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FUNDAMENTOS PARA O TRATAMENTO DE FERIDAS ❖ Pele • Maior órgão do corpo; • 3 camadas: → Epiderme: camada mais externa • Camada Germinativa ou Basal: Parte mais profunda da epiderme; a. Células basais: desmossomos – atividade mitótica; b. Melanócitos: responsáveis pela melanina, cor de pele e proteção de raios UV. • Camada Granulosa: Queratina; • Camada Córnea: Possui células de Langherans (captura antígenos da pele); • Camada mais superficial, fina e com epitélio queratinizado e sem vascularização; • Queratinócitos são 80% das células; • Função: Barreira contra patógenos, pelo seu pH ácido; a. Proteção contra raios UV; b. Captura primária de antígenos exógenos; c. Percepção da sensibilidade tátil. → Derme: Camada intermediária; • Espessa e composta por T. conjuntivo; • Vascularização sanguínea e linfática, terminações nervosas (sensibilidade tátil, térmica e dolorosa); • Folículos pilosos, mm. Eretores dos pelos e glândulas sebáceas. → Hipoderme: Tecido Celular Subcutâneo: • Camada mais interna; • Panículo adiposo, tecido areolar, celular e subcutâneo; • Composta por T. Adiposo; • Com terminações nervosas; • T. frouxo – maleável e elástico. ❖ Função • Proteção: mecânica, humoral (sebo), celular (melanina) e imunológica (cel. de Langherans); • Termorregulação: Sudorese, constrição e dilatação vascular; • Percepção: Captação de estímulos dolorosos, táteis e térmicas; • Secreção: Sebácea, antibacteriana e antifúngica, substâncias percursoras de vitamina D. ❖ Ferida • Qualquer lesão que leve a solução da continuidade da pele é considerada uma ferida (DEALEY, 2008); • Todas as formas de lesões tissulares que se iniciam com alterações moleculares ou estruturais nas células que se encontram em estado de equilíbrio (Meireles e Silva, 2007); ❖ Reparação Tecidual • Regeneração: → Neoformação de células semelhantes às do T. lesado (cel. Epiteliais dos anexos); → Lesão não atinge todas as camadas da derme. • Cicatrização: → Lesão atinge todas as camadas da derme; → Fechamento por T. fibroso = gera cicatriz; → Dá lesão até a cicatrização completa são 3 fases. ❖ Processo de Cicatrização das Feridas • Inflamatória: → Sangramento: plaquetas, hemácias, fibrina que forma o EXSUDATO – uma vez coagulado, forma uma barreira impermeabilizante; → Tecidos lesados: Histamina, serotonina, bradicina = vasodilatação (↑ Fluxo sanguíneo= ↑ calor + rubor); → Vasodilatação: ↑ permeabilidade capilar = EDEMA; → Neutrófilo e monócito são ativados e transformados em macrófagos: fagocitar bactérias da lesão Eritema DESCONFORTO Calor Edema ✓ Migração p/ o leito da lesão: Leucócitos → Macrófago → Fatores de crescimento e prostaglandinas • Proliferação: → Células endoteliais formam novos vasos: Angiogênese; → Fluxo contínuo de nutrientes: T. de Granulação; → Ativação de macrófagos e mastócitos; → Multiplicação dos fibroblastos: Resistência e Suporte; ✓ Granulação: Suporte p/ tecido novo, vermelho vivo, não sangra facilmente; ✓ Contração: Agregação de fibroblastos à margem da lesão, aproximação de bordas, contração; ✓ Epitelização: Final da fase proliferativa. • Maturação: → Final do processo de cicatrização; → A ferida é fechada por T. conjuntivo (um ano ou mais); → Equilíbrio entre produção e eliminação do colágeno A falta – diminui a força tênsil da pele O excesso – cicatrizes hipertróficas e queloides ❖ Fatores que interferem na fisiologia da cicatrização: • Uso de anti-inflamatório - corticoides; • Sistêmica: anemia, desnutrição, doenças degenerativas; • Deficiência de vitaminas e zinco. ❖ Fatores locais que influenciam na cicatrização: • Vascularização das bordas da ferida; • Grau de contaminação da ferida; • Aspectos técnicos; • Condições prévias da pessoa - “Pessoas doentes fazem feridas doentes.” → DM, HAS, tabagismo, desnutrição, deficiência respiratória, deficiência de perfusão. ❖ Tipos de Cicatrização • Cicatrização por Primeira Intenção: → Mínimo de Tecido Lesionado; → Ex. Ferida Cirúrgica; → Pode aproximar as margens; → As 3 fases ocorrem normalmente. • Cicatrização por Segunda Intenção: → Grande perda de tecido; → Ex. Ulcera por pressão; → Recuperação demorada; → Sem aproximação das bordas. • Cicatrização por terceira intenção: → Era para ser de primeira intenção; → Poderia aproximar as margens, mas ocorreu uma infecção; → Quando retirada ou controlada, as bordas são aproximadas; → Sem perda de tecido. SUTURA DE PELE ❖ O que é sutura? • Tentativa de poder diminuir o tempo da cicatrização; • Promover as condições adequadas p/ que o corpo faça as 3 fases das cicatrização em um tempo menor; • Dura de 7 a 10 dias aproximadamente; • Aproximação das bordas da ferida. ❖ Qual o objetivo da sutura? • Tem como finalidade diminuir o potencial de contaminação e infecção; • Aproximar as bordas das feridas; • Estética: consegue trazer uma aparência mais agradável pela não distância das bordas, porque o depósito de tecido epitelial é menor do que em uma ferida aberta. ▪ Observar se necessário realizar a sutura de pele! ❖ Avaliar a lesão • Tempo: ferida com mais de 6h não é para sutura pois pode estar contaminado; • Tecido: o tipo de tecido é viável? Se não pode ocorrer uma deiscência (falha no processo de cicatrização – local/parcial ou sistêmica/total); • Acidentes causados por animais: não deve ser sutura por causa do grande risco de contaminação. ❖ Princípios Gerais • Promover de forma correta assepsia: → Higienização das mãos; → EPI; → Cuidado com perfurocortantes e injetáveis. • A entrada da agulha deve ser perpendicular à pele; • Observar a distância regular e segura de entrada e saída da agulha em relação as bordas da ferida (+/- 1cm); • Distribuir os pontos com espaçamento uniforme: → Os nós não devem ser frouxos e nem apertados; → Nós terminais, deve-se cortar o fio a uma distância segura dos pontos (+/- 1 cm); → Evitar a confecções de pontos sobre a linha de cicatrização; → A aproximação ideal depende de alinhamento nos eixos vertical e horizontal da incisão, evitando se excesso ou colabamento de pele ao redor da ferida; → Empregar e escolher corretamente os materiais. ❖ Materiais • Porta agulha; • Tesoura; • Pinças; • Anestésico, seringa e gases; • Antisséptico e SF; • EPI. ❖ Fios: Absorção • Absorvíveis → Ex: catgut, dexon, vicryl e polyvicry , e monocryl. • Inabsorvíveis: → Seda, linho, superlon, mononylon, dermalon, supralene, protene, mercilene, aciflex, flexon e algodão. • Estrutura: → Monofilamentares; → Multifilamentares – maior potencial de sujicidade • O fio de primeira escolha: monofilamentar e inabsorvíveis. ❖ Agulhas: ângulos • Reta: anastomoses interogástricas; • Curva: cavidade oral e nasal, faringe, gordura subcutânea, pele e músculo; • Semi-curva: Indicados para olho e microcirurgia. ❖ Agulhas: • Traumática: precisa montar o fio e causam maior trauma, não é indicada; • Atraumáticas: de primeira escolha, vem com fio montado. ❖ Calibre: • Quanto menor o diâmetro, maior o n° de zeros; • Troncos e extremidades (3.0); • Região cefálica (2.0); • Face (5.0 ou 6.0); • Mãos (4.0 ou 5.0). Desbridamento/Debridamento: Retirada do tecido necrosado; Auxiliar e promover o processo de cicatrização; Observar a vascularização. ❖ Técnica de Sutura • Sutura Percutânea → Ponto Separado: → Ponto Contínuo: ✓ Simples ✓ Chuleio Simples ✓ Em X ou Cruzado ✓ Chuleio ancorado de Ford✓ Em U de Donatti • Sutura Intradérmica ✓ Em U de Wolf ❖ Pontos Separados • Vantagens: → O afrouxamento ou queda de um nó, não interfere no restante de sutura; → Há menor quantidade de corpo estranho no interior do ferimento cirúrgico; → Os pontos são menos isquemiantes (ausência de fluxo sanguínea) do que na sutura contínua; → Em caso de infecção, pode ser reaberta sem abrir todo o resto. • Desvantagens: → Apresenta como desvantagem relativa o fato de ser mais trabalhosa e mais demorada. ❖ Pontos Contínuos • Vantagens: → Execução rápida e fácil; → Requer apenas um ou dois nós em toda sua extensão. • Desvantagens: → Esses projetos trazem menor resistência do que os pontos separados. Além disso, se um ponto se desfaz a sutura toda fica prejudicada. ❖ Procedimentos 1. Abrir a caixa de sutura; 2. Colocar na caixa de sutura 1 seringa (3, 5, 10 ou 20ml- conforme a extensão do ferimento e a quantidade de anestésico que irá usar), fio de náilon; 3. Uso de luvas estéreis; 4. Aspirar o cinestésico (lidocaína a 2%) com ajuda de um auxiliar; 5. Caso esteja sozinho, calça primeiro a luva na mão dominante e aspirar o anestésico segurando com a mão sem luva, coloca polvidine e soro fisiológico em uma cuba redonda e depois calçar a outra luva; 6. Realizar a antissepsia da região operatória com o antisséptico; 7. Identificar os pontos a serem anestesiado; 8. Realizar a punção inicial com a seringa contendo anestésico e com uma agulha de n° 5 ou 6 (de insulina); 9. A agulha deve penetra na pele em direção perpendicular, atingindo a hipoderme em um ângulo de 45°; 10. Aspirar antes de realizar infiltração para se certificar de que não atingiu um vaso sanguíneo; 11. Introduzir o anestésico, no qual formará um pequeno nódulo (botão anestésico) e aguardar a difusão do anestésico (período de latência); 12. Proceder com novas punções e infiltrações em forma de leque – nunca esquecer de aspirar antes de introduzir o anestésico; 13. Aguardar o período de latência; 14. Inspecionar o leito de ferida, e lavar com S.F. 0,9% para retirar resíduos, corpos estranhos; 15. Colocar o campo fenestrado; 16. Montar o fio na porta agulha e inicia a sutura; 17. Ao término da sutura, retirar o campo fenestrado e inspecionar a sutura; 18. Realizar uma limpeza com soro fisiológico e ocluir com gazes e esparadrapo; 19. Instruir o paciente a manter o curativo oclusivo por 24h, após retirar o curativo, lavar diariamente com água e sabão, ou soro fisiológico e retirar os pontos de 7 a 10 dias na região cefálica 5 dias; 20. Antes de retirar os pontos limpe a cicatriz do ferimento com gaze embebida em chlorhexidine ou Iodo PVPI.
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