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Filosofia da Educação Clique na imagem para visualizar o vídeo. Olá estudante, Desde que surgiu na Grécia, no século VI a.C., a reflexão filosófica se dedica à busca do conhecimento e da compreensão da realidade, afastando-se, portanto, da recorrência a mitos e crenças estabelecidos. Nesse percurso, os primeiros pensadores, chamados de filósofos da natureza ou pré-socráticos, uniram-se a outros, considerados como seus discípulos – os educandos – para desenvolver e propagar suas teses. Vemos, assim, que desde seu início a Filosofia já se alicerçava na relação entre mestre e discípulo visando a novas condições de conhecimento. É por isso que não podemos dissociar Filosofia de Educação, pois ambas devem, necessariamente, seguir lado a lado para possibilitar a formação ampla do homem. Nosso desejo, aqui, é estimular o questionamento filosófico vinculado aos processos educativos para desenvolver as habilidades necessárias à instrução e à conscientização do ser humano. https://player.vimeo.com/video/344179672?badge=0&autopause=0&player_id=0&app_id=58479 Objetivos Ao final desta disciplina, você deverá ser capaz de: • Analisar os princípios e os conceitos da Filosofia que regem a sociedade frente aos processos educacionais. • Diferenciar a forma pela qual os princípios ideológicos, a partir do saber e do poder político, interferem na Educação. • Relacionar o progresso das ciências com o desenvolvimento das teorias educacionais. • Analisar criticamente os saberes que sustentam o processo educacional. Conteúdo Programático Esta disciplina está organizada de acordo com as seguintes unidades: • Unidade 1 – Bases Filosóficas da Educação • Unidade 2 – Política e Educação • Unidade 3 – Formação Filosófica do Pensamento Moderno • Unidade 4 – Educação Contemporânea - Questões Epistemológicas Autoria Professora Regina Yara Martinelli da Silveira Doutora em Filosofia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Mestrado e Graduação (Bacharelado e Licenciatura) em Filosofia também pela UERJ. Especialista em Literatura Brasileira (UERJ). Bacharelado em Comunicação Social – Jornalismo (FACHA). Bases Filosóficas da Educação Em seu estar no mundo, o homem desenvolve meios e condições para modificar e usufruir de tudo que o cerca, em um processo contínuo que estimula sua capacidade de criar e aprender. Nesta unidade, vamos apresentar um panorama do aprimoramento cultural da civilização, considerando a estrutura da sociedade, com ênfase no processo educativo de cada uma delas, da Antiguidade à Idade Média. Objetivo Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Analisar os princípios e os conceitos da filosofia que regem a sociedade frente aos processos educacionais. Conteúdo Programático Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas: • Tema 1 - O processo de socialização • Tema 2 - Primórdios da Educação • Tema 3 - Estruturação da atividade filosófica e educativa Como seria nosso desenvolvimento sem a Educação? Tema 1 O processo de socialização De que modo a cultura interfere na formação do homem? O desenvolvimento humano é marcado pelas transformações ocorridas desde o surgimento da espécie. Ao contrário dos animais, que se adaptam naturalmente ao seu espaço físico, o homem, desde sempre, procura adequar a natureza e o meio em que vive, conforme as necessidades básicas e essenciais para a sua sobrevivência. Estas modificações, realizadas de modo rudimentar ou não, são sempre intencionais, pois derivam de uma ação direcionada, de um desejo deliberado. Este processo de alteração sobre o meio faz com que o homem desenvolva condições mais eficazes de resolver seus problemas de adaptação, criando novas formas de ação e produzindo cultura. Ou seja, a cultura é toda interferência humana sobre a natureza, é tudo o que o homem faz para se instalar no mundo. É nesse sentido, que, em um primeiro momento, o processo cultural não deve ser considerado pela ótica da erudição, da instrução individual, mas de modo antropológico, quer dizer, como forma abrangente do agir do homem sobre a natureza. Saiba Mais Em geral, vivemos dentro de nossa cultura em um fluir contínuo, como se nosso modelo de ser fosse igual para todas as pessoas, e as diversas coisas do mundo fossem sempre vividas assim, da forma com que nós as experimentamos. Somos como um peixe que nasceu dentro de um aquário e que toma esse ambiente como o mundo e seu modo “aquático” de ser como o único existente. Esse estado habitual de nossas vidas vê-se confrontado, no entanto, quando viajamos para outros estados ou para fora do país. Percebemos, no contato com os habitantes locais, uma série de diferenças no modo de falar, comer, vestir e relacionar-se. Nesse instante, ocorre em nós um estranhamento (observe que as palavras estranho e estrangeiro têm a mesma origem latina: “o que é de fora”). A percepção desses elementos culturais distintos, que estão ‘fora de nós’, quebra a transparência e invisibilidade de nossa própria cultura. Temos, então, a possibilidade de “ver” nossas próprias características culturais: como nos vestimos, comemos, pensamos, nos relacionamos etc. [...]. (COTRIM & FERNANDES. 2010, p. 119) Por conseguinte, devemos ressaltar, ainda uma vez, que a cultura é própria de qualquer ser humano, independentemente de quaisquer resquícios preconceituosos; isso significa que não há cultura superior ou inferior, o que existe são culturas distintas. Ser diferente não significa ser melhor ou pior, significa apenas ser diferente. A visão tendenciosa de prejulgar os bens culturais de cada povo pode levar à xenofobia – o desprezo pelo estrangeiro –, e ao etnocentrismo – quando se considera a cultura estrangeira como inferior. Desse modo, podemos afirmar que todo homem é um ser cultural, pois seus atos tendem sempre a transformar e adaptar a natureza na busca de sobrevivência e, principalmente, para saber mais sobre a realidade e sobre si mesmo. Para que tal desenvolvimento seja possível, o ser humano não pode viver isolado nem separado de seu grupo. É necessário que haja interação solidária entre os componentes do grupo, que sejam criadas formas de comunicação, especialmente por intermédio de símbolos linguísticos, para a boa convivência de todos. O que é cultura? A cultura pode ser considerada um amplo conjunto de conceitos, símbolos, valores e atitudes que modelam e caracterizam uma sociedade. Envolve o que pensamos, fazemos e temos como membros de um grupo social. Nesse sentido, todas as sociedades humanas, da pré-história aos dias atuais, possuem uma cultura. E cada cultura tem seus próprios valores, suas próprias ‘verdades’. Assim, podemos falar em cultura ocidental ou oriental (própria de um conjunto de povos com determinadas características comuns), cultura chinesa ou brasileira (própria de uma nação ou civilização) [...] Em uma abordagem mais filosófica, cultura é, enfim, a resposta oferecida pelos grupos humanos ao desafio da existência. Essa resposta manifesta-se em termos de conhecimento (logos), paixão (pathos) e comportamento (ethos) – isto é, em termos de razão, sentimento e ação. (COTRIM & FERNANDES, 2010, p.118) A cultura humana deriva, portanto, desta teia de inserções coletivas dos atos do homem sobre o mundo físico. A complexidade destas ações resulta da capacidade humana de inventar novos procedimentos para o seu estar no mundo, isto é, para adequar o mundo físico à sua sobrevivência. Associados por interesses comuns, os homens conseguem ir além do que lhes é oferecido naturalmente. De fato, o que caracteriza realmente a modificação realizada pelo ser humano é a sua intencionalidade na transformação da natureza, que deu origem à primeira noção de trabalho. Assim, cultura,linguagem e trabalho não podem ser dissociados, pois dizem respeito ao próprio sentido de humanização. Devemos destacar que o sentido de trabalho, aqui mencionado, não é o mesmo que, mais tarde, será vinculado à exploração do indivíduo, mas no sentido de o homem promover o seu desenvolvimento, a sua autorrealização. Trabalhando e interagindo com seus semelhantes, o homem adquire uma visão mais ampla da realidade e de seu pensar e agir sobre o mundo. O desenvolvimento humano depende, portanto, de toda transformação realizada pelo homem em sua própria sociedade. Este longo caminho acelerou também as formas de aprendizagem, visto que as técnicas utilizadas por uma geração são transmitidas e aperfeiçoadas pelas gerações seguintes, o que possibilita o aprimoramento dessas novas técnicas. A vida em sociedade possibilita, portanto, o aperfeiçoamento de técnicas e, ainda, o desenvolvimento do ser humano em seu modo de pensar e agir, em sua práxis. Conforme ocorrem as mudanças sociais, modifica-se também a conduta dos indivíduos. Essas transformações acontecem em todos os níveis da sociedade: no comportamento, na organização dos grupos, na política, na religião e, muito especialmente, na educação. A consequente formação de sociedades cada vez mais complexas e elaboradas fez com que os seres humanos passassem a assumir novos tipos de estruturação social, como forma de organizar hierarquicamente os participantes das comunidades. Esta separação de classes vai influir decisivamente na vida de cada indivíduo, já que, a partir de então, tudo se pauta pela posição que ele ocupa no grupo. Saiba Mais Quando o homem compreende sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e com o seu trabalho criar um mundo próprio: seu eu e suas circunstâncias. O homem enche de cultura os espaços geográficos e históricos. Cultura é tudo o que é criado pelo homem. Tanto uma poesia como uma frase de saudação. A cultura consiste em recriar e não em repetir. O homem pode fazê-lo porque tem uma consciência capaz de captar o mundo e transformá-lo. (FREIRE. 1985, p, 30-31) Se, em um primeiro momento das civilizações humanas, o agir de cada indivíduo estava condicionado aos simples modos de proceder de seus pares, a uma educação espontânea, sem intenção explícita de ampliar a visão da sociedade como um todo, posteriormente, com as transformações ocorridas no meio social, o foco da educação passa a ser bem mais abrangente, relacionado a questões até então restritas às indagações filosóficas. Observação Nosso mundo, na medida de uma consciência dos “direitos do homem” e de sua universalidade, das evoluções tecnológicas e científicas (que modificam nossa relação com o mundo, mas também conosco mesmos, riscos de uma ecologia do humano), é o teatro de uma consciência nova do princípio de humanidade e da parte da educação na garantia de seu exercício. Essas transformações suscitam a necessidade de se encontrar uma “origem”, um ponto que permita se orientar. Filosofar é, antes de tudo, interrogar, colocar as questões que dão importância ao sentido e aos valores associados à transformação individual e coletiva da humanidade, sentido de seu devir, responsabilidade pelo futuro [...]. É igualmente interrogar nossas respostas, as que trazemos no jogo das representações [...]. (MORANDI. 2002, p. 8) 1. Filosofia e Educação 2. Relação intrínseca e extrínseca O vínculo entre Filosofia e Educação pode assim ser observado como construção e desenvolvimento integral do ser humano, no sentido de estimular sua consciência crítica e possibilitar sua liberdade. Portanto, na tentativa de apreensão do real, o ser humano se educa; logo, podemos afirmar que filosofar e educar relacionam-se intrínseca e extrinsecamente, considerando que toda educação requer o desdobramento das possibilidades de conhecer. Isso porque todo e qualquer processo educativo deve ultrapassar a transmissão espontânea e a simples informação, para abarcar, como em Filosofia, uma ampla reflexão sobre a realidade humana. Considerando, também, a profusão de códigos e valores que nos são transmitidos, podemos perceber, com mais clareza, a importância do liame que deve existir entre as questões educativas e a reflexão filosófica na compreensão dos problemas humanos. Percebemos, portanto, a necessidade da atividade filosófica no fundamento do processo educativo, quando ambos, complementando-se dialeticamente, partem para uma tarefa sem fim de buscar o aperfeiçoamento do ser humano, entendendo-se que é pela educação que o homem se transforma. Para refletir Situar-se em sentido crítico e interrogativo diante desses problemas que atingem o processo educativo é o desafio que a Filosofia da Educação deve enfrentar. E é o desejo de provocar uma reflexão séria sobre esses problemas que nos leva a apontá-los. Entretanto, porque tais problemas se inserem em contextos historicamente condicionados, seria impossível enfrentá-los em termos adequados, sem levar em consideração os vários posicionamentos que a este respeito assumiram filósofos e educadores, tanto no passado como no presente. Essas atitudes devem servir para que todos repensem a problemática atual, procurando descobrir e recriar o sentido da educação, o seu conteúdo radical, as instituições que representa e a sua última razão de ser. (GILES. 1983, p. 2) Tema 2 Primórdios da Educação Por que podemos afirmar que a ação do homem sobre a natureza é classificada como trabalho? Como observamos na aula anterior, a sobrevivência do ser humano depende de sua socialização, isto é, da interação com os outros homens. A transmissão da cultura principia com o nascimento do indivíduo, que irá se desenvolver de acordo com as normas do grupo em que foi criado. A linguagem, o comportamento, a religião, os valores éticos, a tradição, enfim, fazem parte desse processo de aprendizagem, ao qual se dá o nome de educação informal. Pela educação informal, ou educação espontânea, o indivíduo vai adquirindo as normas e os valores específicos de sua sociedade e, por consequência, se educa para se integrar voluntariamente às regras estabelecidas pelo grupo. Contudo, como esse processo se desenvolve espontaneamente, sem a intenção clara de proporcionar a aquisição dos comportamentos sociais, esta aprendizagem acontece de modo quase imperceptível. Na transmissão casual da educação, percebemos a influência da comunidade no agir do indivíduo, já que os modelos sociais válidos da sociedade são impostos por pressão social. Saiba Mais O homem não possui aparelhamento instintivo como o dos animais, e por isso precisa ser socializado para sobreviver, o que é feito mediante a educação recebida das pessoas que o circundam, a partir de modelos sociais do grupo a que pertence. De fato, desde que nasce, o homem é submetido a um intenso processo de aprendizagem, que não termina senão com a morte. Boa parte desse processo não é percebida enquanto se realiza. Por exemplo, antes de aprender a falar, a criança é capaz de emitir toda a gama de sons existentes nas diferentes línguas humanas. [...] O comportamento da criança vai sendo modelado por meio da repetição, inicialmente de uma maneira exterior, quando, por exemplo, imita o pai lendo jornal. Depois interioriza o gesto aprendido, que se torna norma de comportamento: a saudação de boa-noite se transforma em hábito de polidez. (ARANHA. 1996, p. 56) Isso significa que, como vimos, nesse primeiro estágio do desenvolvimento humano, a educação se realiza sem que exista uma intenção explícita de transmissão de conhecimento ou, mesmo, sem a plena conscientização de tais atos, pois os comportamentos transmitidos afloram de modo espontâneo e assistemático, como decorrentes da repetiçãodos gestos dos indivíduos do grupo e da família. Portanto, nessa fase inicial, o homem age de acordo com as normas que lhes são passadas, sem, necessariamente, refletir sobre suas ações. Podemos então considerar que a família ocupa um lugar de destaque na formação do ser humano, especialmente no que diz respeito à elaboração de modelos éticos e comportamentais. Mesmo com as mudanças históricas verificadas nas relações familiares, não devemos esquecer que o papel da família é fundamental para o desenvolvimento e a aprendizagem do homem. No entanto, com o advento da Modernidade, cujos pressupostos vão promover intensas e consideráveis transformações nas sociedades, o modelo de família vai sofrer profundas mudanças em sua constituição. Em oposição àquele modelo medieval, quando não havia nenhum cuidado especial com relação às crianças, os novos tempos vão alterar decisivamente as relações familiares, destacando-se que, neste contexto, também verificamos as inúmeras modificações sociopolíticas e econômicas, que vão imprimir novos padrões sociais. Devemos ressaltar, porém, que o modelo de família extensa não desapareceu totalmente, já que, até o começo da Modernidade, ainda se verifica a existência de famílias formadas por casais, filhos e agregados. Nesse espaço, a criança ocupava um papel secundário. Observação Logo que a criança se livra da atenção constante da mãe ou da ama, mistura-se com adultos: veste-se da mesma forma (não havia traje especial para elas), participa dos mesmos jogos, frequenta as mesmas festas (geralmente religiosas); não há preocupação em excluí-las das conversas dos adultos, e estes não se abstêm de qualquer referência a assuntos sexuais na presença delas. Há uma certa promiscuidade, sendo comum dormirem na mesma cama com os pais ou com criados que delas cuidam. Nesse período era comum os nobres mandarem seus filhos aprender boas maneiras e a prestar serviço para outras famílias. Dos sete aos catorze ou dezoito anos, a criança aprendia pela prática, mergulhada nos afazeres cotidianos, inclusive os domésticos. (ARANHA. 1998, p. 58). O início da época moderna se caracteriza por uma profusão de acontecimentos e contradições que trazem novas perspectivas para a sociedade e marcam esse novo tempo: • as várias invenções; • a contestação de antigas teorias; • a ascensão da burguesia; • o processo de laicização das ciências e do conhecimento de modo geral, quando as investigações científicas se desligam de quaisquer resquícios religiosos. Importante *Várias invenções Isso significa que, tanto no plano da política quanto no do desenvolvimento científico, tecnológico ou comercial, entre outros, as mudanças são profundas e, como vimos, afetam sensivelmente as relações humanas. Dessa forma, a Modernidade – calcada nos valores individualistas da burguesia – institui novos modelos comportamentais para a família, cuja herança vai se estender por séculos, chegando até os nossos dias: a família nuclear conjugal, tradicionalmente constituída pelos pais e por seus filhos. Nesta nova estrutura, a função do provedor, o pai, será a de total prestígio e autoridade naquele espaço privado, pois ele será o responsável pelos limites e adequação de seus familiares às tarefas sociais. Para refletir Ao se reduzir a extensão da família, sobretudo com o advento da industrialização, suas obrigações vão ficando cada vez mais restritas, cabendo-lhe quase que exclusivamente a proteção e alguns aspectos ainda importantes da educação. [...] Há muito se fala do enfraquecimento da instituição familiar: a desagregação precoce de sua estrutura, a perda da autoridade paterna, a incapacidade cada vez maior de instruir e educar, enfim de transmitir os valores da sociedade. (ARANHA. 1998, p.61) Mas, como já observamos, as mudanças históricas e econômicas vão interferir, intensamente, na vida social, política e econômica dos povos e, claro, também na família. As questões decorrentes da Revolução Industrial, com a necessidade de mão de obra barata para o trabalho nas fábricas, aceleram a produção de empregos, nos quais estavam incluídos homens, mulheres e crianças. Assim, o “chefe da família” começa a ter a sua autoridade abalada, já que todos passam a contribuir para o sustento familiar. Mas, não podemos deixar de enfatizar que os problemas acarretados pelas modificações sócio-históricas que atingem as famílias, de modo geral, não reduzem a importância familiar como base da educação do indivíduo. Saiba Mais Portanto, ao menos como ideal, o processo educativo visa à totalidade do homem, ao seu desenvolvimento e aos resultados desse desenvolvimento, aceitando-se a palavra “desenvolvimento” no sentido mais amplo. [...] Uma vez que o processo educativo se inicia desde os primeiros momentos da existência, à família incumbe inicialmente essa tarefa. Apesar de todas as transformações por que a família passa nas sociedades atuais, é ela que, em grande parte, determina o que será a criança. Muitas vezes a família é chamada a desempenhar esse papel fundamental numa sociedade onde faltam ou falham outros meios espontâneos de educação e também onde, às vezes, faltam-lhe outros meios de desempenhá-lo. Entretanto, trata-se de compreender bem o desempenho dessa tarefa, sabendo distinguir da sublimação criativa a clássica repressão, ambas reflexos duradouros desse primeiro momento do desempenho educativo. (GILES. 1983, p. 27) Na verdade, o papel da família constitui ao longo dos tempos, um desafio extremamente complexo a ser enfrentado pelos pais, em especial com relação à contemporaneidade, quando a quantidade de informações vinculadas aos meios de comunicação – bem como o incentivo ao consumo exacerbado das sociedades capitalistas – tende a afetar o modelo social almejado pelos grupos familiares. Mas, mesmo com todas as mudanças ocorridas nas sociedades, ainda é a família que proporciona a segurança necessária ao indivíduo, permitindo que ele se torne um cidadão livre e autônomo. Por isso, a tarefa de educar, em seu sentido abrangente, reclama uma atitude crítica acerca da realidade e da integração entre os seres humanos na busca de maior compreensão sobre sua existência. Daí a importância da reflexão filosófica e do questionamento coerente a respeito das questões fundamentais referentes ao homem. Para refletir [...] o ato de filosofar não pretende oferecer soluções já prontas, isentas de todo questionamento. Ele se orienta em direção à procura livre, alimenta- se com o insólito e mesmo com aquilo que, na realidade, parece insuportável. Liberdade e razão se entrecruzam, e esse entrecruzamento reflete-se no ato de filosofar. É nestes termos que o ato de filosofar contraria tanto a ideologização quanto a mistificação, porque está atento à dimensão especificamente histórica que se reflete na própria existência concreta e evolutiva. Filosofar é estar em contato constante com os fatos e com a experiência desses fatos, numa atitude de radicalidade sempre renovada, à procura dos pressupostos e dos fundamentos de uma realidade que se manifesta e se esconde. É assim que a filosofia se encarrega de alcançar os momentos mais ricos da dinâmica existencial do eu e do outro eu no mundo. (GILES. 1983, p. 5) Tema 3 Estruturação da atividade filosófica e educativa Em que consiste uma imagem-ideal? Neste tema, vamos destacar o papel da Filosofia na educação integral do ser humano – no sentido de libertá-lo dos preconceitos e visões distorcidas do senso comum – estimulando a atitude crítica que possa levá-lo à busca do conhecimento de si mesmo e do mundo. Um dos primeiros aspectos mais importantes a considerar – quando são mencionados os pressupostos da educação – é a influência da sociedade na formação do indivíduo, moldando- lhe a personalidade, o caráter e os modos de atuar sobre o todo social.Quer dizer, mesmo sem perceber, o homem se adapta, conscientemente ou não, às formas de proceder de seu meio social. Nesse processo, o indivíduo tende a se adequar harmonicamente ao grupo, seguindo-lhe os hábitos e as normas de sua sociedade, forjando uma imagem-ideal, um modelo exemplar de atitudes aceitáveis, elaborando, assim, um padrão satisfatório para suas ações. Portanto, a elaboração de uma imagem-ideal resulta de circunstâncias que abrangem um determinado período histórico e social, no que toca especialmente às transformações do conhecimento e das ciências. Este padrão educativo, esta imagem-ideal, difere profundamente de sociedade para sociedade. Observação O processo educativo visa levar o educando a assumir e desenvolver determinada imagem-ideal, que implica a assimilação dos bens culturais da coletividade. Tal imagem-ideal se lhe impõe. Mesmo quando o educando desenvolve o senso crítico diante dessa imagem-ideal, dela não pode prescindir, pois condiciona até a reação em contrário. É impossível exagerar o peso da imagem-ideal no processo educativo, visto que se trata de um processo que pretende levar as gerações jovens a adquirirem os usos e costumes, as práticas e os hábitos, as ideias e crenças, ou seja, a forma de vida da sociedade em que vivem. Trata-se de um processo que vai desde a influência espontânea, ou seja, a educação primitiva, até a influência proposital exercida de acordo com objetivos específicos: políticos, econômicos, religiosos, sem que uma forma exclua necessariamente a outra, pois ambas operam em função de uma imagem- ideal [...]. (GILES. 1983, p. 59) Considerando que a educação pode levar o homem a ter consciência de seu papel no mundo e a alcançar a sua liberdade, é compreensível que possa também impulsionar o desenvolvimento humano, em um processo de descobrir, criar, aprender e ensinar que se revelou, afinal, como característica intrínseca e exclusiva da condição humana. Daí a necessidade da recorrência à fundamentação filosófica quando investigamos os pressupostos educativos, pois, como base do conhecimento do mundo ocidental, a Filosofia pode influenciar decisivamente as diretrizes pedagógicas. Saiba Mais O problema da educação remete a filosofia ao seu próprio funcionamento. Filosofar é aprender a pensar: existe uma conduta para filosofar? Para consolidar sua reflexão, a filosofia apoia-se na “história” das ideias, concebida não como um conhecimento histórico, mas como uma ordem das ideias. Essa ordem é o suporte indispensável para a compreensão e a constituição de nossos modos de pensamento atuais e o lugar de exercício do filosofar. A ida e volta entre presente e origem faz parte do método filosófico: este se apoia na sequência dos momentos do pensamento, no nascimento dos questionamentos, no encontro das obras que colocam as questões importantes. (MORANDI. 2002, p. 11). A Filosofia surge na Grécia do século VI a. C., quando os primeiros pensadores se interessaram por uma apreensão racional do cosmos, desligando-se dos modelos tradicionais das narrativas míticas. Estes filósofos procederam a investigações profundas sobre a origem (arché) do universo e também sobre a condição humana. Ou seja, a Filosofia nasce da não acomodação do homem diante da realidade, da capacidade humana de indagar e questionar, de procurar entender o porquê de sua existência e dos fenômenos que acontecem à sua volta. Costuma-se a admitir que existem, especialmente, dois modos de apreender a realidade: o pensamento pré-reflexivo, aquele derivado da herança cultural, quando as normas são aceitas passivamente como verdade natural; e o pensamento reflexivo, elaborado criticamente com base na reflexão filosófica e capaz de reformular a nossa visão de mundo e que se vincula, por isso mesmo, aos processos educativos. Retomando a noção de imagem-ideal, podemos dizer que na Grécia não existiu um único modelo padrão, isto porque o processo educativo dos gregos foi moldado por diferentes forças políticas das Cidades-Estado. É necessário, então, fazer uma breve separação entre os modelos arcaico (pré-filosófico) e o clássico (do século VI a. C. em diante), mesmo que em ambos a educação figure como a formação integral do homem. Grécia Arcaica Grécia Clássica O modelo ideal da época arcaica, que teve em Homero o seu grande divulgador, priorizava uma educação fundada no exemplo dos deuses e dos herois, ou seja, dos aristoi (os nobres, as pessoas especiais). Na fase clássica, podemos observar a oposição entre duas das mais importantes cidades gregas: Esparta e Atenas. Enquanto em Esparta, onde vigorava uma oligarquia militar, a educação era rígida e seguia fielmente os interesses do Estado, na formação do homem ateniense considerava-se a importância da liberdade pessoal. Os sofistas são considerados os primeiros filósofos a se dedicarem propriamente à Educação. De fato, estes pensadores são responsáveis por um novo modelo de conhecimento – laico e contextualizado –, que reunia não apenas o ensino das técnicas de argumentação persuasiva (retórica), mas ainda o estudo da dialética, da gramática, da matemática e da cultura geral. Ao elaborar técnicas de ensino para as necessidades imediatas dos cidadãos, os sofistas criaram uma metodologia muito próxima daquela que utilizamos ainda hoje, quando se educa pensando na realidade contextual. Muito do que se sabe dos filósofos sofistas foi escrito por seus principais oponentes – Platão, em especial –, carregado de aspectos negativos. Somente no século XIX, e graças às investigações do pensador alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770- 1831), é que os sofistas passam a ocupar um lugar de destaque na história da Filosofia. Dos sofistas mais representativos, podemos destacar Protágoras (c. 490-420 a. C.), Górgias (c. 483-376 a. C.) e também Isócrates (436-338 a. C.), contemporâneo de Platão e o único ateniense; por isso, ele consegue fundar uma escola, a qual vai concorrer com a Academia Platônica. Para estes pensadores, o estudo da retórica, das técnicas de persuasão, era imprescindível para a formação do homem grego, pois possibilitava ao educando participar, com sucesso, das assembleias políticas da ágora (lugar onde se discutiam os destinos da cidade). Além disso, os ensinamentos sofistas não deixavam de privilegiar os momentos históricos em que as ações se verificavam. A valorização dos contextos e a percepção da mutabilidade dos valores – baseadas nas convenções sociais, inclusive na vida moral do cidadão – constituem o principal ponto conflitante entre os sofistas e os próximos filósofos atenienses. Leitura Para aprofundar seu conhecimento sobre cada um dos sofistas mencionados, estude, agora, no e-book: SILVEIRA, Regina Yara Martinelli da. Filosofia da Educação. Rio de Janeiro: ILUMNO, 2016, o Capítulo 1, pág. 33– 35. Você poderá encontrá-lo na página inicial da disciplina. Sócrates (c. 470-399 a. C.) é um marco na história da filosofia, embora não tenha deixado nada escrito; o que se sabe dele advém de obras de seus discípulos (Platão, principalmente). A relevância de Sócrates está vinculada à sua busca do conhecimento amplo e irrestrito, um saber universalizante e atemporal, quase “divino”. Com relação aos seus ensinamentos, a maiêutica constitui o seu principal método de ensino, pois leva o educando a “construir” seu próprio conhecimento. Platão (428/7-347 a. C.), discípulo e seguidor de Sócrates, elaborou a Teoria das Ideias (ou Teoria das Formas, ou Teoria dos Dois Mundos) para explicar o processo de desenvolvimento do homem na busca do saber. Para Platão, existiriam dois mundos antagônicos: o mundo das sombras, das ideias imperfeitas, calcadas nas opiniões do senso comum; e o mundo das ideias, da verdadeira realidade, das essências perfeitas, abstratas, imutáveis e transcendentesao nosso cotidiano, para as quais o caminho consiste na superação das opiniões do senso comum. Esta teoria é desenvolvida no “Mito da Caverna” (Livro VII, da obra A República), uma alegoria metafórica, adequada às mais diversas situações, em especial ao processo educativo. Aristóteles (384-322 a. C.) frequentou a Academia como discípulo de Platão, mas não segue a linha transcendente de seu mestre. Para ele, a sabedoria (sophia) não pode descartar o conhecimento advindo da prática (phronesis = sabedoria prática). Suas investigações sobre o conhecimento atingem as mais diversas áreas do saber, tais como a física, a biologia, a lógica, a história, a psicologia, a política, as leis, a ética, a metafísica (entre outras). Com relação à educação, devem ser consideradas duas questões ligadas estritamente ao processo educativo: a política e a ética. Leitura Para aprofundar seu conhecimento sobre a maiêutica socrática e a alegoria da caverna, estude, agora, no e-book: SILVEIRA, Regina Yara Martinelli da. Filosofia da Educação. Rio de Janeiro: ILUMNO, 2016, o Capítulo 1, pág. 36 – 38. Você poderá encontrá-lo na página inicial da disciplina. A educação grega moldou a formação de seus cidadãos com tal eficiência que foi capaz de influenciar – a partir da helenização, processo de expansão da cultura grega – outras importantes civilizações. Saiba Mais A sabedoria, para Aristóteles, não é tanto a sophia quanto a phronesis, inteligência prática que os latinos traduziram por prudentia. A ética é uma prática que é capaz de compreender uma situação, de interpretar a ação: é um conhecimento prático de origem intelectual, práxis e não contemplação. [...] Em sua preocupação de compreender o funcionamento da inteligência, Aristóteles desenvolve, talvez o primeiro nesta matéria, uma psicologia da alma (Da Alma) ligada à educação. A conduta não se priva, de modo algum, da educação nem da experiência; na confluência dos modos de aprendizagem está a prudência. A educação aristotélica é uma educação pelo conhecimento, da qual o homem é o polo constitutivo. Ela está ligada à cidade tanto quanto ao exercício intelectual de cada um. “O homem tem naturalmente a paixão de conhecer”; sua educação e sua política apoiam- se nisso. (MORANDI. 2002, p. 63) Leitura Para aprofundar seu conhecimento sobre o processo de helenização, estude, agora, no e-book: SILVEIRA, Regina Yara Martinelli da. Filosofia da Educação. Rio de Janeiro: ILUMNO, 2016, o Capítulo 1, pág. 39– 40. Você poderá encontrá-lo na página inicial da disciplina. A civilização de Roma é devedora da cultura grega, pois, mesmo tendo conquistado a Grécia, os romanos foram conquistados pelos helenos, no que tange à formação cultural. Desse modo, os romanos passam a valorizar o processo educativo como condição de formar o caráter do educando num sentido universal e cosmopolita. Dos pensadores mais conhecidos da antiguidade romana sobressaem: • Marco Túlio Cícero (106-43 a. C.); • Lúcio Aneu Sêneca (4-65 d. C.) ; • Marco Fábio Quintiliano (35-100 d. C.). Todos influenciados, inicialmente, pelos gregos. Ou seja, valorizavam especialmente a oratória, o aperfeiçoamento moral, a formação completa do educando (para viver ou morrer). Leitura Para aprofundar seu conhecimento sobre os assuntos desta aula, estude, agora, no e-book: SILVEIRA, Regina Yara Martinelli da. Filosofia da Educação. Rio de Janeiro: ILUMNO, 2016, o Capítulo 1, pág. 31– 45. Você poderá encontrá-lo na página inicial da disciplina. O início da disseminação do Cristianismo pela Europa marcou indelevelmente seu processo educativo, já que o exemplo da vida de Cristo deveria ser a fonte de imitação para todos. Nesse sentido, o educando deve ter como exemplo a perfeição divina. Em princípio são formadas as escolas catequéticas, as quais pretendiam se dedicar à apologia da vida do Salvador; a intenção principal era a divulgação da fé, sedimentando, assim, um processo educativo que consiste em um instrumento eficiente para ser utilizado no fortalecimento da vida religiosa dos fiéis. Agostinho de Hipona (354-430) foi um filósofo e intelectual brilhante e, após sua conversão, um dos mais importantes teólogos de sua época. Para ele, a fé deveria ser o fundamento de toda educação, pois só pela fé se conseguiria contemplar a verdade. Nesta primeira fase do cristianismo, a filosofia platônica foi utilizada por Agostinho para dar sustentação à fé cristã: o mundo das ideias, de Platão, passa a corresponder ao céu; o mundo das sombras seria, por conseguinte, a vida terrena. Nos primeiros séculos da filosofia cristã, surge a patrística – a Filosofia dos padres da igreja –, cujo intento continuava a ser o fortalecimento da religião e, consequentemente da própria instituição. Posteriormente, as mudanças históricas trouxeram modificações para o sistema de ensino, com o surgimento das escolas monásticas. Estas, embora ainda privilegiassem a formação do homem de fé, instauraram o processo de aprendizagem das artes liberais, cuja formação derivava do trivium (as três primeiras: gramática, dialética e retórica) e do quadrivium (as quatro últimas: aritmética, geometria, astronomia e música). Outra tendência marca a influência cristã na educação medieval: a escolástica, a doutrina da escola, que procurava confirmar a ligação entre a filosofia e a teologia. A escolástica “combinava a doutrina religiosa, o estudo dos padres da igreja, e uma investigação filosófica e lógica baseada, sobretudo em Aristóteles”. (BLACKBURN. 1997, p.122). Desse modo, se Agostinho introduziu o mundo ideal de Platão na doutrina cristã, Tomás de Aquino (1227-1274) buscou sustentar na filosofia aristotélica os cânones da igreja. Simultaneamente, porém, e devido a necessidades cotidianas das comunidades, surgem algumas tentativas de adequar a educação aos interesses práticos, principalmente no que tange aos dos artesãos e comerciantes. Em um primeiro momento, surgem as escolas gremiais, cuja intenção seria desenvolver uma educação prática e técnica, com vistas à emancipação profissional. Pouco depois, são criadas também as escolas municipais, direcionadas para um ensino mais próximo dos interesses das comunidades, tais como a língua vernácula, as ciências e o cálculo. (Cf. GILES. 1983, p. 70-71) No entanto, e mesmo com as mudanças que se verificavam, a educação medieval buscava sedimentar a formação religiosa, em especial do “homem temente a Deus”, centrado na religiosidade, numa imagem-ideal engendrada para garantir o Poder da Igreja. Vídeo Para saber mais sobre o nexo entre Filosofia e Educação, assista agora ao vídeo: Princípios filosóficos e processos educacionais. Clique na imagem para visualizar o vídeo. https://player.vimeo.com/video/344179571?badge=0&autopause=0&player_id=0&app_id=58479 Encerramento De que modo a cultura interfere na formação do homem? O homem é um ser cultural que sempre buscou meios de sobrevivência para se instalar no mundo; e, desde que nasce já está imerso ao padrão cultural de seu grupo, o qual determina suas ações, hábitos e comportamento. Por que podemos afirmar que a ação do homem sobre a natureza é classificada como trabalho? Toda e qualquer intervenção na natureza deriva das ações intencionais do homem, que busca formas de adequar suas necessidades práticas e existenciais ao meio em que vive. A estes atos propositais e conscientes de transformação da natureza damos o nome de trabalho. Em que consiste uma imagem-ideal? Uma imagem-ideal consiste num modelo exemplar, um modo de proceder mais ou menos padronizado, que pode refletir positivamente os valores de uma determinada sociedade. Resumo da Unidade Como pudemos observar, desde o primeiro momento no mundo, o homem sentiu a necessidade de se agregar em grupose de transformar a natureza, como meios de viabilização de sua própria sobrevivência. No percurso do seu desenvolvimento, o ser humano aperfeiçoou técnicas eficazes e imprescindíveis ao seu estar no mundo. A partir daí, abrem-se novas possibilidades para ampliar a sua visão sobre o mundo, tanto em sentido prático quanto filosófico. Costuma-se a admitir que existem, especialmente, dois modos de apreender a realidade: o pensamento pré-reflexivo, aquele derivado da herança cultural, quando as normas são aceitas passivamente como verdade natural; e o pensamento reflexivo, elaborado criticamente com base na reflexão filosófica e capaz de reformular a nossa visão de mundo e que se vincula, por isso mesmo, aos processos educativos.
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