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APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período PRÉ-NATAL Assistência Conjunto de cuidados destinados a mulher e, consequentemente ao feto, v isando o desenvolvimento saudável da gestação e garantindo o parto de um recém-nascido saudável sem impacto na saúde materna. Os objetivos das consultas pré-natal são: - Definir a condição de saúde da mãe e do feto. - Avaliar a idade gestacional (IG), comparando com o crescimento uterino. - Elaborar plano de cuidado obstétrico. O pré-natal de risco habitual pode ser realizado por enfermeiros ou médicos da UBS, não obrigatoriamente por um médico obstetra. - os atendimentos podem ser intercalamos entre enfermeiros e médicos. Em caso de alto risco, é necessário que seja realizado por uma equipe múltipla. Ainda na primeira consulta, a paciente deve receber a carteira de pré-natal, na qual devem ser anotados todos os dados. Ao final da gestação, deve-se orientar à gestante quanto aos sinais previstos para o TP (trabalho de parto): - Ritmo, f requência e intensidade das contrações; - Ruptura de bolsa de líquido amniótico; - Sinais de alerta; - Procedimentos durante a internação. AVALIAÇÃO DE RISCO O risco gestacional deve ser avaliado desde a 1ª consulta pré-natal, devendo ser reavaliado a cada retorno, na tentativa de avaliar o quanto antes possíveis anormalidades clínicas ou obstétricas. A caracterização do risco gravídico inicia-se com anamnese e exame clínico, aliada aos exames complementares. Encaminhamento pré-natal de alto risco: - Doenças sistêmicas (HAS, DM); - Aborto habitual; - Passado obstétrico; - Gemelaridade; - Acometimento fetal; - Neoplasia intraepitelial cervical III; - Infecção do trato urinário de repetição. Encaminhamento unidades de urgência e emergência: - Síndromes hemorrágicas; - Suspeita de eclâmpsia; - Crise hipertensiva (PA > 160x110); - RPM - aminiorrexe prematura (rotura das membranas antes do início do TP); - Hemoglobina < 8; - TPP (trabalho de parto prematuro); - Suspeita/diagnóstico de abdome agudo; - Cefaleia intensa e súbita. Obs: as gestantes que preencham os critérios de risco devem ser referenciadas para unidade de saúde que realize acompanhamento de alto risco, entretanto, a gestante deve continuar seu segmento da unidade inicial. Consultas Pré-natal De acordo com a OMS e com o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento do Ministério da Saúde, o número mínimo de consultas é 6, sendo: 1 no 1º trimestre, 2 no 2º trimestre e 3 no 3º trimestre. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetr íc ia (FEBRASGO) recomenda a realização de consultas mensais até a 28ª semana, quinzenais entre a 28-36ª semanas e semanais até o termo. Principalmente na 1ª consulta, é de suma importância a realização de uma anamnese e exame físico detalhados. É recomendado sempre realizar o cálculo da idade gestacional (IG) e, ainda na primeira consulta, calcular a data provável do parto (DPP). CÁLCULO IG Regra de Nagele: se baseia na data da última menstruação (DUM). - somar o número de dias corridos desde a DUM até o dia no qual está sendo avaliada a IG e dividir por 7. Há também o cálculo por meio da USG, recomenda-se a do 1º trimestre. CÁLCULO DPP Soma-se 7 ao dia da DUM e 9 ao número referente ao mês em que a DUM ocorreu. - Caso a DUM ocorra entre janeiro-março, basta subtrair 3 do mês da DUM para encontrar o mês correspondente. Exame físico No primeiro momento, avalia-se o estado nutricional, o peso e a altura, PA e variáveis para cálculo de IMC. O cálculo deve ser transcrito para a caderneta, uma vez que será o valor de referência ia para as próximas avaliações nutricionais da gestante. Exame das mamas: aumento das mamas, aumento da pigmentação da aréola primária, aparecimento de aréola secundária (sinal de Hunter), hipertrofia das glândulas sebáceas do mamilo (tubérculos de Montgomery) e rede venosa de Haller. APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período Exame pélvico: verificar anatomia genital (malformações, rupturas, cicatrizes), alterações de coloração, lesões e ulcerações. Deve-se avaliar também, o períneo e a região anal. - Logo após, exame com espéculo vaginal, avaliando paredes vaginais, características físicas do conteúdo vaginal e o colo uterino (pólipos). - A OMS recomenda o exame colpocitológico (papanicolau). - Há outros exames como: vaginite bacteriana (exame a fresco ou Gram do esfregaço vaginal ) e a pesquisa de Chlamydia trachomatis utilizando PCR ou captura híbrida. - Toque vaginal. Exame do abdome: inspeção, palpação, altura uterina e BCF (entre 110-160). - Buscam-se alterações da coloração (linha n ig rans ) , es t r i as , c ica t r i zes , tensão (polidrâmnio). - Manobra de Leopold: método palratório que consiste em 4 ações para detectar o posicionamento do bebê. Obs: altura uterina (AU) - regra de McDonald’s reflete o desenvolvimento do fetal intraútero após a 16ª-18ª semana. - Gestante em decúbito dorsal, útero na linha média e bexiga vazia. A fita deve ser estendida do bordo superior da sínfise púbica (osso da púbis) até o fundo uterino. Ao final da primeira consulta algumas orientações devem ser passadas para a gestante e acompanhante: - Sinais de alerta: perda de líquido os sangramento gen i ta l e redução dos movimentos fetais. - Orientações sobre modificações/adaptações do organismo à gravidez, - Cuidados para evitar risco de estrias, cloasma, varizes. - Preparo das mamas para a amamentação. - Trabalho de parto. - Alimentares e ganho de peso. - Vacinas e imunizações. Exames subsidiários - Exames sorológicos (hepatite B e C, HIV, VDRL, toxoplasmose, rubéola). - Hemograma. - Tipo sanguíneo e fator Rh. - Urina tipo I, urocultura e antibiograma. - Papanicolau - citologia cérvico-vaginal. - Exame parasitológico de fezes. - USG morfológica (entre 24-26ª semana). - Teste de tolerância oral a glicose com 75g de glicose. - Teste de Coombs indireto. - USG de 3º trimestre. É recomendado que todo exame sorológico negativo seja repetido a cada 3 meses, exceto para hepatite C. O Ministério da Saúde orienta repetir no 3º trimestre apenas para identificação de sífilis e HIV. Vacinação • Gripe A e sazonal; • Hepatite B: esquema de 3 doses (0,1 e 6 meses), iniciando a partir de 1º trimestre e podendo se estender até o parto; • Vacina contra difteria e tétano (dT): o esquema do adulto é de 3 doses, com reforço a cada 5 anos. Se a mulher nunca se vacinou, deve tomar 2 doses da dupla adulto com APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período intervalo de 30 dias e complementar com dTpa. Caso tenha tomado 1 dose antes da gestação, deverá reforçar com mais uma dT após a 20ª semana. Se dT aplicada nos últimos 5 anos, não há necessidade. • Vacina contra difteria, tétano e coqueluche (dTpa): sempre recomendada, independente do tempo de intervalo da última dose de dT, uma vez que protege o RN de coqueluche. Mulheres com 2 doses de dT, recomenda-se uma dTpa. Mulheres podem tomar uma dose de dTpa por gestação, independente de terem tomado anteriormente, recomenda-se entre 27-36 semanas de gestação. SUPLEMENTAÇÃO DE MICRO E MACRO NUTRIENTES NA GESTANTE Macronutrientes Calorias: aumento de 340kcal/dia no 2º trimestre e 452kcal/dia no 3º trimestre. Proteínas: ingesta de 1,1g/kg/dia as gestantes, uma vez que a unidade feto-placentária consome 1kg de proteína durante a gestação. Carboidratos: a ingesta deve aumentarde 130g/dia para 175g/dia em função das necessidades fetais e da passagem de glicose do compartimento materno fetal por difusão facilitada. Lipídeos: a ingesta de ácidos graxos poli- insaturados de cadeia longa tem mostrado e fe i tos benéficos no desenvo lv imento neurológico e ocular dos RN, devendo ser usada no último trimestre da gravides, por meio de alimentação baseada em peixes ou comprimidos contendo DHA (ômega 3) e o EPA (ômega 6). O DHA é o principal ácido graxo, devendo ser consumido na dose de 200mg/dia nos últimos meses da gravidez = 2 porções de peixes como salmão, atum, albacora ou camarão. Micronutrientes Ferro: recomendado 30mg/dia, uma vez que reduz 70% das chances de anemia materna na gestação. - Auxilia no desenvolvimento do cérebro do bebê, no crescimento dos músculos e na manutenção do suprimento de oxigênio no sangue. Ácido fólico: essencial até a 12ª semana de gestação, auxilia no fechamento do tubo neural. - Vitamina hidrossolúvel do complexo B. - Importante para processos de divisão e crescimento das células, reparação do DNA, formação de eritrócitos e produção de proteínas = prevenir defeitos no tubo neural do feto. - Na população de baixo risco, recomenda-se a dose diária de 0,4-0,8 mg de ácido fólico. - Nas populações de alto risco para DTN, a dose é de 5mg/dia. - Seu uso deve ser indicado um mês antes da gravidez e continuado até a 12ª semana gestacional. Cálcio: o esqueleto fetal precisa de 30g de cálcio durante a gravidez para sua formação. Na gestação, há aumento da absorção de cálcio, gerando seu acúmulo. Logo, não há indicação de suplementação universal para gestantes. - Auxilia no desenvolvimento dos ossos, dentes, coração, nervos e músculos do feto. - Reduz risco de desenvolver hipertensão e ajuda na manutenção da coagulação. Vitamina A: importante para desenvolvimento embrionário. - Sua ausência/deficiência se relaciona com abortamento, microcefalia, distúrbios oculares e visão fetal. - Dose recomendada: 2700 UI/dia. - Reduz os riscos da mãe ter anemia, infecções e cegueira noturna. - Importante para crescimento e manutenção do tecido fetal, como o trato respiratório, digestório e urogenital. Vitamina D: responsável por reforçar o sistema imunológico e auxiliar na saúde dos ossos e músculos, tanto da gestante quanto do feto. - 400-800 UI/dia. - Não é comprovado a necessidade do uso universal. - Estudos não demonstram redução na taxa de pré-eclâmpsia, morte fetal ou neonatal. Polivitamínicos: recomendados para mulheres que não possuem dieta adequada. - Considerados de risco para pacientes com gestação gemelar, usuários de drogas, tabagistas, vegetarianos estritos e com deficiência de lactase. - Para pacientes com nutrição adequada não existem evidências da necessidade universal do seu uso. Outras substâncias Adoçante: - Aspartame: 50mg/kg/dia. - Sacarina e sucralose: 5mg/kg/dia. - Acessulfame: 15mg/kg/dia. - Steviosideo: 4mg/kg/dia. Cafeína: a ingesta excessiva aumenta a taxa de abortamento, parto prematuro e crescimento fetal restrito. - < 5mg/kg/dia. APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período Ganho de peso normal na gravidez: - Feto: 3,2-3,3kg. - Gordura: 2,7-3,6kg. - Volume sanguíneo: 1,4-1,8kg. - Fluidos: 0,9-1,4kg. - Líquido amniótico: 0,9kg. - Aumento mamário: 0,45-1,4kg. - Hipertrofia uterina: 0,9kg. - Placenta: 0,7kg. REFERÊNCIAS: •
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