu o nome de Estilo, o contador acompanhou de perto as transações da empresa, sempre orientando João no que ele precisava. DESENVOLVA SEU POTENCIAL João não entende nada de Contabilidade, não faz a menor ideia de como ela pode lhe auxiliar como empresário. Então, minha tarefa é demonstrar para ele e para você, também, como a Contabilidade pode ser uma grande parceira dos negócios. Contudo, para entendê-la, é preciso começar pelo início, descobrindo como ela surgiu e se desenvolveu. Você sabia que a Contabilidade é tão antiga quanto o homem? Sabia que ela tem um objeto de estudo próprio? Você sabe quem são os usuários da informação contábil e quais são os seus campos de atuação? Pois nós descobriremos! Quando João e seus colegas decidiram abrir a empresa, eles sabiam que seria necessário contratar os serviços de um contador. Entretanto, logo no primeiro mês, quando receberam as demonstrações contábeis, percebe- ram que não tinham o conhecimento necessário para compreendê-las. E isso é um problema. Segundo o Sebrae, cerca de 24% das micro e pequenas empresas fecham suas portas em até dois anos (SERASA EXPERIANO, 2020). Entre os diversos motivos, está a falta de acompanhamento das finanças: UNIASSELVI 7 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 “ Muitas empresas demoram a perceber a importância de realizar uma gestão financeira eficiente dos seus negócios para que eles consigam seguir em frente. Muitas vezes, em especial nos primeiros anos de vida do empreendimento, acabam misturando as finanças pessoais com as da empresa. Outro erro é não elaborar um fluxo de caixa e desco- nhecer seus números reais de lucratividade, rentabilidade e liquidez. Dessa forma, o empresário torna-se incapaz de tomar decisões emba- sadas e estratégicas para o negócio. Ir à falência torna-se um processo natural para as empresas que deixam de dar a atenção adequada às suas finanças.” SERASA EXPERIAN, 2020, on-line. Aluno(a), acesse o site e saiba mais informações sobre o Serasa Experian. EU INDICO Convenhamos: não é uma tarefa fácil registrar, realmente, TODAS as movimen- tações financeiras que realizamos, não é mesmo? Sempre esquecemos de uma comprinha aqui, uma ida ao mercado ali, que são valores menos expressivos, realmente, mas que podem ter um impacto importante no final do mês: sabe aquela sensação de “cadê o meu dinheiro?!”. Pois então, na empresa, não pode haver esse “cadê o meu dinheiro?!”, e é por isso que a Contabilidade pode ser uma grande aliada. Esse controle é muito im- portante para que você consiga tomar decisões seguras sobre comprar um carro, financiar uma casa, entre outras, afinal, se você conhecer sua movimenta- ção financeira, terá mais segurança para decidir se pode e o quanto pode se endividar. 8 https://www.serasaexperian.com.br/ HISTÓRIA DA CONTABILIDADE Para entender a Contabilidade, o seu papel, as suas responsabilidades, a sua li- gação com o mundo dos negócios, devemos começar pelo início: conhecendo um pouco sobre a história da contabilidade. Não se sabe ao certo quando a Contabilidade surgiu, mas podemos afirmar que ela é tão antiga quanto a origem do homem: “alguns pesquisadores revelam que os primeiros sinais objetivos da existência da Contabilidade datam de mais ou menos 4.000 anos a.C.” (FAVERO et al, 2011, p. 9), contudo “alguns historiadores fazem remontar os primeiros sinais objetivos da existência de contas a aproximadamente 2.000 anos a.C.” (IUDÍCIBUS, 2015, p. 16). Talvez, você esteja se perguntando:“como assim a Contabilidade é tão antiga? Nem os números são tão antigos!”. Apesar de serem muito utilizados pela Con- tabilidade, os números não são a sua razão de ser. Na verdade, a Contabilidade cuida do patrimônio das entidades, assim, quandoo homem passou a possuir bens, como instrumentos de caça e de pesca, animais, ânforas de bebidas, entre outros, ele precisou buscar mecanismos para controlar esses bens. Para controlar os animais, por exemplo, o dono do rebanho separava uma pe- dra para cada animal, ou fazia riscos em um pedaço de madeira ou osso, assim ele acompanhava se havia a mesma quantidade de pedras, ou de riscos, em comparação aos animais. É claro que esta era uma forma muito rudimentar de contabilidade, mas já representava um acompanhamento do patrimônio (FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 14–15). Até o surgimento da moeda, a Contabilidade teve uma evolução relativamente lenta, isso porque, na época do escambo, os negocian- tes anotavam suas obrigações, direitos e bens perante terceiros sem avaliação monetária, ou seja, tratava-se de um inventário físico (IUDÍ- CIBUS, 2015). Contudo, a preocupação do ho- mem com o seu patrimônio e a sua riqueza fez com que a Contabilidade aperfeiçoasse a sua forma de avaliação da situação patrimonial à UNIASSELVI 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 medida em que as atividades foram se desenvolvendo em dimensão e complexidade (IUDÍCIBUS, 2015).Não é à toa que a Contabilidade enquanto disciplina adulta e completa a Contabilidade enquanto ciência — surgiu a partir do século XIII nas cidades italianas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa e outras, afinal essas cidades re- presentavam o que havia de mais avançado na época em termos de empreendimentos comerciais e industriais incipientes (IUDÍCIBUS, 2015). Entre os progressos tecnológicos e as mudanças socioeconômicas que im- pulsionaram o desenvolvimento da Contabilidade, Hendriksen e Breda (2012) destacam a invenção da vela triangular utilizada nas embarcações — Figura 1. Antes de sua invenção, o comércio se limitava à navegação em uma direção em uma época do ano e na direção oposta em outra época. A vela triangular, conhe- cida como vela latina, permite viajar em qualquer época do ano. Contudo, a ne- cessidade desse meio de transporte provocou uma guerra que conhecemos como Primeira Cruzada. Entre o final do século XI e o final do século XIII, cruzadas sucessivas impulsionaram o desenvolvimento do comércio, principalmente, entre as cidades italianas e o Oriente. Figura 1 - Caravela Vera Cruz / Fonte: Caravelas ([2022], on-line). Descrição da Imagem: a figura apresenta a imagem de uma caravela navegando no mar. A estrutura é de ma- deira e tem alguns tripulantes. Há dois mastros com velas triangulares, cada uma com o desenho de uma cruz. 1 1 De acordo com Hendriksen e Breda (2012), à medida que o comércio se expandia e a riqueza era acumulada, os negócios deixaram de ser realizados individualmente e foram substituídos por sociedades. O uso de sociedades permitia que os riscos da navegação marítima fossem compartilhados. Assim, o conceito de sociedade foi im- portante para o desenvolvimento da Contabilidade, pois levou ao reconhecimento da empresa como entidade separada e distinta dos seus proprietários. Todos esses fatos deixam claro porque o Método das Partidas Dobradas e, consequentemente, a Ciência Contábil surgiram justamente na Itália: o alto nível de atividade comercial e industrial e o surgimento das sociedades criaram a necessidade de mecanismos capazes de organizar economicamente as riquezas geradas. Nessa evolução, deu-se o desenvolvimento do Método das Partidas Dobradas, utilizado até hoje. Segundo Hen- driksen e Breda (2012), sistemas de escrituração por partidas dobradas começaram a surgir, gradativamente, entre os séculos XIII e XIV, mas foi apenas no século XV que o método foi publicado pela primeira vez. O frei franciscano Luca Pacioli, que, por sinal, era professor de Matemática, escreveu um livro denominado Summa de Arith- metica, Geometrica, Proportioni et Proportionalitá. Nesse livro, Pacioli escreveu um capítulo que, segundo Hendriksen e Breda (2012, p. 39), “descreve o sistema de partidas dobradas e apresentava o raciocínio em que se baseiam os lançamentos contábeis”. O conceito do Método das Partidas Dobradas é que: I - para cada causa, existe um efeito; II - para cada origem, existe uma aplicação; III - para cada crédito, existe um débito. Assim, o registro contábil sempre envolverá, no mínimo, duas contas — uma de débito e outra de crédito. Contudo, fique tranquilo(a)! O Mecanismo das Partidas Dobradas será estudado adiante em nosso material. E por que será que esse mecanismo é utilizado sempre com uma conta de débito e uma conta de crédito? Por que não uma conta positiva e outra conta negativa? Se quiser compreender esses conceitos, leia o texto a seguir do “Explorando Ideias”. UNIASSELVI 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Após o surgimento do Método das Partidas Dobradas, a escola italiana de Con- tabilidade ganhou grande impulso e se espalhou por toda a Europa (FAVERO et al., 2011). Assim, entre o século XIII e o início do século XX, a Europa se destacou no desenvolvimento das teorias contábeis. Apesar das importantes contribuições da escola italiana/europeia de Contabilidade, seus estudos se preocupavam em demonstrar a Contabilidade quanto à Ciência, dando pouca atenção à verdadei- ra necessidade informacional dos usuários, assim a escola norte-americana de Contabilidade passou a se destacar. No início do século XX, o surgimento das grandes corporações, em conjunto com o desenvolvimento do mercado de capitais e do extraordinário ritmo de desenvol- vimento dos Estados Unidos da América (EUA), constituiu um campo fértil para o avanço das teorias e práticas contábeis. Além disso, os norte-americanos herdaram da Inglaterra uma excelente tradição no campo da Auditoria (IUDÍCIBUS, 2015). “ É de nosso conhecimento que a Contabilidade acompanha a evolu-ção das sociedades, cidades e nações e, no início deste século, como o cenário de maior desenvolvimento industrial e comercial passou a ser a América do Norte, mais particularmente os Estados Unidos, o eixo de evolução da Contabilidade deslocou-se em função desse cenário (FAVERO et al., 2011, p. 21). Por que, especificamente, a escrituração por partidas dobradas? O conceito de dualidade frequentemente utilizado para justificar as partidas dobradas apenas exige que sejam reconhecidos dois lados de cada transação. Isso poderia ser, com igual facilidade, feito em uma única coluna, usando sinais positivos e negativos, ou em duas colunas com débitos e créditos. Por exemplo, ao se usar caixa para adquirir estoque, por que não simplesmente colocar um número positivo na coluna de estoque e um número negativo na coluna de caixa em uma planilha? Por que falar de debitar uma conta e creditar outra? Por que toda essa maquinaria complexa? O fato curioso é que, embora os investidores da Contabilidade dispu- sessem de conceitos tais como moeda, capital próprio e despesa, eles não dis- punham de números negativos! Havia a noção de números negativos, mas, ainda em 1544, matemáticos como o alemão Michael Stifel os consideravam absurdos e fictícios. Na verdade, não foram utilizados em Matemática antes do século XVII. Fonte: Hendriksen e Breda (2012, p. 45). APROFUNDANDO 1 1 Esses dois eixos de estudos e desenvolvimento de teorias contábeis — es- cola italiana/europeia e escola norte-americana — não são opostos, na ver- dade, em cada época e atendendo a cada realidade, as teorias se desenvolve- ram de forma a atender às novas necessidades dos usuários. No Quadro 1, encontram-se alguns pontos relevantes sobre tais escolas de Contabilidade. ESCOLA ITALIANA/EUROPEIA DE CONTABILIDADE ESCOLA NORTE-AMERICANA DE CONTABILIDADE Desenvolvimento de teorias contábeis importantes até hoje, como o Patrimonialismo, que define o patrimônio como objeto da Contabilidade. Direciona o estudo da Contabilidade para dois focos: informação para usuários externos (Contabilidade Financeira) e informação para usuários internos (Contabilidade Gerencial). Preocupação demasiada em demonstrar a Contabilidade como Ciência, não se preocupandocom as necessidades informativas dos usuários. Preocupação com o aspecto informacional da Contabilidade. Foco na Contabilidade Financeira. Desenvolvimento da Contabilidade de Custos. Baixo desenvolvimento na área de Auditoria. Criação dos Princípios de Contabilidade. Ênfase ao desenvolvimento teórico das contas. Ênfase ao desenvolvimento na área de Auditoria. Quadro 1 - Aspectos relevantes sobre as escolas de Contabilidade / Fonte: adaptado de Favero et al. (2011). É justamente por acompanhar o desenvolvimento econômico e social que, há alguns anos, passamos por uma revolução na área: a Contabilidade Interna- cional. Com o mundo globalizado, em que se tornou comum empresas reali- zarem transações comerciais com diferentes países, tornou-se necessário falar uma mesma língua, pelo menos, no que se refere às informações contábeis. UNIASSELVI 1 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Por ser uma ciência social, a Contabilidade é fortemente influenciada pelo ambiente em que atua. Assim, as diferenças históricas, os valores culturais e as estruturas políticas, legais e econômicas de cada país acabam refletindo nas práticas contábeis em vigor. Normalmente, os princípios e as práticas adotados na Contabilidade podem ser diferentes de um país para outro. Em alguns países, como é o caso do Brasil, a Contabilidade é influenciada pela exigência legal; em outros, pelo consenso de órgãos profissionais de classe, como é o caso dos Estados Unidos (NIYAMA; SILVA, 2013, p. 31–32). É por isso que, de acordo com Niyama e Silva (2013), o crescimento do comér- cio globalizado provocou a necessidade de padrões internacionais de Contabilidade. Assim, o International Accounting Standards Board (Iasb), que é um órgão priva- do formado por um Conselho de Membros constituído por representantes de mais de 140 entidades de classe de todo o mundo, inclusive, o Brasil — representado pelo Ibracon e pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) —, edita os chamados IFRS (International Financial Reporting Standards), conhecidos, aqui, como Normas Inter- nacionais de Contabilidade.As Normas Internacionais de Contabilidade têm como objetivo reduzir as diferenças entre os procedimentos e as normas contábeis adotadas nos diferentes países e começaram a ser publicadas em 1975. O Brasil passou a adotar as Normas Internacionais em 2007, com a promulgação da Lei nº 11.638 (BRASIL, 2007). Acredito que você e o João já tenham percebido que o desenvolvimento da Contabilidade está intimamente ligado com o desenvolvimento econômico, social e cultural. De acordo com Hendriksen e Breda (2012), o mundo, como o conhecemos hoje, é decorrente da criação da Contabilidade por Partidas Do- bradas, pois ela criou a base para o desenvolvimento do capitalismo privado. PENSANDO JUNTOS “Na verdade, o desenvolvimento inicial do método contábil esteve intimamente associado ao surgimento do Capitalismo, como forma quantitativa de mensurar os acréscimos ou decréscimos dos investimentos iniciais alocados a alguma ex- ploração comercial ou industrial. Não é menos verdade, todavia, que a economia de mercado e seu florescer foram, por sua vez, fortemente amparados pelo sur- gimento e aperfeiçoamento das partidas dobradas, o que equivale a dizer que se verificou uma interação entre os dois fenômenos.” (IUDÍCIBUS et al., 2019, p. 1). 1 4 Isso nos permite dizer que as empresas são tão importantes para a Contabilida- de quanto a Contabilidade é importante para as empresas. As empresas represen- tam o maior consumidor de serviços contábeis, seja para fins legais, tributários ou gerenciais. Por outro lado, se não fosse a Contabilidade, as empresas não teriam uma base informacional confiável para auxiliar a sua gestão (FRAGALLI; SILVA, 2021). De qualquer forma, os registros contábeis, muito mais do que medir e controlar riqueza, são uma importante base de dados. Sobre isso, Hendriksen e Breda relatam que: “ “A história da contabilidade é a história da nossa era; de muitas formas, a própria contabilidade conta essa história, pois os regis-tros contábeis fazem parte da matéria-prima dos historiadores. Aprendemos muito a respeito de homens como Isaac Newton e John Wesley graças aos livros contábeis que mantiveram. Como disse a novelista Josephine Tey, ‘a verdade não está nas histórias, mas nos livros de contabilidade.” (HENDRIKSEN; BREDA, 2012, p. 39). Isso demonstra que os registros e as demonstrações contábeis não são ape- nas para atender às exigências legais, mas, também,“representam um retrato da realidade patrimonial de empresas e/ou pessoas fornecendo informações importantes tanto para gestores e governo, quanto para a sociedade” (FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 16). UNIASSELVI 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Aluno(a), conheça, nessa linha do tempo de 4.000 a.C. até 2007 d.C., a evolução da Contabilidade. ENTRE 4.000 E 2.000 ANOS A.C. Contabilidade rudimentar ao inventariar instrumentos de caça, de pesca etc. SÉC. XIII E XIV Surgimento gradativo da escrituração por partidas dobradas em cidades italianas que representavam o que havia de mais avançado na época em termos de em- preendimentos comerciais e industriais incipientes. SÉC. XV Publicação do método das partidas dobradas pelo Frei Luca Pacioli. Mesmo não tendo criado o método, Pacioli ficou conhecido como o pai da contabilidade. ENTRE O SÉC. XIII E INÍCIO DO SÉC. XX Destaque da escola italiana/européia de contabilidade. Teoria da Contabilidade Editora: Atlas Autor: Eldon S. Hendriksen e Michael F. Van Breda Sinopse: neste livro, emprega-se um referencial genérico para avaliar áreas da teoria e da prática da Contabilidade Financeira em três níveis básicos: o nível estrutural, o de in- terpretação semântica e o pragmático. Nessas avaliações, deu-se ênfase aos enfoques indutivo-dedutivo e à Teoria de Mercado de Capitais. Em alguns casos, os autores expõem suas opiniões e apre- sentam evidências baseadas na lógica e em resultados empíricos, quando disponíveis. INDICAÇÃO DE LIVRO 1 6 A PARTIR DO SÉC. XX Destaque da escola norte-americana de contabilidade. A PARTIR DE 1975 Publicação das Normas internacionais de contabilidade visando uma mesma linguagem contábil entre diferentes países. 2007 O Brasil adota as normas internacionais de contabilidade com a promulgação da Lei nº 11.638/07. Os mecanismos contábeis de registro, controle e evidenciação da situação finan- ceira, patrimonial e econômica da entidade são desenvolvidos por meio de estudos científicos. Assim, podemos afirmar que Contabilidade é uma Ciência. De acordo com Franco (1989), a Ciência Contábil ou a Contabilidade é uma Ciência Social que estuda os fenômenos no patrimônio das entidades, mediante registro, clas- sificação, demonstração, análise e interpretação dos fatos contábeis, objetivando oferecer informações e orientações para o auxílio na tomada de decisões. Embora a Contabilidade utilize números, ela não é considerada uma Ciência Exata, como a Matemática ou a Estatística. Como foi dito por Franco (1989), ela é uma Ciência Social, pois estuda aspectos importantes relacionados a uma sociedade, na verdade, ela busca mecanismos para avaliar e evidenciar as ações de uma entidade da melhor forma possível,buscando fazer com que os relatórios sejam fiéis à realidade. A Contabilidade, na qualidade de Ciência Social Aplicada, com metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja este pessoa física, entidade de finalidade não lucrativas, empresa, seja mesmo pessoa de Direito Público, tais como Estado, Município, União, Autarquia etc., tem um campo de atuação muito amplo. Fonte: Iudícibus et al. (2019, p. 1). ZOOM NO CONHECIMENTO UNIASSELVI 1 7 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Para entender o papel da Contabilidade, pre- cisamos conhecer seu OBJETO, seu OBJETI- VO e os USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CON- TÁBIL. Toda Ciência possuium objeto de estudo; no caso da Con- tabilidade, esse objeto é o patrimônio das entidades contábeis. Nesse material, você descobrirá o que compõe o patrimônio e como a Contabilidade organiza os elementos patri- moniais. Antes, porém, precisamos entender o que é uma entidade contábil, a qual possui um patrimônio. Segundo Fragalli e Silva (2021, p. 22), “a entidade contábil pode ser definida como um patrimônio sob a ação administrativa do homem, que age sobre ele praticando atos de natureza econômica”. Então, eu lhe pergunto: você, enquanto pessoa física, administra o seu patrimônio? Você realiza atos de natureza econômica? Óbvio que sim! E é por isso que o seu patrimônio também representa uma entidade contábil. Isso significa que o mecanismo contábil de controle patrimonial pode ser utilizado tanto por pessoas jurídicas quanto por pessoas físicas. Normalmente, relacionamos a Contabilidade às empresas, pois estas são obrigadas a manter uma escritu- ração contábil — exceto empresas da categoria MEI (Microempreendedor Individual) —, no entanto, as pessoas físicas podem utilizar a Contabilidade para controlar o seu patrimônio. A diferença é que a grande maioria da população possui um conjunto pe- queno de elementos patrimoniais, não sendo necessário os serviços contábeis para tal controle. As teorias contábeis são desenvolvidas visando à melhor maneira de registrar, avaliar e controlar o patrimônio, seja em seu aspecto estático, que evidencia o conjunto de elementos patrimoniais em um deter- minado momento, seja em suas variações. O estudo sobre o patrimônio tem como finalidade fornecer aos seus usuários informações econômicas, finan- ceiras e patrimoniais que auxiliem no processo de tomada de decisão. Assim, segundo Fávero et al. (2011, p. 1), a Contabilidade tem como objetivo “gerar informação para o controle e tomada de decisão”. Contribuindo com Fávero 1 8 et al. (2011), Szuster et al. (2013) afirmam que a Contabilidade é um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstra- ções e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade no que tange à entidade objeto da contabilização. Assim, podemos afirmar que os objetivos da Contabilidade são: Proceder ao registro da estrutura societária da organização, bem como alterações futuras. Registrar, analisar e controlar o patrimônio das entidades. Gerar informações para tomada de de- cisão da administração. Gerar informações para terceiros com vínculo de interesse para com o em- preendimento (acionistas, investidores, fornecedo- res, governo etc. (FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 38). Isso demonstra o importante papel da Contabilidade para o sucesso de um negócio. Muito mais do que atender às exigências legais, a Contabilidade é responsável por fornecer informações que são essenciais para a gestão. A função fundamental da Contabilidade tem permanecido inalterada des- de seus primórdios. Sua finalidade é prover os usuários dos demonstrativos financeiros com informações que os ajudarão a tomar decisões. Sem dúvida, tem havido mudanças substanciais nos tipos de usuários e nas formas de informações que têm procurado. Todavia, esta função dos demonstrativos financeiros é fundamental e profunda. O objetivo básico dos demonstra- tivos financeiros é prover informação útil para a tomada de decisões econômicas (AICPA, 1973 apud IUDÍCIBUS, 2015, p. 4). Entretanto, quem são os usuários da informação contábil? Podemos dizer que são todas as pessoas que utilizam as informações contábeis para ava- liar, verificar ou tomar decisões relacionadas à entidade. Tais usuários são classificados em internos e externos. Os usuários internos são aqueles que trabalham na empresa e ocupam cargos que requerem a tomada de decisões e, por isso, necessitam de informações direcionadas. Já os usuários externos não possuem relação de trabalho com a empresa, mas, também, necessitam de informações para a tomada de decisões. Para estes usuários, as informações são, normalmente, padronizadas (FAVERO et. al., 2011). Registrar, analisar e controlar o patrimônio das entidades. UNIASSELVI 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Podemos dizer, porém, que não é uma tarefa fácil atender a todos os usuá- rios da Contabilidade, isso porque a necessidade de informação é diferente entre eles. Os gestores, enquanto usuários internos, necessitam de informações financeiras e operacionais específicas dependendo do seu cargo ou função, normalmente, precisam saber sobre o fluxo de caixa, itens em estoque, valores a receber e pagar, custo de produção, pedidos de clientes a serem atendidos, entre outras. Já os usuários externos, como fornecedores e instituições finan- ceiras, normalmente, estão preocupados com a situação financeira da entidade, visando analisar sua capacidade de pagamento. Já o Governo e as entidades reguladoras procuram informações que possibilitem verificar se o regime tri- butário e os respectivos recolhimentos estão corretos. Favero et al. (2011) apresentam alguns exemplos de usuários e a sua res- pec- tiva necessidade informacional: USUÁRIOS INTERNOS INFORMAÇÕES REQUERIDAS Empregados Fluxo de caixa capaz de assegurar condições de boa remuneração. Diretores Desempenho e rentabilidade. Encarregados de produção Produtividade e análise das variações de desempenho. Encarregados de vendas Desempenho por região, linhas de produtos, vendedores etc. USUÁRIOS EXTERNOS INFORMAÇÕES REQUERIDAS Instituições financeiras Capacidade de pagamento da empresa. Ao emprestar o dinheiro, a sua preocupação é que a empresa tenha uma geração de caixa futuro suficiente para pagar, com segurança, o capital emprestado, atualizado com os juros. Entidades governamentais Lucro tributável, produtividade e valor adicionado. 1 1 Acionistas ou quotistas minoritários — não participantes da administração das entidades Retorno sobre o capital investido. Normalmente, esperam que a empresa tenha condições de manter um fluxo regular de distribuição de lucros. Sindicatos Fluxo de caixa futuro e rentabilidade. Quadro 2 - Tipos de usuários / Fonte: Fávero et al. (2011, p. 3). Que legal! João acaba de descobrir que ele é um usuário das informações contábeis. Como sócio/gerente, ele precisa saber sobre o resultado da empre- sa, se é positivo ou negativo, os recursos financeiros que a empresa possui, o montante de dívidas que vencem no curto e no longo prazo, enfim uma série de informações que estão contidas nas demonstrações contábeis. A questão, agora, é saber identificar tais informações. Aluno(a), conheça, aqui, as diferenças entre objeto, objetivo e usuários da informação contábil na Contabilidade. OBJETO A contabilidade tem como objeto o patrimônio da entidade contábil. OBJETIVO A contabilidade tem como objetivo gerar informação para os usuários. USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL Os usuários são todas as pessoas que utilizam as informações contábeis. São classificados em internos e externos. É importante esclarecer que “a Contabilidade é muito mais do que mero registro; é um instrumento básico de gestão, e, na verdade, um dos principais” (IUDÍCIBUS, 2015, p. 19). Contudo, para que esse instrumento seja realmente útil, é preciso que os usuários compreendam as informações geradas. Por mais que a Contabilidade busque ser clara em suas demonstrações, subentende-se que os usuários possuem conhecimento mí- nimo necessário para compreender a metodologia contábil de geração de informação. UNIASSELVI 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 De certa forma, o “homem contador” põe ordem, classifica, agrega e inventaria o que o “homem produtor”, em seu anseio de produzir, vai, às vezes, desor- denadamente, amealhando, dando condições a este último para aprimorar cada vez mais a quantidade e a qualidade dos bens produzidos, por meio da obtenção de maiores informações sobre o que conseguiu até o momento. Fonte: Iudícibus (2015, p. 17). PENSANDO JUNTOS Como dito anteriormente, os usuários possuemnecessidades diferentes de informação, e a Contabilidade deve buscar atender a todos. Contudo, no nosso país, a legislação fiscal e tributária é muito complexa, e, por isso, na maioria das vezes, as empresas buscam os serviços contábeis apenas para atender à legislação. Esse problema, na verdade, possui duas vertentes: por um lado existem contadores que deixam de expor aos seus clientes o importante papel da Contabilidade no fornecimento de informações que são úteis ao processo decisório, por outro, as empresas não querem gastar dinheiro com os serviços contábeis e contratam apenas os serviços exigidos por lei. Por esse motivo, existem diferentes campos de atuação da ciência con- tábil: a Contabilidade Fiscal, a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial, e cada uma é voltada para finalidades específicas dos usuários. De acordo com Szuster et al. (2013, p. 28),“a atuação segmentada da Contabilida- de Gerencial, da Contabilidade Financeira e da Contabilidade Fiscal retrata este processo que fornece, no conjunto, as informações mais utilizadas no mundo dos negócios”. NOVOS DESAFIOS Neste tema, você aprendeu sobre a história da contabilidade, compreendendo como ela surgiu e se desenvolveu. Vimos, também, quais são o objeto, o objetivo e os usuários da informação contábil. Percebemos, assim, que a Contabilidade não serve apenas para atender às exigências legais; na verdade, ela possui diferentes campos de atuação. 1 1 VAMOS PRATICAR 1. De acordo com Iudícibus (2015, p. 17), “o grau de desenvolvimento das teorias contá- beis e de suas práticas está diretamente associado, na maioria das vezes, ao grau de desenvolvimento comercial, social e institucional das sociedades, cidades ou nações”. Isso explica o fato de a Contabilidade, enquanto Ciência, ter surgido nas cidades italia- nas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa, entre outras. Explique por que a Contabilidade, enquanto disciplina, surgiu justamente nessas cidades italianas. IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 2. Segundo Silva (2018, p. 17), a Ciência Exata é “qualquer campo da ciência capaz de ex- pressar quantidades, predições precisas e métodos rigorosos de testar hipóteses”; já a Ciência Social é um “ramo da ciência que estuda os aspectos sociais do ser humano, propondo conhecer o ser humano enquanto elemento integrante de grupo organizado”. SILVA, J. M. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2018. O principal relatório da Contabilidade, o balanço patrimonial, utiliza números e che ga a um valor exato entre ativo e passivo mais patrimônio líquido. Mesmo assim, a Contabilidade não é tida como uma Ciência Exata. Observando essas descrições, explique por que a Contabili- dade é classificada como uma Ciência Social, já que ela utiliza números — valores e quanti- dades — em seus relatórios para expressar a situação econômica e financeira da empresa. 3. Para Hendriksen (apud PADOVEZE, 2000, p. 49), “a Contabilidade é um processo de comunicação de informação econômica para propósitos de tomada de decisão tanto pela administração como por aqueles que necessitam fiar-se nos relatórios externos”. PADOVEZE, C. L. Manual de Contabilidade Básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000. Isto significa que, como mecanismo de informação, a Contabilidade busca auxiliar a toma- da de decisão tanto dos usuários internos, como a administração da entidade, quanto dos usuários externos, que utilizam relatórios externos. Nesse sentido, ex plique a diferença entre usuários internos e externos da Contabilidade. 1 3 MINHAS METAS ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE II ME. ADRIANA CASAVECHIA FRAGALLI A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará neste tema de aprendizagem: Campos de atuação Alcance das demonstrações contábeis T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 2 1 4 INICIE SUA JORNADA Para abrir a empresa, João e seus colegas procuraram um escritório de Contabi- lidade que foi muito bem recomendado. O contador explicou sobre os diferentes tipos de regime tributário e orientou a adoção do mais adequado para a loja de João. Esclareceu, também, sobre a necessidade de documentação fiscal de todos os fatos que ocorrerem na empresa. Após a abertura da empresa, que recebeu o nome de Estilo, o contador acompanhou de perto as transações da empresa, sempre orientando João no que ele precisava. DESENVOLVA SEU POTENCIAL A Contabilidade Fiscal é regida pelo Governo e obrigatória para todas as em- presas, exceto as que estão enquadradas como Microempreendedor Individual (MEI), e está voltada para atender à legislação fiscal. Nesse campo de atuação, o contador precisa estar atento às regulamentações específicas de cada empresa, que depende do seu porte, seu ramo de atuação, seu regime tributário, seu en- quadramento fiscal, entre outras questões. De acordo com as particularidades de cada empresa, o contador calcula e emite as guias de recolhimento de impostos, gera relatórios fiscais, emite notas fiscais, entre outras ações. A Contabilidade Financeira, ou Contabilidade Societária, é regulamentada pelas normas contábeis. Ela define os processos de contabilização dos fatos ocor- ridos na empresa de forma que as informações geradas representam fielmente a situação econômica, financeira e patrimonial da entidade. A Contabilidade Fi- nanceira também é responsável por definir a estrutura e as informações a serem apresentadas nas demonstrações contábeis. Por fim, a Contabilidade Gerencial tem a finalidade exclusiva de auxiliar na gestão da empresa, por isso, ela não segue regras ou normas, a própria empresa é quem define os dados, os modelos de relatórios, a periodicidade em que as informações devem ser divulgadas etc. Na Contabilidade Gerencial, o contador pode utilizar desde uma simples planilha de Excel ou um caderno de anotações até sistemas sofisticados de análises quantitativas; o objetivo é que a informação atenda às necessidades dos gestores internos, os quais precisam tomar decisões diárias de forma segura e assertiva. UNIASSELVI 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 Podemos observar as características de cada campo de atuação no Quadro 1. CARACTERÍSTICAS CONTABILIDADE FISCAL CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTABILIDADE GERENCIAL Adoção e elaboração Obrigatória Obrigatória Facultativa Utilizada para... Relações tributárias Relações externas Relações internas Vínculo à legislação Condicionada às disposições legais e tributárias Condicionada às disposições legais Não está condicionada às disposições legais Produto principal Relatórios específicos exigidos por lei Conjunto completo de demonstrações contábeis Relatórios para planejamento e controle Visão da empresa Empresa como um todo Empresa como um todo Interesse das partes A informação é... Precisa (objetiva) Relevante e confiável Rápida A informação busca... Objetividade e legalidade Essência econômica das transações Utilidade Quadro 1 - Características dos campos de atuação da contabilidade / Fonte: adaptado de Szuster et al. (2013). João não entendeu muito bem a diferença entre Conta- bilidade Fiscal, Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial e, por isso, foi pedir explicação ao seu contador. Acompanhe e descubra o que o contador disse ao João. Ouça o podcast no seu ambiente virtual de aprendizagem. PLAY NO CONHECIMENTO 1 6 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/19867 Como dito anteriormente, os empresários, normalmente, contratam os ser- viços da Contabilidade Fiscal e Financeira, realizando a gestão com dados não contábeis e se baseando em experiências passadas. No entanto, ao ser responsável por registrar TODAS as movimentações financeiras e patrimo- niais ocorridas na empresa, a Contabilidade tem acesso a informações que, às vezes, os próprios empresários desconhecem, por isso, vale a pena olhar para os serviços contábeis não somente como uma obrigatoriedade, mas, sim, como um aliado para o sucesso dos negócios.Entre esses três campos de atuação, neste material, basear-nos-emos na Con- tabilidade Financeira, pois é a Contabilidade propriamente dita, aquela desen- volvida para registrar e controlar o patrimônio da entidade, buscando evidenciar, da forma mais transparente possível, a sua realidade. Uma das tarefas da Con- tabilidade Financeira é definir como devem ser evidenciadas as informações da entidade nas demonstrações contábeis. Lembre-se: é fundamental ter esse conhecimento para, no caso dos contadores, saber como apresentar os dados corretamente e, no caso dos gestores, saber compreender as informações, tor- nando-as úteis no processo de tomada de decisão. UNIASSELVI 1 7 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 OBJETIVO E ALCANCE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Por esse motivo, estudaremos, agora, sobre o objetivo e alcance das demonstra- ções contábeis. É importante que você saiba que relatórios contábeis e demonstra- ções contábeis são considerados sinônimos. Sobre esse assunto, Iudícibus e Marion (2019, p. 229) afirmam que o relatório contábil é a exposição resumida e ordenada dos principais fatos registrados pela contabilidade em determinado período”. O processo de geração de informações contábeis pode ser observado na Figura 1. Um Sonho de Liberdade Ano: 1994 Sinopse: Andy Dufresne é condenado a duas prisões perpétu- as consecutivas pelas mortes de sua esposa e de seu amante, porém só Andy sabe que ele não cometeu os crimes. No presídio, durante dezenove anos, ele faz amizade com Red, sofre as bru- talidades da vida na cadeia, adapta-se, ajuda os carcereiros etc. Comentário: Nesse filme, Andy Dufresne, que era banqueiro, utiliza seus conhecimentos na área de Contabilidade para buscar a sua tão sonhada liberdade. INDICAÇÃO DE FILME Figura 1 - Geração de informações contábeis / Fonte: Marion (2009, p. 46). Descrição da Imagem: a figura demonstra um processo que segue da esquerda para a direita. Na primeira parte, está escrito “Coleta de dados”; abaixo, aparece a figura de um funil que tem a sua saída voltada para figura da direita, na parte superior do funil, existem vários cifrões sendo coletados. Em seguida, está escrito “Contabilidade”; abaixo, aparece a figura de um homem de terno e gravata ao lado de uma calculadora. Na sequência, está escrito “Relatórios contábeis”; abaixo, aparece a figura de um papel com texto ilegível. Por fim, está escrito “Usuários da contabilidade”; abaixo, aparecem as seguintes citações: Administração, Bancos, Governo e Fornecedores. 1 8 A Figura 1 demonstra a obtenção de dados que é feita por meio de documentos: é por isso que a Contabilidade solicita notas fiscais, recibos, contratos, entre outros documentos que comprovem a transação realizada. Com os documentos em mãos, a Contabilidade efetua os registros das transações e, ao final do período — que pode ser mensal, anual ou outro —, tais registros dão origem às demonstrações contábeis que são utilizadas pelos usuários para obtenção de informações a respeito da entidade. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Norma Brasileira de Contabilidade — NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019, fornece alguns apontamentos acerca dos objetivos das demonstrações contábeis: “ O objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações financeiras sobre os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da entidade que reporta que sejam úteis aos usuários das demonstrações contábeis na avaliação das perspectivas para futuros fluxos de entrada de caixa líquidos para a entidade que reporta e na avaliação da gestão de recursos da administração sobre os recursos econômicos da entidade.” CFC, 2019, [s.p.] Apesar de as demonstrações contábeis possuírem estruturas específicas, o nível de detalhamento e complexidade deve ser ajustado de acordo com cada realidade. Para entender essa ideia, basta comparar uma grande indústria têxtil, com dezenas de funcionários e na qual o proprietário pode nem atuar dentro da empresa, com um pequeno ateliê de costura, em que a(o) costureira(o) é proprietária(o) do negó- cio e, também, é quem atende o cliente, fabrica, vende, recebe, controla o estoque, o caixa, enfim atua em todas as ações do negócio. UNIASSELVI 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 As diferentes características das empresas nos permitem afirmar que os relatórios contábeis serão influenciados pelos seguintes aspectos: ■ Complexidade do negócio É evidente que os relatórios de uma pequena empresa, com poucos tipos de transa- ções — basicamente, compra, vende, recebe e paga — conterá bem menos informa- ções que os relatórios de uma grande corporação que realiza uma extensa variedade de transações, nacionais e internacionais, que apresenta uma enorme carga tribu- tária e realiza operações em diversas instituições financeiras. Dessa forma, quanto maior o nível de complexidade das atividades desempenhadas pela entidade, maior também será a complexidade e o detalhamento das informações contábeis. ■ Distância entre os sócios/acionistas da gestão da empresa Nas empresas em que os sócios conseguem acompanhar de perto as atividades realizadas, não existe a necessidade de relatórios contábeis mais detalhados. Nes- ses casos, a informação é obtida na própria empresa, sendo os relatórios menos utilizados para tomada de decisão. Por outro lado, em grandes empresas, em que os sócios/acionistas não participam dos negócios, os relatórios se tornam o principal meio de prestação de contas sobre as ações dos gestores. Nas entidades por ações, também conhecidas como Sociedades Anônimas (S.A.), por exemplo, os acionistas minoritários compõem o quadro societário da empresa, mas são considerados usuários externos, pois não têm fácil acesso às infor- mações, por isso, a Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976) e alterações (Lei das S.A.) deter- minam uma série de informações a serem divulgadas nas demonstrações contábeis, de forma a amparar os acionistas com dados que assegurem seu investimento. ■ Conjunto de demonstrações contábeis De acordo com a NBC TG 26 (R5) — Apresentação das Demonstrações Contá- beis (CFC, 2017), o conjunto completo de demonstrações inclui: » Balanço patrimonial. » Demonstração do resultado. » Demonstração do resultado abrangente. » Demonstração das mutações do patrimônio líquido. » Demonstração dos fluxos de caixa. » Demonstração do valor adicionado. » Notas explicativas. 3 1 A obrigatoriedade de elaboração e divulgação de tais demonstrações depende de legislações específicas conforme o porte e a formalização legal da entidade. No entanto, o balanço patrimonial e a demonstração do resultado, que você conhe- cerá neste material, devem ser elaborados por todas as empresas, mesmo que não venham a ser divulgados publicamente. Muitos empresários de pequenos negócios nunca viram o balanço patrimo- nial ou a demonstração de resultado da sua empresa. Será que o contador não fornece as demonstrações ou o empresário não tem interesse, pois não entende as informações? PENSANDO JUNTOS Mesmo que não sejam poucas as demonstrações, muitas empresas também apre- sentam o relatório da administração, que descreve e explica as características principais do desempenho e da posição financeira e patrimonial da entidade, assim como as incertezas às quais está sujeita. Muitas empresas também apre- sentam relatórios ambientais e sociais, sobretudo as de setores em que os fatores ambientais e sociais são significativos (CFC, 2017). As demonstrações contábeis são voltadas para usuários externos de forma geral: “ As demonstrações contábeis fornecem informações sobre transa-ções e outros eventos observados do ponto de vista da entidade que reporta como um todo e, não, do ponto de vista de qualquer grupo específico de investidores, credores por empréstimos e outros cre- dores, existentes ou potenciais, da entidade. CFC, 2019, [s.p.] UNIASSELVI 3 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 Contudo, os usuários internos necessitam de informações mais específicas e atuais. Porexemplo, ao invés de utilizar o balanço patrimonial, que contém todo o conjunto de bens, direitos e obrigações da entidade, o gerente finan- ceiro pode requerer relatórios específicos apenas com os dados relativos a va- lores a receber e/ou a pagar, contendo o valor de cada título e vencimento. Da mesma forma, o gerente de produção pode solicitar informações específicas a respeito de itens em estoque, produtividade, pedidos a serem entregues, custos de produção, entre outras informações.Além de informações específicas, os usuários internos necessitam receber os relatórios de forma mais contínua. As demonstrações contábeis são elaboradas ao final de cada período, que pode ser mensal, semestral, anual ou outro definido pela entidade. No entanto, os relatórios gerados para os usuários internos devem ser ge- rados conforme a necessidade, que pode ser, até mesmo, diária. Os relatórios internos são gerados pela Contabilidade quando a empresa possui um depar- tamento contábil próprio. Quando a Contabilidade é terceirizada, as infor- mações para a gestão são elaboradas por algum departamento administrativo que a empresa possua. Contudo, nada impede que o contador contratado pela empresa lhe envie relatórios com informações específicas, mas isso dependerá de como os serviços contábeis são contratados. NOVOS DESAFIOS E aí, gostou do papel da Contabilidade? Acredito que, agora, a atividade contá- bil faz muito mais sentido para você, pois sabe que muito mais do que atender às determinações legais, a Contabilidade é um importante instrumento de controle patrimonial, sendo que este controle resulta em informações que contribuem para o processo de tomada de decisão dos usuários. Contudo, para que essas informações sejam úteis, é necessário compreendê-las, e é isso que trabalharemos a partir de outro tema de aprendizagem. Até logo! 3 1 VAMOS PRATICAR 1. Todas as pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas que necessitarem de infor- mações contábeis para tomar decisões são consideradas usuários das informações contábeis. Estes, por sua vez, são separados em internos e externos. Os usuários in- ternos fazem parte da empresa e atuam diretamente em suas rotinas operacionais. Já os usuários externos podem ou não ter relações diretas com a empresa, mas não atuam dentro dela. Considerando essas informações e tomando como base uma empresa industrial, assinale a alternativa que apresenta um usuário da informação contábil com sua correta classificação. a) Governo, usuário interno. b) Diretoria, usuário externo. c) Gerente de produção, usuário externo. d) Instituições financeiras, usuário interno. e) Conselho Regional de Contabilidade, usuário externo. 2. As demonstrações contábeis fornecem informações sobre a situação econômica, fi- nanceira e patrimonial da entidade. Apesar de serem elaboradas de acordo com as estruturas definidas pelas normas contábeis, o nível de detalhamento e comple xidade é influenciado por alguns fatores. No que se refere a esses fatores, analise as afirma- tivas a seguir. I - A complexidade do negócio interfere nas informações contábeis, isso porque as de- monstrações de pequenos empreendimentos apresentam uma quantidade maior de informações, já que, normalmente, nessas situações, a Contabilidade é terceirizada. Já os grandes empreendimentos não necessitam de demonstração com muitas infor- mações, já que possuem profissionais qualificados para realizar a gestão do negócio. II - A distância entre o sócio/acionista das informações da empresa interfere nas infor- mações contábeis, isso porque quanto mais próximo o proprietário estiver da rotina da empresa, menos detalhes serão necessários nas demonstrações. III - Apesar das normas contábeis apresentarem um conjunto de sete demonstra ções, cada empresa deve analisar sua própria obrigatoriedade de elaboração e divulgação, por isso, varia a depender do porte e ramo de atividade. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 3 3 MINHAS METAS SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO ME. ADRIANA CASAVECHIA FRAGALLI A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará neste tema de aprendizagem: Elementos patrimoniais Origens e aplicações de recursos T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 3 3 4 INICIE SUA JORNADA Caro(a) estudante, neste tema de aprendizagem você terá a oportunidade de co- nhecer o que compõe esse patrimônio: os chamados elementos patrimoniais. Você descobrirá, também, como a Contabilidade classifica e organiza esses ele- mentos. Essa forma particular de organizar os elementos patrimoniais gera uma série de informações importantes sobre a entidade, como, por exemplo, identificar as origens e as aplicações de recursos financeiros. Então, não perca tempo, vamos descobrir a linguagem contábil! DESENVOLVA SEU POTENCIAL O João, que, assim como você, deseja conhecer mais sobre Contabilidade, abriu uma loja de roupas chamada Estilo. Para tanto, ele e mais dois amigos investiram o montante de R$200.000,00 cada, totalizando um capital de R$600.000,00. Com esse valor, eles compraram o ponto comercial e montaram a loja com balcões, expositores, prateleiras, provadores, mesas, itens de decoração e mercadorias para venda. Então, ela ficou assim: do valor investido, sobraram R$180.000,00, que foram depositados em uma conta corrente aberta no nome da empre- sa. A abertura da empresa também gerou dívidas com aluguel e com fornecedo- res, já que parte das mer- cadorias foram adquiridas a prazo. Com essas infor- mações eu lhe pergunto: o que compõe o patrimônio da empresa Estilo? Quais são as origens de recursos financeiros e como eles fo- ram aplicados na empresa? A empresa Estilo apresenta uma situação patrimonial positiva ou negativa? UNIASSELVI 3 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 Quando pensamos em patrimônio, naturalmente, nos lembramos dos bens que possuímos: uma casa, um carro, um terreno etc. O Dicionário Aurélio define patrimônio como herança paterna. Bens de família. Complexo de bens, materiais ou não, direito, ações, posse e tudo o mais que pertença a uma pessoa ou empresa e seja suscetível de apreciação econômica” (FERREIRA, 2009, p. 488). Os dados da empresa Estilo, apresentados anteriormente, estão detalha- dos na Tabela 1. Considerando os dados apresentados, identifique o patri- mônio da empresa Estilo. Ponto comercial R$ 75.000,00 Balcões R$ 60.000,00 Expositores R$ 40.000,00 Prateleiras R$ 50.000,00 Provadores R$ 35.000,00 Mesas R$ 15.000,00 Itens de decoração R$ 5.000,00 Mercadorias R$ 265.000,00 Depósito na conta corrente R$ 180.000,00 Dívida com fornecedores R$ 120.000,00 Dívida com aluguel R$ 5.000,00 Capital investido pelos sócios R$ 600.000,00 Tabela 1 - Dados da empresa Estilo / Fonte: a autora. 3 6 Você, provavelmente, deve ter considerado todos os bens, como os móveis e as mer- cadorias, como o patrimônio da empresa Estilo. Contudo, eu lhe convido a fazer a se- guinte reflexão: caso os sócios da empresa Estilo solicitassem um empréstimo a uma instituição financeira e, para assegurar o empréstimo, a instituição exigisse a relação de todo o patrimônio no nome da empresa, e, então, os sócios apresentassem todos os bens e seus respectivos valores, mas não mencionasse a dívida de R$120.000,00 com fornecedores, eles estariam sendo verdadeiros sobre a situação da empresa? Afinal, se a empresa já possui uma dívida, de certa forma, seus bens já estão comprometidos. Como você aprendeu na unidade anterior, o objeto de estudo da Contabili- dade é o patrimônio da entidade contábil, e é por isso que é importante conhecer os ELEMENTOS PATRIMONIAIS. Quando falamos em patrimônio, normalmente, lembramo-nos dos bens, da- quilo que possuímos e que tem valor, como uma casa ou um carro. Além do bem que já possuímos, nosso patrimônio também é composto pelos direitos que nos pertencem, como o direito de receber algum valor ou de usufruir de algo, afinal tudo quenos pertence e que tem valor econômico faz parte do nosso patrimônio. Entretanto, se dizemos que o que nos pertence e tem valor econômico faz parte do nosso patrimônio, então as nossas obrigações também são nosso patrimônio, afinal as nossas obrigações são nossas: ninguém sai por aí distribuindo boletos para outros pagarem, não é mesmo?! UNIASSELVI 3 7 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 Assim, podemos dizer que o patrimônio de uma entidade contábil é formado por bens, direitos e obrigações pertencentes a ela e que possuam valor econô- mico, ou seja, que possam ser mensurados em dinheiro. Os bens podem estar vinculados à entidade pela aquisição, recebimento, doação ou outro título. Os direitos de recebimento e as obrigações de pagamento são decorrentes de transações econômicas. Conheçamos melhor cada um desses elementos. Os bens representam tudo aquilo que é útil para satisfazer as necessidades das pessoas, assim são suscetíveis a avaliação econômica. No caso de João, em sua loja Estilo, é possível observar os seguintes bens: gôndolas, balcões, ex- positores, prateleiras, aparadores, mesas, ar-condicionado, dinheiro no caixa, computador, telefone,máquina de cartão, roupas para venda, o próprio prédio no qual a loja está instalada, entre outros. Todos esses elementos são bens e, dependendo da sua finalidade, são registrados em grupos específicos. Os bens para uso na própria loja, como as prateleiras e os provadores, são registrados no imobilizado, já os bens para venda, como as roupas, são registrados no estoque. Normalmente, o estoque e o imobilizado são os grupos de bens mais significativos nas entidades, mas você conhecerá outros. Existem várias maneiras de classificar os bens, dependendo do enfoque dado pela ciência. Para a Ciência Contábil, a principal classificação é quanto à materialidade: bens materiais e bens imateriais. ■ Bens materiais Figura 1 - Elementos que compõem o patrimônio / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: a figura apresenta os elementos patrimoniais. À esquerda, está a palavra “Patri- mônio”; do seu lado direito, há três quadros com desenhos e, entre eles, o sinal de mais (+). No primeiro quadro, há uma mão segurando uma sacola de presente e escrito “Bens”; no segundo, há uma mão em concha e, em cima da mão, há um cifrão com uma seta demonstrando retorno, abaixo, está escrito “Direitos”; no último quadro, há uma mão segurando um celular que apresenta a palavra PAY (pagamento), abaixo, está escrito “Obrigações”. 3 8 Os bens materiais são aqueles que possuem corpo, matéria. Esses bens, quando des- truídos por força física, deixam de ser bens. Os bens materiais, também denominados bens tangíveis, são divididos em: ■ Bens móveis: segundo o artigo 82 do Código Civil (BRASIL, 2002), são os bens suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou destinação econômico--Social. Exemplos: máquinas, veículos, mercadorias. ■ Bens imóveis: o artigo 79 do Código Civil (BRASIL, 2002) salienta que é o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Exemplos: terrenos, edificações. ■ Bens imateriais Os bens imateriais, também denominados bens intangíveis, não possuem corpo, não podem ser tocados, assim não podem ser destruídos por uma ação física. Contudo, a difamação, a má qualidade, preços incompatíveis, desrespeito ao consumidor po- dem desvalorizar ou, até mesmo, acabar com o bem (FRAGALLI; SILVA, 2021). Para Marion (2015), o bem intangível, incorpóreo ou invisível são bens que não se pode tocar ou pegar. São aqueles que passaram a ter grande relevância a partir das ondas de fusões e incorporações na Europa e nos EUA. Os bens intangíveis podem ser ob- jeto de cessão, ou seja, ação de ceder ou transferir a outrem a posse ou propriedade de alguma coisa. Os exemplos de bens intangíveis são: fundo de comércio, software, marcas e patentes, direitos autorais e direitos de exploração. Esses dois últimos, apesar de mencionarem “direitos”, na Contabilidade, ficam registrados como intangíveis. Fome de Poder Ano: 2016 Sinopse: A história da ascensão de uma das maiores redes de fast food do mundo. Após receber uma demanda sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal, o vendedor de Illinois Ray Kroc adquire uma participação nos negóci- os da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice Mac McDonald no sul da Califórnia e, pouco a pouco, elimina os dois da rede, transformando a marca em um gigantesco império alimentício. Comentário: o filme mostra a negociação de um bem intangível, no caso, a marca de uma das maiores redes de fast food do mundo. INDICAÇÃO DE FILME UNIASSELVI 3 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 Enquanto os bens, tangíveis e intangíveis, são elementos que a entidade pos- sui, os direitos são os valores que a entidade tem a receber, sejam eles de pessoas físicas ou jurídicas. Esses direitos decorrem do poder jurídico que uma entidade tem de exigir valores de outra entidade, seja de pessoa física, empresa ou até mesmo de órgãos públicos. Os direitos ocorrem por diversos atos empresariais, entre eles, podemos citar os seguintes: Figura 2 - Classificação dos direitos / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: a imagem contempla três colunas enumeradas de um a três com as classificações dos direitos. Da esquerda para a direita, temos os valores a receber de clientes, que são decorrentes de vendas reali- zadas a prazo; como os clientes levaram os produtos ou mercadorias e não pagaram no ato da compra, a empresa fica com o direito de receber no prazo combinado. Em seguida, no número dois, temos os valores a receber do poder público, que são decorrentes de créditos por impostos não cumulativos que legalmente serão utilizados para reduzir o valor dos impostos a pagar nos períodos seguintes, mas isso dependerá do regime tributário adotado pela empresa. Na coluna de número três, estão os valores a receber de funcionários ou sócios: são decorrentes de adiantamentos de salários ou empréstimos feitos a funcionários ou sócios; enquanto esses valores não forem descontados dos pagamentos ou recebidos em dinheiro, a empresa fica com o direito de recebê-los. Assim como a entidade tem direitos a receber, ela também tem obrigações a pagar. As obrigações são todos os compromissos, deveres ou ações passivas que envolvam valor econômico. Dessa forma, podemos dizer que as obrigações são valores que a entidade tem a pagar, seja a outras empresas, instituições financeiras, poder público, funcionários, sócios etc. As obrigações são dívidas contraídas por diversos motivos, como: compras a prazo, obtenção de empréstimos ou financia- mentos, determinação legal, contratação de funcionários, entre outras. Podemos classificar as obrigações, para fins didáticos, da seguinte forma: 4 1 É importante esclarecer que a liquidação de uma obrigação não é feita, ex- clusivamente, por meio de pagamento com recursos financeiros. Ela pode ser liquidada por meio de transferência de outros ativos ou, até mesmo, da prestação de serviços, o que depende da negociação. A Contabilidade divide as obrigações em exigíveis e não exigíveis. As obrigações exigíveis são aquelas contraídas com terceiros, como os fornecedores, o Governo e os funcionários. Essas obrigações têm um prazo determinado para pagamento. Já as obrigações não exigíveis são aquelas contraídas com os sócios. Quando a empresa é cons- tituída, os sócios investem um capital; na Contabilidade, esse investimento recebe o nome de Capital Social. Esse investimento dos sócios gera uma obri- gação para a empresa, contudo essa obrigação não tem um prazo determinado para pagamento, por isso, é considerada uma obrigação não exigível. Figura 3 - Classificação das obrigações/ Fonte: a autora. Descrição da Imagem: a imagem contempla quatro linhas numeradas de um a quatro com as classificações das obrigações. De cima para baixo, temos as obrigações por funcionamento, que são as dívidas decorrentes de operaçõesnormais da entidade, como compras a prazo de materiais para consumo ou de mercadorias para venda. Em seguida, no número dois, temos as obrigações por financiamento, que são as dívidas decorrentes de financiamento de bens ou de obtenção de recursos em instituições financeiras. Na linha de número três, estão as obrigações sociais e trabalhistas, essas são decorrentes da contratação de funcionários e de leis trabalhistas. E, por último, na quarta linha, as obrigações fiscais, que são as dívidas com o órgão fiscal, seja ele federal, estadual ou municipal, como os impostos e contribuições sociais. O ramo de atividade e o regime tributário interferem diretamente nessas obrigações. UNIASSELVI 4 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 Resumindo: o patrimônio de uma entidade contábil, seja pessoa física ou jurídica, é composto pelo conjunto de bens, direitos e obrigações. Uma ques- tão importante sobre os elementos que compõem o patrimônio é que, ne- cessariamente, eles precisam ter valor monetário. Isso significa que, se não for possível avaliar monetariamente um bem, um direito ou uma obrigação, não será possível registrá-lo no patrimônio. É por isso que a Contabilidade registra e controla o patrimônio observando dois aspectos: o qualitativo e o quantitativo. O aspecto qualitativo do patrimônio corresponde ao nome dado a cada elemento patrimonial. Isso porque, quando falamos que os bens, os direitos e as obrigações representam os elementos patrimoniais, na verdade, precisamos lembrar que esses são os conjuntos de elementos, já que existem vários bens, vários direitos e várias obrigações em cada entidade contábil. Para registrar e controlar cada elemento patrimonial, a Contabilidade utili- za um plano de contas, assim cada conta contábil representa um elemento patrimonial, que, no caso, corresponde ao aspecto qualitativo do elemento. É importante esclarecer que o nome da conta contábil deve estar sempre relacionado ao elemento.Por exemplo, a conta “Caixa” representa o dinheiro da empresa, já a conta “Mercadorias” representa o estoque de mercadorias disponível para venda. Por mais que pareça fácil identificar o elemento patrimonial pela sua conta contábil, é importante conhecer o plano de contas de cada entidade e verificar o que é registrado em cada uma delas, isso porque o plano de contas pode ser ajustado à realidade de cada entidade. Por exemplo, a entidade pode optar por separar o dinheiro em papel moeda do dinheiro da conta corrente, nesse caso, no plano, haverá a conta “Caixa” e a conta “Banco conta movimento”. Por outro Uma das premissas básicas para a atividade contábil é reconhecer que a empresa é uma entidade separada dos seus sócios. Isso significa que o patrimônio da empresa não pode ser misturado com o patrimônio de seus sócios. Não é à toa que chamamos a empresa de pessoa jurídica: é como se fosse, realmente, uma outra pessoa, com seus bens, direitos e obrigações próprias. Assim, quando os sócios investem na empresa, esta passa a ter uma obrigação financeira com aqueles. APROFUNDANDO 4 1 lado, a entidade pode optar por registrar toda a sua movimentação financeira em uma única conta, então, no plano, haverá a conta “Caixa e equivalentes de caixa”. Enquanto o aspecto qualitativo de cada elemento é evidenciado por meio da conta contábil, o aspecto quantitativo é evidenciado por meio de valores. Isso significa que cada elemento patrimonial deve ser registrado em uma conta contábil com seu respectivo valor. O simples levantamento dos elementos patrimoniais de uma entidade, em seus aspectos qualitativo e quantitativo, representa um inventário, é o que chamamos de patrimônio não sistematizado, conforme demonstrado na Tabela 2. ASPECTO QUALITATIVO ASPECTO QUANTITATIVO Caixa R$ 15.000,00 Duplicatas a receber R$ 11.000,00 Mercadorias R$ 38.000,00 Móveis R$ 23.000,00 Fornecedores R$ 19.000,00 Salários a pagar R$ 5.000,00 Capital social R$ 63.000,00 Tabela 2 - Patrimônio não sistematizado / Fonte: a autora. A Contabilidade, em sua função de gerar informação, não se limita a registrar os elementos patrimoniais em seus aspectos qualitativo e quantitativo, ela também os organiza; é o que chamamos de SISTEMATIZAÇÃO DO PA- TRIMÔNIO. Para tanto, a Contabilidade separa os bens e os direitos das obrigações. Os bens e direitos ficam registrados em um grupo chamado ativo, enquanto as obrigações ficam em um grupo chamado passivo. Como existem obrigações exigíveis e não exigíveis, no grupo do passivo, existe um subgrupo chamado patrimônio líquido. UNIASSELVI 4 3 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 Figura 4 - Sistematização do patrimônio / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: a imagem demonstra a sistematização do patrimônio através de um organograma que inicia com o “Patrimônio”. Este é dividido em “Bens e direitos” de um lado e “Obrigações” do outro. Entre “Bens e direitos” e “Obrigações”, aparece o sinal de igual (=). Os “Bens e direitos” são alocados no “Ativo”, já as “Obrigações” são divididas em “Obrigações exigíveis” de um lado e “Obrigações não exigíveis” de outro. As Obrigações exigíveis são alocadas no “Passivo”, enquanto as “Obrigações não exigíveis” são alocadas no “Patrimônio líquido”. Entre “Obrigações exigíveis” e “Obrigações não exigíveis”, aparece o sinal de mais (+). Entre “Passivo” e “Patrimônio líquido”, aparece o sinal de mais (+). Entre “Ativo” e “Passivo”, + “Patrimônio líquido” aparece o sinal de igual (=). Essa separação, muito mais do que uma simples organização, permite identificar uma série de informações sobre a entidade, como nível de endi- vidamento, origem e aplicação de recursos financeiros, situação patrimonial (positiva ou negativa). Conforme nos aprofundamos no detalhamento dessa sistematização, mais informações descobriremos. APROFUNDANDO 4 4 Conceitos relacionados ao patrimônio: ELEMENTOS PATRIMONIAIS Bens, direitos e obrigações; ativo, passivo e patrimônio líquido. ASPECTO QUALITATIVO Refere-se ao nome dado ao elemento. ASPECTO QUANTITATIVO Refere-se ao valor monetário do elemento. Perceba, na Figura 4, que existe um sinal de igualdade entre “Bens e direitos” e “Obrigações”, assim como entre “Ativo” e “Passivo + Patrimônio líquido”, isso porque a sistematização do patrimônio gera um equilíbrio financeiro entre esses grupos de elementos patrimoniais. Essa igualdade do patrimônio sistematizado gera as seguintes equações: ■ Bens e direitos = Obrigações. ■ Ativo = Passivo + Patrimônio líquido. ■ Patrimônio líquido = Ativo – Passivo. Para ilustrar o equilíbrio gerado pela sistematização do patrimônio, retomaremos os dados apresentados na Tabela 2. Primeiramente, classificaremos os elementos. ASPECTO QUALITATIVO ASPECTO QUANTITATIVO CLASSIFICAÇÃO Caixa R$ 15.000,00 Bem / Ativo Duplicatas a receber R$ 11.000,00 Direito / Ativo Mercadorias R$ 38.000,00 Bem / Ativo UNIASSELVI 4 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 ASPECTO QUALITATIVO ASPECTO QUANTITATIVO CLASSIFICAÇÃO Móveis R$ 23.000,00 Bem / Ativo Fornecedores R$ 19.000,00 Obrigação exigível / Passivo Salários a pagar R$ 5.000,00 Obrigação exigível / Passivo Capital Social R$ 63.000,00 Obrigação não exigível / Patrimônio líquido Tabela 3 - Classificação dos elementos / Fonte: a autora. Agora sim, com essas informações, podemos sistematizar o patrimônio: ATIVO PASSIVO Caixa R$ 15.000,00 Fornecedores R$ 19.000,00 Duplicatas a receber R$ 11.000,00 Salários a pagar R$ 5.000,00 Mercadorias R$ 38.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis R$ 23.000,00 Capital Social R$ 63.000,00 Total do ativo R$ 87 000,00 Total do passivo + PL R$ 87 000,00 Quadro 1 - Patrimônio sistematizado / Fonte: a autora. Como você pôde observar no Quadro 1, ao sistematizar o patrimônio, o valor total do ativo fica igual ao valor total do passivo + patrimônio líquido, no caso, ambos ficaram com R$87.000,00. É importante esclarecer que o valor total depende do conjunto de elementos que a entidade possui, mas, sempre, isso mesmo, sempre o valor total do ativoserá igual ao valor total do passivo mais o patrimônio líquido. 4 6 Para saber se a situação patrimonial da entidade é positiva ou negativa, é neces- sário observar a sua situação líquida, que, no caso, é obtida por meio do saldo do patrimônio líquido. Para enxergar o patrimônio líquido como a situação líquida da entidade, é preciso ter o seguinte raciocínio: se, por um lado, o patrimônio líquido representa a obrigação da empresa com seus sócios/acionistas, por outro lado, ele apresenta o saldo de recursos que sobra para a empresa após cobrir todas as suas obrigações exigíveis. Basta relembrarmos a equação: Pense comigo: no ativo, estão todos os bens e direitos da entidade, enquanto, no passivo, estão todas as obrigações exigíveis; então, se utilizarmos todos os bens e direitos para pagar todas as obrigações, o que sobra é a situação líquida. Assim, se o ativo for maior que o passivo, a situação é positiva, mas, se o ativo for menor que o passivo, a situação é negativa. Para facilitar a compreensão, exemplificaremos. VOCÊ SABE RESPONDER? Com isso, chegamos à seguinte questão: se o patrimônio sistematizado sem- pre apresenta um equilíbrio entre o ativo e o passivo mais o patrimônio líquido, como identificar se a situação da entidade é positiva ou negativa? UNIASSELVI 4 7 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 ■ Situação líquida positiva Quando o valor do ativo é maior que o valor do passivo, significa que a entidade consegue cobrir todas as suas dívidas e, ainda, gera uma sobra. Imagine que uma empresa possua R$300.000,00 de ativo e R$200.000,00 de passivo (obrigação exigível). Aplicando a fórmula, teríamos o seguinte valor de patrimônio líquido: ■ Patrimônio líquido = Ativo - Passivo (exigível) ■ Patrimônio líquido = R$ 300.000,00 - R$ 200.000,00 ■ Patrimônio líquido = R$ 100.000,00 Figura 5 - Situação líquida positiva / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: a figura apresenta um quadro maior com a descrição “Ativo: R$ 300.000,00”; ao lado, há um quadro menor com a descrição “Passivo: R$ 200.000,00”; abaixo, há um quadro menor ainda com a descrição “Patrimônio líquido: R$ 100.000,00”. A diferença entre o quadro do “Ativo” (maior) e o quadro do “Passivo” (médio) é evidenciada com uma linha tracejada que indica “Sobra de recursos”. Abaixo do quadro do Ativo, está evidencia- do o total de R$300.000,00; assim como, abaixo dos quadros do Passivo e do Patrimônio líquido, também está evidenciado o total de R$300.000,00. Como você pôde observar na Figura 5, a empresa consegue pagar todas as suas dívidas e ainda sobram R$100.000,00. 4 8 ■ Situação líquida negativa Quando o valor do ativo é menor que o valor do passivo, significa que a entidade não possui recursos suficientes para pagar as suas dívidas, assim se encontra em uma situação negativa. Imagine que uma empresa possua R$200.000,00 de ativo e R$280.000,00 de passivo (obrigação exigível). Aplicando a fórmula, teríamos o seguinte valor de patrimônio líquido: ■ Patrimônio líquido = Ativo - Passivo (exigível) ■ Patrimônio líquido = R$ 200.000,00 - R$ 280.000,00 ■ Patrimônio líquido = (R$ 80.000,00) Figura 6 - Situação líquida negativa / Fonte: a autora. Descrição da Imagem: a figura apresenta um quadro menor com a descrição “Ativo: R$ 200.000,00”; ao lado, há um quadro maior com a descrição “Passivo: R$ 280.000,00”; abaixo, há um quadro menor com a descrição “Patri- mônio líquido: R$ (80.000,00)”. A diferença entre o quadro do “Ativo” (menor) e o quadro do “Passivo” (maior) é evidenciada com uma linha tracejada que indica “Falta de recursos”. Abaixo do quadro do Ativo, está evidenciado o total de R$200.000,00; assim como, abaixo dos quadros do Passivo e do Patrimônio líquido, também está evidenciado o total de R$200.000,00. É importante ressaltar que, sempre que encontrarmos valores entre parênteses, eles se referirem a valores negativos. UNIASSELVI 4 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 Como você pôde observar na Figura 6, se a empresa utilizar todos os seus bens e direitos, ainda assim não consegue pagar todas as suas dívidas, pois faltam R$80.000,00. Segundo Fragalli e Silva (2021, p. 72),“a compreensão da situação patrimonial de uma entidade é fundamental para os usuários das informa- ções contábeis, pois permite avaliar o desempenho da gestão empresarial, definir estratégias, entre outras questões relevantes no processo decisório”. No entanto, é importante esclarecer que a situação negativa não significa, neces- sariamente, que a empresa deve encerrar suas atividades. Quando se fala de negócios, existe uma série de questões a serem observadas, como expectativas de mercado, possibilidades de negociação, mudanças de estratégias etc. A sistematização do patrimônio facilita a identificação dos bens e direitos da entidade, assim como suas obrigações, e possibilita a verificação da situação patrimonial, se é positiva ou negativa. Além dessas informações, a sistematiza- ção também permite enxergar as ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS. Toda entidade depende de recursos financeiros, os quais são utilizados para manter suas atividades. A primeira fonte de recursos de uma empresa é justamente o investimento dos sócios/acionistas, que pode ser feito em di- nheiro ou algum outro bem, como mercadorias, móveis etc. Assim, a conta Capital Social representa uma fonte de recursos, e a forma como esse capital é integralizado representa as aplicações. Após iniciar suas atividades, diver- sas outras fontes de recursos surgirão, e a empresa, então, administra esses recursos de forma a alcançar seus objetivos. No patrimônio sistematizado, as diversas fontes de recursos de uma entidade são observadas no grupo do passivo, sendo que o passivo exigível corresponde a recursos provenientes de terceiros, ou seja, de pessoas (físicas ou jurídicas) de fora da empresa, e o patrimônio líquido corresponde a recursos provenientes dos sócios. Os re- cursos de terceiros são denominados Capital de Terceiros, e os recursos dos sócios/acionistas são denominados Capital Próprio. “ “[...] do lado do Passivo, tanto Capital de Terceiros (Passivo Exi-gível) como Capital Próprio (Patrimônio Líquido), representa toda a fonte de recursos, toda a origem de capital. Nenhum re- curso entra na empresa se não for via Passivo ou Patrimônio Líquido” (IUDÍCIBUS; MARION, 2018, p. 33) 1 1 Assim, podemos afirmar que o lado do passivo e patrimônio líquido repre- senta toda a fonte de recursos de uma entidade. Entretanto, talvez, você se pergunte: “como assim todas as obrigações representam fontes de recursos?”. Acredito que, quando falamos em um empréstimo, faz sentido dizer que é uma fonte de recurso, pois a empresa capta dinheiro de uma instituição fi- nanceira, mas isso gera uma obrigação. Contudo, não é somente esse tipo de obrigação que representa fonte de recursos, na verdade, por mais estranho que pareça, sim, todas as obrigações representam fontes de recursos. Imagine que uma empresa tenha comprado R$10.000,00 de mercadorias para pagar em trinta dias. Essa transação gerou uma obrigação, mas também corres- ponde a uma fonte de recurso: isso porque a empresa obteve as mercadorias, que correspondem a mais recursos para suas atividades, e, enquanto ela não pagar o fornecedor, de certa forma, este estará financiando a sua atividade. É como se o fornecedor tivesse emprestado R$10.000,00 para empresa, na forma de mercadorias, pelo período de 30 dias. Quando a empresa efetuar o pagamento, a obrigação será rescindida e sairá do grupo passivo; ao sair do passivo, não representa mais uma fonte de recurso. Acho que, agora, você concorda que a obrigação com fornecedores re- presenta uma fonte de recurso. Entretanto, e quanto aos salários a pagar e os impostos a recolher? Afinal, eles também são obrigações registradas no passivo: por que eles são considerados fontes de recursos? Para entender essa situação, acompanhamos um pouco da rotina do nosso personagem João. No último dia de cada mês, o contador da loja de João