Buscar

SDE3991 PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA GRUPOS ESPECIAIS - livro

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 113 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 113 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 113 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

autor 
WAGNER SANTOS COELHO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2019
PRESCRIÇÃO DE 
EXERCÍCIOS PARA GRUPOS 
ESPECIAIS
Conselho editorial roberto paes e gisele lima 
Autor do original wagner santos coelho
Projeto editorial roberto paes
Coordenação de produção andré lage, luís salgueiro e luana barbosa da silva
Projeto gráfico paulo vitor bastos
Diagramação bfs media
Revisão linguística bfs media
Revisão de conteúdo regina braga de moura e ercole da cruz rubini
Imagem de capa kzenon | shutterstock.com
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida 
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em 
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2019.
Diretoria de Ensino – Fábrica de Conhecimento
Av. das Américas, 4.200 – Barra da Tijuca
Campus Tom Jobim – Rio de Janeiro – RJ – CEP: 22640-102
Sumário
Prefácio 5
1. Introdução à Epidemiologia e atividade física 7
Introdução à Epidemiologia 9
Indicadores e coeficientes de saúde 11
Saúde e qualidade de vida 13
Teoria da transição epidemiológica 15
Doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) 19
Epidemiologia, atividade física e saúde 21
2. Atividade física e doenças metabólicas 27
Síndrome metabólica 29
Etiologia da síndrome metabólica 30
Resistência à insulina 30
Disfunção das células β-pancreáticas 34
Obesidade 35
Inflamação crônica 36
Papel do exercício na síndrome metabólica 37
3. Atividade física e doenças cardiovasculares 47
Doenças cardiovasculares 49
Benefícios do exercício físico 58
4. Atividade física e doenças respiratórias 67
Função respiratória 69
Ventilação pulmonar 71
Troca gasosa 73
Distúrbios do sistema respiratório 75
Insuficiência respiratória 77
Asma brônquica 78
Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) 80
Benefícios do exercício físico 81
O exercício como intervenção terapêutica 83
5. Atividade física e o sistema imunológico 89
Visão geral do sistema imunológico 91
Doenças associadas ao sistema imunológico e exercício físico 94
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) 95
Tolerância imunológica e autoimunidade 100
Respostas do sistema imunológico ao exercício físico 102
5
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
Este livro foi concebido como uma ferramenta para você tomar conhecimento 
de alguns aspectos fundamentais da ciência da prescrição de exercícios direcionada 
a alguns grupos especiais. Gostaríamos de convidá-lo a estudar e aprender por 
meio deste material.
A prescrição de exercícios para grupos especiais deve partir do conhecimento 
dos quadros de doenças e suas complicações para o corpo humano. Em seguida, é 
fundamental que você conheça de que forma as intervenções com exercício físico 
podem contribuir para a prevenção, no controle da evolução e até mesmo na re-
versão ou cura da doença.
Em um primeiro momento, você tomará conhecimento de dados epidemio-
lógicos relevantes, como a transição epidemiológica marcada pelas mudanças ob-
servadas ao longo do século passado que modificaram as incidências e prevalências 
das principais causas de morte, as quais nos dias de hoje são principalmente asso-
ciadas a doenças cardiovasculares e estão diretamente relacionadas aos hábitos de 
vida, incluindo a inatividade física.
Neste cenário, ao longo do livro, você será conduzido a construir uma visão 
ampla e integrada sobre o papel do exercício físico e suas possibilidades de apli-
cação e benefícios relacionadas às doenças metabólicas, cardiovasculares, respira-
tórias e do sistema imunológico. Ao final deste passeio pela ciência da prescrição 
do exercício, você poderá reunir um repertório de informações relevantes para 
compreensão das principais doenças destes sistemas fisiológicos e principalmente, 
reconhecer o papel do profissional de Educação Física como ator indispensável 
nas abordagens preventivas e terapêuticas, além de conhecer as ferramentas básicas 
para sua atuação profissional nestes quadros clínicos. 
Bons estudos!
Introdução à 
Epidemiologia e 
atividade física
1
capítulo 1 • 8
Introdução à Epidemiologia e atividade física
Esse capítulo tem como propósito apresentar os conceitos básicos em 
Epidemiologia e suas relações com a atividade física. Neste capítulo, você será 
apresentado, por meio de uma breve perspectiva histórica da epidemiologia, à de-
finição de saúde e seus indicadores; junto a isso você será conduzido a compreen-
der os principais coeficientes e índices que explicam a prevalência, incidência, 
morbidade e mortalidade dos agravos à saúde.
A transição epidemiológica é um conceito muito interessante ao qual você 
será apresentado neste primeiro capítulo. Você irá compreender que nos países em 
desenvolvimento como o Brasil, esse fenômeno se dá em função da inversão entre 
as principais causas de morte. No início do século passado, as principais causas de 
morte na população brasileira eram atribuídas às doenças infecciosas, no entan-
to, atualmente, essa causa está relacionada às doenças crônico-degenerativas não 
transmissíveis (DCNT’s), como as doenças cardiovasculares.
Dessa forma, você irá perceber que as doenças mais prevalentes nos dias de 
hoje estão diretamente associadas ao estilo de vida, tendo o sedentarismo como 
fator determinante para o surgimento destes quadros de comprometimento da 
saúde, portanto, por esse motivo existe uma relação direta entre a atividade física 
e muitos fatores epidemiológicos. Esses aspectos serão introduzidos neste capítulo 
e aprofundados ao longo deste livro.
Sendo assim, logo neste primeiro capítulo você será conduzido a perceber a 
relevância que o profissional de Educação Física tem perante toda a sociedade. Por 
consequência direta dessa importância, é também fundamental que você perceba 
que à medida que você ganha espaço e importância, você também deve assumir 
maior responsabilidade, sendo assim o embasamento teórico e prático será de fun-
damental para que a sua atuação profissional seja plena e atenda as necessidades da 
sociedade de forma ética, responsável e eficaz.
OBJETIVOS
• Definir conceitos básicos de epidemiologia e saúde;
• Identificar os principais indicadores de saúde;
• Reconhecer as principais doenças crônico-degenerativas não transmissíveis;
capítulo 1 • 9
• Correlacionar o sedentarismo ao surgimento desenvolvimento das doenças crônico-dege-
nerativas não transmissíveis;
• Compreender a teoria da transição epidemiológica. 
Introdução à Epidemiologia
A Associação Internacional de Epidemiologia (IEA) define a epidemiolo-
gia como o estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das 
doenças nas sociedades humanas. A epidemiologia se ocupa de compreender os 
problemas de saúde em grupos populacionais, em geral em estudos envolvendo 
populações com grande número de pessoas. Esse eixo da saúde pública identifica 
fatores e ações para a prevenção ou profilaxia, fornece indicadores para o diagnós-
tico de doenças transmissíveis e não transmissíveis e avalia o grau de correlação e 
casualidade entre diversos fatores e o surgimento das doenças.
Os principais objetivos da epidemiologia, segundo a IEA são:
• Descrever a distribuição e o impacto dos problemas de saúde nas popula-
ções humanas. 
• Organizar bases de dados que sirvam para planejamento, execução e ava-
liação de ações preventivas, controle e tratamento de doenças e identificação de 
prioridades nas intervenções. 
• Reconhecer e identificar fatores que originam as doenças e a característica 
de evolução das mesmas no organismo humano.
Neste sentido, um epidemiologista estuda a distribuição da morbidade repre-
sentada pela quantidade de portadores de determinada doença em relação à po-
pulação total estudada e mortalidade. Esta, por sua vez, refere-se à quantidade de 
pessoas mortas em determinada população, realiza testes de eficácia e inocuidade 
de vacinas, desenvolve a vigilância epidemiológica e analisa fatores ambientais e 
socioeconômicos envolvidosdiretamente como fatores de casualidade de doenças.
Um modelo de estudo tradicionalmente utilizado nos estudos epidemiológi-
cos é o da “tríade epidemiológica” em que a inter-relação entre o agente, o ambien-
te e o hospedeiro (ser humano) é investigada. Neste modelo, o ambiente influen-
cia o agente e o hospedeiro, e também a via de transmissão do agente a partir de 
uma origem para o hospedeiro.
capítulo 1 • 10
A origem histórica da epidemiologia é atribuída da Hipócrates, em que se 
especula que os seus escritos sobre as distribuições e ocorrências das enfermidades 
e relações com as epidemias fundamentam o raciocínio epidemiológico. Se você 
der um salto na história para meados do século XIX, para a cidade de Londres 
na Inglaterra, vai ver que existem relatos de uma grande epidemia de cólera, pro-
movendo a reunião dos membros da Sociedade Epidemiológica de Londres. A 
primeira associação conhecida, organizada em 1850, verificou que a mortalidade 
por essa doença era diferente nas diferentes áreas da cidade. 
Essa observação permitiu levantar a suspeita de que a doença poderia ser trans-
mitida pela água, e a condução de estudos epidemiológicos demostrou que a taxa 
de mortalidade estava diretamente relacionada às companhias de abastecimento 
de água, que captavam água de diferentes partes do Rio Tamisa, com diferentes 
níveis de poluição. Essa descoberta levou a criação de uma lei na época que aper-
feiçoou a retirada de água por parte das companhias de abastecimento. Perceba 
que a aplicação do raciocínio de Hipócrates serviu para identificar a origem da 
epidemia, mesmo antes de se conhecer o agente causador da cólera; o Vibrio 
cholerae que só foi identificado em 1883 e ainda pôr em prática uma estratégia de 
prevenção da doença. 
Já no final do século XIX, os estudos de Louis Pasteur permitiram correla-
cionar a ação de micro-organismos como agentes causadores de diferentes en-
fermidades infecciosas e agentes envolvidos em epidemias, cunhando o conceito 
de “germe” que perdurou até meados do século XX. A descoberta de Pasteur e, 
posteriormente, o desenvolvimento dos antibióticos e das vacinas serviram de 
norteadores para as ações de saúde, que eram feitas principalmente por meio do 
isolamento para conter as epidemias, o uso dos antibióticos para o tratamento e o 
emprego de vacinas como forma de prevenção de doenças.
Um dos casos mais emblemáticos em epidemiologia na história recente se 
relaciona ao consumo do tabaco como fator causador do câncer de pulmão. A 
produção e o consumo de tabaco caíram no gosto da população mundial ainda 
no século XVIII e o consumo de cigarros e charutos aumentou drasticamente ao 
longo do tempo. No início do século XX, a população americana, por exemplo, 
consumia cerca de 3,5 bilhões de cigarros e 6 bilhões de charutos por ano, atingin-
do um consumo médio, no ano de 1853, de 3500 cigarros por pessoa.
Alguns anos antes, pesquisadores ingleses fizeram um alerta sobre uma inespe-
rada epidemia que surgia lentamente ao identificarem que a incidência de câncer 
capítulo 1 • 11
de pulmão tinha aumentado quase quinze vezes nas duas décadas anteriores. A 
partir desse alerta, um bioestatístico inglês, Bradford Hill, conduziu um estudo 
para identificar o fator de risco de câncer de pulmão. Neste estudo, os pesquisa-
dores tiveram acesso aos hábitos de fumar, em relação à frequência, quantidade e 
outras informações, de mais de 40 mil indivíduos, entre fumantes e não fumantes. 
Essas pessoas foram acompanhadas por 29 meses, entre outubro de 1951 e março 
de 1954 e dentre os participantes deste estudo, foram registrados 789 mortes, das 
quais trinta e seis foram atribuídas ao câncer de pulmão. Quando os pesquisadores 
distribuíram essas mortes entre fumantes e não fumantes, a correlação saltou aos 
olhos, porque todas essas 36 mortes ocorreram entre fumantes, demonstrando de 
forma clara a relação de causa e efeito entre o tabagismo e o câncer de pulmão. 
A partir dessa breve história da epidemiologia, você pôde perceber a impor-
tância dessa ciência e desses métodos de observação na identificação de fatores, 
variáveis e agentes causadores de doenças. Ao se estabelecer a relação de causa e 
efeito, também fica clara a possibilidade de desenvolver estratégias que possam 
reduzir os riscos à saúde, a morbidade e mortalidade, além de promover melhorias 
na qualidade de vida da população. 
Indicadores e coeficientes de saúde
Você deve perceber que, o levantamento de dados e, a partir destes, a geração 
de informações são fundamentais para a compreensão da situação da saúde para 
que se estabeleçam estratégias de vigilância epidemiológica. Esses dados podem 
ser registrados de forma contínua, como nos casos de óbitos e nascimentos; de 
forma periódica, por meio de estudos de recenseamento da população ou de forma 
ocasional, por meio de estudos com objetivos específicos que visem, por exemplo, 
identificar a prevalência de doenças em certos grupos populacionais. 
Dentre os dados mais relevantes para fins epidemiológicos destacam-se in-
formações gerais sobre a população, dados socioeconômicos, ambientais, sobre 
os serviços de saúde, informações sobre morbidade e sobre eventos vitais como o 
número de nascidos e de óbitos. 
Neste sentido, indicadores de saúde são medidas que contêm informações re-
levantes sobre o estado do sistema de saúde e sobre a população. A produção e uti-
lização destes indicadores são de responsabilidade de órgãos como o Sistema Único 
de Saúde (SUS) no âmbito municipal, estadual e federal, o IBGE, instituições de 
capítulo 1 • 12
ensino e pesquisa, ONGs, setores de administração pública que produzem dados 
de interesses para a saúde e associações técnico-científicas.
Já o controle dos indicadores é feito pela Rede Interagencial de Informações 
para a Saúde (RIPSA), que dentre seus propósitos, visa estabelecer dados e indi-
cadores consistentes, atualizados, abrangentes e de amplo acesso. A RIPSA ainda 
se propõe a aperfeiçoar a produção de dados e informações, por meio da articula-
ção de instituições, promovendo o consenso sobre conceitos, métodos e critérios 
de utilização das bases de dados, muitas vezes disponíveis on-line para consul-
ta pública.
Os indicadores podem ser de dois tipos. Indicadores absolutos referem-se 
a números específicos, como o total de pacientes com determinada doença ou 
o número de óbitos. Já os indicadores relativos indicam coeficientes e índices. 
Geralmente os coeficientes são taxas que representam o risco de determinado 
evento acontecer em uma população. Dentre esses coeficientes, você deve com-
preender alguns indicadores que podem ser calculados, em alguns casos, como a 
prevalência, incidência e letalidade, que podem ser inferidas de diferentes manei-
ras, como indicado a seguir:
• Prevalência = número total de casos / população exposta.
• Incidência = número de casos novos / população exposta.
• Prevalência = incidência × duração da doença
• Letalidade = número de mortes para determinada doença / número de indi-
víduos acometidos por essa mesma doença (mede a gravidade da doença).
Para calcular o coeficiente de mortalidade geral (CMG), você pode usar dife-
rentes formas, dependendo do tipo de informação que se quer extrair. A fórmula 
básica pode ser feita da seguinte forma:
CMG =
Número de óbitos todas as causas em um ano X lugar Y
População ano X llugar Y
x1000
Existem outros coeficientes de mortalidade, como o coeficiente de mortalida-
de infantil ou de mortalidade por causas ou índices importantes como o índice de 
mortalidade infantil que leva em consideração o número de óbitos de crianças com 
menos de um ano de idade, frente ao número total de óbitos de uma população. 
capítulo 1 • 13
Finalmente agora, você poderá compreender o significado e diferenciar es-
ses conceitos tão importantes na área da saúde. Repare que a morbidade mede a 
quantidade de indivíduos doentes em um determinado local e ano e a prevalência 
significa a frequência absoluta de casos, ouseja, o total de casos existentes de um 
quadro. Perceba assim que para efeitos de comparação e avaliação de risco, você 
deve usar o coeficiente de prevalência. Este permite medir a frequência de todos 
os casos da doença registrados, sejam ainda em tratamento ou que acabaram de ser 
diagnosticados, como novos casos em relação à população exposta. 
Neste sentido, um maior número de novos casos diagnosticados, a imigração 
de doentes e a diminuição da mortalidade por doenças crônicas são fatores que 
aumentam a prevalência. Em contrapartida, o aumento no número de óbitos, do 
percentual de cura e a emigração promovem efeito contrário e reduz a prevalência 
de certo agravo à saúde.
Você saberia dizer quem morre mais, ao compararmos homens e mulheres?
Apesar de nascerem mais crianças do sexo masculino no Brasil, a partir da adolescência a 
sobre mortalidade dos homens se torna um dado marcante que responde a essa pergun-
ta, indicando que os homens morrem mais que as mulheres, em todas as faixas etárias. 
Vários fatores explicam esses dados, dentre eles os altos índices de mortalidade devido a 
causas violentas da população masculina, que estão relacionadas, por exemplo, a mortes 
por acidentes de trânsito, além disso, há maior incidência de doenças cardiovasculares em 
homens. Esses dados indicam que os homens são mais vulneráveis sob o ponto de vista 
biológico e social, quando assumem comportamento mais arriscado.
Saúde e qualidade de vida
A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi criada pela Organização das 
Nações Unidas (ONU) com o objetivo de elevar os padrões mundiais de saúde. 
Dentre as ações da OMS, há a tentativa de possibilitar a centralização de temas 
abrangentes; incluindo a qualidade de vida e a saúde, assuntos impossibilitados de 
serem independentes entre si. A OMS, por meio do Programa de Saúde Mental, 
propôs a criação de um instrumento, através de um questionário (WHOQoL) 
que permite avaliar diferentes aspectos que influenciam diretamente a saúde e a 
qualidade de vida.
Com base neste instrumento, você já se perguntou o quão satisfeito você está 
com a sua saúde? Responda a essa pergunta atribuindo: 1 para muito insatisfeito, 
2 para insatisfeito, 3 nem insatisfeito, nem satisfeito, 4 para satisfeito e 5 para 
muito satisfeito. E ai, qual é a sua percepção sobre sua própria saúde?
capítulo 1 • 14
Essa pergunta figura no WHOQoL da OMS. Mas afinal, você saberia definir 
o que é saúde?
Para que você compreenda a dimensão dessa pergunta, primeiro podemos 
dizer que a percepção da saúde é algo subjetivo. De maneira simplificada, a saúde 
pode ser definida como a ausência de doença e neste sentido, a boa saúde está di-
retamente relacionada à manutenção do equilíbrio de parâmetros fisiológicos que 
possam garantir o bom funcionamento de todos os órgãos, sistemas e tecidos de 
um organismo, garantindo que todas as funções vitais ocorram adequadamente. 
Assim, a saúde de um indivíduo é influenciada pela própria biologia humana. 
Em contrapartida, segundo a OMS “a saúde pode ser definida não apenas 
como a ausência de doença, mas também inclui o bem-estar social, psicológico, 
ambiental, físico e mental” e assim a saúde não é influenciada apenas por fatores 
biológicos, mas também por variáveis ambientais, sociais e relativas ao estilo de 
vida. Você deve saber que a boa alimentação, a prática regular de exercícios físicos 
orientados e o bem-estar emocional são fatores determinantes para a manutenção 
do equilíbrio do estado de saúde. Já a falta de acesso a serviços básicos de saúde, 
a exposição a situações precárias, como a falta de saneamento básico e acesso à 
água potável podem influenciar negativamente a saúde de um indivíduo ou de 
uma comunidade.
Portanto, fica claro que uma boa saúde promove diretamente uma melhor 
qualidade de vida. Ainda sobre o questionário da OMS (WHOQoL), em uma 
escala de 1 a 5, sendo 1 muito ruim e 5 muito boa, como você avaliaria a sua qua-
lidade de vida? A resposta a essa pergunta é ainda mais subjetiva, pois a percepção 
da qualidade de vida pode variar muito entre as pessoas. Para você, ter uma boa 
qualidade de vida pode estar associado a viver em um ambiente calmo como em 
uma cidade do interior, e já para outras pessoas, pode ser que justamente a agita-
ção de um grande centro, represente uma boa qualidade de vida. Neste sentido, 
fica ainda mais difícil termos uma definição única para a qualidade de vida.
O conceito de qualidade de vida sofre constantemente modificações de acordo 
com a época, o contexto social, a nação, cultura e crenças, de modo que não há 
definição que abranja suficientemente sua multidimensionalidade e seu conceito 
subjetivo, que inclui elementos de avaliação tanto positivos quanto negativos. A 
OMS, por meio do WHOQoL group, define a qualidade de vida como sendo “a 
percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto cultural e dos sistemas 
de valores nos quais ele vive e em relação a seus objetivos, suas expectativas, seus 
padrões e suas preocupações, bem como o bem-estar biopsicossocial e espiritual, 
capítulo 1 • 15
abrangendo quatro grandes dimensões, que incluem os domínios físico, psicológi-
co, ambiental e de relações sociais”. 
Desse modo, a preocupação com qualidade de vida advém do próprio concei-
to de saúde. Com isso, você pode concluir que apesar da subjetividade em alguns 
aspectos da saúde e qualidade de vida, a melhoria de qualquer fator relacionado a 
esses dois parâmetros irá impactar diretamente o outro, de forma também positiva. 
Você ainda pode perceber de forma clara que a escolha de um estilo de vida 
mais saudável que inclua a prática regular de exercícios físicos com adequada 
orientação, a escolha por hábitos alimentares mais saudáveis que garantam o con-
trole do peso corporal, o acesso à assistência de saúde para avaliação periódica cer-
tamente acarretará benefícios na prevenção de problemas de saúde, promovendo 
assim não só a boa saúde como também uma melhor qualidade de vida.
Teoria da transição epidemiológica
Neste tópico, você será apresentado à transição do cenário epidemiológico 
brasileiro, que sofreu importantes modificações no último século. Um indicador 
conveniente para avaliar as condições de vida e o modelo de desenvolvimento de 
uma população é o perfil de morbidade e mortalidade e, a partir deste perfil, uma 
importante teoria foi proposta por Omran em 1971, conhecida como teoria da 
transição epidemiológica e classificada em três estágios sucessivos da mudança dos 
padrões de morbidade e mortalidade: a “idade das pestilências e fome”, a “idade 
das pandemias reincidentes” e, finalmente, a “idade das doenças degenerativas”.
Neste sentido, a transição epidemiológica pode ser compreendida como as 
mudanças ocorridas ao longo do último século nos padrões de mortalidade, mor-
bidade e invalidez para determinada população e é geralmente acompanhada 
por modificações em padrões socioeconômicos, tecnológicos, demográficos de 
uma sociedade.
Em um levantamento realizado em 2003, Buchalla, Waldman e Laurenti, 
listaram as principais causas de morte na cidade de São Paulo em diferentes pe-
ríodos. Para que você tenha ideia, em 1901, a diarreia e a enterite representavam 
cerca de 20% das causas de óbito, sendo as principais responsáveis pelas mortes 
na cidade de São Paulo, seguidas pela bronquite aguda, representando 8,4%; a 
pneumonia responsável por 6,9% dos casos de óbitos e da tuberculose que corres-
pondia a 6% dos óbitos. 
capítulo 1 • 16
No ano de 1930, as doenças infectocontagiosas eram responsáveis por 46% 
dos casos de óbito na população brasileira e, a partir de então, se verificou uma 
redução progressiva na frequência relativa de casos de óbito decorrentes a esse tipo 
de doença. Em contrapartida, houve um aumento gradual na incidência e na taxa 
de mortalidade de doenças cardiovasculares, que representavam apenas 12% dos 
casos, em 1930. Na cidade de São Paulo, no ano de 1960, as principais causas de 
morte passaram a ser atribuídasàs neoplasias malignas, respondendo por 12% dos 
casos, seguidas das doenças arteriais e degenerativas do coração, correspondendo a 
10% dos óbitos; 7,7% dos casos eram decorrentes de lesões vasculares no sistema 
nervoso central e, em seguida, aparecendo a pneumonia e as disenterias represen-
tando 7,2% e 6,2% dos casos de morte, respectivamente. 
Se você observa esse cenário no ano 2000, a principal causa de morte na cida-
de de São Paulo passa a ser o infarto agudo do miocárdio, sendo 9,2% dos casos, 
seguida da agressão por disparo de arma de fogo representado por 5,3% dos casos, 
posteriormente aparece a pneumonia, responsável por 4,7% dos óbitos, o diabetes 
melito representando 3,4% das mortes e, em quinto lugar, as mortes por doença 
isquêmica crônica do coração, com cerca de 3%. Ao comparar as principais causas 
de morte em três momentos distintos do último século, na maior cidade do Brasil, 
você pôde notar uma tendência clara a mudança no perfil das principais causas de 
morte. Ao fazermos uma comparação, no início do século passado as doenças 
cardiovasculares correspondiam a 12% dos casos de morte e são, atualmente, as 
principais causas de morte em todas as regiões brasileiras, respondendo por quase 
um terço dos óbitos.
O reconhecimento da transição epidemiológica no Brasil não é necessaria-
mente algo novo. Em um estudo publicado em 1992 e recentemente republicado, 
foi reportado que até a década de 1940 havia um predomínio de mortes associadas 
a doenças infecciosas e parasitárias como principal causa de morte, representando 
43,5% do total de óbitos e, já em 1986, as doenças do aparelho circulatório atin-
giam 33,5% dos casos de morte em comparação com os 14,5% dos casos de morte 
reportados nos anos de 1940, como ilustrado na figura 1.1. 
capítulo 1 • 17
Infecções
parasitas
Aparelho
circulatório
Aparelho
respiratório
Aparelho
diges�vo
Neoplasias
malígnas
Causas
externas
Outras
causas
0,0
20,0
40,0
60,0
Pe
rc
en
tu
al
 d
e 
ób
ito
s
80,0
100,0
1930 1940 1950 1960 1970 1980 1986
21,3 19,8 29,4 29,2 30,8 24,5 16,7
2,6 2,4 3,3 4,8 7,5 7,7 14,8
2,7 3,9 5,7 8,1 9,7 11,2 11,9
4,4 3,8 2,4 2,5 2,5 4,3 4,7
11,5 12,1 9,1 8,0 9,0 10,1 10,3
11,8 14,5 14,2 21,5 24,8 30,8 33,5
45,7 43,5 35,9 25,9 15,7 11,4 8,0
Figura 1.1 – Distribuição das mortes por grupos de causas. Brasil 
e capitais – 1930-1986. Araujo, in memorian, 2012. 
Essa mudança no padrão de mortalidade é determinada por vários fatores, 
desde a modificação demográfica, passando pelo avanço tecnológico e científico 
que apoiam a clínica médica, a assistência à saúde e a prevenção de doenças, mas 
também por mudanças no estilo de vida e nos hábitos de saúde. A cidade de São 
Paulo, por exemplo, teve aumento de sua população em 36 vezes entre o ano de 
1901 e o ano 2000, decorrente a um grande fluxo migratório e um amento de 23 
vezes no número de nascidos. Somado a isso, o coeficiente de mortalidade infantil 
capítulo 1 • 18
diminuiu 2,6 vezes neste mesmo período, além do aumento na expectativa de vida 
ao nascimento e do envelhecimento da população.
Outros fatores explicam essa transição, como modificações socioeconômicas, 
o nível de escolaridade da mãe, o acesso ao saneamento básico e a disponibilidade 
de água de qualidade, medidas no cuidado básico de higiene e assistência à saúde e 
nutrição. Além disso, a profusão da vacinação com ampla distribuição à população 
foi responsável por notáveis mudanças nos perfis relevantes de óbitos. Estima-se 
que, só para o sarampo, o papel preventivo da vacinação foi responsável por evitar 
cerca de um milhão de mortes no mundo, por ano, na última década do século 
XX. A evolução da mortalidade proporcional no Brasil, entre 1930 e 2003, de 
acordo com as causas pode ser observada na figura 1.2.
50
1930 1940 1950 1960 1970 1980 1988 2000 2003
40
30
20
10
0
Infecciosas e
Parasitárias
Neoplasmas
Extremas
Aparelho
Circulatório
Figura 1.2 – Evolução da mortalidade no Brasil – 1930-2003. 
Barbosa et al., 2003 apud BRASIL, Ministério da Saúde, 2005. 
Em resumo, é importante que você perceba que, de acordo com a teoria da 
transição epidemiológica, há uma evolução progressiva na mudança do perfil de 
mortalidade, em que no início do século passado, as altas taxas de mortalidade 
eram atribuídas às doenças infecciosas e ao final deste século, as causas de óbitos 
predominantes passam a ser as doenças cardiovasculares, as neoplasias, as causas 
externas e outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNT’s). 
Apesar de esse padrão ser observado nos países desenvolvidos e em muitos 
países em desenvolvimento, no Brasil essa transição apresenta perfil peculiar, em 
que novos e velhos problemas de saúde coexistem com destaque para as doenças 
crônico-degenerativas, porém ainda com grande incidência de doenças infecciosas 
em função da reintrodução de doenças como dengue, febre amarela e cólera, e a 
persistência de quadros como malária, tuberculose e hanseníase. Isso sugere que 
capítulo 1 • 19
no Brasil não ocorre transição epidemiológica propriamente dita e sim uma sobre-
posição de diferentes contextos epidemiológicos.
Doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs)
A partir da abordagem anterior, você deve imaginar que um dos grandes de-
safios de saúde para esta e as próximas décadas são as doenças crônicas não trans-
missíveis (DCNT’s). Elas representam uma grande ameaça para a qualidade de 
vida de indivíduos em todo o globo, causam enormes gastos no sistema de saúde 
e apresentam altos índices em morbidade e mortalidade. 
As DCNT’s foram agrupadas deste modo pela característica multifatorial e as-
sociação com fatores de risco modificáveis, como sedentarismo, tabagismo, abuso 
de bebidas alcoólicas, sobrepeso e obesidade (IMC > 25 kg/m2), as dislipidemias, 
além dos fatores de risco não modificáveis, como hereditariedade, sexo, idade e 
etnia. As principais DCNT’s que apresentaram grande aumentode incidência e 
prevalência no mundo globalizado e industrializado incluem as doenças metabó-
licas como o diabetes melito (DM), as doenças cardiovasculares (DCV), doenças 
respiratórias crônicas, neoplasias e doenças musculoesqueléticas.
O diabetes melito (DM) tipo II é considerado hoje uma epidemia mundial, 
ocorrendo paralelamente à epidemia de obesidade e do sedentarismo, e represen-
tando um grande desafio para os sistemas de saúde de todo o mundo, afetando a 
qualidade e a expectativa de vida, devido a diversas complicações funcionais. No 
Brasil, estima-se que 45,7% da população acima dos 45 anos de idade referem ter 
DM II. Nos indivíduos assintomáticos com mais de 40 anos e sem outros fatores 
de risco, o rastreamento para DM II deve ser realizado por meio da dosagem dos 
níveis de glicemia em jejum, podendo ocorrer a cada três anos. 
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é o maior fator de risco para a DCV, 
estando diretamente correlacionada ao aumento da incidência de infarto agudo 
do miocárdio e acidentes vasculares. Estima-se que, no ano de 2008, 63% das 
mortes no mundo se deveram às DCNT’s, e dentro dessa realidade as doenças 
cardiovasculares apresentam a maior prevalência, respondendo por 48% de todas 
as DCNT’s. O número total de mortes atribuído as DCNT’s para o ano de 2008 
foi de cerca de 36 milhões de óbitos. Em adultos brasileiros, com mais de 40 anos, 
tem-se encontrado uma prevalência de HAS de 35%. Estudos epidemiológicos 
aliados à utilização de exames de rastreio permitem a detecção precoce da HAS e, 
capítulo 1 • 20
assim, favorecem o início do tratamento adequado ou medidas profiláticas, pro-
movendo grande redução na morbidade e mortalidade.
As neoplasias também apresentam destaque neste cenário, os casos de câncer, 
no ano de 2008, foram responsáveis por 21% dos óbitos decorrentes às DCNT’s. 
Estimativas em escala mundial indicam que no ano de 2012, foram referidos 14,1 
milhões de novos casos de câncer com 8,2 milhões de óbitos. As maiores taxas 
de incidência ocorreram em países desenvolvidos, incluindo paísesda Europa 
Ocidental e da América do Norte, mas à medida que a transição epidemiológica 
ocorre nos países em desenvolvimento, como o Brasil, esse cenário tende a se tor-
nar mais incidente. 
Para o Brasil, estima-se a ocorrência de 600 mil novos casos de câncer para 
cada ano no biênio 2018-2019. Os cânceres mais frequentes serão o de próstata 
no caso dos homens, com estimativa de 68 mil novos casos, representando 31% 
de todos os cânceres, seguido do câncer de pulmão, representando 8,7% dos casos. 
Já para as mulheres a maior incidência será decorrente do câncer de mama, com 
60 mil casos novos, uma proporção de 29,5% dos casos de câncer seguidos pelo 
câncer de intestino que correspondem a 9,4% dos novos casos. 
Esses tipos de neoplasias são enfermidades que apresentam correlação direta 
com o estilo de vida, em que a atividade física insuficiente, o tabagismo e os 
maus hábitos alimentares estão intimamente ligados ao desenvolvimento destes 
quadros. A distribuição proporcional dos dez tipos mais incidentes de neoplasias 
estimados para 2018 estão ilustrados na figura 1.3.
Próstata
Traqueia, Brônquis e Pulmão
Cólon e Reto
Estômago
Cavidade Oral
Esôfago
Bexiga
Faringe
Leucemias
Sistema Nervoso Central
68.220
18.740
17.380
13.540
11.200
8.240
6.690
6.390
5.940
5.810
31,7%
8,7%
8,1%
6,3%
5,2%
3,8%
3,1%
3,0%
2,8%
2,7%
Localização Primária Casos %
Homens
Figura 1.3 – Distribuição proporcional dos dez tipos de câncer mais 
incidentes estimados para 2018, por sexo, exceto pele não melanoma, 
número arredondados para múltiplos de 10. INCA, 2017.
capítulo 1 • 21
Epidemiologia, atividade física e saúde
A partir do conhecimento da prevalência dos fatores de risco para as DCNT’s, 
você deve ter percebido um grande componente de natureza comportamental que 
explica o surgimento desses agravos à saúde, incluído a dieta, o tabagismo, o abuso 
de bebidas alcoólicas, drogas lícitas e ilícitas e o sedentarismo. Perceba também 
que, devido à natureza diversificada dos fatores de risco, há a necessidade mul-
tidisciplinar nas ações preventivas que podem ter grande eficácia, impactando a 
prevalência destes quadros, bem como a redução dos custos dos sistemas de saúde.
Neste sentido, a atividade física adequada, orientada por profissionais capa-
citados representa um meio de promoção da saúde. Muitos estudos, nas últimas 
décadas têm demonstrado, de forma consistente, que a boa aptidão física e níveis 
adequados de atividade física estão associados à redução no risco de doença arterial 
coronariana, DM, HAS e câncer.
Portanto, os benefícios da atividade física para a promoção da saúde são bem 
estabelecidos e além de reduzir o risco da doenças mencionadas anteriormente, a 
atividade física ainda é capaz de promover efeitos positivos sobre a saúde mental 
e retardar o desenvolvimento de quadros de demência, além de auxiliar na manu-
tenção adequada da massa ou do peso corporal.
Tendo em vista a estreita relação entre a prática regular de atividades físicas 
e a promoção da saúde, a Organização Mundial da Saúde e os países-membros, 
incluindo o Brasil, concordaram em promover ações e políticas direcionadas para 
a redução da inatividade física, em pelo menos 10%, dentre a prevalência de se-
dentarismo em cada país, até o ano de 2025. 
Apesar de parecer ser consenso na sociedade que a prática regular de atividades 
físicas de forma orientada e adequada pode levar a efeitos positivos sobre vários 
aspectos da saúde, o sedentarismo ainda é um grande problema. Você prova-
velmente pode achar isso um contrassenso, porém em um estudo publicado em 
2018, no qual foram abordadas 358 pesquisas de 168 países, incluindo 1,9 milhão 
de sujeitos dentre esses estudos, o que representa 96% da população mundial, 
ficou demonstrado que a prevalência da prática insuficiente de atividade física 
atinge 27,5% da população mundial, um dado alarmante. Os estudos utilizados 
nesta pesquisa representaram um levantamento de dados referentes ao período 
entre os anos 2001 e 2016.
capítulo 1 • 22
Nesta pesquisa, os autores ressaltam que uma fração maior do que um quarto 
da população adulta no mundo (27,5%) encontrou-se insuficientemente ativo 
no ano de 2016, e em comparação com o ano 2001, pôde-se observar que houve 
uma redução discreta no sedentarismo no mundo que era de 28,5% naquele ano. 
O quadro atual coloca mais de 1,4 milhão de indivíduos na idade adulta em um 
quadro de sedentarismo e, consequentemente, com risco aumentado de desenvol-
vimento de doenças associadas à inatividade física.
Na comparação entre homens e mulheres, as mulheres apresentaram-se mais 
sedentárias que os homens, com uma diferença de 6% na comparação entre os 
dois sexos, ocorrendo uma prevalência de sedentários de 25,5% e 31,5% para 
homens e mulheres, respectivamente.
Com base nessas informações, fica evidente que a meta de redução da preva-
lência do sedentarismo no mundo estabelecida pela OMS não está sendo alcan-
çada. Contudo, deve-se destacar que neste período o problema do sedentarismo 
tornou-se ainda mais grave nos países ocidentais desenvolvidos e nos países em 
desenvolvimento, incluindo as nações da América do Sul e do Caribe. Nestas re-
giões, a prevalência do sedentarismo aumentou em mais de cinco pontos percen-
tuais na comparação entre os anos 2001 e 2016. Na América Latina e no Caribe, a 
prevalência do sedentarismo passou de 33,4% em 2001 para 39,1% em 2016, ou 
seja, você se encontra em uma região em que a inatividade física tem prevalência 
maior do que a média mundial.
Para o Brasil, esse estudo revelou alguns dados nada animadores nesse cenário. 
Brasil, Alemanha, Bulgária e Cingapura estão entre os países em que houve maior 
aumento da prevalência a inatividade física no mundo, para as comparações entre 
os anos de 2001 e 2016. A prevalência da atividade física insuficiente no Brasil 
foi estimada em aproximadamente 45% para a população masculina e em mais de 
50% da população feminina, um resultado muito grave. Tomando em conjunto 
os números de homens e mulheres, esse estudo revelou que quase metade da po-
pulação brasileira encontra-se insuficientemente ativa, uma situação que definiti-
vamente deve deixar você assustado.
Dentre os fatores que podem explicar esses dados, é apontada a rápida ur-
banização de países como Brasil, Argentina e Colômbia e um crescimento das 
cidades que não é acompanhado com infraestrutura adequada para estimular a 
população à prática de atividades físicas. Vale ressaltar que a mensuração dos níveis 
de atividade física na população inclui, além da prática orientada e controlada de 
exercícios, por meio de programas de treinamento, adesão a práticas formais de 
capítulo 1 • 23
exercícios físicos, mas também as atividades físicas associadas às atividades laborais 
que tendem à redução na medida em que a urbanização, aliada ao desenvolvimen-
to tecnológico, ocupa o lugar do ambiente rural e de atividades de trabalho que 
exijam esforço físico. 
É justamente neste cenário que diferentes políticas públicas devem ser pen-
sadas e colocadas em prática, como a construção de ciclovias, infraestrutura ade-
quada para caminhada e corrida, parques e estações que estimulem a prática de 
exercícios nos espaços públicos, nas comunidades e nos ambientes de trabalho, 
ampliando as oportunidades para a prática de atividade física e melhorando as 
condições de mobilidade urbana. 
 Nos próximos capítulos deste livro, você será conduzido através de um 
aprofundamento a compreender o papel da atividade física regular, da opção por 
um estilo de vida fisicamente ativo e, portanto, da relação direta entre a prática de 
exercícios físicos na promoção de saúde, prevenção e tratamento não farmacológi-
co de DCNT’s. 
REFLEXÃO
Agora que você foi apresentado aos principais indicadores, coeficientes em estudos epi-
demiológicos, bem como à evolução da incidência dos diferentes tipos de doenças, é muito 
importante você perceber que os agravos a saúde prejudicam a qualidade de vida da popu-lação e representam altos custos aos sistemas de saúde que predominam na atualidade. 
Estes indicadores são em muitos casos evitáveis a partir da adoção de um estilo de vida mais 
ativo, com melhores escolhas alimentares e até com um comportamento social de menor 
exposição ao risco. 
Nesse cenário, fica evidente que o sedentarismo representa um comportamento que 
eleva significativamente o risco de aquisição de muitas DCNT’s, e assim você pode associar 
de forma clara que os profissionais de Educação Física passam a ter papel extremamente 
relevante com agentes de transformação, prevenção e controle de quadros de saúde, promo-
vendo a manutenção e até a melhoria da qualidade de vida da população geral, independen-
temente do sexo ou da faixa etária. 
A inatividade física ou o sedentarismo é o principal fator de risco para DCNT se exerce 
efeito negativo sobre a saúde metal e a qualidade de vida. Uma vez que as estimativas de 
prevalência de sedentarismo estão na ordem de 27,5% no mundo e de 47% para o Brasil, 
fica evidente que ainda existe muito que ser feito para mudar essa situação, desde políticas 
capítulo 1 • 24
públicas de incentivo à prática desportiva, até pequenas ações dos profissionais de Educação 
Física, que devem se apropriar da responsabilidade de contribuir para alterar esse cenário.
Apesar de ser muito alarmante o fato de quase metade da população brasileira ser se-
dentária, você pode olhar para essa situação com outro ponto de vista. Com base nessa 
realidade, a sua responsabilidade e o seu papel diante da sociedade na promoção de hábitos 
de vida mais ativos passam a ser ainda mais relevantes. Somado a isso, podemos ainda as-
sumir que, por questões de mercado, você, enquanto futuro profissional de Educação Física, 
tem uma grande fração da população brasileira como cliente em potencial e assim espaço e 
mercado de trabalho.
ATIVIDADES
Agora que você fez a leitura de todo o texto, responda às questões para refletir sobre o 
que foi apresentado até aqui e consolidar pontos que foram apresentados ao longo deste 
capítulo. 
01. (Faculdade de Medicina do ABC) Sabendo-se que a prevalência e incidência são medi-
das de frequência, é correto afirmar que
a) a prevalência representa o número de casos presentes (novos e antigos) em deter-
minada comunidade em um período de tempo especificado; a incidência, o número de 
casos novos.
b) a incidência representa o número de casos presentes (novos e antigos) em determinada 
comunidade em um período de tempo.
c) a prevalência representa o risco de ocorrência (casos novos) de doença na população, 
sendo assim uma medida estática.
d) prevalência e incidência são números de dados presentes em determinada comunidade 
e um período de tempo especificado e representa o risco de ocorrência em função do 
tempo. 
02. (Santa Casa de Misericória – EMESCAM, 2009). Um novo tratamento para uma doença 
não infecciosa, capaz de evitar a morte, mas não de levar a cura, ocasionará, no comporta-
mento desta doença
a) aumento da prevalência.
b) redução da prevalência. 
c) aumento da incidência. 
d) redução da incidência. 
e) não haverá alteração.
capítulo 1 • 25
03. (Fundação João Goulart – FJG-RJ, 2011) Vários indicadores são utilizados para avaliar 
o comportamento da doença. Dentre eles, o mais adequado para avaliar a agressividade de 
uma doença é a sua
a) morbidade.
b) letalidade. 
c) incidência. 
d) mortalidade. 
e) nenhuma das respostas anteriores. 
04. (Centro Educacional Serra dos Órgãos – UNIFESO, 2007) Qual é a taxa que mede o 
risco de se adquirir uma doença? 
a) Letalidade
b) Mortalidade por determinada doença
c) Incidência
d) Prevalência
e) Nenhuma das respostas anteriores
05. O sedentarismo ou inatividade física representa uma condição que está diretamente 
relacionada ao surgimento de diversas doenças, como as doenças cardiovasculares, o diabe-
tes, e os diferentes tipos de câncer, como o câncer de mama e de colo de intestino, além de 
favorecer a dislipidemia, a obesidade e o desenvolvimento de quadros cognitivos que afetam 
a saúde mental. Diante deste cenário, a Organização Mundial da Saúde, traçou uma meta 
ambiciosa para reduzir o sedentarismo, na qual todos os países-membros concordaram em 
atingir essa meta até o ano de 2025. Essa meta de redução é da ordem de?
a) 5%
b) 10%
c) 30%
d) 50%
e) 100%
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO, J. D. (in memorian). Polarização epidemiológica no Brasil* – Epidemiological Polarization in 
Brazil. Epidemiol. Serv. Saúde. Brasília, 21(4): 533-538, out.-dez. 2012. 
Brasil. Ministério da Saúde. A vigilância, o controle e a prevenção das doenças crônicas não 
transmissíveis: DCNT no contexto do Sistema Único de Saúde brasileiro. Brasil. Ministério da Saúde 
– Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005.
capítulo 1 • 26
BUCHALLA, C. M., WALDMAN, E. A., LAURENTI, R. A mortalidade por doenças infecciosas no início e 
no final do século XX no município de São Paulo. Rev. Bras. Epidemiol. v. 6, n. 4, p. 335-344, 2003.
Estimativa 2018: incidência de câncer no Brasil. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da 
Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Rio de Janeiro: INCA, 2017.
GUTHOLD, R.; STEVENS G. A.; L. RILEY; L. M.; BULL, F. C. Worldwide trends in insufficient 
physical activity from 2001 to 2016: a pooled analysis of 358 population-based surveys with 1.9 
million participants. Lancet Glob Health 6: e1077-86, 2018.
LIMA J. G.; SANTOS JR. A. C.; NÓBREGA, L. H. C.; ANDRADA, N. C.; STEIN A. T.; GONÇALVES, 
M.; LOBE, M. C. S.; SORINO, E. A.; ANDRADA, N. C. Diabetes Mellitus Tipo 2: Prevenção. Projeto 
Diretrizes – Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, 2011.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) [base de dados na internet]. 2018. 
LILIENFELD, A. M.; LILIENFELD, D. E. Foundations of epidemiology. 2nd ed. Oxford: Oxford 
University Press, 1980.
MUKHERJEE, S. O imperador de todos os males: uma biografia do câncer. 1. ed. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2012.
OMRAN, A. R. The Epidemiologic Transition: a theory of the epidemiology of population change. 
Milbank Q1971; 49: 38-74.
Organización Mundial De La Salud. Epidemiologia: guia de metodos de enseñanza. Washington, DC, 
1973.
PITANGA, F. J. G. Epidemiologia, atividade física e saúde. Rev. Bras. Ciên. e Mov. Brasília v.10 n.3 
p.49-54, 2002.
REIS, R. S. Epidemiologia: conceitos e aplicabilidade no Sistema Único de Saúde. São Luís: EDUFMA, 
2017.
ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia e Saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2003.
SUSSER, M. & SUSSER, E. Chosing a future for epidemiology. Part I: Eras and Paradigms. American 
Journal of Public Health. 86, 668-673, 1996.
World Health Organization Quality Of Life (WHOQOL) Group. Development of the WHOQOL: 
rationale and current status. Int. J. Ment. Health 23 (3): 24-56, 1994.
The WHOQOL Group. The World Health Organization quality of life assessment (WHOQOL): 
position paper from the World Health Organization. Soc. Sci. Med. 41:1403-10, 1995.
WHO. Global action plan for the prevention and control of non communicable diseases 2013-
2020. Geneva: World Health Organization, 2013.
Atividade física 
e doenças 
metabólicas
2
capítulo 2 • 28
Atividade física e doenças metabólicas
Nesse capítulo você irá aprender as principais características fisiopatológicas da 
síndrome metabólica e, em seguida, será apresentado às principais recomendações 
de prescrição da atividade física para os indivíduos que manifestam essa condição. 
O termo “síndrome” tem origem da palavra grega syndromé cujo significado é 
“reunião”. Dessa forma, este termo, bastante usado para definir determinada con-
dição fisiopatológica, designa um conjunto de fatores, sinais e sintomas que po-
dem ter origem comum ou independente, conhecida ou desconhecida, mas que, 
tomadas em conjunto, definem as manifestações clínicas do quadro patológico. 
A síndrome metabólica é caracterizadapela manifestação de pelo menos três 
de cinco achados clínicos, sendo eles obesidade central, hipertensão arterial, au-
mento dos níveis de triglicerídeos plasmáticos, redução nos níveis plasmáticos da 
lipoproteína de alta densidade (HDL) e a resistência à insulina. Todavia, é agora 
que você, futuro profissional de Educação Física em todo seu espectro, deve re-
conhecer a importância de sua atuação profissional na medida em que diversos 
estudos demonstram que a prática regular e adequada de exercícios físicos, super-
visionada por profissionais habilitados, pode promover efeitos importantes sobre 
esse conjunto de fatores, reduzindo ou até revertendo-os.
Assim, a atividade física representa uma estratégia essencial na prevenção e no 
tratamento desse quadro patológico. A seguir, você será conduzido a compreender 
justamente como a síndrome metabólica se desenvolve; você será apresentado aos 
principais fatores de risco deste quadro e mais importante de tudo, é fundamental 
que você, por meio do estudo deste capítulo, aprenda a estabelecer as relações en-
tre o estilo de vida sedentário que está tão presente na nossa sociedade atual, como 
visto no capítulo anterior, com o surgimento destas doenças. Finalmente, não 
deixe de reconhecer a responsabilidade que o profissional de Educação Física deve 
assumir perante esse cenário, na promoção de hábitos de vida saudáveis, em um 
estilo de vida ativa que possa reverter e prevenir, evitando assim que a síndrome 
metabólica se desenvolva.
OBJETIVOS
• Compreender a etiologia da síndrome metabólica;
• Identificar os fatores de risco da síndrome metabólica;
capítulo 2 • 29
• Correlacionar o estilo de vida sedentário ao quadro patológico.;
• Reconhecer o papel do exercício físico. 
Síndrome metabólica
De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, a síndrome metabólica 
é definida pela manifestação em conjunto de três alterações metabólicas dentre 
cinco fatores de risco que incluem a observação de obesidade central, elevação da 
pressão arterial, considerando pressão arterial sistólica ≥ 130 mmHg ou pressão 
arterial diastólica ≥ 85 mmHg, elevados níveis plasmáticos de triglicerídeos acima 
de 150 mg/dL, níveis reduzidos de lipoproteínas de alta densidade (HDL), abaixo 
de 40 mg/dL em homens e menores que 50 mg/dL em mulheres, além de resistên-
cia à insulina, determinada por níveis de glicemia em jejum ≥ 100 mg/dL. Esses 
critérios estão reunidos na tabela 1, a seguir.
FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE DIABETES (2009)
Critério Obesidade(CA) Glicemia Triglicerídeos HDL-C Pressão Arterial
Três de 
cinco 
fatores 
de 
risco
> 102 cm 
(homens)
> 88 cm 
(mulheres)
≥ 100 
mg/dL
≥ 150 
mg/dL
< 40 mg/
dL (ho-
mens) < 
50 mg/dL 
(mulheres)
≥ 130/85 
mmHg ou 
terapia 
anti-hipertensiva
Tabela 2.1 – Critérios clínicos da síndrome metabólica de acordo 
com a Federação Internacional de Diabetes. CA, circunferência 
abdominal. HDL-C, lipoproteína de alta densidade – colesterol.
A prevalência da síndrome metabólica em todo o mundo está estimada em 
mais de 20% da população adulta. No Brasil, estudos indicam uma prevalência 
de 18% para homens e 30% em mulheres, aumentando conforme a idade. Dessa 
forma pode-se dizer que é uma doença mais incidente em mulheres e idosos. 
A obesidade central ou abdominal, dentre os cinco fatores de risco, se apresen-
ta como o fator mais predominante. A obesidade, que é determinada pelo índice 
de massa corporal (IMC) igual ou maior que 30, é descrita como uma pandemia 
global e estima-se que até 2030, 50% da população adulta será obesa. 
O acúmulo de gordura abdominal, mais do outros depósitos de gordura está 
diretamente correlacionado a um aumento no risco de quadros de inflamação sis-
têmica, hiperlipidemia, resistência à insulina e doenças cardiovasculares. De fato 
capítulo 2 • 30
existe, um debate se a obesidade ou a resistência à insulina são as características 
centrais na etiologia da síndrome metabólica. Perceba então, por conta desses fa-
tores que a parcela da população que se enquadra nos critérios de diagnóstico da 
síndrome metabólica é três vezes mais propensa a desenvolver doenças cardiovas-
culares além de terem cinco vezes mais chance de desenvolver diabetes tipo II.
Etiologia da síndrome metabólica
A origem da síndrome metabólica é uma história muito bem conhecida por 
todos nós. Você com certeza conhece alguém que é sedentário por muito anos ou 
que começou a ganhar peso, incluindo acúmulo de gordura na região abdominal. 
Essas mudanças envolvem fatores ambientais e genéticos e simultaneamente se 
observa uma dificuldade na ação da insulina sobre os tecidos, o que leva uma ten-
dência de hiperglicemia em jejum; o que vem primeiro? Embora muitos estudos 
tenham sido feitos nas últimas décadas, sua origem exata não está completamen-
te compreendida.
A ciência não sabe ao certo, e talvez essa não seja a principal pergunta. Apesar 
disso, você deve ter percebido que são vários os fatores e mecanismos envolvidos 
no quadro, incluindo; além da resistência a insulina, fatores como disfunções no 
tecido adiposo, inflamações crônicas, estresse oxidativo, disrupção do ciclo circa-
diano, microbiota, fatores genéticos, dentre outros. 
A seguir, você terá oportunidade de aprofundar o conhecimento sobre alguns 
destes principais fatores relacionados à origem da síndrome metabólica.
Resistência à insulina
Você deve tomar conhecimento que a síndrome metabólica também pode ser 
conhecida como síndrome de resistência à insulina, devido ao importante papel 
que a resistência a esse hormônio provoca no desenvolvimento desse quadro. Essa 
terminologia é adotada pelo Grupo Europeu de Estudos em Resistência à Insulina 
e pela Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos em detrimento ao ter-
mo síndrome metabólica. 
O quadro de resistência à insulina é o que caracteriza a doença conhecida 
como diabete melito tipo II, Essa doença é responsável por cerca de 90% de todos 
os casos de diabetes. Neste caso, não há destruição das ilhotas pancreáticas nem 
tampouco um quadro autoimune como observado no diabetes tipo I. Outro fato 
capítulo 2 • 31
que deve ser ressaltado é que 80% dos diabéticos do tipo II apresentam algum 
grau de obesidade, principalmente com um perfil androgênico, devido ao acúmu-
lo de gordura abdominovisceral. É importante, entretanto que você saiba que a 
obesidade não é causada pelo diabetes; o diabetes na verdade tende a provocar o 
emagrecimento, por um lado é a obesidade que tem participação central no de-
senvolvimento da resistência à insulina. Por outro lado, nem todos os obesos com 
acúmulo de gordura abdominal se tornam diabéticos, isso porque existem fatores 
genéticos que predispõem ao desenvolvimento do diabetes do tipo II. 
O desenvolvimento dessa doença é progressivo e crônico; à medida que a 
resistência à insulina aumento, maior será a hiperglicemia e mais as células β-pan-
creáticas se tornam disfuncionais, formando um círculo vicioso. Em uma fase 
precoce, o pâncreas consegue aumentar a produção de insulina, mas após vários 
anos da doença fora de controle, muitos diabéticos tipo II passam a apresentar 
deficiência quase absoluta na secreção deste hormônio. Em contrapartida, você 
precisa saber que todo esse processo pode ser contido ou até revertido, princi-
palmente se tratado precocemente, e uma medida fundamental é a correção do 
peso corporal, revertendo a obesidade. Dessa forma, fica evidente, a importância 
da sua atuação, como profissional de Educação Física na promoção da saúde da 
população em geral.
Para que você possa compreender a resistência à insulina, é importante re-
lembrar os principais mecanismos de ação e de sinalização deste hormônio. Em 
uma situação normal, o aumento da glicemia decorrente da ingestão de alimentos 
estimula a liberação de insulina pelas células β-pancreáticas (figura 1) e dentre os 
principais efeitos, a insulina estimula a captação de glicose nas células musculares 
e no tecido adiposo, levando a um efeito hipoglicemiante(figura 2). Além disso, a 
insulina ainda exerce efeitos que promovem a síntese de glicogênio no fígado e nos 
músculos esqueléticos, bem como a síntese de ácidos graxos e triglicerídeos que 
são estocados no tecido adiposo e a supressão da gliconeogênese.
capítulo 2 • 32
Figura 2.1 – Anatomia do pâncreas (a) – anatomia macroscópica. (b) Células da ilhota 
de Langerhans, que constituem o pâncreas endócrino. Silverthorn, 2017. Adaptado. 
Glucagon
Insulina
Oxidação da glicose
Síntese de glicogênio
Síntese de gordura
Síntese de proteínas
Figura 2.2 – O controle do metabolismo se dá pela razão insulina/glucagon, em que 
as ações da insulina predominam no estado alimentado. Silverthorn, 2017. Adaptado.
Todos esses efeitos fi siológicos, ocorrendo de forma integrada, levam a efei-
tos sinérgicos que somados, reduzem os níveis plasmáticos de glicose para níveis 
normais. O passo limitante para o efeito de redução da glicemia pela insulina 
recai sobre a ativação dos transportadores de glicose (GLUT4) nos músculos e no 
tecido adiposo, cujo mecanismo é dependente da ação da insulina, que é capaz de 
provocar o deslocamento do GLUT4 do citosol para as membranas dessas células, 
garantindo a entrada da glicose nas células (fi gura 3).
capítulo 2 • 33
Líquido
extracelualar Glicose
Vesícula
secretória
Proteína
transportadora
GLUT 4
Músculo
esquelé�co
em repouso ou
célula adiposa
Receptor de insulida
Glicose
GLUT 4
A insulina
liga-se ao
receptor
1
Exocitose3
A glicose
entra na célula
4
Cascata de
transdução
de sinal
2
Figura 2.3 – Mecanismo de ação da insulina, em tecidos 
dependentes de insulina. Silverthorn, 2017. Adaptado. 
Em uma situação anormal, com a resistência à insulina, é observada em uma 
primeira fase, a perda da secreção inicial de insulina em resposta a elevação da gli-
cemia após a dieta, resultando em hiperglicemia pós-prandial. Em seguida, ocor-
re uma segunda fase, caracterizada por uma secreção exagerada de insulina, oca-
sionando hiperinsulinemia crônica. Com isso, tecidos dependentes da insulina, 
como o músculo e o tecido adiposo não conseguem ser sensibilizados pela insulina 
e, portanto não respondem adequadamente à ação deste hormônio. 
Dessa forma, você deve imaginar que os efeitos mediados pela insulina, como 
a captação de glicose, a ativação da glicólise no tecido adiposo e a síntese de gli-
cogênio ficam comprometidos. Com o passar do tempo, a resistência à insulina 
capítulo 2 • 34
se agrava, e as células β-pancreáticas gradualmente ficam estressadas e entram em 
apoptose, representada pela morte celular programada, e dessa forma podem per-
der completamente suas funções. Sem a ação da insulina, a hiperglicemia irá per-
sistir; com isso a fase tardia da diabetes tipo II é semelhante ao diabético tipo I, 
que passa a depender da injeção de insulina para controlar a glicemia. 
Neste cenário, a adição de intervenções por meio da adequação da dieta e 
da prática de exercícios pode amenizar a resistência à insulina ou as funções das 
células β-pancreáticas. 
Disfunção das células β-pancreáticas
Estudos indicam que a disfunção das células β-pancreáticas está altamente 
correlacionada à severidade da síndrome metabólica independentemente de outros 
fatores. Portanto, a recuperação da função normal destas células é uma importante 
estratégia para amenizar o quadro. Neste sentido, é importante ressaltar a sugestão 
do aumento do condicionamento cardiorrespiratório está associado positivamente 
com a recuperação da função das células β-pancreáticas em indivíduos com sín-
drome metabólica, independentemente da composição corporal e outros fatores 
de risco. Em anos recentes, abordagens visando ao condicionamento cardiovas-
cular têm recebido mais atenção. Em uma meta análise que abordou a relação 
do condicionamento físico e do índice de massa corporal com a mortalidade, foi 
demonstrado que indivíduos sedentários, com baixos níveis de condicionamento 
cardiorrespiratório apresentam o dobro do risco de mortalidade, independente-
mente do índice de massa corporal. 
PERGUNTA
Você saberia dizer qual é o significado metabólico do termo resistência à 
insulina?
Para respondermos a essa questão, é necessário aprofundarmos o assunto, e relem-
brarmos questões bioquímicas e metabólicas. Você deve se lembrar de que, normalmente, 
a insulina se liga ao seu receptor (IR), uma proteína de membrana plasmática para exercer 
seus efeitos. Essa ligação ativa a função enzimática de receptor, resultando na fosforilação 
de resíduos de tirosina dessa proteína. Na sequência, as proteínas que atuam como substra-
tos do IR (IRS) são recrutadas e fosforiladas, desencadeando uma cascata de comunicação 
celular que leva à transferência de grupos fosfato para diferentes proteínas intracelulares, 
capítulo 2 • 35
resultando na ativação de várias rotas de sinalização e, consequentemente, diferentes res-
postas metabólicas, incluindo o deslocamento do GLUT4 para a membrana, a ativação da 
síntese de glicogênio, proteínas e a lipogênese.
Em um quadro de resistência à insulina, as vias de sinalização que dependem da transfe-
rência de grupos fosfato ficam comprometidas, resultando na redução da expressão e deslo-
camento do GLUT4, reduzindo a captação de glicose supressão das reservas de glicogênio 
e da síntese de proteínas. Essa deficiência na sinalização celular da insulina ainda leva a 
disfunções no controle de expressão gênica, resultando na síntese de VLDL. Os mecanismos 
da resistência a insulina ainda não estão completamente compreendidos, mas já se sabe que 
é a maior causa de obesidade associada ao sistema nervoso central por alterar o apetite e o 
comportamento alimentar. No tecido adiposo, a resistência à insulina leva à hiperlipidemia e 
inflamação, no tecido hepático, está associada à hiperglicemia, no coração, pode levar à insu-
ficiência cardíaca. A resistência à insulina impacta a regeneração das células β-pancreáticas, 
apresenta efeitos sobre o endotélio vascular promovendo hipertensão. A ausência dos efei-
tos da insulina sobre os músculos esqueléticos e tecido ósseo compromete a homeostase 
glicêmica; em conjunto, esses fatores encurtam o tempo de vida.
Obesidade
A obesidade é diretamente associada a uma variedade de doenças crônicas, 
como doenças cardiovasculares, diabetes melito tipo II, esteatose hepática e dife-
rentes tipos de cânceres. A combinação do sedentarismo com a má alimentação 
contribui para o desequilíbrio energético em que o excesso de calorias supera o 
gasto energético diário, promovendo acúmulo de gordura corporal e obesidade. 
Nestes casos, quase sempre se observa elevação dos níveis plasmáticos de triglice-
rídeos, que representa um importante fator de risco para o desenvolvimento da 
resistência à insulina e de um quadro inflamatório. 
O tecido adiposo é hoje reconhecido como um tecido endócrino capaz de 
secretar várias adipocinas, que são fatores hormonais produzidos pelos adipócitos, 
com capacidade de atuar em outros órgãos ou tecidos do corpo. Um exemplo 
muito interessante é o do hormônio leptina. A leptina é um hormônio produzido 
e liberado pelo tecido adiposo e que atua no hipotálamo, promovendo um efeito 
de saciedade, reduzindo a fome e, consequentemente, a ingestão de alimentos. 
Com base nessa informação, você então poderia se perguntar, por que as pes-
soas obesas sentem fome? Acontece que em indivíduos obesos os níveis de leptina 
capítulo 2 • 36
são sim mais elevados, mas de forma parecida à resistência a insulina, estes sujeitos 
também apresentam resistência à ação da leptina, acarretando uma condição em 
que a saciedade não ocorre.
Adicionalmente, com o aumento do tecido adiposo durante o desenvolvimen-
to da obesidade, ocorre um grande aumento na expressão do angiotensinogênio, 
precursor da angiotensina I e II, vasoconstrictores, que por sua vez aumentam a 
atividade do sistema nervoso simpático e, consequentemente, promovem um au-
mento da pressão arterial, outro importantefator de risco da síndrome metabólica.
Inflamação crônica
Em quadros de obesidade, diabetes tipo II, doenças cardiovasculares e outros 
fatores de risco associados à síndrome metabólica, têm sido observado algum grau 
de inflamação crônica decorrente aos efeitos desses distúrbios metabólicos sobre o 
sistema imunológico. 
Como você viu anteriormente, o tecido adiposo não é meramente um local de 
depósito de gordura; hoje a ciência já demonstrou que esse tecido é um poderoso 
órgão autócrino, parácrino e endócrino, na medida em que é capaz de produzir e 
secretar diversos fatores químicos. Em circunstâncias de acúmulo de massa gorda, 
durante o desenvolvimento da obesidade, várias substâncias que ativam a infla-
mação como interleucinas, TNFβ, são secretadas. Esses fatores criam um círculo 
vicioso, ao promover a ativação de macrófagos do tecido adiposo que, por sua vez, 
produz mais citocinas pró- inflamatórias exacerbando o quadro de inflamação 
sistêmica que está associado à resistência a insulina.
Um quadro de inflamação crônica ainda está associado à formação de placas 
de ateroma, um quadro conhecido como aterosclerose, que acomete o endotélio, 
ou seja, a camada mais íntima das artérias de grande e médio calibre, ocorren-
do principalmente nas bifurcações das artérias, em que o fluxo de sangue é mais 
turbulento. A combinação da hipertensão com o quadro inflamatório representa 
uma agressão ao endotélio vascular, que por sua vez leva a uma disfunção dessas 
células que se tornam mais permeáveis aos LDL. As lipoproteínas que já estão au-
mentadas no sangue que acabam sendo oxidadas e desencadeando uma sequência 
de eventos que começa com a adesão de leucócitos, monócitos, linfócitos e o acú-
mulo de gordura; finalmente células do músculo liso modificadas produzem ma-
terial fibroso que caracterizam a placa de ateroma. Essa placa irá atrapalhar ou até 
mesmo se desprender e obstruir o fluxo de sangue para alguma região do corpo.
capítulo 2 • 37
Papel do exercício na síndrome metabólica
Agora que você conhece os fatores de risco da síndrome metabólica e sua asso-
ciação à inatividade física deve perceber a relevância de se traçarem estratégias para 
reverter ou controlar esse quadro. Muitos dos fatores de risco podem ser contro-
lados ou revertidos com terapia farmacológica. A medicina conta com uma gama 
muito grande de medicamentos específicos que podem ser prescritos para esses 
sujeitos. Em contrapartida, simples mudanças no estilo de vida, especialmente 
por meio da adoção de uma vida fisicamente ativa, podem ter grande impacto na 
saúde dessas pessoas.
Muitos estudos têm demonstrado uma forte relação entre obesidade e seden-
tarismo, além disso, a síndrome metabólica está associada à inatividade física e ao 
baixo condicionamento cardiovascular. Em um estudo prospectivo, realizado em 
2015 por Greer e colaboradores, envolvendo 930 homens, foi demonstrado que 
os sujeitos com comportamento altamente sedentários apresentam um aumento 
em 76% no risco de desenvolver a síndrome metabólica. O acúmulo de gordura 
abdominal é uma condição reversível e a sua redução pode levar a efeitos exce-
lentes, ao reduzir o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e da 
síndrome metabólica.
Muitos estudos demonstram efeitos do exercício sobre os fatores de risco. 
Estudos observando adultos obesos ou com sobrepeso demonstram melhoria do 
condicionamento cardiovascular como efeito do exercício. Evidências indicam 
que o exercício é capaz de reduzir significativamente os níveis de lipoproteínas e 
colesterol; esses efeitos ainda parecem ser mais importantes à medida que a inten-
sidade do exercício aumenta, controlando assim a dislipidemia. 
Adicionalmente, vários estudos também reportam que o exercício pode levar 
à redução do acúmulo de gordura abdominal, que é um indicador de saúde mais 
importante do que o total de gordura corporal pelo fato de estar mais associado 
aos quadros inflamatórios. De fato, o treinamento tem sido visto como uma estra-
tégia que leva à melhoria do quadro inflamatório, mesmo sem provocar redução 
do peso corporal. Fatores como a redução da hipóxia ao tecido adiposo, devido à 
melhoria do fluxo sanguíneo combinado com diminuição do estresse oxidativo, 
representam os efeitos anti-inflamatórios do exercício físico. Apesar disso, nem 
todos os estudos reportam evidências dos efeitos do exercício sobre marcadores 
de inflamação e, portanto não está completamente compreendido se esses efeitos 
capítulo 2 • 38
ocorrem de forma independente à perda de peso ou dependem da perda de peso 
promovida pelo exercício físico. 
Você pode estar se questionando então sobre o tipo e a dose de exercício que 
devem ser prescritos. Neste sentido, não existe um consenso para casos de infla-
mação sistêmica, porém o Colégio Americano de Medicina Esportiva dispõe de 
recomendações de programas de exercício para o controle do peso e melhoria do 
status geral de saúde, indicando entre 150-250 minutos de exercício com inten-
sidade moderada a alta por semana como ideal, embora outros autores sugerirem 
a prática de 30 a 60 minutos de atividades diárias como requisito para provocar 
mudanças positivas. 
De fato, estudos indicam que exercícios de maior duração e intensidade são 
mais efetivos na redução da inflamação sistêmica, indicando efeito dose resposta 
do exercício. Em contrapartida, estudos recentes também revelam que programas 
de treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) reduzem o risco da sín-
drome metabólica. Sessões de HIIT, realizadas entre 2-3 vezes por semana, com 
intensidade de cerca de 80% do limiar aeróbio podem reduzir em cerca de 30% a 
prevalência da síndrome metabólica após nove meses de acompanhamento.
Um estudo realizado para comparar diferentes intensidades de exercício, uti-
lizou 75 sujeitos que foram divididos em três grupos com diferentes programas 
de treinamento; um programa de 10 mil passos diários, outro de caminhada de 1 
hora diária por 12 meses ou um programa de condicionamento com intensidade 
superior a 75% do VO2 de pico. Vários efeitos metabólicos e vasculares positivos 
foram observados em todos os grupos, incluindo redução do índice de massa cor-
poral, diminuição da circunferência abdominal, controle da glicemia, redução da 
resistência à insulina e controle de lipídeos plasmáticos. Contudo, os efeitos mais 
marcantes foram observados no grupo submetido ao programa de maior intensi-
dade, acima de 75% do VO2 de pico. 
Em contrapartida, foi publicada uma revisão sistemática em 2017 por Ostman 
e colaboradores, em que o objetivo foi de investigar se o exercício físico promove 
melhorias em aspectos clínicos em indivíduos com síndrome metabólica. Neste es-
tudo, os autores reuniram 16 estudos com um total de 800 participantes abordan-
do os efeitos do exercício sobre diferentes variáveis metabólicas e demonstraram 
que o treinamento aeróbio é capaz de produzir efeitos discretos sobre hiperglice-
mia em jejum, já a combinação do exercício aeróbio com o treinamento de resis-
tência é capaz de levar a uma redução de 13% nos níveis de triglicerídeos. Esses 
capítulo 2 • 39
efeitos são discretos, porém quando combinados à melhoria da aptidão cardiovas-
cular e controle da pressão arterial levam a efeitos expressivos na redução de risco. 
Contudo, neste estudo, os autores não encontraram diferenças significativas 
nos efeitos observados em decorrência ao exercício de intensidade moderada em 
comparação com o exercício vigoroso ou de alta intensidade e indicam a neces-
sidade de mais investigações aplicando programas de exercícios para grupos com 
diagnóstico de síndrome metabólica e, dessa forma, sugerem que essa população 
siga as recomendações da prescrição de exercícios indicada para sujeitos portado-
res de diabetes. Em linhas gerais, os autores concluem que diferentes programas 
de exercícios podem promover mudanças positivas na composição corporal, na 
capacidade cardiovascular e nas alterações metabólicas observadas emindivíduos 
portadores dessa síndrome.
Em resumo, você pode assumir que programas de exercícios produzem mu-
danças benéficas na composição corporal, no condicionamento cardiovascular e 
em marcadores metabólicos de sujeitos com síndrome metabólica, representando 
assim uma estratégia não só interessante, mas também fundamental para o con-
trole deste quadro clínico.
REFLEXÃO
No cenário atual, especialmente nos países desenvolvidos e em desenvolvimento como o 
Brasil, observa-se um aumento do estilo de vida sedentário associado à obesidade, que são 
indicados como os principais fatores para o aumento da incidência da síndrome metabólica. 
Existem muitas evidências que suportam a ideia de que programas de exercício podem 
reverter esse quadro, embora a intensidade ótima ou o melhor tipo de exercício ainda não es-
tejam esclarecidos, a adesão a um estilo de vida ativo é reconhecido em toda a comunidade 
cientifica na área da saúde como estratégia fundamental para controle e prevenção desse 
quadro patológico.
Uma reflexão importante que podemos fazer sobre a síndrome metabólica pode ser ba-
seada no fato deste quadro ser caracterizado pela combinação de vários fatores de risco. 
Neste sentido, de que adiantaria controlar a obesidade sem controlar a hipertensão, ou con-
trolar a resistência à insulina sem controlar a dislipidemia? 
A medicina já dispõe de muitas estratégias farmacológicas para prescrever medicamen-
tos capazes de atuar sobre aspectos metabólicos que controlam muitos desses fatores. No 
entanto, simples mudanças dos hábitos de vida, assumindo uma vida fisicamente ativa, com 
volume, intensidade e combinação de treinamentos adequados associado com dieta balan-
capítulo 2 • 40
ceada, têm grande potencial e efeitos, levando a alterações positivas da maioria desses fato-
res de risco. O exercício contribui para o controle da massa corporal, controle da dislipidemia 
e do quadro inflamatório, aliviando a resistência à insulina além de contribuir para o controle 
da pressão arterial.
Neste sentido, o papel do rofissional de Educação Física é fundamental, oferecendo 
produtos e serviços que solucionem ou amenizem esses quadros, atuando como agente de 
transformação que deve fazer parte dos programas ou protocolos de reversão deste quadro. 
Neste cenário, um desafio destes profissionais ainda inclui a necessidade de garantir a ade-
são e fidelização destes indivíduos a programas de treinamentos não só adequados, mas 
também atrativos. Mais uma vez, você deve reconhecer sua futura responsabilidade diante da 
sociedade na promoção da saúde e qualidade de vida. Entenda que com tamanha relevância, 
o profissional de Educação Física também deve assumir grande responsabilidade.
ATIVIDADES
Agora que você foi apresentado aos principais conceitos da síndrome metabólica e suas 
relações com a prática regular e exercícios físicos, aproveite os exercícios e atividades a se-
guir para rever o conteúdo que foi discutido até aqui. Sempre que necessário, volte e consulte 
o texto para que você possa transformar e consolidar o seu conhecimento.
01. Uma mulher, 55 anos chega ao ambulatório, solicitando avaliação para iniciar dieta e 
prática de exercícios visando à perda de peso. Ao exame, ela apresenta estatura de 1,62 m, 
massa corporal de 68 kg, circunferência abdominal de 92 cm, PA de 136 × 88 mmHg, FC 
de 92 bpm. Os exames laboratoriais revelam glicemia de 98 mg/dL, colesterol total de 250 
mg/dL, triglicerídeos de 145 mg/dL e HDL-colesterol igual a 46 mg/dL. De acordo com as 
diretrizes para síndrome metabólica, pode-se afirmar que, nesta mulher
a) já existem critérios para definir síndrome metabólica.
b) o valor do colesterol total auxilia na definição de síndrome metabólica.
c) os níveis de PA ainda não contribuem para o diagnóstico de síndrome.
d) se no próximo exame, o HDL-colesterol estiver abaixo de 40 ml/dL, haverá mais um 
critério para síndrome metabólica.
02. Uma mulher, 54 anos, matricula-se para iniciar a pratica de exercícios físicos com o 
objetivo de perder peso e no momento da anamnese, durante a avaliação relata que trouxe 
seus exames clínicos. Apresenta glicemia de jejum de 121 mg/dL, triglicerídeos de 175 mg/
capítulo 2 • 41
dL, HDL igual a 41 mg/dL, LDL de 188 mg/dL. Durante a avaliação, você calculou um IMC 
de 32, mensurou a circunferência abdominal de 91 cm e aferiu a pressão arterial: 145 × 87 
mmHg. Qual dos parâmetros dessa aluna não é definido como critério para a síndrome me-
tabólica?
a) Glicemia de jejum
b) HDL
c) Pressão arterial
d) Circunferência abdominal
e) LDL 
03. (Enem 2013) Adolescentes: mais altos, gordos e preguiçosos 
A oferta de produtos industrializados e a falta de tempo têm sua parcela de responsabili-
dade no aumento da silhueta dos jovens. “Os nossos hábitos alimentares, de modo geral, mu-
daram muito”, observa Vivian Ellinger, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia 
e Metabologia (SBEM), no Rio de Janeiro. Pesquisas mostram que, aqui no Brasil, estamos 
exagerando no sal e no açúcar, além de tomar pouco leite e comer menos frutas e feijão. 
Outro pecado, velho conhecido de quem exibe excesso de gordura por causa da gula, surge 
como marca da nova geração: a preguiça, “Cem por cento das meninas que participam do 
Programa não praticavam nenhum esporte”, revela a psicóloga Cristina Freire, que moni-
tora o desenvolvimento emocional das voluntárias. Você provavelmente já sabe quais são 
as consequências de uma rotina sedentária e cheia de gordura. “E não é novidade que os 
obesos têm uma sobrevida menor”, acredita Cláudia Cozer, endocrinologista da Associação 
Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Mas, se há cinco anos os 
estudos projetavam um futuro sombrio para os jovens, no cenário atual as doenças que viriam 
na velhice já são parte da rotina deles. “Os adolescentes já estão sofrendo com hipertensão 
e diabete”, exemplifica Cláudia. 
Sobre a relação entre os hábitos da população adolescente e as suas condições de saú-
de, as informações apresentadas no texto indicam que
a) a falta de atividade física somada a uma alimentação nutricionalmente desequilibrada 
constituem fatores relacionados ao aparecimento de doenças crônicas entre os ado-
lescentes.
b) a diminuição do consumo de alimentos fontes de carboidratos combinada com um maior 
consumo de alimentos ricos em proteínas contribuíram para o aumento da obesidade 
entre os adolescentes.
c) a maior participação dos alimentos industrializados e gordurosos na dieta da população 
adolescente tem tornado escasso o consumo de sais e açúcares, o que prejudica o 
equilíbrio metabólico.
capítulo 2 • 42
d) a ocorrência de casos de hipertensão e diabetes entre os adolescentes advém das con-
dições de alimentação, enquanto na população adulta os fatores hereditários são pre-
ponderantes.
e) a prática regular de atividade física é um importante fator de controle da diabetes entre a 
população adolescente, por provocar um constante aumento da pressão arterial sistólica.
04. (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes – Enade, Educação Física – INEP 
2013). Síndrome metabólica é o termo empregado para designar um conjunto de fatores de 
risco de origem metabólica que estão associados à mortalidade por diversas causas. Embo-
ra a síndrome metabólica seja caracterizada por grande variedade de fatores, há consenso 
na literatura sobre os seguintes componentes: intolerância à glicose, hipertensão arterial, 
dislipidemia e obesidade central. Esses problemas de saúde, por sua vez, estão relaciona-
dos diretamente a distúrbios alimentares e sedentarismo. Programas de exercícios físicos, 
associados a mudanças de hábitos alimentares, têm apresentado resultados satisfatórios no 
tratamento da síndrome metabólica. O esquema a seguir apresenta o conjunto de alterações 
decorrentes da prática de exercícios físicos. 
Combate à
síndrome
metabólica
Redução da
gordura
corporal
Melhorar

Outros materiais