Buscar

Unidade I Filosofia da Educação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Filosofia da Educação 
 
 
 
Clique na imagem para visualizar o vídeo. 
 
 
Olá estudante, 
 
Desde que surgiu na Grécia, no século VI a.C., a reflexão filosófica se dedica à busca 
do conhecimento e da compreensão da realidade, afastando-se, portanto, da 
recorrência a mitos e crenças estabelecidos. 
 
Nesse percurso, os primeiros pensadores, chamados de filósofos da 
natureza ou pré-socráticos, uniram-se a outros, considerados como seus discípulos 
– os educandos – para desenvolver e propagar suas teses. 
 
Vemos, assim, que desde seu início a Filosofia já se alicerçava na relação entre 
mestre e discípulo visando a novas condições de conhecimento. É por isso que não 
podemos dissociar Filosofia de Educação, pois ambas devem, necessariamente, 
seguir lado a lado para possibilitar a formação ampla do homem. 
 
Nosso desejo, aqui, é estimular o questionamento filosófico vinculado aos processos 
educativos para desenvolver as habilidades necessárias à instrução e à 
conscientização do ser humano. 
 
 
 
https://player.vimeo.com/video/344179672?badge=0&autopause=0&player_id=0&app_id=58479
 
Objetivos 
 
 
Ao final desta disciplina, você deverá ser capaz de: 
 
• Analisar os princípios e os conceitos da Filosofia que regem a 
sociedade frente aos processos educacionais. 
• Diferenciar a forma pela qual os princípios ideológicos, a partir 
do saber e do poder político, interferem na Educação. 
• Relacionar o progresso das ciências com o desenvolvimento 
das teorias educacionais. 
• Analisar criticamente os saberes que sustentam o processo 
educacional. 
 
 
Conteúdo Programático 
 
 
Esta disciplina está organizada de acordo com as seguintes 
unidades: 
 
• Unidade 1 – Bases Filosóficas da Educação 
• Unidade 2 – Política e Educação 
• Unidade 3 – Formação Filosófica do Pensamento Moderno 
• Unidade 4 – Educação Contemporânea - Questões 
Epistemológicas 
 
 
 
Autoria 
 
Professora Regina Yara Martinelli da Silveira 
 
Doutora em Filosofia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Mestrado 
e Graduação (Bacharelado e Licenciatura) em Filosofia também pela UERJ. 
Especialista em Literatura Brasileira (UERJ). Bacharelado em Comunicação Social – 
Jornalismo (FACHA). 
 
 
Bases Filosóficas da Educação 
 
 
Em seu estar no mundo, o homem desenvolve meios e condições para modificar e 
usufruir de tudo que o cerca, em um processo contínuo que estimula sua capacidade 
de criar e aprender. Nesta unidade, vamos apresentar um panorama do 
aprimoramento cultural da civilização, considerando a estrutura da sociedade, com 
ênfase no processo educativo de cada uma delas, da Antiguidade à Idade Média. 
 
 
Objetivo 
 
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: 
• Analisar os princípios e os conceitos da filosofia que regem 
a sociedade frente aos processos educacionais. 
 
 
Conteúdo Programático 
 
Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas: 
• Tema 1 - O processo de socialização 
• Tema 2 - Primórdios da Educação 
• Tema 3 - Estruturação da atividade filosófica e educativa 
 
 
 
 
 
 
 
Como seria nosso desenvolvimento sem a Educação? 
 
Tema 1 
O processo de socialização 
 
 
De que modo a cultura interfere na formação do 
homem? 
 
 
 
O desenvolvimento humano é 
marcado pelas transformações 
ocorridas desde o surgimento 
da espécie. Ao contrário dos 
animais, que se adaptam 
naturalmente ao seu espaço 
físico, o homem, desde sempre, 
procura adequar a natureza e o meio em que vive, conforme as necessidades básicas 
e essenciais para a sua sobrevivência. Estas modificações, realizadas de modo 
rudimentar ou não, são sempre intencionais, pois derivam de uma ação direcionada, 
de um desejo deliberado. 
 
Este processo de alteração sobre o meio faz com 
que o homem desenvolva condições mais eficazes 
de resolver seus problemas de adaptação, criando 
novas formas de ação e produzindo cultura. Ou 
seja, a cultura é toda interferência humana sobre a 
natureza, é tudo o que o homem faz para se 
instalar no mundo. É nesse sentido, que, em um primeiro momento, o processo 
cultural não deve ser considerado pela ótica da erudição, da instrução individual, mas 
de modo antropológico, quer dizer, como forma abrangente do agir do homem sobre a 
natureza. 
 
 
 
Saiba Mais 
 
Em geral, vivemos dentro de nossa cultura em um fluir contínuo, como se 
nosso modelo de ser fosse igual para todas as pessoas, e as diversas 
coisas do mundo fossem sempre vividas assim, da forma com que nós as 
experimentamos. Somos como um peixe que nasceu dentro de um aquário 
e que toma esse ambiente como o mundo e seu modo “aquático” de ser 
como o único existente. Esse estado habitual de nossas vidas vê-se 
confrontado, no entanto, quando viajamos para outros estados ou para fora 
do país. Percebemos, no contato com os habitantes locais, uma série de 
diferenças no modo de falar, comer, vestir e relacionar-se. Nesse instante, 
ocorre em nós um estranhamento (observe que as palavras estranho e 
 
 
 
estrangeiro têm a mesma origem latina: “o que é de fora”). A percepção 
desses elementos culturais distintos, que estão ‘fora de nós’, quebra a 
transparência e invisibilidade de nossa própria cultura. Temos, então, a 
possibilidade de “ver” nossas próprias características culturais: como nos 
vestimos, comemos, pensamos, nos relacionamos etc. [...]. (COTRIM & 
FERNANDES. 2010, p. 119) 
 
 
Por conseguinte, devemos ressaltar, ainda uma vez, que a cultura é própria de 
qualquer ser humano, independentemente de quaisquer resquícios preconceituosos; 
isso significa que não há cultura superior ou inferior, o que existe são culturas 
distintas. Ser diferente não significa ser melhor ou pior, significa apenas ser diferente. 
A visão tendenciosa de prejulgar os bens culturais de cada povo pode levar 
à xenofobia – o desprezo pelo estrangeiro –, e ao etnocentrismo – quando se 
considera a cultura estrangeira como inferior. 
 
Desse modo, podemos afirmar que todo homem é um ser cultural, pois seus atos 
tendem sempre a transformar e adaptar a natureza na busca de sobrevivência e, 
principalmente, para saber mais sobre a realidade e sobre si mesmo. Para que tal 
desenvolvimento seja possível, o ser humano não pode viver isolado nem separado de 
seu grupo. É necessário que haja interação solidária entre os componentes do grupo, 
que sejam criadas formas de comunicação, especialmente por intermédio de símbolos 
linguísticos, para a boa convivência de todos. 
 
 
 
 
 
 
O que é cultura? 
 
A cultura pode ser considerada um amplo conjunto de conceitos, símbolos, 
valores e atitudes que modelam e caracterizam uma sociedade. Envolve o 
que pensamos, fazemos e temos como membros de um grupo social. 
Nesse sentido, todas as sociedades humanas, da pré-história aos dias 
atuais, possuem uma cultura. E cada cultura tem seus próprios valores, 
suas próprias ‘verdades’. Assim, podemos falar em cultura ocidental ou 
oriental (própria de um conjunto de povos com determinadas 
características comuns), cultura chinesa ou brasileira (própria de uma 
nação ou civilização) [...] Em uma abordagem mais filosófica, cultura é, 
enfim, a resposta oferecida pelos grupos humanos ao desafio da 
 
 
 
existência. Essa resposta manifesta-se em termos de conhecimento 
(logos), paixão (pathos) e comportamento (ethos) – isto é, em termos de 
razão, sentimento e ação. (COTRIM & FERNANDES, 2010, p.118) 
 
 
 
A cultura humana deriva, portanto, desta teia de inserções coletivas dos atos do 
homem sobre o mundo físico. A complexidade destas ações resulta da capacidade 
humana de inventar novos procedimentos para o seu estar no mundo, isto é, para 
adequar o mundo físico à sua sobrevivência. Associados por interesses comuns, os 
homens conseguem ir além do que lhes é oferecido naturalmente. De fato, o que 
caracteriza realmente a modificação realizada pelo ser humano é a sua 
intencionalidade na transformação da natureza, que deu origem à primeira noção de 
trabalho. 
 
Assim, cultura,linguagem e trabalho não podem 
ser dissociados, pois dizem respeito ao próprio 
sentido de humanização. Devemos destacar que o 
sentido de trabalho, aqui mencionado, não é o 
mesmo que, mais tarde, será vinculado à 
exploração do indivíduo, mas no sentido de o 
 
homem promover o seu desenvolvimento, a sua autorrealização. Trabalhando e 
interagindo com seus semelhantes, o homem adquire uma visão mais ampla da 
realidade e de seu pensar e agir sobre o mundo. 
 
 
O desenvolvimento humano 
depende, portanto, de toda 
transformação realizada pelo 
homem em sua própria sociedade. 
Este longo caminho acelerou 
também as formas de 
aprendizagem, visto que as técnicas 
utilizadas por uma geração são 
transmitidas e aperfeiçoadas pelas 
gerações seguintes, o que 
possibilita o aprimoramento dessas 
novas técnicas. 
 
A vida em sociedade possibilita, 
portanto, o aperfeiçoamento de 
técnicas e, ainda, o 
desenvolvimento do ser humano em 
seu modo de pensar e agir, em sua 
práxis. Conforme ocorrem as 
mudanças sociais, modifica-se também a conduta dos indivíduos. Essas 
transformações acontecem em todos os níveis da sociedade: no comportamento, na 
organização dos grupos, na política, na religião e, muito especialmente, na educação. 
 
 
A consequente formação de sociedades cada vez mais complexas e elaboradas fez 
com que os seres humanos passassem a assumir novos tipos de estruturação social, 
como forma de organizar hierarquicamente os participantes das comunidades. Esta 
separação de classes vai influir decisivamente na vida de cada indivíduo, já que, a 
partir de então, tudo se pauta pela posição que ele ocupa no grupo. 
 
Saiba Mais 
 
Quando o homem compreende sua realidade, pode levantar hipóteses 
sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode 
transformá-la e com o seu trabalho criar um mundo próprio: seu eu e suas 
circunstâncias. O homem enche de cultura os espaços geográficos e 
históricos. Cultura é tudo o que é criado pelo homem. Tanto uma poesia 
como uma frase de saudação. A cultura consiste em recriar e não em 
repetir. O homem pode fazê-lo porque tem uma consciência capaz de 
captar o mundo e transformá-lo. (FREIRE. 1985, p, 30-31) 
 
 
Se, em um primeiro momento das civilizações humanas, o agir de cada indivíduo 
estava condicionado aos simples modos de proceder de seus pares, a uma educação 
espontânea, sem intenção explícita de ampliar a visão da sociedade como um todo, 
posteriormente, com as transformações ocorridas no meio social, o foco da educação 
passa a ser bem mais abrangente, relacionado a questões até então restritas às 
indagações filosóficas. 
 
 
Observação 
 
Nosso mundo, na medida de uma consciência dos “direitos do homem” e 
de sua universalidade, das evoluções tecnológicas e científicas (que 
modificam nossa relação com o mundo, mas também conosco mesmos, 
riscos de uma ecologia do humano), é o teatro de uma consciência nova 
do princípio de humanidade e da parte da educação na garantia de seu 
exercício. Essas transformações suscitam a necessidade de se encontrar 
uma “origem”, um ponto que permita se orientar. Filosofar é, antes de tudo, 
interrogar, colocar as questões que dão importância ao sentido e aos 
valores associados à transformação individual e coletiva da humanidade, 
sentido de seu devir, responsabilidade pelo futuro [...]. É igualmente 
interrogar nossas respostas, as que trazemos no jogo das representações 
[...]. (MORANDI. 2002, p. 8) 
 
 
1. Filosofia e Educação 
 
 
 
 
 
 
2. Relação intrínseca e 
extrínseca 
O vínculo entre Filosofia e 
Educação pode assim ser 
observado como 
construção e 
desenvolvimento integral 
do ser humano, no sentido 
de estimular sua 
consciência crítica e 
possibilitar sua liberdade. 
Portanto, na tentativa de 
apreensão do real, o ser 
humano se educa; logo, 
podemos afirmar que 
filosofar e educar 
relacionam-se intrínseca e 
extrinsecamente, 
considerando que toda 
educação requer o 
desdobramento das 
possibilidades de conhecer. 
Isso porque todo e 
qualquer processo 
educativo deve ultrapassar 
a transmissão espontânea 
e a simples informação, 
para abarcar, como em 
Filosofia, uma ampla 
reflexão sobre a realidade 
humana. 
 
 
Considerando, também, a profusão de códigos e valores que nos são transmitidos, 
podemos perceber, com mais clareza, a importância do liame que deve existir entre as 
questões educativas e a reflexão filosófica na compreensão dos problemas humanos. 
Percebemos, portanto, a necessidade da atividade filosófica no fundamento do 
processo educativo, quando ambos, complementando-se dialeticamente, partem para 
uma tarefa sem fim de buscar o aperfeiçoamento do ser humano, entendendo-se que 
é pela educação que o homem se transforma. 
 
 
Para refletir 
 
Situar-se em sentido crítico e interrogativo diante desses problemas que 
atingem o processo educativo é o desafio que a Filosofia da Educação 
deve enfrentar. E é o desejo de provocar uma reflexão séria sobre esses 
problemas que nos leva a apontá-los. Entretanto, porque tais problemas se 
inserem em contextos historicamente condicionados, seria impossível 
enfrentá-los em termos adequados, sem levar em consideração os vários 
posicionamentos que a este respeito assumiram filósofos e educadores, 
tanto no passado como no presente. Essas atitudes devem servir para que 
todos repensem a problemática atual, procurando descobrir e recriar o 
sentido da educação, o seu conteúdo radical, as instituições que 
representa e a sua última razão de ser. (GILES. 1983, p. 2) 
 
 
 
 
Tema 2 
Primórdios da Educação 
 
 
Por que podemos afirmar que a ação do homem sobre 
a natureza é classificada como trabalho? 
 
Como observamos na aula anterior, a 
sobrevivência do ser humano depende de sua 
socialização, isto é, da interação com os 
outros homens. A transmissão da cultura 
principia com o nascimento do indivíduo, que 
irá se desenvolver de acordo com as normas 
do grupo em que foi criado. A linguagem, o comportamento, a religião, os valores 
éticos, a tradição, enfim, fazem parte desse processo de aprendizagem, ao qual se dá 
o nome de educação informal. 
 
 
 
Pela educação informal, ou educação 
espontânea, o indivíduo vai adquirindo as 
normas e os valores específicos de sua 
sociedade e, por consequência, se educa 
para se integrar voluntariamente às regras 
estabelecidas pelo grupo. Contudo, como 
esse processo se desenvolve 
espontaneamente, sem a intenção clara de 
proporcionar a aquisição dos 
comportamentos sociais, esta 
aprendizagem acontece de modo quase imperceptível. Na transmissão casual da 
educação, percebemos a influência da comunidade no agir do indivíduo, já que os 
modelos sociais válidos da sociedade são impostos por pressão social. 
 
 
Saiba Mais 
 
O homem não possui aparelhamento instintivo como o dos animais, e por 
isso precisa ser socializado para sobreviver, o que é feito mediante a 
educação recebida das pessoas que o circundam, a partir de modelos 
sociais do grupo a que pertence. De fato, desde que nasce, o homem é 
submetido a um intenso processo de aprendizagem, que não termina 
senão com a morte. Boa parte desse processo não é percebida enquanto 
se realiza. Por exemplo, antes de aprender a falar, a criança é capaz de 
emitir toda a gama de sons existentes nas diferentes línguas humanas. [...] 
O comportamento da criança vai sendo modelado por meio da repetição, 
inicialmente de uma maneira exterior, quando, por exemplo, imita o pai 
lendo jornal. Depois interioriza o gesto aprendido, que se torna norma de 
comportamento: a saudação de boa-noite se transforma em hábito de 
polidez. (ARANHA. 1996, p. 56) 
 
 
Isso significa que, como vimos, nesse primeiro estágio do desenvolvimento humano, a 
educação se realiza sem que exista uma intenção explícita de transmissão de 
conhecimento ou, mesmo, sem a plena conscientização de tais atos, pois os 
comportamentos transmitidos afloram de modo espontâneo e assistemático, como 
decorrentes da repetiçãodos gestos dos indivíduos do grupo e da família. Portanto, 
nessa fase inicial, o homem age de acordo com as normas que lhes são passadas, 
sem, necessariamente, refletir sobre suas ações. 
 
 
 
 
Podemos então considerar que a família ocupa um lugar de destaque na formação do ser 
humano, especialmente no que diz respeito à elaboração de modelos éticos e 
comportamentais. Mesmo com as mudanças históricas verificadas nas relações familiares, não 
devemos esquecer que o papel da família é fundamental para o desenvolvimento e a 
aprendizagem do homem. 
 
 
 
No entanto, com o advento da Modernidade, 
cujos pressupostos vão promover intensas e 
consideráveis transformações nas 
sociedades, o modelo de família vai sofrer 
profundas mudanças em sua constituição. Em 
oposição àquele modelo medieval, quando 
não havia nenhum cuidado especial com 
relação às crianças, os novos tempos vão 
alterar decisivamente as relações familiares, 
destacando-se que, neste contexto, também 
 
verificamos as inúmeras modificações sociopolíticas e econômicas, que vão imprimir 
novos padrões sociais. Devemos ressaltar, porém, que o modelo de família extensa 
não desapareceu totalmente, já que, até o começo da Modernidade, ainda se verifica a 
existência de famílias formadas por casais, filhos e agregados. Nesse espaço, a 
criança ocupava um papel secundário. 
 
 
Observação 
 
Logo que a criança se livra da atenção constante da mãe ou da ama, 
mistura-se com adultos: veste-se da mesma forma (não havia traje 
especial para elas), participa dos mesmos jogos, frequenta as mesmas 
festas (geralmente religiosas); não há preocupação em excluí-las das 
conversas dos adultos, e estes não se abstêm de qualquer referência a 
assuntos sexuais na presença delas. Há uma certa promiscuidade, sendo 
comum dormirem na mesma cama com os pais ou com criados que delas 
cuidam. Nesse período era comum os nobres mandarem seus filhos 
aprender boas maneiras e a prestar serviço para outras famílias. Dos sete 
aos catorze ou dezoito anos, a criança aprendia pela prática, mergulhada 
nos afazeres cotidianos, inclusive os domésticos. (ARANHA. 1998, p. 58). 
 
 
O início da época moderna se caracteriza por uma profusão de acontecimentos e 
contradições que trazem novas perspectivas para a sociedade e marcam esse novo 
tempo: 
 
• as várias invenções; 
• a contestação de antigas teorias; 
• a ascensão da burguesia; 
• o processo de laicização das ciências e 
do conhecimento de modo geral, quando 
as investigações científicas se desligam 
de quaisquer resquícios religiosos. 
 
 
 
Importante 
 
*Várias invenções 
 
Isso significa que, tanto no plano da política quanto no do desenvolvimento 
científico, tecnológico ou comercial, entre outros, as mudanças são 
profundas e, como vimos, afetam sensivelmente as relações humanas. 
 
 
Dessa forma, a Modernidade – calcada nos valores individualistas da burguesia – 
institui novos modelos comportamentais para a família, cuja herança vai se estender 
por séculos, chegando até os nossos dias: a família nuclear conjugal, 
tradicionalmente constituída pelos pais e por seus filhos. Nesta nova estrutura, a 
função do provedor, o pai, será a de total prestígio e autoridade naquele espaço 
privado, pois ele será o responsável pelos limites e adequação de seus familiares às 
tarefas sociais. 
 
 
Para refletir 
 
Ao se reduzir a extensão da família, sobretudo com o advento da 
industrialização, suas obrigações vão ficando cada vez mais restritas, 
cabendo-lhe quase que exclusivamente a proteção e alguns aspectos 
ainda importantes da educação. [...] Há muito se fala do enfraquecimento 
da instituição familiar: a desagregação precoce de sua estrutura, a perda 
da autoridade paterna, a incapacidade cada vez maior de instruir e educar, 
enfim de transmitir os valores da sociedade. (ARANHA. 1998, p.61) 
 
 
Mas, como já observamos, as mudanças históricas e econômicas vão interferir, 
intensamente, na vida social, política e econômica dos povos e, claro, também na 
família. 
 
 
As questões decorrentes da Revolução Industrial, com 
a necessidade de mão de obra barata para o trabalho 
nas fábricas, aceleram a produção de empregos, nos 
quais estavam incluídos homens, mulheres e crianças. 
Assim, o “chefe da família” começa a ter a sua 
autoridade abalada, já que todos passam a contribuir 
para o sustento familiar. Mas, não podemos deixar de 
enfatizar que os problemas acarretados pelas 
modificações sócio-históricas que atingem as famílias, 
de modo geral, não reduzem a importância familiar 
como base da educação do indivíduo. 
 
Saiba Mais 
 
Portanto, ao menos como ideal, o processo educativo visa à totalidade do 
homem, ao seu desenvolvimento e aos resultados desse desenvolvimento, 
aceitando-se a palavra “desenvolvimento” no sentido mais amplo. [...] Uma 
vez que o processo educativo se inicia desde os primeiros momentos da 
existência, à família incumbe inicialmente essa tarefa. Apesar de todas as 
transformações por que a família passa nas sociedades atuais, é ela que, 
em grande parte, determina o que será a criança. Muitas vezes a família é 
chamada a desempenhar esse papel fundamental numa sociedade onde 
faltam ou falham outros meios espontâneos de educação e também onde, 
às vezes, faltam-lhe outros meios de desempenhá-lo. Entretanto, trata-se 
de compreender bem o desempenho dessa tarefa, sabendo distinguir da 
sublimação criativa a clássica repressão, ambas reflexos duradouros 
desse primeiro momento do desempenho educativo. (GILES. 1983, p. 27) 
 
 
Na verdade, o papel da família constitui ao longo dos tempos, um desafio 
extremamente complexo a ser enfrentado pelos pais, em especial com relação à 
contemporaneidade, quando a quantidade de informações vinculadas aos meios de 
comunicação – bem como o incentivo ao consumo exacerbado das sociedades 
capitalistas – tende a afetar o modelo social almejado pelos grupos familiares. Mas, 
mesmo com todas as mudanças ocorridas nas sociedades, ainda é a família que 
proporciona a segurança necessária ao indivíduo, permitindo que ele se torne um 
cidadão livre e autônomo. 
 
Por isso, a tarefa de educar, em seu sentido abrangente, reclama uma atitude crítica 
acerca da realidade e da integração entre os seres humanos na busca de maior 
compreensão sobre sua existência. Daí a importância da reflexão filosófica e do 
questionamento coerente a respeito das questões fundamentais referentes ao homem. 
 
 
 
Para refletir 
 
[...] o ato de filosofar não pretende oferecer soluções já prontas, isentas de 
todo questionamento. Ele se orienta em direção à procura livre, alimenta-
se com o insólito e mesmo com aquilo que, na realidade, parece 
insuportável. Liberdade e razão se entrecruzam, e esse entrecruzamento 
reflete-se no ato de filosofar. É nestes termos que o ato de filosofar 
contraria tanto a ideologização quanto a mistificação, porque está atento à 
dimensão especificamente histórica que se reflete na própria existência 
concreta e evolutiva. Filosofar é estar em contato constante com os fatos e 
com a experiência desses fatos, numa atitude de radicalidade sempre 
renovada, à procura dos pressupostos e dos fundamentos de uma 
realidade que se manifesta e se esconde. É assim que a filosofia se 
encarrega de alcançar os momentos mais ricos da dinâmica existencial 
do eu e do outro eu no mundo. (GILES. 1983, p. 5) 
 
 
 
Tema 3 
Estruturação da atividade filosófica e educativa 
 
 
Em que consiste uma imagem-ideal? 
 
Neste tema, vamos destacar o papel da Filosofia na educação integral do ser humano 
– no sentido de libertá-lo dos preconceitos e visões distorcidas do senso comum – 
estimulando a atitude crítica que possa levá-lo à busca do conhecimento de si mesmo 
e do mundo. 
 
Um dos primeiros aspectos mais importantes a 
considerar – quando são mencionados os 
pressupostos da educação – é a influência da 
sociedade na formação do indivíduo, moldando-
lhe a personalidade, o caráter e os modos de 
atuar sobre o todo social.Quer dizer, mesmo sem 
perceber, o homem se adapta, conscientemente 
ou não, às formas de proceder de seu meio 
social. Nesse processo, o indivíduo tende a se 
adequar harmonicamente ao grupo, seguindo-lhe 
os hábitos e as normas de sua sociedade, 
forjando uma imagem-ideal, um modelo exemplar 
de atitudes aceitáveis, elaborando, assim, um 
padrão satisfatório para suas ações. 
 
Portanto, a elaboração de uma imagem-ideal resulta de circunstâncias que abrangem 
um determinado período histórico e social, no que toca especialmente às 
transformações do conhecimento e das ciências. Este padrão educativo, 
esta imagem-ideal, difere profundamente de sociedade para sociedade. 
 
 
 
Observação 
 
O processo educativo visa levar o educando a assumir e desenvolver 
determinada imagem-ideal, que implica a assimilação dos bens culturais 
da coletividade. Tal imagem-ideal se lhe impõe. Mesmo quando o 
educando desenvolve o senso crítico diante dessa imagem-ideal, dela não 
pode prescindir, pois condiciona até a reação em contrário. É impossível 
exagerar o peso da imagem-ideal no processo educativo, visto que se trata 
de um processo que pretende levar as gerações jovens a adquirirem os 
usos e costumes, as práticas e os hábitos, as ideias e crenças, ou seja, a 
forma de vida da sociedade em que vivem. Trata-se de um processo que 
 
 
 
vai desde a influência espontânea, ou seja, a educação primitiva, até a 
influência proposital exercida de acordo com objetivos específicos: 
políticos, econômicos, religiosos, sem que uma forma exclua 
necessariamente a outra, pois ambas operam em função de uma imagem-
ideal [...]. (GILES. 1983, p. 59) 
 
 
Considerando que a educação pode levar o homem a ter consciência de seu papel no 
mundo e a alcançar a sua liberdade, é compreensível que possa também impulsionar 
o desenvolvimento humano, em um processo de descobrir, criar, aprender e ensinar 
que se revelou, afinal, como característica intrínseca e exclusiva da condição humana. 
Daí a necessidade da recorrência à fundamentação filosófica quando investigamos os 
pressupostos educativos, pois, como base do conhecimento do mundo ocidental, a 
Filosofia pode influenciar decisivamente as diretrizes pedagógicas. 
 
 
Saiba Mais 
 
O problema da educação remete a filosofia ao seu próprio funcionamento. 
Filosofar é aprender a pensar: existe uma conduta para filosofar? Para 
consolidar sua reflexão, a filosofia apoia-se na “história” das ideias, 
concebida não como um conhecimento histórico, mas como uma ordem 
das ideias. Essa ordem é o suporte indispensável para a compreensão e a 
constituição de nossos modos de pensamento atuais e o lugar de exercício 
do filosofar. A ida e volta entre presente e origem faz parte do método 
filosófico: este se apoia na sequência dos momentos do pensamento, no 
nascimento dos questionamentos, no encontro das obras que colocam as 
questões importantes. (MORANDI. 2002, p. 11). 
 
 
 
A Filosofia surge na Grécia do século VI a. C., 
quando os primeiros pensadores se 
interessaram por uma apreensão racional do 
cosmos, desligando-se dos modelos 
tradicionais das narrativas míticas. Estes 
filósofos procederam a investigações 
profundas sobre a origem (arché) do universo 
e também sobre a condição humana. Ou seja, 
a Filosofia nasce da não acomodação do 
homem diante da realidade, da capacidade 
humana de indagar e questionar, de procurar 
entender o porquê de sua existência e dos 
fenômenos que acontecem à sua volta. 
 
Costuma-se a admitir que existem, especialmente, 
dois modos de apreender a realidade: 
o pensamento pré-reflexivo, aquele derivado da 
herança cultural, quando as normas são aceitas 
passivamente como verdade natural; e o 
pensamento reflexivo, elaborado criticamente com 
base na reflexão filosófica e capaz de reformular a 
nossa visão de mundo e que se vincula, por isso 
mesmo, aos processos educativos. 
 
 
 
Retomando a noção de imagem-ideal, podemos dizer que na Grécia não existiu um 
único modelo padrão, isto porque o processo educativo dos gregos foi moldado por 
diferentes forças políticas das Cidades-Estado. É necessário, então, fazer uma breve 
separação entre os modelos arcaico (pré-filosófico) e o clássico (do século VI a. C. em 
diante), mesmo que em ambos a educação figure como a formação integral do 
homem. 
 
Grécia Arcaica Grécia Clássica 
O modelo ideal da época arcaica, que teve em 
Homero o seu grande divulgador, priorizava 
uma educação fundada no exemplo dos 
deuses e dos herois, ou seja, dos aristoi (os 
nobres, as pessoas especiais). 
Na fase clássica, podemos observar a oposição 
entre duas das mais importantes cidades gregas: 
Esparta e Atenas. Enquanto em Esparta, onde 
vigorava uma oligarquia militar, a educação era 
rígida e seguia fielmente os interesses do Estado, 
na formação do homem ateniense considerava-se 
a importância da liberdade pessoal. 
 
 
Os sofistas são considerados os primeiros filósofos 
a se dedicarem propriamente à Educação. De fato, 
estes pensadores são responsáveis por um novo 
modelo de conhecimento – laico e contextualizado 
–, que reunia não apenas o ensino das técnicas de 
argumentação persuasiva (retórica), mas ainda o 
estudo da dialética, da gramática, da matemática e 
da cultura geral. Ao elaborar técnicas de ensino 
para as necessidades imediatas dos cidadãos, os 
sofistas criaram uma metodologia muito próxima 
daquela que utilizamos ainda hoje, quando se 
educa pensando na realidade contextual. 
 
 
Muito do que se sabe dos filósofos sofistas foi escrito por seus principais oponentes – 
Platão, em especial –, carregado de aspectos negativos. Somente no século XIX, e 
graças às investigações do pensador alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-
1831), é que os sofistas passam a ocupar um lugar de destaque na história da 
Filosofia. 
 
 
Dos sofistas mais representativos, podemos destacar Protágoras (c. 490-420 a. C.), 
Górgias (c. 483-376 a. C.) e também Isócrates (436-338 a. C.), contemporâneo de 
Platão e o único ateniense; por isso, ele consegue fundar uma escola, a qual vai 
concorrer com a Academia Platônica. 
 
 
 
 
Para estes pensadores, o estudo da retórica, das 
técnicas de persuasão, era imprescindível para a 
formação do homem grego, pois possibilitava ao 
educando participar, com sucesso, das assembleias 
políticas da ágora (lugar onde se discutiam os 
destinos da cidade). Além disso, os ensinamentos 
sofistas não deixavam de privilegiar os momentos 
históricos em que as ações se verificavam. A 
valorização dos contextos e a percepção da 
mutabilidade dos valores – baseadas nas 
convenções sociais, inclusive na vida moral do 
cidadão – constituem o principal ponto conflitante 
entre os sofistas e os próximos filósofos atenienses. 
 
 
 Leitura 
Para aprofundar seu conhecimento sobre cada um dos sofistas 
mencionados, estude, agora, no e-book: SILVEIRA, Regina Yara 
Martinelli da. Filosofia da Educação. Rio de Janeiro: ILUMNO, 2016, 
o Capítulo 1, pág. 33– 35. Você poderá encontrá-lo na página inicial da 
disciplina. 
 
 
 
Sócrates (c. 470-399 a. C.) é um marco na história da 
filosofia, embora não tenha deixado nada escrito; o que 
se sabe dele advém de obras de seus discípulos 
(Platão, principalmente). A relevância de Sócrates está 
vinculada à sua busca do conhecimento amplo e 
irrestrito, um saber universalizante e atemporal, quase 
“divino”. Com relação aos seus ensinamentos, 
a maiêutica constitui o seu principal método de ensino, 
pois leva o educando a “construir” seu próprio 
conhecimento. 
 
 
 
 
 
 
Platão (428/7-347 a. C.), discípulo e seguidor de 
Sócrates, elaborou a Teoria das Ideias (ou Teoria das 
Formas, ou Teoria dos Dois Mundos) para explicar o 
processo de desenvolvimento do homem na busca do 
saber. Para Platão, existiriam dois mundos 
antagônicos: o mundo das sombras, das ideias 
imperfeitas, calcadas nas opiniões do senso comum; 
e o mundo das ideias, da verdadeira realidade, das 
essências perfeitas, abstratas, imutáveis e 
transcendentesao nosso cotidiano, para as quais o 
caminho consiste na superação das opiniões do senso 
comum. Esta teoria é desenvolvida no “Mito da 
Caverna” (Livro VII, da obra A República), uma 
alegoria metafórica, adequada às mais diversas 
situações, em especial ao processo educativo. 
 
 
 
Aristóteles (384-322 a. C.) frequentou a Academia 
como discípulo de Platão, mas não segue a linha 
transcendente de seu mestre. Para ele, a sabedoria 
(sophia) não pode descartar o conhecimento advindo 
da prática (phronesis = sabedoria prática). Suas 
investigações sobre o conhecimento atingem as mais 
diversas áreas do saber, tais como a física, a biologia, 
a lógica, a história, a psicologia, a política, as leis, a 
ética, a metafísica (entre outras). Com relação à 
educação, devem ser consideradas duas questões 
ligadas estritamente ao processo educativo: 
a política e a ética. 
 
 
 Leitura 
Para aprofundar seu conhecimento sobre a maiêutica socrática e a 
alegoria da caverna, estude, agora, no e-book: SILVEIRA, Regina 
Yara Martinelli da. Filosofia da Educação. Rio de Janeiro: ILUMNO, 
2016, o Capítulo 1, pág. 36 – 38. Você poderá encontrá-lo na página 
inicial da disciplina. 
 
 
 
 
A educação grega moldou a formação de seus cidadãos com tal eficiência que foi 
capaz de influenciar – a partir da helenização, processo de expansão da cultura grega 
– outras importantes civilizações. 
 
Saiba Mais 
 
A sabedoria, para Aristóteles, não é tanto a sophia quanto a phronesis, 
inteligência prática que os latinos traduziram por prudentia. A ética é uma 
prática que é capaz de compreender uma situação, de interpretar a ação: é 
um conhecimento prático de origem intelectual, práxis e não contemplação. 
[...] Em sua preocupação de compreender o funcionamento da inteligência, 
Aristóteles desenvolve, talvez o primeiro nesta matéria, uma psicologia da 
alma (Da Alma) ligada à educação. A conduta não se priva, de modo 
algum, da educação nem da experiência; na confluência dos modos de 
aprendizagem está a prudência. A educação aristotélica é uma educação 
pelo conhecimento, da qual o homem é o polo constitutivo. Ela está ligada 
à cidade tanto quanto ao exercício intelectual de cada um. “O homem tem 
naturalmente a paixão de conhecer”; sua educação e sua política apoiam-
se nisso. (MORANDI. 2002, p. 63) 
 
 
 Leitura 
Para aprofundar seu conhecimento sobre o processo de helenização, 
estude, agora, no e-book: SILVEIRA, Regina Yara Martinelli 
da. Filosofia da Educação. Rio de Janeiro: ILUMNO, 2016, o Capítulo 
1, pág. 39– 40. Você poderá encontrá-lo na página inicial da disciplina. 
 
 
A civilização de Roma é devedora da cultura 
grega, pois, mesmo tendo conquistado a Grécia, 
os romanos foram conquistados pelos helenos, 
no que tange à formação cultural. Desse modo, 
os romanos passam a valorizar o processo 
educativo como condição de formar o caráter do 
educando num sentido universal e cosmopolita. 
 
 
 
Dos pensadores mais conhecidos da antiguidade romana sobressaem: 
• Marco Túlio Cícero (106-43 a. C.); 
• Lúcio Aneu Sêneca (4-65 d. C.) ; 
• Marco Fábio Quintiliano (35-100 d. C.). 
Todos influenciados, inicialmente, pelos gregos. Ou seja, valorizavam especialmente a 
oratória, o aperfeiçoamento moral, a formação completa do educando (para viver ou 
morrer). 
 
 Leitura 
Para aprofundar seu conhecimento sobre os assuntos desta aula, 
estude, agora, no e-book: SILVEIRA, Regina Yara Martinelli 
da. Filosofia da Educação. Rio de Janeiro: ILUMNO, 2016, o Capítulo 
1, pág. 31– 45. Você poderá encontrá-lo na página inicial da disciplina. 
 
 
 
O início da disseminação do Cristianismo 
pela Europa marcou indelevelmente seu 
processo educativo, já que o exemplo da 
vida de Cristo deveria ser a fonte de 
imitação para todos. Nesse sentido, o 
educando deve ter como exemplo a 
perfeição divina. Em princípio são formadas 
as escolas catequéticas, as quais pretendiam se dedicar à apologia da vida do 
Salvador; a intenção principal era a divulgação da fé, sedimentando, assim, um 
processo educativo que consiste em um instrumento eficiente para ser utilizado no 
fortalecimento da vida religiosa dos fiéis. 
 
 
 
Agostinho de Hipona (354-430) foi um filósofo e 
intelectual brilhante e, após sua conversão, um dos mais 
importantes teólogos de sua época. Para ele, a fé deveria 
ser o fundamento de toda educação, pois só pela fé se 
conseguiria contemplar a verdade. Nesta primeira fase do 
cristianismo, a filosofia platônica foi utilizada por Agostinho 
para dar sustentação à fé cristã: o mundo das ideias, de 
Platão, passa a corresponder ao céu; o mundo das 
sombras seria, por conseguinte, a vida terrena. 
 
 
 
Nos primeiros séculos da filosofia cristã, surge a patrística – a Filosofia dos padres da 
igreja –, cujo intento continuava a ser o fortalecimento da religião e, 
consequentemente da própria instituição. Posteriormente, as mudanças históricas 
trouxeram modificações para o sistema de ensino, com o surgimento das escolas 
monásticas. Estas, embora ainda privilegiassem a formação do homem de fé, 
instauraram o processo de aprendizagem das artes liberais, cuja formação derivava do 
trivium (as três primeiras: gramática, dialética e retórica) e do quadrivium (as quatro 
últimas: aritmética, geometria, astronomia e música). 
 
Outra tendência marca a influência cristã 
na educação medieval: a escolástica, a 
doutrina da escola, que procurava 
confirmar a ligação entre a filosofia e a 
teologia. A escolástica “combinava a 
doutrina religiosa, o estudo dos padres da 
igreja, e uma investigação filosófica e lógica baseada, sobretudo em Aristóteles”. 
(BLACKBURN. 1997, p.122). Desse modo, se Agostinho introduziu o mundo ideal de 
Platão na doutrina cristã, Tomás de Aquino (1227-1274) buscou sustentar na filosofia 
aristotélica os cânones da igreja. 
 
Simultaneamente, porém, e devido a necessidades cotidianas das comunidades, 
surgem algumas tentativas de adequar a educação aos interesses práticos, 
principalmente no que tange aos dos artesãos e comerciantes. Em um primeiro 
momento, surgem as escolas gremiais, cuja intenção seria desenvolver uma 
educação prática e técnica, com vistas à emancipação profissional. Pouco depois, são 
criadas também as escolas municipais, direcionadas para um ensino mais próximo dos 
interesses das comunidades, tais como a língua vernácula, as ciências e o cálculo. 
(Cf. GILES. 1983, p. 70-71) 
 
No entanto, e mesmo com as mudanças que se verificavam, a educação medieval 
buscava sedimentar a formação religiosa, em especial do “homem temente a Deus”, 
centrado na religiosidade, numa imagem-ideal engendrada para garantir o Poder da 
Igreja. 
 
Vídeo 
 
Para saber mais sobre o nexo entre Filosofia e Educação, assista agora ao 
vídeo: Princípios filosóficos e processos educacionais. 
 
 
 
Clique na imagem para visualizar o vídeo. 
 
 
 
https://player.vimeo.com/video/344179571?badge=0&autopause=0&player_id=0&app_id=58479
 
Encerramento 
 
 
De que modo a cultura interfere na formação do 
homem? 
 
O homem é um ser cultural que sempre buscou meios de sobrevivência para se 
instalar no mundo; e, desde que nasce já está imerso ao padrão cultural de seu grupo, 
o qual determina suas ações, hábitos e comportamento. 
 
Por que podemos afirmar que a ação do homem sobre 
a natureza é classificada como trabalho? 
 
Toda e qualquer intervenção na natureza deriva das ações intencionais do homem, 
que busca formas de adequar suas necessidades práticas e existenciais ao meio em 
que vive. A estes atos propositais e conscientes de transformação da natureza damos 
o nome de trabalho. 
 
Em que consiste uma imagem-ideal? 
 
Uma imagem-ideal consiste num modelo exemplar, um modo de proceder mais ou 
menos padronizado, que pode refletir positivamente os valores de uma determinada 
sociedade. 
 
 
Resumo da Unidade 
 
Como pudemos observar, desde o primeiro momento no mundo, o homem sentiu a 
necessidade de se agregar em grupose de transformar a natureza, como meios de 
viabilização de sua própria sobrevivência. No percurso do seu desenvolvimento, o 
ser humano aperfeiçoou técnicas eficazes e imprescindíveis ao seu estar no 
mundo. A partir daí, abrem-se novas possibilidades para ampliar a sua visão sobre 
o mundo, tanto em sentido prático quanto filosófico. 
 
	Costuma-se a admitir que existem, especialmente, dois modos de apreender a realidade: o pensamento pré-reflexivo, aquele derivado da herança cultural, quando as normas são aceitas passivamente como verdade natural; e o pensamento reflexivo, elaborado criticamente com base na reflexão filosófica e capaz de reformular a nossa visão de mundo e que se vincula, por isso mesmo, aos processos educativos.

Outros materiais