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AULA 1

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ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA 
PORTUÁRIA E 
AEROPORTUÁRIA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Leonardo Mercher 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Nesta aula sobre portos e aeroportos, faremos uma breve introdução 
sobre as funções, a organização e as estruturas físicas desses 
estabelecimentos, bem como estudaremos as características fundamentais que 
aproximam e diferenciam portos de aeroportos. 
Possivelmente você já deve ter visitado um porto ou um aeroporto, ou ao 
menos já viu em filmes e em reportagens imagens do funcionamento deles. 
Contudo, portos e aeroportos são muito mais do que meios (modais) de 
transporte de cargas e pessoas; eles se colocam como verdadeiros pontos de 
funcionamento da economia, do comércio, dos transportes, da qualidade de vida 
e do desenvolvimento nacional e global. 
CONTEXTUALIZANDO 
Portos e aeroportos se assemelham até mesmo nas palavras. A palavra 
porto pode ter diversos significados, mas, neste conteúdo, utilizaremos o termo 
que faz referência a uma área de atracação de embarcações por via marítima, 
fluvial ou lacustre (lagos). Já aeroporto seria um porto para aeronaves, ou seja, 
uma área de pouso e decolagem de aeronaves que trazem e levam cargas e 
pessoas para diversos lugares do país e do mundo. Com essa informação, 
podemos identificar diversos portos e aeroportos no país e no mundo. 
Muitos portos e aeroportos dispõem de estruturas físicas construídas por 
governos ou empresas privadas com o intuito de facilitar o transporte local para 
outras áreas de difícil acesso ou mesmo quando o transporte terrestre é mais 
custoso financeiramente. Por que, então, escolher rio, mar e céu para transportar 
bens, mercadorias e pessoas? 
Sabemos que é natural do ser humano se locomover usando suas 
próprias pernas, andando ou correndo. Também sabemos que o ser humano, 
desde muito cedo, desenvolveu suas capacidades de escalar, nadar e enfrentar 
outros obstáculos naturais. O desenvolvimento das navegações fluviais (rios) e 
marítimas foi um grande salto em nosso desenvolvimento como civilização. Já 
no século XX, a capacidade de voar em máquinas facilitou ainda mais essa 
necessidade inerente à pessoa humana de se relacionar e de buscar soluções 
para desafios diários. 
 
 
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Diante da criação de portos e aeroportos, como áreas especializadas para 
receber e enviar embarcações e aeronaves, as estruturas de gestão e 
operacionalização desses espaços também se desenvolveram, e atualmente 
contam com características próprias, que serão apresentadas nesta aula. 
Os portos que tratam de atividades comerciais são denominados de 
portos da marinha mercante (uma marinha voltada ao comércio, diferente da 
militar). Já no caso dos aeroportos, comumente os dividimos apenas entre 
militares e civis, estando o comércio vinculado aos de atividades civis. Por isso, 
iniciaremos nosso primeiro tema tratando da organização e da estrutura dos 
portos contemporâneos, especialmente os que se fazem presentes em nossa 
realidade regional. 
TEMA 1 – ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA PORTUÁRIAS	
Vimos que um porto é um espaço construído e destinado à atracação de 
embarcações (canoas, lanchas, barcas, navios, cruzeiros etc.) para carga e 
descarga de bens e mercadorias, bem como para a circulação de pessoas e para 
atividades comerciais de serviços privados, como embarcações esportivas e 
particulares de lazer. Protegidos das correntes e das cheias dos rios, bem como 
das marés e das ondas dos mares, os portos são construídos em locais 
estratégicos, tanto levando-se em consideração os recursos e os 
comportamento da natureza quanto pensando-se nas rotas comerciais e 
humanas. Dessa forma, o primeiro ponto estrutural e organizacional de um porto 
é a sua localização. 
A localização deve estar conectada a rios, lagos e mares de fácil acesso 
pelas rotas das embarcações, bem como deve estar próxima às estradas e às 
ferrovias que possam facilitar o escoamento. É muito comum o surgimento de 
cidades no entorno de portos ou até mesmo a criação de portos em grandes 
cidades, com o objetivo de ampliar o escoamento da produção, do turismo e de 
outras dinâmicas socioeconômicas. A construção física deverá levar em 
consideração tanto as características naturais locais quanto as normas 
estabelecidas do local (legislação municipal, estadual, federal, ambiental etc.). 
Com isso, a segunda característica da organização e da estrutura 
portuárias é a legislação, que definirá a natureza e os usos do espaço. De forma 
mais técnica, existem três grupos de portos, divididos por: localização, 
infraestrutura e atividades. Os tipos de portos quanto à localização são: portos 
 
 
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marítimos (naturais, de mar aberto ou abrigado), portos lacustres e portos 
hidroviários. Os tipos de portos quanto à infraestrutura são: portos comerciais, 
industriais, turísticos, pesqueiros, militares e multifuncionais. Já os tipos de 
portos quanto às atividades desempenhadas são: atividades burocráticas (portos 
internacionais, regionais e locais); e atividades econômicas (portos industriais, 
comerciais, hub/porto concentrador de cargas e linhas, de passageiros e 
transporte público). De modo geral, muitos deles se mesclam. 
Além de existirem tipos de portos marítimos (ao mar), fluviais (em rios) e 
lacustres (em lagos), existem os portos comerciais de gestão pública, de gestão 
privada e de gestão mista (público-privada). Essas três características definem 
responsabilidades, direitos e deveres junto à sociedade e quanto à gestão dos 
recursos e das atividades praticadas em seu espaço. Na legislação internacional, 
prevalecem as normas da Convenção de Montego Bay (1982), que orienta a 
maioria das leis domésticas dos países, como no caso do Brasil. Seguindo a 
Convenção de Montego Bay, o Brasil possui, por exemplo, a aplicação do Código 
Comercial, na sua Parte II (Lei n. 556, de 25 de junho 1850) e do Código Civil 
(Lei n. 10.406, de 10 de janeiro 2002). 
Figura 1 – Embarcação se aproximando do cais do porto para troca de contêiner 
 
Crédito: Treter/Shutterstock. 
 
 
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Ainda em relação aos tipos de portos, podemos encontrar os de atividades 
exclusivamente comerciais, os que recebem passageiros, os que fabricam 
embarcações (estaleiros) e os militares (de defesa nacional). Em muitos casos, 
os portos comerciais podem ter uma área específica destinada a passageiros ou 
a cargas e outra área de montagem e testes de estaleiros (navios novos). Essas 
áreas são comumente denominadas de terminais. Por isso, busca-se entender 
a natureza do porto em questão. Para saber de que tipo de terminais um porto 
dispõe, é possível fazer uma busca, por exemplo, nos sites oficiais das 
instituições. 
Vale a pena ressaltar que, segundo a Agência Nacional de Transportes 
Aquaviários (Antaq, 2020), um terminal portuário é uma instalação destinada à 
movimentação de cargas, sendo comum em portos os cais e o píer – que são 
partes físicas da estrutura dos portos e que estudaremos mais adiante. Com isso, 
quando ouvimos sobre terminais portuários, devemos lembrar que eles nada 
mais são do que essas áreas específicas nos limites da terra e da água, onde 
embarcações atracam para realizar carga e descarga. 
Quase sempre as mercadorias são armazenadas em contêineres (ou 
contentor) – uma espécie de caixa de metal (às vezes de plástico ou madeira) 
de grandes proporções que padroniza o acondicionamento espacial dentro das 
embarcações. Em sua maioria, os contêineres são trancados com códigos de 
segurança por meio de orientações nacionais e internacionais e abertos apenas 
para fiscalização e outras incursões previstas nos trâmites. 
Por que são usados contêineres em navios? Para a logística, é muito mais 
fácil calcular quantos contêineres cabem em uma embarcação do que calcular 
objetos aleatórios reunidos pelos exportadores/importadores. Dessa forma, os 
objetos diversos a serem transportados são acondicionados dentrodos 
contêineres, ocupando e pagando o aluguel do espaço cúbico. Contudo, como 
em toda atividade humana, existirão sempre exceções. Por exemplo, cargas 
podem ser transportadas em outras acomodações, como no caso de 
passageiros turistas e carga viva, que terão espaços dignos à experiência de 
translado. 
No Brasil, há aproximadamente 175 instalações portuárias de carga e, 
segundo a Antaq (2020), em levantamento de janeiro a outubro de 2019, os 
principais portos brasileiros em movimentação são: Porto de Santos (31,4%), 
Porto de Paranaguá (8,2%), Porto Itapoá (6,9%), Portonave (6,7%), Porto do Rio 
 
 
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Grande (6,7%), DP World Santos (6,1%), Porto Chibatão (5,1%), SUAPE (4,6%), 
Porto de Itajaí (4,5%) e Porto do Rio de Janeiro (3,9%). As porcentagens em 
questão representam o fluxo gerado por cada porto em relação à porcentagem 
total gerada no Brasil. Desses, Itapoá, Portonave, DPWorld Santos e Porto 
Chibatão são privados, e o Porto Chibatão, diferentemente da maioria da lista, 
não é um porto marítimo, mas fluvial, localizado às margens do Rio Negro, no 
Amazonas. 
Já no mundo os principais portos são os de Xangai (China), de Cingapura 
(Cingapura), de Shenzhen (China), de Hong Kong (China), de Busan (Coreia do 
Sul), de Ningbo (China), de Qingdao (China), de Guangzhau (China), de Dubai 
(Emirados Árabes) e de Tianjin (China). Dessa forma, podemos imaginar o 
grande fluxo marítimo do mundo com os portos da Ásia – o que não é diferente 
saindo daqui do Brasil. Esse tema será tratado posteriormente, pois agora o 
importante é entender como o porto se estrutura e como ocorre sua organização. 
No caso do Brasil, em última análise, é a Marinha e a Polícia Federal, 
como partes do Poder Executivo Federal, que regulam e fiscalizam boa parte 
das atividades nos rios, lagos e mares com saída internacional. As demais 
questões seguirão os respectivos códigos legais de acordo com o tema em 
nossa jurisdição, como o desembaraço aduaneiro feito pela Receita Federal. 
Vale ressaltar, ainda, que a organização portuária se dá de acordo com o 
tipo de estrutura administrativa (pública, privada ou mista), com o tipo de 
atividades (comercial, turismo, estaleiro ou militar) e com sua estrutura física. 
Para a estrutura física, a título de curiosidade, teremos um momento próprio mais 
adiante nesta aula para tratar de cais, píer e de outras partes de um porto. 
TEMA 2 – ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA AEROPORTUÁRIAS 
Assim como os portos, os aeroportos possuem uma construção física 
destinada a receber e enviar bens, mercadorias e passageiros para outros 
lugares. Diferentemente das embarcações marítimas, lacustres e fluviais, as 
aeronaves são recentes em nossa história e ainda estão em processo de 
expansão. Contudo, os custos de translado de cargas por vias aéreas ainda são 
elevados, dado o preço dos combustíveis e outros gastos de voo e de impostos 
em terra. 
Mesmo que não seja o maior modal de comércio exterior – predominando 
o marítimo nas rotas comerciais mundiais –, não podemos negar que a utilização 
 
 
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aérea se torne cada vez mais frequente, especialmente por sua agilidade e 
proteção de cargas mais perecíveis. De modo geral, a organização aeroportuária 
também se submete às legislações domésticas e às orientações internacionais, 
bem como a natureza organizacional pode ser pública, privada ou mista. Suas 
atividades também podem ser militares, comerciais (importação, exportação, 
esportiva, voos civis de passageiros etc.) ou de testes e construção de novas 
aeronaves. 
Aqui, falaremos dos aeroportos comerciais, ou seja, aqueles públicos, 
privados ou mistos que tratam de recepção e envio de bens, mercadorias e 
passageiros. A Agência Nacional de Aviação (Anac), fundada em 2005, traz 
diversas orientações e regulamentações sobre as atividades aeroportuárias. 
Uma dessas é o Manual Geral de Aeroportos (MGA), que traz diversas 
informações sobre tipos de gestores, funcionários, espaços e representações ao 
funcionamento de um aeroporto (Anac, 2011). 
No Brasil, a maioria dos aeroportos com grande fluxo de carga e descarga 
de bens, mercadorias e passageiros foi construída e gerida pelo governo. 
Contudo, atualmente, muitos aeroportos menores – e a privatização de alguns 
gigantes da área, a partir de 2011 – intensificou o tipo de gestão privada ou mista 
no cenário nacional. Mesmo assim, órgãos públicos continuam presentes e 
cumprindo suas funções nessas instituições. 
A Anac, em sua página oficial na internet, reúne as leis e informações da 
atual jurisdição sobre aeroportos, voos e serviços aeroespaciais na aba 
Legislação. Seguindo o Código Civil e à Constituição Federal de 1988, as 
prerrogativas legais seguem de forma muito semelhante às encontradas sobre 
portos – quase sempre referindo-se a portos e aeroportos nos mesmos artigos e 
parágrafos de leis. Além das diretrizes da Anac, o Brasil possui a Empresa 
Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), que está envolvida em 
muitas construções, diretrizes e gestão de aeroportos – seja predominante, seja 
de forma mista com o capital privado. Já internacionalmente existe a 
Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO), cujo objetivo é padronizar a 
comunicação e as atividades aeroespaciais civis (comerciais, turismo, esportiva 
etc.) ao redor do mundo. 
 
 
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Figura 2 – Aeroporto: aeródromo e suas pistas, pátio, torre de controle e prédio 
de transações 
 
Crédito: Macrovector/Shutterstock. 
Dentro dos aeroportos, especialmente os que possuem voos 
internacionais, encontramos a presença de órgãos como a Receita Federal, a 
Polícia Federal, a Polícia Civil, a Polícia Militar, órgãos de fiscalização sanitária 
e de bombeiros. Com isso, não podemos imaginar que um aeroporto é gerido 
apenas por uma empresa (seja ela pública ou privada), mas pelo conjunto de 
atividades. Evidentemente que a empresa administradora detém maiores direitos 
e responsabilidades e responderá juridicamente pelo espaço e pelas suas 
atividades, mas ela precisa levar em consideração as necessidades desses 
demais órgãos. 
No Brasil, desde as últimas décadas, diversos processos de privatização 
ocorreram em aeroportos, especialmente os de grande fluxo internacional, como 
o Aeroporto de Natal (Rio Grande do Norte). Em processos de transição, tanto a 
Infraero quanto as empresas privadas que assumem a administração do 
aeroporto acabam por assumir responsabilidades de capital misto, ou seja, 
existem responsabilidades que são governamentais e as que são privatizadas. 
Por isso, no caso dos aeroportos, é mais complexo determinar se um aeroporto 
em processo de privatização ou de estatização (retorno à administração pública) 
é ou não de gestão exclusivamente pública ou privada. 
Sobre os maiores aeroportos do Brasil em movimentação de carga, 
segundo a Anac (2020), temos, respectivamente: Guarulhos, Viracopos, 
 
 
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Manaus, Galeão e Brasília. Já sobre a movimentação de passageiros, os 
maiores são: Guarulhos, Congonhas, Brasília, Galeão e Confins (Brasil, 2020). 
Já os maiores aeroportos do mundo em tamanho são: Atlanta (EUA), Pequim 
(China), Dubai (Emirados Árabes), Tóquio (Japão), Los Angeles (EUA), Chicago 
(EUA), Londres (Reino Unido), Hong Kong (China), Xangai (China) e Paris 
(França). Diferentemente do que ocorre com os portos, os maiores aeroportos 
se espalham mais pelo Ocidente do que pela Ásia. Contudo, não podemos 
esquecer que a China ainda mantém uma presença importante nas rotas aéreas 
do mundo comercial e de passageiros. 
Com isso, podemos concluir que, de modo mais geral, a estrutura dos 
aeroportos é definida pelo tipo de atividade (militar ou civil), pelo tipo de gestão 
(pública, privada ou mista) e se sua construção física se dá sobre as águas ou 
sobre terra firme. No caso das questões de estrutura física de um aeroporto, 
trataremos mais adiante. Por agora, o importante é conseguir compreender sua 
funçãocomo aparelho fundamental das rotas aéreas que alimentam o turismo e 
o comércio, tanto nacional quanto mundialmente. 
TEMA 3 – ESTRUTURA FÍSICA DOS PORTOS 
Chegamos então à estrutura física dos portos, composta inicialmente pela 
parte construída no limite ou sobre a água. Essa primeira frente de construção 
pode ser composta por um cais: uma plataforma fixa de madeira ou alvenaria e 
que segue a linha limite da água com a terra, onde as embarcações atracam 
para carga e descarga. Algumas vezes o cais possui um ou mais píer: uma 
plataforma menor que se estende do cais sobre a água, adentrando o mar ou o 
rio e aumentando a capacidade de embarcações atracarem naquele porto. Às 
vezes, em vez de um cais dispor de um píer adentrado pela água, ele possui um 
dique, ou seja, uma entrada de água que recorta o cais e onde uma embarcação 
ficará a salvo de intempéries ambientais ou, ainda, para evitar transtornos na 
movimentação de outras embarcações. 
Já as embarcações, ao atracarem em um píer ou diretamente em um cais, 
precisam de águas mais calmas, sem ondas fortes. Por isso, a maioria dos portos 
marítimos e fluviais é construída em baías naturais com pouca interferência de 
ondas e correntes. Quando não há baías naturais, a engenharia humana constrói 
docas – portos seguros e marinas com quebra-ondas e desníveis de água para 
facilitar a ancoragem e as descargas nos cais. 
 
 
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Figura 3 – Embarcações em píeres de um porto 
 
Crédito: Alexzel/Shutterstock. 
Na parte seca, os portos são compostos por equipamentos (guindastes 
etc.), prédios e galpões de armazenagem, proteção e de funcionamento 
administrativo das atividades portuárias. Nessa parte, podemos encontrar postos 
alfandegários, como o da Receita Federal, estivadores e outros trabalhadores 
operando as máquinas de carga e descarga, fiscais de mercadorias, armazéns 
com bens e mercadorias que desembarcam ou seguirão para seus destinos e os 
terminais de passageiros. Vale lembrar que um porto comercial é composto por 
um ou mais terminais, podendo todos ser de containers e mercadorias ou tendo 
também terminais turísticos e estaleiros anexados. 
Por fim, diante de todas essas áreas físicas, está a administradora 
portuária, a empresa, consórcio ou representação governamental que administra 
as atividades. Como já mencionamos, a administradora pode ter um caráter 
privado (uma empresa detém o controle das atividades e do lucro referido), 
público ou misto (governos e empresas privadas cooperam na administração e 
na repartição dos lucros e ganhos advindos das atividades do porto). Será ela 
 
 
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que, seguindo as normas nacionais (domésticas) e internacionais 
(padronizações), responderá juridicamente pelo funcionamento do porto, bem 
como pelos seus funcionários e pela contratação de terceirizados. 
TEMA 4 – ESTRUTURA FÍSICA DOS AEROPORTOS 
De modo geral, um aeroporto é composto pela área de pouso e 
decolagem e pela construção administrativa de suas atividades. A área de pouso 
e decolagem é conhecida como aeródromo, onde se encontram as pistas de 
pouso e decolagem (aerovias) e as demais pistas de manobras das aeronaves 
(área de movimento, aeródromo de alternativa a pousos de emergência etc.). 
Essa área (aeródromo) pode ser construída sobre terra ou água, a depender da 
natureza de aeronaves que receberá. 
Figura 4 – Aeródromo com sua pista de decolagem, pátio e um terminal 
 
Crédito: Alexzel/Shutterstock. 
Ainda no aeródromo, está o pátio, uma região onde as aeronaves são 
abrigadas para embarque e desembarque de passageiros, vistorias, 
abastecimento de combustível ou estacionamento e manutenção. Quando 
estamos em um aeroporto e olhamos o aeródromo pela janela, podemos ver as 
aeronaves decolando e pousando nas pistas, bem como podemos vê-las em 
terra, dirigindo-se ao pátio para carga, descarga e embarque/desembarque de 
passageiros. Todo esse tráfego das aeronaves é denominado de tráfego aéreo, 
ou seja, isso abrange todas as aeronaves em voo ou operando nas áreas de 
manobras. 
 
 
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Como as aeronaves chegam e saem pelos céus, todo o espaço em 
altitude do aeroporto, bem como das rotas aéreas de voo, deve ser controlado. 
A torre de controle, em terra, dialoga com as aeronaves (no ar e no solo), para 
que exista esse controle do espaço aéreo, dos pousos e decolagens e do uso do 
aeródromo, de forma a evitar incidentes. Além disso, o tráfego aéreo se destina 
a interligar terminais de dois ou mais aeroportos. Isso quer dizer que uma 
aeronave que sai do Aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro se destinará a 
outro aeroporto com estrutura semelhante, geralmente em outras cidades ou 
países. Por isso, a localização dos aeroportos também é um tema importante em 
sua estrutura física. 
A região de construção de um aeroporto deve levar em consideração 
altitudes de segurança e espaços que possibilitem, de acordo com os tipos de 
aeronaves, pousos e decolagens seguros, sem colocar em risco o ambiente e 
as pessoas que habitam e trabalham na região. Por isso, é comum alguns 
aeroportos internacionais serem afastados dos grandes centros urbanos, para 
que evitem prédios próximos e possibilitem maior espaço aéreo de manobras 
para um número maior de aeronaves. Alguns aeroportos que se encontram em 
regiões centrais podem até ter horários de funcionamento mais rígidos para 
controlar a emissão de ruídos na vizinhança, principalmente durante a noite. 
Já na parte interna do espaço construído do aeroporto (prédio de acesso 
aos passageiros e demais empresas), existem as áreas de recepção, onde 
podemos encontrar representações de companhias e empresas de passageiros 
e de fretes de cargas e taxi aéreo; as áreas administrativas – da administradora 
do aeroporto; e os espaços fiscais e governamentais, como alfândega e 
imigração, até se chegar nos terminais. 
Os terminais podem ser de passageiros ou de cargas. Os de passageiros 
geralmente são divididos entre terminais nacionais (de voos domésticos) e 
internacionais, cujas aeronaves são acessíveis por portões de solo ou 
suspensos (pontes de embarque). No caso dos terminais de carga, existem 
maquinários e ferramentas próprios que levam os bens e as mercadorias para 
dentro ou fora da aeronave. É comum aeroportos disporem, ainda, de galpões 
de aeronaves, de armazéns de cargas e até mesmo de oficinas de manutenção. 
Em alguns casos, os aeroportos, assim como portos, possuem áreas de 
comércio livres de impostos de importação – as famosas duty-free. Essas áreas 
são previstas na legislação brasileira enquanto regimes especiais aduaneiros, 
 
 
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favorecendo a importação de produtos em moeda estrangeira em valores 
inferiores aos praticados nos mercados domésticos. Contudo, vale ressaltar que 
essas áreas são destinadas ao consumo individual, com limites impostos por lei, 
o que não favorece as atividades do atacado. 
Então, como poderíamos resumir fisicamente o conceito de aeroporto? É 
justamente os terminais, o aeródromo, a administração e os demais serviços 
prestados que integram fisicamente o espaço de embarque e desembarque, de 
carga e descarga das aeronaves. Seu tamanho é definido conforme a dimensão 
e o número de aeronaves que o estabelecimento pode receber. Isso porque o 
tamanho das pistas (aeródromo) deverá ser proporcional ao tamanho das 
aeronaves. 
TEMA 5 – CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DE PORTOS E AEROPORTOS 
Agora que já vimos algumas das principais características das 
organizações e das estruturas portuárias e aeroportuárias, poderemos fazer um 
breve exercício comparativo entre ambos os modais para fomentar nosso 
aprendizado. Em termos de proximidades, podemos dizer que ambos podem ser 
administrados por capital público (como a Infraero nos aeroportos), privado 
(como o Porto de Itapoá) e até misto (como nos processos de privatização e 
estatização do Aeroporto Internacional de Natal). Também podemos identificar 
a semelhançaenquanto gestão e áreas de atividades: militar ou civil; comercial 
de cargas ou de passageiros; e de fluxos domésticos ou internacionais. 
Na legislação, os portos estão sob a soberania nacional de seu respectivo 
país e sob a legislação ou o direito da navegação: no Brasil, além da Constituição 
Federal, temos a Antaq, a Lei n. 8.617, de 4 de janeiro de 1993; e, 
internacionalmente, a Convenção de Montego Bay e a Organização Marítima 
Internacional (IMO). Já os aeroportos também se submetem ao direito 
aeroespacial civil, que se subordina juridicamente à soberania espacial do país 
em que se encontra: no Brasil, além da Constituição Federal, temos o Código 
Brasileiro de Aeronáutica e o MGA da Anac; e, internacionalmente, a Aviação 
Civil Internacional da Organização das Nações Unidas (ONU). 
Em relação à estrutura de portos e aeroportos, eles podem ser 
construídos sobre águas, com embarcações lacustres, fluviais e marítimas e com 
aeronaves adaptadas para pouso sobre a água. Contudo, em sua maioria, os 
aeroportos possuem suas pistas construídas sobre terra firme. Enquanto os 
 
 
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portos têm cais para atracação das embarcações, os aeroportos dispõem dos 
aeródromos, com as pistas de decolagem, aterrissagem, manobras e 
estacionamento. Ambos possuem terminais destinados a cargas ou passageiros. 
Também possuem espaços destinados à empresa administradora, aos órgãos 
de fiscalização, controle e segurança e aos demais armazenamentos e 
maquinários essenciais para o funcionamento das atividades. 
Como pontos importantes dos modais de comércio, o marítimo ainda é o 
mais utilizado para o comércio internacional, com capacidade de circulação de 
grande volume de carga; enquanto o transporte aéreo ainda é caro devido ao 
volume que pode carregar. Entretanto, o aéreo se mostra mais rápido e, por isso, 
é escolhido para transportar cargas mais perecíveis. 
Por fim, podemos falar da localização: enquanto os portos se encontram 
em áreas de escoação de produção, como estradas, ferrovias ou rotas fluviais e 
marítimas, os maiores aeroportos quase sempre se encontram em áreas 
urbanas. Mesmo assim, podemos encontrar pequenos e médios portos e 
aeroportos distantes desses cenários, mas sua construção deve levar em 
consideração características de segurança, eficácia e competitividade no 
comércio e no serviço regional e internacional. 
TROCANDO IDEIAS 
Ao longo deste conteúdo, vimos que portos e aeroportos se assemelham 
e, ao mesmo tempo, mantêm diferenças importantes. Muitos estudos sobre a 
importância desses dois aparelhos da logística foram feitos. Entretanto, cabe a 
você, enquanto futuro profissional da área, desenvolver uma percepção mais 
crítica acerca dos transportes aéreos e marítimos. É por isso que a leitura destes 
dois artigos sobre o tema é importante. 
O primeiro artigo, de Maciel et al. (2015), trata da modernização dos 
portos e o trabalho que neles ocorre. O artigo é intitulado “Análise do trabalho 
portuário: transformações decorrentes da modernização dos portos” e está 
disponível em: 
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-
66572015000300008>. 
O segundo, de Périco, Santana e Rebelatto (2017), trata da eficiência dos 
aeroportos no Brasil. O artigo é intitulado “Eficiência dos aeroportos 
internacionais brasileiros: uma análise envoltória de dados com bootstrap” e está 
 
 
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disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/gp/v24n2/0104-530X-gp-0104-
530X1810-15.pdf>. 
A leitura de ambos auxilia a análise comparativa entre as atividades dos 
portos e aeroportos, bem como expõe alguns dos principais desafios desses 
modais e as possibilidades de melhorias. Após lê-los, tente desenvolver sua 
própria percepção sobre os desafios e as possibilidades de portos e aeroportos 
em sua região. 
NA PRÁTICA 
Como atividade prática, sugerimos que você pesquise o porto e o 
aeroporto que tenham atividades comerciais mais próximos de sua localização. 
Em seguida, faça uma breve descrição eles, indicando se são apenas de carga 
ou de carga e passageiros, sua estrutura (quantos terminais e tipos de terminais), 
data de criação e outras informações relevantes sobre o funcionamento. 
Avalie qual deles (porto ou aeroporto) dispõe de maior escoamento de 
carga ou passageiros e a qual a natureza do transportado (tipo de produto 
agrícola, turismo doméstico ou internacional etc.). 
Por fim, escreva um ou dois parágrafos sobre o que poderia melhorar na 
infraestrutura do porto e do aeroporto para que pudessem aumentar seu 
escoamento de cargas ou passageiros. Para isso, coloque-se no lugar de diretor 
das empresas que administram os dois espaços. 
FINALIZANDO 
Estudamos sobre a organização, a classificação e a estrutura de portos e 
aeroportos. É importante que tenham ficado claros alguns pontos fundamentais, 
a saber: as principais características que aproximam e distanciam, em 
funcionamento, os portos dos aeroportos; as diferenças entre gestão pública e 
privada; as nomenclaturas de espaços existentes nos portos e aeroportos, como 
cais, píer, aeródromo, pista e terminais; a legislação básica nacional e 
internacional sobre o transporte marítimo e aéreo (normativo que reflete no 
funcionamento de portos e aeroportos); e os nomes e as funções dos maiores 
portos e aeroportos do Brasil e do mundo. 
Como profissional dedicado a essa área, reforça-se a necessidade de 
compreender o conhecimento básico – e introdutório – sobre portos e aeroportos, 
 
 
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suas funções e atividades como partes do comércio doméstico e internacional. 
Não deixe de consultar os sites oficiais dos principais portos e aeroportos, bem 
como visitar o site da Antaq e da Anac para tirar dúvidas legais e ficar por dentro 
das novidades do nosso país. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil. Disponível em: 
<https://www.anac.gov.br/>. Acesso em: 27 jun. 2020. 
ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil. Manual Geral de Aeroportos 
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