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SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO AULA 1 Prof. João Marcos Andrade 2 CONVERSA INICIAL O início, o start, enfim... como de fato se inicia um processo de importação no Brasil, quais os procedimentos básicos e imprenscindíveis para qualquer empresa realizar uma importação, ou desenvolver um projeto, um planejamento de importação, todas essas questões estudaremos pormenorizadamente nesta disciplina, discriminando cada detalhe necessário para uma completa e segura atuação de coordenação administrativa de qualquer processo de importação, detalhamentos referentes às particularidades das empresas junto ao órgão governamental responsável pela fiscalização e Administração Aduaneira no Brasil, que é a Receita Federal do Brasil, vinculada diretamente ao Ministério da Economia. CONTEXTUALIZANDO A entrada de uma determinada mercadoria no Brasil sujeita-se ao processo de Despacho Aduaneiro de acordo com a Legislação Aduaneira, (leia- se Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil n. 680/2006 em seu artigo 1º), seja a mercadoria o resultado de uma importação definitiva ou não, (veremos cada uma detalhadamente ao longo desta Disciplina). Dentre as regras aduaneiras, vide legislação acima citada, iniciaremos falando das mais importantes para o início dos procedimentos técnicos da importação, observaremos os requisitos básicos para qualquer empresa instalada no Brasil ingressar no Comércio Exterior, assim, nosso estudo estará abrangendo desde as orientações primárias para a execução eficaz na importação, até ao mais alto nível de complexidade a ser observado em processos de importação mais exigentes tanto em termos de planejamento administrativo tributário, quanto em termos de projeto de importação para adequação a Planejamento Estratégico de uma empresa. Para que os procedimentos operacionais da importação se tornem possíveis de serem executados, as tarefas precisam ser embasadas em conteúdos sempre atualizados, para que não ocorram descumprimentos de normas aduaneiras, evitando assim prejuízos financeiros. 3 TEMA 1 – FUNDAMENTOS DA IMPORTAÇÃO Inicialmente, é coerente apontarmos informações que demonstrem a base fundamental para o estudo a que estamos aqui nos propondo, por isso, a seguir, observamos o Conceito de Importação com base na visão do principal órgão brasileiro responsável pelas fiscalizações das importações brasileiras que é a Receita Federal do Brasil. Diz o portal da Receita Federal do Brasil em relação ao conceito da Importação, “A importação compreende a entrada temporária ou definitiva em território nacional de bens ou serviços originários ou procedentes de outros países, a título oneroso ou gratuito”. Saiba mais Saiba mais em: RECEITA FEDERAL. Importação. Disponível em: <http://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/importacao-e- exportacao/despacho-aduaneiro-de-importacao>. Acesso em: 19 fev. 2020. Muito bem, temos neste conceito pontos que por si só já merecem atenção especial para termos uma compreensão cada vez mais abrangente sobre em que de fato consiste um projeto de importação, e um trabalho, uma atividade dessa natureza. A autora Angela Cristina Kochinski Tripoli, diz em seu livro Comércio Internacional, Teoria e Prática, na página 268 que “[...] Importar incide em uma transação comercial quando compramos produtos provenientes do exterior. Para essa transação, é necessário cumprir todas as exigências legais, fiscais e cambiais, para que, por conseguinte, ocorra a saída de divisas do país importador” Razoavelmente, temos encontrado ao longo do tempo de prática do Comércio Internacional, profissionais que por algum momento entendem estar realizando uma atividade de Importação 100% correta, ou seja, totalmente condizente com as normas legais, fiscais, cambiais, como a autora Angela Tripoli mencionou em sua obra anteriormente descrita. A quantidade de dados em uma importação varia de acordo com a característica daquela operação, e isso pode desencadear procedimentos muitas vezes bem diferentes dos quais um profissional está habilitado a realizar, dada sua expertise num determinado tipo/modelo de produto, ou especificação 4 de importação de acordo com o projeto da empresa, surgindo então a grande necessidade de absorver conteúdos sempre atualizados e de acordo com as regras tanto nacionais, quanto internacionais de comércio exterior. Essas afirmações precisam ser observadas, seja nas atividades mais variadas em que qualquer um de nós possa estar atuando em uma importação, como em bens de consumo, aqueles que a importação ocorre para atender uma demanda de consumo imediato como peça, produto alimentício, roupa, veículo, remédios, dentre outros, ou Bens de Capital, aqueles que darão origem a outros produtos, como uma máquina, uma célula de produção, um equipamento que produza outros produtos, e ainda serviços, os quais contemplam uma variedade de atividades profissionais como engenharia, consultoria, assessoria, vendas, corretagem, dentre outras atividades definidas como Serviços. 1.1 Práticas operacionais nas importações É comum e até natural que surjam dúvidas tais como, mas o que de fato posso realizar profissionalmente em importações, quais seriam minhas atividades profissionais, em que modelo de negócio posso atuar, dentre outras questões. Para chegarmos às respostas para essas perguntas, é necessário compreendermos que a as atividades de importação demandam várias etapas de trabalho e que, portanto, é necessário sempre mais de um profissional envolvido, considerando que em algum momento uma determinada atividade irá exigir um profissional especializado em uma tarefa que o outro não domina as habilidades, portanto, aqui já é possível comprovarmos a necessidade de uma certa quantia de profissionais aplicados e determinados a estudar os fundamentos da importação, bem como desenvolver estratégias e mecanismos de solução de questões técnicas previstas, muitas, muitas situações imprevistas que sempre surgem em negócios de importação. Em toda essa recheada definição de práticas de operações de importação, temos a necessidade de encontrar de fato a forma, a Sistemática de Importação, que vem a ser a forma como procederemos no dia a dia das atividades de importação onde estamos atuando, e é por isso que este material chega até você, justamente para lhe auxiliar abrir o entendimento quanto às variáveis presentes em cada importação, cada negócio internacional. 5 TEMA 2 – ATIVIDADES OPERACIONAIS NA IMPORTAÇÃO As tarefas operacionais na importação variam conforme alguns fatores, tais como, tipo da importação, perfil da empresa onde estou atuando, se é uma empresa de fato importadora, ou uma empresa prestadora de serviço de assessoria aduaneira, logística, fiscal ou tributária (estudaremos esses tópicos nesta Disciplina). O importante a título de formação profissional é saber que para atuação no Comércio Internacional preciso estar atento e conhecer as regras e determinações tanto nacionais, quanto internacionais, e inclusive as existentes no(s) país(es), com o qual(quais), estou negociando. São essas questões que definem minha atuação profissional, e deverei ao máximo possível me especializar, me inteirar sempre dos detalhes das operações de importação na empresa onde estou atuando, de forma que seja possível apresentar cada vez mais qualidade em minhas atividades, porém, baseado em fundamentos de conhecimentos sólidos, como regras tributárias, questões logísticas, tratativas para negociações internacionais, todos temas que esta disciplina apresenta detalhadamente. 2.1 Cronologia – Tempo para a realização da importação Preciso iniciar minha agenda de atividades na importação analisando o contexto de onde estou trabalhando, se atuo em uma empresa importadora, ou em um prestadorde serviços logísticos, ou ainda em uma empresa prestadora de serviços de assessoria aduaneira, tributária, fiscal, jurídica, logística, enfim, para cada modelo de atuação há sempre particularidades, que são desenvolvidas com base em observações e cumprimentos às regras inerentes a cada campo de atuação. A seguir, analisaremos o procedimento inicial operacional com base na concepção de trabalho em uma Organização que realiza importações em seu CNPJ ou o faz em nome de outro, neste último caso, por meio de procedimentos específicos que veremos nesta disciplina, mais adiante. Também veremos nesta aula, a atuação profissional não na condição de Importador, mas sim na atuação como Fornecedor de Serviço Logístico, ator da cadeia de Logística denominado Agente de Cargas (Freight Forwarder), ou ainda Transportador Rodoviário, Cia Aérea, Armador Marítimo, Despachante 6 Aduaneiro, Perito de Seguro Internacional de Cargas, Corretor de Seguros, Analista de Câmbio, Analista ou Assistente de Importação, dentre outras atividades. Para iniciar uma análise quanto à cronologia em uma importação, necessitamos considerar: 1) Prazos: Os prazos que me foram sugeridos para a execução da importação desde o momento da pesquisa de produto ou serviço no exterior, até a chegada no endereço de minha empresa. Na análise dos prazos, necessito verificar o tempo sugerido ou requisitado pelo setor/departamento que solicitou a importação para que a mercadoria esteja disponível na empresa no Brasil. Ao saber o tempo que tenho para trabalhar e organizar todos os passos e procedimentos da importação, então posso planejar minhas atividades da operação de importação, considerando que tenho que inserir em meu planejamento os seguintes dados: 1.1 Lead Time. (Tempo solicitado pelo fornecedor/exportador para disponibilizar a mercadoria para embarque no exterior). Neste tópico, devo considerar que a operação logística para embarque no exterior, irá depender de uma situação técnica na negociação, que vem a ser o Incoterm – Termos Internacionais de Comércio. Os Incoterm´s são divididos em grupo, veremos detalhadamente esse tema em um tópico específico nesta Disciplina, porém, apenas como uma breve introdução ao tema, vale dizer que o Incoterm é uma espécie de ferramenta de auxílio de negociação entre o Importador e o Exportador, na medida em que um for escolhido (são 11 opções de Incoterm´s). Para a operação de importação é o que irá definir as responsabilidades logísticas de cada um, bem como servirá de orientação para composição de valores na formulação da Base de Cálculo de Impostos na chegada da carga no Brasil (tema também a ser verificado em detalhes mais adiante nesta disciplina). Então, já sabemos que a definição do Incoterm entre Importador e Exportador irá direcionar questões de responsabilidades quanto a embarque no Brasil e liberação alfandegária no exterior, bem como outras questões, as quais veremos oportunamente em tópico específico para esse tema. Mas é possível compreendermos que para trabalharmos nossa agenda em relação à 7 importação, é imprescindível que saibamos exatamente quais as regras do Incoterm definido, pois teremos assim embasamento para elaborarmos um cronograma de atividades da importação, por mais simples que possa ser precisa ser sempre elaborado, exatamente para servir de parâmetro para as programações e tomadas de decisão do setor/departamento solicitante da importação. Tal observação é em relação, por exemplo, a uma determinada data sugerida pelo requisitante da Importação para que a mercadoria esteja na empresa, a qual precisamos cumprir, e, neste momento, surge outro dado a ser analisado que é saber qual opção logística utilizaremos em relação ao Modal de Transporte, se trabalharemos no modal aéreo, marítimo, ou ainda no Modal Rodoviário (este último apenas em caso de importações oriundas do Mercosul). 1.1.1 Modal de Transporte a ser utilizado. A escolha/definição do modal de transporte irá fornecer-nos condições de estabelecer dados mais precisos em nosso cronograma, pois poderemos apresentar informações de previsões de chegada da mercadoria na empresa, com base nas programações de transporte desde a origem no exterior, até a chegada no Brasil, lembrando que em qualquer Modal de Transporte sempre pode haver imprevistos dos mais variados tipos, como atrasos na saída do veículo transportador, greves em portos ou aeroportos, ou em setores que estejam envolvidos com o transporte da mercadoria da importação, como greve de caminhoneiros, greve de correios, greve de órgãos públicos, dentre outras atividades. Assim, conseguimos compreender então que de acordo com o planejamento de tempo que me foi passado pelo setor/departamento requisitante da importação, é que eu devo definir minhas condições de trabalho, ou seja, minhas tomadas de decisão na Importação, desde saber qual o Modal de Transporte deverei usar, qual o Incoterm praticarei, qual porto ou aeroporto no Brasil estarei utilizando para processar os trâmites burocráticos de importação, os quais veremos detalhadamente nesta disciplina com todas as nomenclaturas devidas e aplicáveis. 1.1.2 Parceiros – Fornecedores de Serviços. Ok, tenho a definição de qual Incoterm irei utilizar, sei qual será o Modal de Transporte a ser praticado, mas quem será ou quem serão os prestadores de 8 serviços logísticos, quais serão meus parceiros de negócio para a realização das tratativas logísticas em minha(s) importação(ões)? A resposta obterei de acordo com minha desenvoltura nos negócios das importações, a captação e definição de parceiros de logística internacional desenvolverei conforme minha vivência no Comércio Internacional for se aprofundando, pois com essa minha aplicação naturalmente estarei desenvolvendo parceiros e prestadores de serviço ao longo das negociações, dos pedidos de orçamentos, cotações, contratações de serviços, a cada importação realizada pode ser que eu esteja desenvolvendo um parceiro até que estabilize um modus operandi (uma maneira prática de operacionalizar minhas importações). 1.1.3 Atuação como Fornecedor/Prestador de Serviços. Posso estar atuando em uma empresa que atua exatamente na prestação de serviços para importadores, empresas que prestam serviços de fretes internacionais, assessoria aduaneira e tributária, dentre outras atividades. Estando atuando em organizações que prestem serviços a importadores, ou seja, empresa que não atua como importadora de fato, minhas obrigações e responsabilidades operacionais são de certa forma atividades de apoio, como transporte da mercadoria, apresentação desta para os órgãos fiscalizadores estaduais e federais, e, para isso, devo também estar munido de conhecimento das regras de importação. Por isso a importância de buscar compreender cada tópico desta Disciplina, pois abordam o todo para uma atuação profissional eficaz, seja como importador, seja como prestador de serviço na importação. Certo, sabendo qual minha colocação profissional na importação, seja como empresa importadora, seja como prestador de serviço logístico, deverei compreender que sou dependente de recursos financeiros para saudar os compromissos assumidos durante um processo de importação, esses compromissos variam também conforme minha atuação, por exemplo: Estando eu atuando em uma organização que realiza a importação em seu CNPJ, devo estar atento a compromissos financeiros assumidos junto ao meu fornecedor/exportador no exterior, também junto aos meus prestadores de serviços logísticos, bancos, e outros que eu venha a contratar dependendo do tipo, da característica de minha(s) importação(ões). 9 2) Recursos Financeiros disponíveis para a realização da (s) importação(ões). Ao atuar em empresa importadora é muito importante que eu obtenha informações juntoa setores responsáveis pela coordenação financeira da empresa, quais os recursos financeiros disponíveis para minha operacionalização de importação, exatamente porque são os recursos disponíveis que me permitirão programar minhas atividades na importação, desde modal de transporte, fornecedor a ser definido, dentre outros aspectos. 3) Setor/departamento requisitante da importação. Para que eu saiba com quem irei solucionar dúvidas que surgirem no processo de negociação com o exportador, bem como nas execuções das atividades logísticas até a chegada na empresa no Brasil, é importante participar ao máximo possível, de reuniões, chat´s ou outras formas de comunicação interna da empresa, relativas ao projeto da(s) importação(ões), pois é nestes momentos em que aparecem as dúvidas e onde tenho a oportunidade de otimizar tempo e preparar os procedimentos operacionais para a definição do que observei acima, como prazo para entrega da carga no Brasil, Incoterm a ser usado, Modal de Transporte definido, dentre outras características que irão variar conforme a particularidade de cada carga. 4) Prestando Serviço a Importadores. Importante também considerar que se eu estiver atuando em empresa prestadora de serviços a uma empresa importadora, podendo ser um agenciador internacional de fretes, ou outra configuração de negócios, também terei custos a serem quitados, e, da mesma forma que a empresa importadora, também dependo de orientações de setores responsáveis pela coordenação financeira da empresa onde trabalho, para saber qual o orçamento disponível para a realização do serviço que vendi ao meu cliente importador. Dessa forma, será possível definir quanto pagarei, por exemplo, por um frete internacional contratado junto a uma companhia aérea, e por quanto irei vender este frete a um cliente importador (lembrando que neste parágrafo estamos considerando minha atuação como prestador de serviço a uma empresa importadora e que não efetuarei pagamentos a exportadores no estrangeiro, pois esta incumbência fica a cargo do importador). 10 TEMA 3 – ESTRUTURAÇÃO DA EMPRESA PARA A IMPORTAÇÃO É fundamental que a empresa independente do porte, esteja ciente de que é necessária uma avaliação interna, uma análise em sua estrutura funcional, a fim de conceber de fato uma ideia, um projeto, para realizar uma ou mais importações. Essa necessidade tem origem nas tarefas operacionais a serem executadas desde o momento da pesquisa por um produto, mercadoria, bem, ou serviço no exterior, bem como quais são as opções que a empresa tem nos quesitos de fornecedores locais para prestação de serviço, além dos parceiros e fornecedores no exterior, tanto o exportador quanto os parceiros logísticos. 3.1 Departamento de importação – empresa importadora É recomendável a empresas que realizam importações, que estejam providas de um Departamento Responsável por estas tarefas, tendo em vista a alta demanda de atividades diárias, desde a definição do projeto da importação, até contatos com o(s) exportador/fornecedor(res), contatos com prestadores de serviço logístico, bancos etc. Mas nem sempre é possível a todas as empresas importadoras possuir um departamento próprio e exclusivo para as demandas das importações, e, nestas circunstâncias, promove-se a terceirização completa das atividades, Nas empresas que há o departamento de Importação, as atividades principais são: 1. Contatos com departamentos sobre as requisições de importações. 2. Contatos com Fornecedor/Exportador. 3. Contatos com Prestadores de Serviço, (agente de cargas etc). 4. Contatos com Bancos, corretoras de seguro. 5. Órgãos Públicos (Receita Federal, Anvisa, Min. Agricultura etc). Nesses contatos são tratados assuntos como orçamentos de custos para importação, detalhamento da produção do material a ser importado, ou detalhes de embalagens, ou ainda especificações de produtos conforme as características das importações, pagamentos de serviços a exportadores e fornecedores no Brasil, alterações de programação da importação, como datas, locais de embarque no exterior, e desembarque no Brasil, ajustes operacionais 11 envolvendo documentação de instrução de Despacho Aduaneiro, tema a ser visto detalhadamente ainda nesta Disciplina. É importante considerar que na empresa importadora as atividades do responsável pelas atividades de importação, abrangem desde o primeiro contato com o fornecedor, até a chegada da mercadoria no endereço final da importação, e os procedimentos variam conforme a empresa e tipo de importação, embora já tenhamos comentado essa questão, é fundamental considerarmos que o Importador Brasileiro é responsável por todas as tratativas do embarque no exterior, trânsito internacional, chegada no Brasil (porto, aeroporto ou fronteira terrestre no caso do Mercosul), considerando que a definição do Incoterm na importação, é que irá limitar as funções operacionais tanto do importador no Brasil, quanto do Exportador no Exterior. 3.2 Departamento de importação – empresa prestadora de serviço a importadores Agora, sob o ponto de vista de empresa prestadora de serviço de apoio à importação, como agente de cargas internacionais, corretoras de seguro, cias aéreas, armadores marítimos, despachantes aduaneiros, assessorias contábeis e jurídicas, dentre outras atividades, é importante considerar que os contatos serão, na grande maioria das vezes e quase sempre, diretamente com o Importador, a empresa que de fato está importando, e que contratou os serviços da empresa de onde atuo. Os contatos por mim realizados ao atuar nessa configuração de empresas (prestadores de serviços logísticos, e outros de apoio às importações), serão os contatos operacionais, aqueles em que irei contatar uma empresa Agente de Cargas no país de origem da importação, para tratar dos detalhes das coletas das cargas, contatos com cias aéreas, armadores marítimos e transportadores rodoviários, sempre com o intuito de orientar as tratativas sobre data de embarque, modal de transporte, embalagem, especificações técnicas de determinada mercadoria conforme solicitação do importador, dentre outras atividades. Sempre que estou atuando em empresas prestadoras de serviço a importadores, é necessário considerar que meu Cliente (importador) confiou sua importação à empresa em que atuo, de forma que minha responsabilidade será 12 tratar a importação como se pertencesse a mim mesmo, ou à empresa na qual atuo. Por exemplo, ao atuar como Agente de Cargas Internacionais, minhas atividades básicas serão: 1) Contatar o Importador e Exportador. 2) Contatar o Despachante Aduaneiro. 3) Contatar Cia Aérea, Armador Marítimo e Transportador Rodoviário. 4) Contatar Porto, Aeroporto, Armazém, Fronteira, Alfândegas. 5) Contatar órgãos Públicos. Nesses contatos, irei detalhar operações de coletas de cargas no exterior por intermédio de meu representante no país de origem, bem como organizar a melhor data para embarque conforme a necessidade de meu cliente importador, orientar o transportador quanto às especificações da carga, coordenar os embarques desde a saída da mercadoria do endereço do exportador, durante o embarque no exterior, trânsito internacional, e até a chegada da carga ao Brasil, no porto, aeroporto ou fronteira designados junto ao Importador. Minhas atividades operacionais se diferem desde emissão de documentos de Instrução de Despacho (veremos este tema detalhadamente nesta Disciplina), recebimento e envios de e-mails com detalhamentos das cargas, cálculos de dimensões de embalagens, para composição dos valores de fretes internacionais, contatos com portos, aeroportos, fronteiras e alfândegas para ajustes operacionais em cargas que possam desembarcar com situações diversas das que embarcaram no exterior, como avarias, faltas, danos etc. A atuaçãoprofissional em empresa prestadora de serviço de apoio a importadores, empresas como Agentes de Cargas Internacionais, Comissárias de Despacho Aduaneiro, Transportadoras, Cias Aéreas, Armadores Marítimos, sempre demandam observações quanto à cumprimentos de regras e procedimentos técnicos conforme o campo de atuação, por exemplo, para coordenação de Fretes Internacionais Marítimos, é necessário a observação de Legislação Específica desta categoria de serviço, como, por exemplo, a Portaria do Ministério dos Transportes n.º 72 de 2008, a qual define procedimentos para realização de serviço de frete marítimo de importação. Já no Modal Aéreo, deverei seguir procedimentos impostos pela IATA (International Air Transport Association – Associação Internacional de Transportes Aéreos), os quais permitem a observação de diretrizes diretamente 13 aplicáveis aos embarques das cargas nas importações, de acordo com as regras da Aduana Brasileira. (Veremos detalhadamente mais dados sobre os modais de transporte nesta disciplina, e, assim, entenderemos mais pormenorizadamente dados como IATA, dentre outros órgãos presentes na logística internacional da importação). TEMA 4 – PRINCIPAIS ÓRGÃOS PÚBLICOS LIGADOS À IMPORTAÇÃO No Brasil, os principais Órgãos Federais responsáveis pela fiscalização das atividades de Importação, são: 4.1 COANA - Coordenação Geral da Aduana Sediada em Brasília (DF), é um órgão que impõem as normatizações e regras operacionais para as realizações de importação no Brasil, desde aspectos como Classificação Fiscal de Mercadorias até Regimes de Tributação, que são procedimentos técnicos presentes nas importações, os quais veremos em detalhes ainda nesta Disciplina em tópicos específicos. 4.2 RFB - Receita Federal do Brasil A Receita Federal do Brasil é um órgão específico, singular, subordinado ao Ministério da Economia, exercendo funções essenciais para que o Estado possa cumprir seus objetivos. É responsável pela administração dos tributos de competência da União, inclusive os previdenciários, e aqueles incidentes sobre o comércio exterior, abrangendo parte significativa das contribuições sociais do País. Também subsidia o Poder Executivo Federal na formulação da política tributária brasileira, previne e combate a sonegação fiscal, o contrabando, o descaminho, a pirataria, a fraude comercial, o tráfico de drogas e de animais em extinção e outros atos ilícitos relacionados ao comércio internacional. (RECEITA FEDERAL. Institucional. Disponível em: <http://receita.economia.gov.br/sobre/institucional>. Acesso em: 19 fev. 2020). 4.3 Ministério da economia, indústria, comércio, exterior e serviços O Ministério da economia, indústria, comércio, exterior e serviços tem por objetivo a formulação, a adoção, a implementação e a coordenação de políticas 14 e de atividades relativas ao comércio exterior de bens e serviços, aos investimentos estrangeiros diretos, aos investimentos brasileiros no exterior e ao financiamento às exportações, com vistas a promover o aumento da produtividade da economia brasileira e da competitividade internacional do País. (CAMEX. Sobre a Camex. Disponível em: <http://www.camex.gov.br/sobre-a- camex>. Acesso em: 19 fev. 2020). 4.4 Secex – Secretaria de Comércio Exterior A SECEX normatiza, supervisiona, orienta, planeja, controla e avalia as atividades de comércio exterior. Entre suas atividades estão: participar das negociações dos acordos comerciais internacionais do governo brasileiro, promover a cultura exportadora, deferir atos concessórios de drawback, anuir operações de exportação e importação, promover o exame de similaridade para averiguação de produção nacional, compilar a balança comercial, promover a defesa comercial do país, entre outras, e está vinculada ao Ministério da economia, indústria, comércio, exterior e serviços. (Disponível em: <https://gestao.portal.siscomex.gov.br/legislacao/orgaos/secretaria-de- comercio-exterior-secex>. Acesso em: 19 fev. 2020) 4.5 Decex – Departamento de Comércio Exterior Subordinado à SECEX, o DECEX desempenha função de coordenação do Comércio Exterior no Brasil, promovendo anuências em importações, estabelecendo normatizações, fundamentando acordos comerciais bilaterais como Acordo de Complementação Econômica do Mercosul por exemplo, dentre outras atividades. 4.6 MDIC – Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) é um órgão integrante da estrutura da administração pública federal direta. Tem como Missão, promover o desenvolvimento econômico por meio de políticas de estímulo ao comércio exterior, à indústria, comércio e serviços, e à inovação empresarial. (MDIC. Institucional. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/index.php/atos-internacionais/72-acesso-a- informacao/786-institucional>. Acesso em: 19 fev. 2020) 15 4.7 Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária Criada pela Lei n. 9.782, de 26 de janeiro 1999, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é uma autarquia sob regime especial, que tem sede e foro no Distrito Federal, e está presente em todo o território nacional por meio das coordenações de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados. Tem por finalidade institucional promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e consumo de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados. (Anvisa. Institucional. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/institucional>. Acesso em: 19 fev. 2020) 4.8 MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento É o responsável pela gestão das políticas públicas de estímulo à agropecuária, pelo fomento do agronegócio e pela regulação e normatização de serviços vinculados ao setor. Busca integrar sob sua gestão os aspectos mercadológico, tecnológico, científico, ambiental e organizacional do setor produtivo e também dos setores de abastecimento, armazenagem e transporte de safras, além da gestão da política econômica e financeira para o agronegócio, visa a garantia da segurança alimentar da população brasileira e a produção de excedentes para exportação, fortalecendo o setor produtivo nacional e favorecendo a inserção do Brasil no mercado internacional. (Institucional. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/acesso-a- informacao/institucional>. Acesso em: 19 fev. 2020). 4.9 Bacen – Banco Central do Brasil O Banco Central (BC) é o guardião dos valores do Brasil. O BC é uma autarquia federal, vinculada - mas não subordinada - ao Ministério da Economia, e foi criado pela Lei n. 4.595/1964. (BCB. Institucional. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/institucional>. Acesso em: 19 fev. 2020). Observamos os principais órgãos governamentais atuantes diretamente nas importações, porém, há outros, os quais participam conforme as http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9782.htm 16 características peculiares de cada importação, devendo considerarmos em nosso estudo que os citados acima são os mais relevantes. TEMA 5 – INTRODUÇÃO À PRÁTICA DE IMPORTAÇÃO A prática da importação é precedida de procedimentos a serem realizados sob o cuidado em relação ao cumprimento das Normas Aduaneiras Brasileiras, para isso, sempre é necessária uma leitura completa em todos os aspectos legais (legislação) aduaneiros vigentes na época da importação. Tal procedimento é realizado com base em consultas aos sites/portais dos órgãos federais observados no Tema 4 desta aula, considerando que cada órgão possui suas próprias regras. Mas, para de fato haver ciência quanto a qual órgão a importação será submetida,deve-se iniciar a análise operacional consultando ao Tratamento Administrativo das Importações, ferramenta disponibilizada pela Receita Federal do Brasil por meio da NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul), porém, é fundamental realizar esse trabalho de pesquisa anteriormente ao embarque da mercadoria no exterior, para evitar descumprimento de regras. 5.1 Tratamento administrativo nas importações O Tratamento Administrativo na Importação permite o pleno entendimento quanto a prazos, e procedimentos operacionais, por exemplo: Imaginemos que a empresa deseja importar o produto Pneu Automotivo. A primeira atividade será pesquisar a NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul), que é a Classificação Fiscal do produto, a qual definirá quais órgãos estarão presentes na fiscalização e anuências/autorizações das importações. Para localizar a NCM, devemos acessar a TEC (Tarifa Externa Comum), disponível no portal do MDIC (CAMEX. Listas Vigentes. Disponível em: <http://www.camex.gov.br/tarifa-externa-comum-tec/tec-listas-em-vigor>. Acesso em: 19 fev. 2020), na qual, no extrato da pesquisa a seguir, podemos observar qual será a NCM para o produto Pneu Automotivo, e, partindo dela, iremos pesquisar na ferramenta Tratamento Administrativo da Receita Federal, quais os procedimentos para a realização da Importação de tal mercadoria. Ao pesquisar a TEC, localizamos então a NCM (classificação fiscal) para pneu automotivo, sendo: http://www.camex.gov.br/tarifa-externa-comum-tec/tec-listas-em-vigor 17 40.11 Pneumáticos novos, de borracha. 4011.10.00 - Do tipo utilizado em automóveis de passageiros (incluindo os veículos de uso misto (station wagons) e os automóveis de corrida) Sabemos, portanto, qual é a Classificação Fiscal do Produto a ser importado. Muito bem, agora vamos ao “segundo passo”, que é a consulta ao Tratamento Administrativo das Importações no Portal da Receita Federal do Brasil, para então compreendermos quais os procedimentos necessários para a importação ocorrer legalmente. (Disponível em: <https://www4.receita.fazenda.gov.br/tratamento/private/pages/consulta_tratam ento.jsf>. Acesso em: 19 fev. 2020) Obteremos então acesso ao Tratamento Administrativo da Receita Federal (consulta pública), e saberemos quais órgãos irão fazer parte da fiscalização da importação, vejamos a seguir na captura de tela. Observamos brevemente anteriormente, uma pesquisa no Tratamento Administrativo de Importação do produto Pneu Automotivo, a qual apontou o Órgão Federal DECEX para acompanhar nossa importação, e nesta mesma 18 consulta também será possível analisar em telas subsequentes (sugere-se a pesquisa ao Trat. Administrativo para obtenção das telas na íntegra), que há mais órgãos envolvidos na autorização/anuência/deferimento da importação, e ao saber qual ou quais órgãos atuam na anuência de minha importação, consultarei as regras daquele(s) órgão(s), para a realização da Importação, estes pontos veremos na videoaula, bem como no próximo tema da aula. TROCANDO IDEIAS É definitivamente importante considerar todos os aspectos anteriormente a uma decisão por importar um determinado produto, pois a análise prévia (antes da importação ocorrer), permite à empresa uma organização documental, financeira, logística, operacional ampla e completamente compatível com as capacidades do importador, bem como de acordo com as regras aduaneiras vigentes para o bem importado. NA PRÁTICA No Tema 5, observamos o procedimento de Tratamento Administrativo nas importações, então vamos agora simular uma importação do produto relógio de pulso: Inicialmente, devemos consultar a Classificação Fiscal do produto, a NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul), a qual nos direcionará ao próximo ato operacional da importação, que será então o Tratamento Administrativo. A consulta da NCM na TEC (Tarifa Externa Comum), nos levou à Classificação Fiscal (NCM), 9101.29.00 (outros relógios de pulso, mesmo com contador de tempo incorporado). Obs.: Estudaremos nesta Disciplina, a composição da NCM, regras e detalhamentos técnicos com total detalhamento. Ao obtermos a NCM do relógio, deveremos pesquisar o Tratamento Administrativo de Importação para então embasarmos nossas ações operacionais de forma a cumprir as regras aduaneiras para a importação de tal produto. O Tratamento Administrativo da NCM 9101.29.00 define que o órgão responsável pela anuência/autorização da importação é o IBAMA (Instituto Nacional do Meio Ambiente), mas apenas para relógios com pulseira de couro 19 animal, já os demais relógios de pulso, não possuem anuência/autorização prévia de nenhum órgão, portanto a importação pode ocorrer sem maiores implicâncias, bastando seguir com os procedimentos seguintes que serão tributação, aspectos logísticos e financeiros, pontos que estudaremos mais adiante, em detalhes. FINALIZANDO Observamos, nesta aula, os fundamentos da importação que vêm a ser os primeiros requisitos a serem considerados em uma importação, como utilização/aplicação do bem importado, bem como aspectos comerciais, também estudamos os procedimentos das atividades operacionais das importações, que compreendem análise aos aspectos técnicos administrativos, cronologia (tempo das realizações das tarefas), entendemos basicamente os parceiros comerciais para uma prática de importação, verificamos as questões dos custos presentes nas importações de forma sucinta, pois os veremos pormenorizadamente mais adiante. Também compreendemos que a empresa importadora tem a opção de setorizar as atividades de Importação, para a contemplação de um resultado mais prático e ágil nas trocas de informações de cada etapa de uma importação. Conhecemos os principais órgãos federais presentes nas análises e anuências/deferimentos de uma importação, como, por exemplo, a Receita Federal, importante órgão que tem papel fundamental para a vigilância às boas práticas dos importadores e demais atuantes nas importações no Brasil. Finalizamos com uma introdução aos procedimentos práticos de uma importação considerando aspectos como a ferramenta Tratamento Administrativo da Receita Federal do Brasil, que permite a compreensão de qual ou quais órgãos deverei submeter a importação cada vez que ocorrer. 20 REFERÊNCIAS ANVISA. Institucional. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/institucional>. Acesso em: 19 fev. 2020. BCB. Institucional. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/institucional>. Acesso em: 19 fev. 2020. BRASIL. Secretaria de comércio exterior, S.d. Disponível em: <https://gestao.portal.siscomex.gov.br/legislacao/orgaos/secretaria-de- comercio-exterior-secex>. Acesso em: 19 fev. 2020. CAMEX. Listas Vigentes. Disponível em: <http://www.camex.gov.br/tarifa- externa-comum-tec/tec-listas-em-vigor>. Acesso em: 19 fev. 2020. CAMEX. Sobre a Camex. Disponível em: <http://www.camex.gov.br/sobre-a- camex>. Acesso em: 19 fev. 2020. IMPORTAÇÃO. Receita Federal, 9 out. 2014. Disponível em: <http://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/importacao-e- exportacao/despacho-aduaneiro-de-importacao>. Acesso em: 29 dez. 2019. INSTITUCIONAL. Receita Federal, S.d. Disponível em: <http://receita.economia.gov.br/sobre/institucional>. Acesso em: 19 fev. 2020. MDIC. Institucional. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/index.php/atos- internacionais/72-acesso-a-informacao/786-institucional>. Acesso em: 19 fev. 2020. TRIPOLI, A. C. K.; PRATES, R. C. Comércio Internacional: teoria e prática. Curitiba: InterSaberes, 2016.
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