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E-book 3
EDUCAÇÃO 
DE JOVENS E 
ADULTOS
Fernanda Mendes Arantes
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E 
METODOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS �����������������������������������������������4
Diversidade dos sujeitos da educação de jovens e 
adultos e da oferta educativa ������������������������������������������������10
Estrutura curricular e planejamento na educação de 
jovens e adultos ����������������������������������������������������������������������17
Eja e evasão escolar ���������������������������������������������������������������24
CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������������� 32
SÍNTESE �������������������������������������������������������������������� 33
2
INTRODUÇÃO
Neste módulo, o debate volta-se à necessidade de 
se conhecer quem é o aluno da Educação de Jovens 
e Adultos�
Conforme Paulo Freire afirmou ao alfabetizar seus 
alunos a partir dos Temas Geradores, temos que 
conhecer a história de vida e escolar, as identidades, 
os desejos e as necessidades� Assim, conseguimos 
atingir o aluno verdadeiramente�
É óbvio que não podemos falar em um perfil único 
dos alunos de EJA, mas podemos saber de ques-
tões que os unem, por exemplo, vivências, interesses, 
vontades e, o mais importante, por que razão esse 
aluno abandonou a escola em algum momento de 
sua vida e decidiu retomar os estudos�
Ao saber de tais motivações, podemos adequar a 
metodologia e avaliação à turma� Nenhum professor 
pode achar que já tem uma aula pronta para todos 
os alunos que encontrar em sua vida profissional, 
pois cada aluno é único e com singularidades que 
devem ser consideradas desde o planejamento da 
aula até a avaliação�
Vamos conhecer algumas realidades pelo Brasil afora 
nesta unidade, dessa forma, podemos compreender 
melhor quem é o aluno de EJA e como o trabalho 
do professor faz a diferença em cada uma dessas 
realidades�
3
FUNDAMENTOS TEÓRICOS 
E METODOLÓGICOS DA 
EDUCAÇÃO DE JOVENS E 
ADULTOS
Como se pode notar, temos retomado a questão do 
perfil do aluno da Educação de Jovens e Adultos 
(EJA). Quem é esse aluno? Será que o perfil vem 
evoluindo com o passar das gerações ou é o mesmo 
grupo com as mesmas necessidades e desejos?
A partir da literatura científica, podemos analisar 
quem é o sujeito da EJA, quais são suas expectativas 
ao ingressar nesta modalidade, como se caracteri-
za a sua evolução e, ao final da etapa, quais são as 
mudanças que acontecem em virtude da finalização 
dos estudos e graduação na Educação Básica�
Vamos, então, compreender o perfil desse aluno com 
base em pesquisas e artigos científicos recentes.
Anteriormente, estudamos de que maneira se ins-
tituiu ao longo da história a modalidade EJA, bem 
como de que modo essa modalidade não se limita à 
alfabetização pura e simplesmente. O aluno de EJA 
pode tanto concluir o Ensino Fundamental quanto o 
Ensino Médio, certo?
Você já deve ter percebido — agora que tem um con-
tato maior com a Educação de Jovens e Adultos — 
que as Campanhas e a atenção do governo para/com 
esses alunos frequentemente voltam seus olhares 
4
aos jovens e adultos analfabetos, tendo como foco 
a leitura, a escrita e os cálculos matemáticos, mas 
acabam esquecendo dos demais alunos que pre-
cisam completar outras etapas da Educação, seja 
nas séries avançadas do Ensino Fundamental ou 
Ensino Médio� 
Além do perfil do aluno, precisamos nos atentar 
ao perfil do professor, visto que muitas vezes este 
não tem formação em Licenciatura nem consegue 
adequar-se correta e metodologicamente aos seus 
alunos�
Em 2015, um estudo investigou o perfil dos alunos 
e professores de uma escola pública na região de 
Uberaba (MG)� Vamos analisá-lo para que seja pos-
sível uma iniciação na compreensão de quem são 
os “personagens” envolvidos na Educação de Jovens 
e Adultos�
A coleta dos dados aconteceu em 2014, para isso, 
foram elaborados dois questionários: o primeiro era 
para os professores e continha sete questões; o se-
gundo era para os alunos e continha 12 questões, 
sendo que ambos os perfis foram entrevistados den-
tro da escola�
Algumas variáveis foram consideradas tanto para 
professores quanto para alunos, vamos conhecê-las 
(Figuras 1 e 2):
5
Idade
Formação
Tempo 
de 
magistério
Gênero
Tempo 
na EJA
Recursos 
audiovisuais 
e materiais
Figura 1: Variáveis analisadas na categoria professores. Fonte: 
Adaptada de Melo, Santos e Martins (2015).
Gênero
Idade
Estado 
civil
Filhos 
(S/N)
Grau 
de 
escolaridade
Ocupação
Se trabalha, 
a empresa
 apoia a
 formação?
Renda
Figura 2: Variáveis analisadas na categoria alunos. Fonte: Adaptada 
de Melo, Santos e Martins (2015).
6
Partindo desses critérios, foram entrevistados 12 
professores e 60 alunos ao todo� Vamos conhecer 
agora os resultados da pesquisa� Sobre os profes-
sores, o perfil traçado é:
 ● Maioria feminina�
 ● Acima de 40 anos de idade�
 ● Maioria tem apenas a graduação�
 ● Com mais de 20 anos de atuação na Educação, 
mas com tempo de atuação em EJA entre 1 a 10 
anos�
Além disso, a maioria desses professores afirmou 
que o material didático utilizado não é adequado ao 
público de EJA e que não utilizam recursos audiovi-
suais em suas aulas�
Com relação aos alunos, os dados obtidos foram:
 ● Maioria feminina� 
 ● Idade entre 26 e 35 anos de idade�
 ● Casados e com filhos.
Os alunos entrevistados estavam, em sua maioria, 
cursando o Ensino Médio; quase 100% eram traba-
lhadores formalizados (CLT) e da zona urbana, cuja 
renda era até um salário mínimo� Em suas empresas, 
não havia incentivo para a realização do curso em 
EJA; residiam, em sua maioria, distantes da escola, 
o que poderia causar dificuldades para a realização 
do curso�
Com relação aos professores, o fato de a maioria ser 
formada apenas na graduação e não ter realizado 
7
outros cursos de especialização ou aperfeiçoamento 
nos diz que esse professor pode não estar atualiza-
do para ensinar ao seu alunato composto por um 
público jovem.
Esse professor está provavelmente enraizado na 
educação bancária, enquanto seu aluno está com 
os olhos voltados para o século 21� Sobre a atuação 
no magistério, os dados indicam que a maioria já 
atuava há bastante tempo na Educação Básica, mas 
contava pouco tempo de atuação em EJA�
Comparando os tempos de atuação no magis-
tério e na EJA, é possível inferir que de algum 
modo a prática docente seja mais atraente na 
segunda modalidade porque todos os pesqui-
sados advirem do magistério regular e poucos 
deles foram direto para a EJA (MELO; SANTOS; 
MARTINS, 2015, p. 66).
A respeito dos recursos digitais, sabemos que a sim-
ples existência de recursos em sala não quer dizer 
muita coisa. Porém, o recurso, quando bem utilizado, 
pode favorecer a participação do aluno nos conteú-
dos e atividades�
No tocante aos dados obtidos sobre o mercado de 
trabalho, observamos que a maioria trabalha na zona 
urbana, recebem até um salário mínimo e têm a car-
teira de trabalho assinada, ou seja, trabalho formal� 
Dessa maneira,
8
[...] o jovem que pertence ao mundo do traba-
lho, ou do desemprego, como é mais comum, 
incorpora-se ao curso da EJA objetivando atin-
gir etapas de sua escolaridade para buscar 
melhores ofertas do mercado de trabalho 
por sua inserção no mundo letrado. A busca 
pela EJA pode ter proposta de ascensão a 
melhores oportunidades de emprego (MELO; 
SANTOS; MARTINS, 2015, p. 67).
Na conclusão da pesquisa, podemos observar que 
o aluno:
 ● já não é tão jovem;
 ● está inserido no mercado de trabalho, mas ganha 
pouco;
 ● constitui família e, provavelmente, enxerga a con-
tinuidade dos estudos como uma possibilidade de 
melhoria de vida profissional, apesar de as empresas 
não corroborarem seus estudos;
 ● reside distante da escola�
Podcast 1 
9
https://famonline.instructure.com/files/1053968/download?download_frd=1
Diversidade dos sujeitos da 
educação de jovens e adultos e 
da oferta educativa
Outro grupoencontrado na escola de EJA são os ido-
sos� Por isso, vamos entender neste tópico o motivo do 
retorno aos estudos em idade mais avançada, visto que
A nossa sociedade está em processo de enve-
lhecimento, fenômeno que acontece de forma 
intensa no Brasil e que demanda atenção por 
parte das políticas sociais. O envelhecimen-
to populacional é caracterizado pelo declínio 
da mortalidade infantil, pela diminuição de 
mortes de adultos por doenças infecciosas e 
pelo declínio das taxas de natalidade (COSTA; 
BRAGA, 2018, p. 21).
A população está envelhecendo, com isso, observa-
mos um maior número de idosos em todas as áreas 
da sociedade e, consequentemente, na escola, pois 
sempre é tempo de aprender�
A esse respeito, temos os Quatro Pilares da 
Educação:
 ● Aprender a conhecer�
 ● Aprender a fazer.
 ● Aprender a conviver�
 ● Aprender a ser�
10
Esses pilares foram definidos no livro Educação: um 
tesouro a descobrir, sob a Coordenação de Jacques 
Delors. O relatório elaborado por Delors é o resultado 
da Comissão Internacional sobre a Educação para 
o século 21, realizado na década de 1990, na qual 
se destacou a importância do aprendizado ao longo 
da vida�
Nesse contexto, os processos educativos 
precisam compreender o contexto atual, da 
sociedade da informação, possibilitando a 
todas as pessoas a obtenção, atualização e 
utilização dos conhecimentos, para que to-
dos possam recolher, selecionar, ordenar, gerir 
e utilizar as mesmas informações (COSTA; 
BRAGA, 2018, p. 22). 
Se retornarmos aos quatro pilares de Delors, o “apren-
der a aprender” aplica-se fortemente ao público-alvo 
de EJA, pois o aprendizado acontece ao longo da 
vida� “Nesse sentido, a educação ao longo da vida 
considera todas as potencialidades do ser humano e 
as diversas formas de aprendizagens, trazendo con-
tribuições para a reflexão perante ações educativas, 
impulsionando-as” (COSTA; BRAGA, 2018, p. 23). 
Pelas pesquisas realizadas por Costa e Braga, bem 
como pelos dados relativos ao IBGE, sabemos que a 
população idosa é a que frequenta em menor quan-
tidade a Educação de Jovens e Adultos� A taxa de 
idosos analfabetos era de 24,8%, e a taxa dos idosos 
que frequentavam a EJA era de 3,7%. Os estudos 
11
analisados apontam que existem diversos fatores 
que impedem o acesso do aluno idoso à EJA�
Podcast 2 
Na Figura 3, temos a esquematização dos motivos 
que impedem uma porcentagem mais elevada de 
alunos idosos à EJA:
Condições 
de Saúde
Baixo valor 
de aposentadoria Preconceito
Crenças 
negativas em
 torno da velhice
Esteriótipos
Figura 3: Condições que colaboram para a ausência dos idosos em 
EJA. Fonte: Elaboração própria.
Podemos verificar que existem fatores externos ao 
idoso que corroboram para que o aluno não retorne 
à escola� No entanto, existem outros fatores que 
favorecem sua inserção na escola, como (COSTA e 
BRAGA, 2018, p. 25):
 ● Vontade de continuar participando da vida em so-
ciedade, já que, como cidadão, tem direitos e deveres�
 ● Desejo de valorização pessoal.
 ● Aperfeiçoamento das funções realizadas no mer-
cado de trabalho�
 ● Busca por novas ocupações�
12
https://famonline.instructure.com/files/1053970/download?download_frd=1
 ● Concretização do sonho de estudar.
 ● Estímulo de amigos e parentes�
 ● Preenchimento do tempo livre�
 ● Desejo de aprender�
 ● Busca por um envelhecimento saudável�
 ● Tornar-se um exemplo para a família�
Segundo Cachioni e Palma (2006, p� 1464), existem 
três princípios que amparam a educação dos idosos, 
a saber:
 ● Princípio da atividade: a capacidade de manter-se 
ativo mediante um processo educativo de ampla 
cobertura social incrementa a autonomia e a autor-
realização. O enfoque da atividade incide não sobre 
o que a pessoa é, mas sobre o que ela pode ser. O 
tipo de atividade a ser realizada requer uma decisão 
livre, autônoma e criativa para que o idoso alcance 
satisfação pessoal e coletiva�
 ● Princípio da independência: a educação deve pre-
parar o idoso para manter sua independência e au-
tonomia no mais alto grau possível em relação aos 
laços tradicionais, evitando-se que seja mero receptor 
passivo das políticas sociais existentes�
 ● Princípio da participação: a pessoa humana é um 
ser social por definição, e assim deve ser respeita-
do seu direito à interação e à participação social� 
A condição ideal de participação é dada por uma 
sociedade que não discrimina por nenhum critério 
– nem por idade –, oferecendo a todos os cidadãos 
as mesmas oportunidades básicas�
13
Entendemos que os três princípios estão interligados 
e são fundamentais quando se trata de envelheci-
mento saudável: a atividade favorece a autonomia 
e a realização pessoal; a independência evita que se 
torne uma pessoa passiva, à espera de ações exter-
nas; a participação favorece a socialização, afinal, 
o ser humano é social por natureza.
Sobre o desenvolvimento intelectual do idoso, tem-
-se que
[...] envelhecimento e desenvolvimento são 
processos correlatos e que, mesmo na pre-
sença das limitações de origem biológica, os 
processos psicológicos já estabelecidos se 
mantêm e, se o ambiente cultural for propí-
cio, pode ocorrer desenvolvimento na velhice 
(BALTES, 1987; 1997 apud NERI, 2005, p. 17).
Perceba que o público de EJA é heterogêneo: há alu-
nos de 15 anos de idade, mas há também idosos� 
Logo, não podemos falar em “um perfil” do aluno de 
EJA, como se só existisse um único. Mesmo que 
tivéssemos somente alunos de 15 anos ou com mais 
de 60, seria igualmente um grupo heterogêneo, pois 
cada ser humano é único e possui necessidades 
únicas, individuais, que se ajustam com o passar do 
tempo ao coletivo�
Entretanto, não podemos esquecer que todo e qual-
quer grupo é composto por indivíduos, sendo assim, 
quando nos referimos ao grupo dos idosos alunos 
14
de EJA, não podemos colocá-los em apenas uma 
categoria, visto que o envelhecimento acontece de 
maneira diversa entre as pessoas�
Devemos, então, considerar os seguintes aspectos: 
carga genética, influências ambientais, desenvolvi-
mento pessoal e educacional, desenvolvimento da 
alimentação ao longo da vida, práticas de atividades 
físicas ao longo da vida, desenvolvimento cognitivo 
ao longo dos anos, dentre outros�
Dito com outras palavras, um idoso é totalmente dife-
rente do outro mesmo que os dois tenham a mesma 
idade, origem e constituição familiar� Por isso, reto-
mamos a fala de Paulo Freire, quando este afirma que 
o professor tem o “dever” de conhecer seu aluno, ou 
seja, saber quem é, qual a origem, formação, ocupa-
ção, desejos e necessidades� Ainda, deve entender 
que não basta saber quem é o aluno, mas que todo 
professor precisa acompanhar e proporcionar um 
desenvolvimento adequado, tendo em vista quem a 
pessoa é e que cada ser humano é único.
Apresentaremos, a seguir, algumas atividades que 
podem ser realizadas pelo professor da Educação 
de Jovens e Adultos ao lecionar para alunos idosos� 
Essas atividades favorecem o desenvolvimento e in-
teresse em continuar os estudos, conforme apontam 
Costa e Braga (2018, p. 31):
 ● Conhecer a história de vida, cultura, formação, di-
versidade de experiências e como o idoso entende 
o processo de envelhecimento�
15
 ● Compreender que o desenvolvimento cognitivo de 
cada idoso é diferente e que é dever do professor 
incentivá-lo através de práticas educativas propícias 
e prazerosas.
 ● Favorecer o desenvolvimento do senso de con-
fiança, de competências e habilidades dos idosos.
 ● Valorizar o espaço de convivência coletiva, base-
ado nas singularidades dos sujeitos e das trocas 
em grupos�
 ● Buscar a superação de preconceitos, bullying e 
estereótipos�
 ● Proporcionar o acesso ao conhecimento por meio 
de ferramentas tecnológicas necessárias para esse 
acesso: inclusão digital do aluno�
 ● Valorizar o conhecimento, a experiência de vida e 
os saberes, bem como o conhecimento baseado no 
senso comum de seus alunos idosos�
 ● Entender que o idoso, por mais que não queira, 
acaba perdendo algumascapacidades físicas, por 
exemplo, visão e audição; o professor atento pode 
auxiliá-los nessa transição�
 ● Considerar que o desenvolvimento acontece ao 
longo da vida, não só em etapas programadas, como 
se costuma acreditar�
Muitas vezes, o idoso tem interesse em continuar 
estudando como uma resposta aos estímulos rece-
bidos de sua família. O idoso, através desses estímu-
los, pretende voltar a estudar, concluir seus estudos 
e participar ativamente da vida escolar de seus filhos 
e netos�
16
Diante do cenário apresentado, pudemos traçar um 
panorama de quem é o aluno de EJA, entenda que 
para atendê-los adequadamente enfrentamos inú-
meros desafios. O maior deles, sem dúvida, é pre-
parar esses alunos para um mundo em constante 
transformação�
Com uma amostra do estudo de Melo, Santos e 
Martins (2015), pudemos ter uma noção de que nos-
so professor de EJA não está preparado para receber 
seu aluno, desde o tempo da sua graduação até a 
falta de atualização em cursos de especialização ou 
aperfeiçoamento�
Se o aluno de EJA não deve parar de estudar, tampou-
co seu professor pode ficar estagnado no tempo. A 
atualização deve ser uma constante, desde a legis-
lação existente até os pensadores e estudiosos da 
modalidade, passando pela utilização da tecnologia 
e os recursos estimulantes em sala de aula. Afinal, 
quem é que gosta de assistir a uma aula monótona 
após um longo dia de trabalho, não é mesmo?
Estrutura curricular e 
planejamento na educação de 
jovens e adultos
Observamos recentemente uma interligação entre 
a Educação Básica e a Educação Profissional pelo 
Programa de Integração da Educação Profissional 
ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de 
Jovens e Adultos (Proeja)�
17
A esse respeito, temos que o “Documento-Base do 
Proeja (���) anuncia a intenção de superar a dualidade 
histórica entre cultura geral e cultura técnica, presen-
te na educação brasileira” (AMADO, 2016, p. 544).
O problema é que a modalidade EJA sempre foi ro-
tulada como um programa destinado a alfabetizar 
jovens, adultos e idosos� Agora, a união da educação 
básica com a educação profissional busca inserir o 
aluno adulto no mercado de trabalho através de uma 
proposta de integração curricular. O autor, então, traz 
à tona essa discussão:
Ao orientar a organização do fazer pedagógi-
co dos cursos destinados aos adultos sob as 
bases do currículo integrado, o Proeja conse-
gue, inclusive, reverberar em outras direções, 
lançando o debate para além da fronteira da 
educação de jovens e adultos. Quando o pro-
grama deflagra discussões acerca da orga-
nização curricular, é toda a educação que é 
questionada (as formas de organização das 
relações, das práticas, dos tempos e dos espa-
ços) e não apenas uma de suas modalidades. 
Assim fazendo, os professores são desafiados 
a problematizar as práticas pedagógicas na-
turalizadas e, portanto, supostamente imunes 
às críticas e aos questionamentos (AMADO, 
2016, p. 544-545).
O Proeja constitui-se de um programa que busca 
aliar o currículo da Educação Básica ao currículo da 
18
Educação Profissional, por meio da ideia do currículo 
integrado� Porém, não existe uma fórmula para a 
realização de tal arranjo curricular, isto é, demanda 
dos professores novas maneiras de pensar em como 
integrar esses dois campos da educação em prol da 
qualificação do aluno.
De acordo com a literatura científica, existem diver-
sas abordagens integradoras de currículo; no entanto, 
nossa discussão direciona-se a de que modo a edu-
cação brasileira pode proporcionar essa integração�
A seguir, temos as formas como essa integração tem 
acontecido na prática nas escolas; observe:
De todo modo, algumas tentativas vêm sendo 
feitas por educadores preocupados e, sobre-
tudo, interessados em oferecer alternativas às 
práticas pedagógicas tradicionais, entre ou-
tras razões, por perceberem as insuficiências 
dessas práticas. Por isso mesmo, algumas 
estratégias descritas nos trabalhos relacio-
nados ao Proeja estão baseadas em expe-
riências que vêm sendo empreendidas por 
docentes envolvidos não necessariamente ou, 
pelo menos, não exclusivamente com a educa-
ção de jovens e adultos. Entre tais estratégias, 
podemos citar a metodologia de projetos, o 
trabalho com eixos integradores, a prática por 
intermédio de atividades integradoras, entre 
outras (AMADO, 2016, p. 546). 
19
Uma ferramenta pedagógica bastante utilizada nas 
escolas e que favorece o verdadeiro envolvimento do 
aluno é a realização de projetos. Desde a Educação 
Infantil até o Ensino Médio (logo, EJA também), os 
alunos sentem-se valorizados quando participam de 
projetos na sala de aula. O projeto pressupõe escolha e 
atuação e, por essa razão, é tão valorizado pelos alunos.
O professor tem que deixar de ser aquela pessoa que 
determina tudo: como e quando fazer e assim por 
diante� Deixando de lado a unilateralidade, o aluno 
se envolve. Quando realizamos projetos na escola, 
o aluno pode opinar em todo o processo, desde a 
escolha da temática até a forma da sua condução e 
avaliação� A forma com que a situação se desenvol-
ve não está predeterminada, sendo o processo que 
torna o projeto significativo ou não.
Os projetos pressupõem um trabalho interdiscipli-
nar, ou seja, as disciplinas não trabalham mais de 
maneira isolada, e sim interligadas� Para que isso 
aconteça efetivamente é necessário planejamento, 
um que requeira discussão coletiva, tempo, espaço, 
ação-reflexão-ação, para que possa acontecer efe-
tivamente e se constituir como componente perma-
nente do currículo�
Para qualquer restruturação curricular, faz-se neces-
sária a reestruturação do corpo docente e adminis-
trativo, mas também de espaços, práticas, metodo-
logias, avaliações... enfim, condições materiais e 
pedagógicas�
20
Portanto, sem planejamento, tudo que acontece na 
escola é provisório, e a ideia do currículo integrado 
é o oposto disso, pois pretende ser um constituinte 
permanente na formação de alunos�
Outro problema encontrado para a integralização 
curricular, segundo Amado (2016, p� 546), é que “a 
integração curricular esbarra ainda nas resistências 
de professores que, marcados pela formação recebi-
da e, em muitos casos, presos às práticas que vêm 
instrumentalizando desde então, não conseguem 
problematizá-las nem repensar outras possibilidades 
de atuação”�
O problema maior é que os dois grupos são consti-
tuídos por profissionais muito diversos: professores 
atuantes na formação geral e no ensino técnico� Por 
vezes, acabam não chegando a um consenso sobre 
como as práticas devem ser realizadas. 
A premissa básica é a de que todos devem estar 
abertos ao diálogo, mas sabemos bem que não ra-
ramente o diálogo está ausente nas discussões e 
reuniões pedagógicas� Com isso,
[...] no lugar de fixar as críticas em torno de um 
único ponto (a disciplinarização dos saberes), 
mais produtivo seria entender as relações en-
tre organização curricular e transformações 
espaço temporais, uma vez que, ao longo do 
tempo, o currículo tanto foi produto quan-
to produziu modos de pensar. O currículo é 
considerado, então, um dispositivo que atua 
21
no processo de constituição dos sujeitos. 
Consequentemente, as práticas e as estra-
tégias pedagógicas que são efetivadas com 
base nele incidem diretamente na produção de 
subjetividades (LOPES; MACEDO, 2011, p. 35).
A discussão é extensa, e o fato é que a procura pelo 
Proeja tem sido baixa, porém, outro fator importante 
que se destaca é como a avaliação se constitui em 
um pilar no que se refere à permanência do aluno 
na escola�
A avaliação não deve ser uma finalidade, mas um 
processo formativo; ao trazer a tradicionalidade 
para esse quesito, muitas vezes o aluno acaba se 
assustando e abandona a escola em virtude desse 
tipo de aspecto, além da metodologia do professor, 
constam ainda problemas de socialização entre os 
colegas etc�
Por estar-se diante de um sujeito cuja confian-
ça na sua capacidade de ser bem-sucedido 
nas tarefas escolarespode ter sido abalada, 
será preciso não apenas repensar os objetivos 
da avaliação, como trabalhar junto aos alunos 
para que construam outro tipo de relação com 
esse instrumento pedagógico (AMADO, 2016, 
p. 551).
Uma forma de avaliar os alunos que tem obtido bons 
resultados nas escolas federais de Goiás são as fi-
22
chas de acompanhamento dos alunos� Trata-se de 
um resultado a curto prazo, com o qual foi possível 
observar a diminuição da evasão quando comparado 
aos anos anteriores�
Dado que o aluno de EJA já abandonou a escola 
(seja qual for o motivo), quando o forçamos a au-
las e métodos de avaliação tradicionais, estamos 
colocando-o novamente em uma “camisa de força” 
que pode remeter a traumas e problemas sofridos 
anteriormente, o que pode gerar uma nova evasão�
Sobre a avaliação e método tradicional,
Quando submetidos aos métodos tradicio-
nais de avaliação, as dificuldades encontradas, 
muitas vezes representadas objetivamente na 
forma de notas baixas, podem se traduzir na 
profecia que se autorrealiza: “eles não servem 
para a escola”. Todavia, com a possibilidade 
de serem avaliados de forma processual e 
sem a definição de conceitos ou graus, redu-
zem-se bastante as possibilidades de estig-
matização desses estudantes. Outros víncu-
los com o ensino tendem a ser estabelecidos, 
uma vez que a avaliação passa a se revestir 
de um sentido diagnóstico e dialógico, em vez 
de classificatório e absoluto, permitindo-lhes 
perceber sua utilidade no processo de apren-
dizagem (AMADO, 2016, p. 552-553).
23
A avaliação, tal qual a metodologia do professor, tem 
que fazer sentido para o aluno. O aluno de EJA do 
século 21 não aceita passivamente a postura auto-
ritária incutida no ensino tradicional ou uma educa-
ção bancária� Esse aluno precisa entender o porquê 
está aprendendo cada conteúdo, como esse conte-
údo será aplicado em sua vida e de que modo será 
avaliado para que possa efetivamente usufruir do 
conhecimento construído na escola�
Eja e evasão escolar
Neste tópico, abordaremos um ponto delicado quan-
do analisamos o modo com que se constitui a mo-
dalidade EJA: a evasão� Já sabemos que o aluno de 
EJA não concluiu anteriormente seus estudos, no 
Ensino Fundamental ou no Ensino Médio�
O motivo do abandono da escola é muito relevante 
quando analisamos seu histórico pessoal, educa-
cional e profissional, ou seja, o fato que levou esse 
aluno a abandonar a escola influenciou diretamente 
como sua vida transcorreu e, até mesmo, por que 
decidiu voltar à escola�
Por exemplo, se o aluno deixou a escola por motivo 
de violência doméstica, caso não tenha alterado sua 
constituição familiar, a violência pode ainda persistir, 
anos e anos de medo podem acontecer com diversas 
pessoas de nosso convívio sem que possamos nos 
dar conta�
24
Agora, imagine se o aluno já desistiu por um motivo 
que ainda acontece em seu cotidiano, a chance de 
desistir novamente é imensa, você concorda?
O problema da evasão é recorrente em todas as eta-
pas da Educação Básica, principalmente no Ensino 
Fundamental, Médio e em EJA� No entanto, o aluno 
de EJA merece um olhar mais direcionado do profes-
sor e dos gestores escolares para que, ao retornar à 
escola, não a abandone novamente� Portanto, não 
podemos utilizar metodologias adaptadas, principal-
mente no que se refere à alfabetização.
É comum presenciarmos professores que, por moti-
vos diversos, estão despreparados para essa tarefa 
e que utilizam materiais destinados à alfabetização 
de crianças de 6 e 7 anos de idade com os adultos� 
Esses materiais, frequentemente, já estão inadequa-
dos para o aluno do Ensino Fundamental I do sécu-
lo 21, imagine utilizá-los com adultos cuja vivência 
se diferencia das crianças, com histórias de vida e 
experiências pessoais e profissionais muitas vezes 
sacrificadas.
Portanto, é fundamental que o professor realmente 
prepare sua aula para uma determinada turma e não 
acredite que, a mesma aula da turma do ano passado 
vai funcionar para a turma atual�
É necessário abordar a concepção de algumas enti-
dades educacionais de que a motivação para perma-
necer na escola tem de vir exclusivamente do aluno, 
a chamada automotivação�
25
Outro fator relevante é que o aluno que evade dá 
sinais de evasão� É aquele aluno que falta muito 
nas aulas, chega frequentemente atrasado e não 
se preocupa em acompanhar o conteúdo que havia 
sido discutido anteriormente, não interage com os 
colegas, professores e funcionários, dentre outros 
fatores� É um aluno presente-ausente� Está ali por 
obrigação ou contra a sua vontade�
Pensamos, assim, sobre o que a escola pode fazer 
para tornar esse momento prazeroso e interessante 
ao aluno� Saiba que são várias as possibilidades, 
mas vamos demonstrar uma pesquisa realizada por 
Rosângela Pedralli e Mary Elisabeth Cerutti-Rizatti 
(2013) em Florianópolis, na qual foram acompanha-
das três alunas de EJA na etapa de alfabetização.
A escola analisada pertence à rede municipal de 
Florianópolis, Estado de Santa Catarina, e as autoras 
do estudo verificaram que todos os “atores sociais” 
(alunos, professores, gestores, funcionários) da es-
cola interagiam diariamente, seja na hora do intervalo 
realizando as refeições em conjunto, seja em partidas 
de pingue-pongue� Analise o seguinte trecho:
É bastante significativa a preocupação por 
parte da coordenação, bem como dos profes-
sores, com o absenteísmo/evasão dos alunos. 
Cabe registrar que, por vezes, durante o inver-
no chuvoso, que dificultou muito a locomoção 
dos alunos na época de geração de dados 
para este estudo, presenciei diálogos como 
esses – fala do coordenador pedagógico a 
26
um grupo de alunos – “(...) Quando for assim 
[semana fria e chuvosa], vocês me liguem, 
que eu busco vocês. Não deixem de vir à aula, 
me liguem” (PEDRALLI; CERUTTI-RIZZATTI, 
2013, p. 5).
Você consegue imaginar a cena em uma escola co-
nhecida? O Coordenador Pedagógico, preocupado 
com o índice alto de faltas (absenteísmo), oferece-se 
para ir buscar os alunos em suas casas em épocas 
de muitas chuvas ou frio� É um exemplo fantástico, 
não é mesmo? Pois bem, é esse exemplo que deve-
mos ter em mente quando buscamos atuar na EJA, 
não de professores que infantilizam o aprendizado.
Outro fator que pode corroborar para os altos índices 
de evasão em EJA é, sem dúvida, a não obrigatorie-
dade de conclusão dessa etapa, diferentemente do 
que acontece com a Educação Básica obrigatória, a 
saber: Educação Infantil a partir dos 4 anos de idade, 
Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio� Assim, por 
não ser obrigatório, o aluno acaba evadindo com 
facilidade�
Trata-se, então, de um fator externo à sala de aula, à 
medida que o aluno pode abandonar por não se sentir 
inserido na modalidade, o que pode refletir diversos 
acontecimentos vivenciados dentro da própria sala 
de aula, por exemplo, a infantilização das aulas por 
parte dos professores�
Na sequência, conhecemos outros aspectos para a 
evasão em EJA:
27
 o grupo pode ser um poderoso fator em favor 
do abandono do processo de escolarização, 
sobretudo nesta fase da vida em que os alu-
nos tendem a ser mais sensíveis à necessi-
dade de compartilhamento identitário, dado 
o fato de suas representações de mundo já 
terem sido em boa medida consolidadas, 
quer sob o ponto de vista ontológico, quer 
sob o ponto de vista axiológico (PEDRALLI; 
CERUTTI-RIZZATTI, 2013, p. 8).
Quando apresentam o ponto de vista ontológico, este 
refere-se à parte da Filosofia que estuda a natureza 
do ser; quando apresentam o ponto de vista axiológi-
co, este refere-se ao estudo ou à teoria dos valores�
É evidente que são diversos os fatores que levam o 
aluno à evasão escolar, especialmente em EJA como 
verificamos nesta unidade; porém, se o professor 
conhece e se interessa efetivamente por seu aluno, 
este índice pode ser reduzido sensivelmente.
Já entendemos que o aluno de EJA pode ser encon-
trado na etapa inicial de alfabetização (mais comum) 
ou na conclusão do Ensino Fundamentalou Médio� 
O aluno alfabetizando merece destaque para encer-
rarmos este módulo, visto que constitui a maioria da 
população de EJA�
Saiba que ele viveu durante muito tempo ser saber ler 
e escrever corretamente, atuando em seu cotidiano 
com o básico para “poder se virar”, ou seja, pegar um 
ônibus, fazer uma conta de supermercado, entender 
28
pequenas instruções escritas� Porém, o desejo de 
ser inserido na sociedade letrada o fez retornar à 
escola� Seja qual for o motivo subjacente, o fato é 
que esse aluno assumiu para si mesmo que pretende 
dominar a escrita�
Ao dominarmos a escrita, estamos inseridos efetiva-
mente na sociedade. A atividade realizada na escola 
vai reverberar na vida pessoal do aluno quando ele 
conseguir ler um livro, por exemplo�
Assim, pode-se observar tal comportamento junto 
aos alunos entrevistados. Observe o trecho a seguir 
(PEDRALLI; CERUTTI-RIZZATTI, 2013, p. 11):
(...) eu sempre estou lendo. Eu terminei um 
livro agora essa semana, eu já tô pegando ou-
tro. “O outro lado da meia-noite”, de Sidney 
Sheldon foi que eu li, mas eu leio assim tam-
bém de espíritas, da Zíbia Gasparetto, leio bas-
tante. A minha filha comprou uma coleção 
muito da literatura brasileira, e eu li Madame 
Bovary, mas eu não gostei, mas minha filha 
disse: “Mãe, é questão de costume”, então por-
que quando eu comecei a ler, foi por incentivo 
da minha filha, daí ela: “Oh mãe, ao invés de tu 
ficar olhando televisão, olhando essas coisas 
de novela, porque que tu não vai ler um livro 
que vai ter muito mais proveito? Vai ajudar 
assim em tudo, em todos os sentidos”, daí 
eu comecei a ler. Pois, olha, eu peguei gosto 
e foi, é difícil eu não ter um livro pra ler. (M, 
entrevista realizada em 7 ago. 2011).
29
Podemos perceber outro ponto importante, men-
cionado brevemente no início: o apoio familiar� 
Aparentemente, a filha da aluna considera a leitura 
um fator importante para o desenvolvimento pessoal e 
profissional, tanto seu quanto de sua mãe. A influência 
familiar é fator crucial tanto para o retorno do aluno 
à escola quanto para sua permanência e evolução�
A pesquisa comentada confirma que as pessoas do 
convívio do aluno de EJA que possuem maior gradu-
ação nos estudos influenciam fortemente a inserção 
desse aluno novamente na escola� Portanto, o que 
acontece dentro e fora da sala de aula vai influenciar o 
desempenho do estudante de EJA e sua evolução, pois
[...] essa construção adquire importância no 
espaço escolar ao tentarmos compreender 
os inúmeros casos de evasão, especialmente 
no universo da EJA, embora, obviamente, não 
se restrinja a ela, isso porque está implicado 
no fenômeno da evasão, como já menciona-
mos, um complexo construto social, a exem-
plo da focalização das ações educativas em 
determinados grupos sociais, do esforço do 
ponto de vista legal para garantir o acesso à 
escola para todos os cidadãos, dentre outras 
questões, sobre as quais trataremos a seguir 
à guisa de considerações finais (PEDRALLI; 
CERUTTI-RIZZATTI, 2013, p. 14).
É determinante o ambiente na sala de aula, ou seja, 
a relação com colegas, professores e demais com-
30
ponentes da escola� Se, na sala de aula, houver di-
ferenciação entre os estudantes, se algum se sentir 
inferiorizado por qualquer motivo, seja pelo próprio 
colega ou professor, a sucessão de fatos levará ao 
abandono dos estudos� Isso porque mais do que 
aprender a ler e escrever os alunos buscam um lugar 
na sociedade, valorização, reconhecimento e, obvia-
mente, o sentimento de inferioridade não auxilia em 
nada esse processo, muito pelo contrário�
Portanto, o professor da EJA deve ter em mente que 
seu papel vai além da transmissão de conteúdo, precisa 
atuar como mobilizador, incentivador, além de ser ne-
cessária uma proximidade real entre professor e aluno�
Ainda, esse professor deve ir além das políticas públi-
cas e do currículo preestabelecido para a modalidade 
EJA, entendendo que cada aluno é único e depende 
muito do desempenho de seu professor dentro e fora 
da sala de aula�
31
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste módulo, traçamos um panorama com vistas 
a descobrir quem é o aluno de EJA, quais são seus 
desejos e necessidades� Ao recorrer a pesquisas 
científicas recentes em diversas regiões do Brasil, 
tivemos uma ideia do perfil plural desse aluno, os mo-
tivos do abandono da escola, bem como os motivos 
para o retorno e de que modo o professor pode atuar 
para favorecer a permanência e o sucesso escolar�
Quando falamos em Educação de Jovens e Adultos, 
é importante compreender muito além do históri-
co do surgimento dessa modalidade, a história do 
Brasil com relação à educação de adultos, e como 
a educação formal acontece verdadeiramente na 
sala de aula�
A modalidade EJA é diferente das demais, porque não 
faz parte da Educação Básica Obrigatória (Educação 
Infantil a partir dos 4 anos, Ensino Fundamental I e II 
e Ensino Médio), por isso, contém peculiaridades que 
devem ser estudadas tanto no âmbito das políticas 
públicas quanto no âmbito da Educação.
Saiba que se trata de uma modalidade extremamen-
te gratificante ao professor quando bem realizada, 
sendo assim, ficou claro durante o módulo que o 
professor deve preocupar-se desde o planejamento 
da aula até sua avaliação, passando pelas relações 
sociais implicadas�
32
SÍNTESE
FUNDAMENTOS TEÓRICOS 
E METODOLÓGICOS
 
 
 
 
EDUCAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS
A partir dessa filosofia, traçamos um panorama com vistas a descobrir quem é o aluno de 
EJA, quais são seus desejos e necessidades� Para isso, precisamos recorrer a pesquisas 
científicas recentes em diversas regiões do Brasil, com as quais tivemos uma ideia do perfil 
plural desse aluno, mas também os motivos do abandono da escola e os motivos para o 
retorno, ou seja, tudo isso para que o professor possa atuar e favorecer a permanência e o 
sucesso escolar desses alunos�
A modalidade EJA é diferente das demais, visto que não faz parte da educação básica 
obrigatória (Educação Infantil a partir dos 4 anos, Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio), 
por isso, contém peculiaridades que devem ser estudadas tanto no âmbito das políticas 
públicas quanto no âmbito da Educação�
Sobretudo o professor deve saber que se trata de uma modalidade extremamente 
gratificante quando bem realizada, sendo assim, o professor deve preocupar-se desde o 
planejamento da aula até sua avaliação, passando pelas relações sociais implicadas�
NÃO SE DEVE achar, isso vale para todo e qualquer professor, que já tem uma aula pronta 
independentemente do perfil do aluno, pois cada um é único, singular, por isso, deve ser 
considero desde o planejamento da aula até a avaliação�
Neste módulo, o debate voltou-se à necessidade de se conhecer quem é o aluno da 
Educação de Jovens e Adultos� De fato, não se pode falar em um perfil único dos alunos de 
EJA, mas podemos saber de questões que os unem, como vivências, interesses, vontades e 
por que razão abandonaram a escola em algum momento de sua vida e decidiram retomar 
os estudos� Com base nessas motivações, o professor adequa tanto a sua metodologia de 
trabalho quanto a sua avaliação de acordo com cada turma�
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https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1984-63982013005000019&script=sci_abstract&tlng=pt
	INTRODUÇÃO
	FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
	Diversidade dos sujeitos da educação de jovens e adultos e da oferta educativa
	Estrutura curricular e planejamento na educação de jovens e adultos
	Eja e evasão escolar
	CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Síntese

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