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Doencas Exantematicas

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Doenças Exantemáticas 1
Doenças Exantemáticas 
O que são doenças exantemáticas?
São um grupo de doenças que possui a manifestação principal em forma de 
exantemas (lesões de pele). Esses exantemas significam associação de outras 
lesões, como máculas, pápulas, vesículas, crostas, petéquias e outros.
Classificação:
Virais;
Bacterianas;
Reumatológicas.
Como é a fisiopatologia?
A fisiopatologia se dá de acordo com o agente causador.
Viral: reação imunoalérgica → ativação do sistema complemento → formação de 
imuno-complexos.
Bacteriana: a infecção bacteriana ocasiona liberação de toxinas → levando à 
formação de lesões de pele, tipo exantema.
Reumatológica: ocorre vasculite (inflamação de vasos).
Característica da lesão:
A maioria dessas lesões, cursam com máculas + pápulas eritematosas (pele 
avermelhada). Essas máculas + pápulas podem ter as seguintes características:
1. Mobiliforme/rubeoliforme: comum no sarampo e rubéola. Onde há presença de 
lesões de pele, porém, entre essas lesões há pele sã (ou seja, há pele sadia, sem 
acometimento).
2. Escarlatiforme: comum na escarlatina. Há presença de lesões de maneira difusa, 
ou seja, não há pele sã entre as lesões, garantindo um aspecto áspero (tipo lixa) 
para a pele.
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EXANTEMAS VIRAIS:
Sarampo:
Doença de alto contágio (alta infectividade).
Pode ser tornar potencialmente grave.
A vacina é um fator para a redução da mortalidade pela doença.
É causada pelo vírus RNA paramyxoviridae (morbilivírus).
Sua transmissão é feita por meio de aerossóis.
O paciente pode permanecer com o vírus 5-6 dias antes do rash cutâneo e 4 
dias após o aparecimento das lesões. 
O quadro clínico é composto por:
1. Fase de incubação: com duração de 7-10 dias.
2. Fase prodrômica: vem associado com febre moderada-alta (com duração de 2-3 
dias), conjuntivite bilateral com fotofobia, prostração, sintomas respiratórios (como 
tosse e coriza) → fácies sarampenta.
3. Fase enantemática: presença de enantema → manchas de Koplik → é o primeiro 
exantema do sarampo, que acomete região de mucosas → é patognomônico para 
sarampo.
4. Fase exantemática: é a presença de exantemas (máculas e pápulas 
eritematosas), que acometem inicialmente a região retro-auricular → face → 
tronco, essas são lesões que se permeiam entre pele sã. 
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5. Recuperação: é a fase de recuperação da doença, com o desaparecimento das 
lesões, que desaparecem da mesma forma que apareceram (primeiramente região 
de face → tronco).
É uma doença benigna e autolimitada.
Complicações: Otite média aguda (complicação mais comum), pneumonia (de 
células gigantes), encefalite aguda (vírus possui alto tropismo por células do 
sistema nervoso), panencefalite subesclerosante subaguda (pode ocorrer após 
algum tempo da infecção pelo vírus → pode ocorrer até 10 anos após a infecção 
original). 
Quando suspeitar? Todo indivíduo que apresentar febre e exantema 
maculopapular morbiliforme de direção cefaloucaudal, acompanhada de um ou 
mais dos seguintes sinais e sintomas, como tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite 
(COF, COF, COF → 3C → tosse, coriza e conjuntivite).
Como manejar? devemos notificar e coletar sorologia e PCR-RT.
Como é o tratamento? suporte e suplementação de vitamina A (importante para a 
formação epitelial → 2 doses, sendo uma no dia da suspeita e uma no dia 
seguinte).
Profilaxia:
Rubéola:
Causado pelo Togavírus.
A imunoglobulina é indicada para pacientes que não podem tomar a vacina para o sarampo. 
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Sua transmissão é respiratória.
Quadro clínico: sintomas inespecíficos, febre baixa, odinofagia, mal-estar, cefaleia 
e presença de rash morbiliforme discreto, presença de manchas de Forchheimer 
(região de palato e orofaringe) e linfadenopatia (retroauricular, occipital e cervical).
Rubéola congênita: gestante infectadas pelo vírus, podem ocasionar 
malformações oculares (catarata, glaucoma congênito, microftalmia, estrabismo e 
retinopatia pigmentar), manifestações auditivas (surdez neurossensorial) e 
malformações cadíacas congênitas (persistência do canal arterial e estenose de 
ramos pulmonares). Outros achados, podem ser hepatoesplenomegalia, púrpura, 
icterícia, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor.
Como é o diagnóstico? sorológico → pode haver três achados → IgM positivo 
(principalmente, em casos de pacientes vacinados, que terão o IgG positivo) ou 
soroconversão (IgM → IgG) ou aumento da titulação de IgG.
Varicela:
Causado pelo vírus varicela-zóster ou HHV-3 (Herpesviridae).
Sua transmissão pode ser feita por contato ou aerossóis (mais comum em 
pacientes imunossuprimidos).
Possui neurotropismo (vírus fica incubado em células nervosas).
Quadro clínico: 
1. Incubação média de 14 dias.
2. Presença de pródromo → febre, mal-estar, cefaleia, anorexia.
3. Manifestações típicas: presença de exantema maculopapular pruriginoso → 
pápulas → vesículas → crostas (essas lesões possuem diferentes estágios de 
evolução que coexistem → pleomorfismo).
Como é o manejo? suporte, evitar infecções secundárias (aparar unhas e manter 
limpas), aciclovir (pode ser utilizado, porém não é recomendado para todos os 
pacientes, nesse caso, apenas é utilizado para pacientes mais graves).
Em quem utilizar o aciclovir VO?
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Em quem utilizar aciclovir EV?
Profilaxia:
1. Vacinação pós-exposição: surto hospitalar, surto em creches ou escolas que 
atendem crianças com menos de 7 anos → sendo assim, para imunocompetentes 
> 9 meses (para pacientes que não tomaram a vacina da varicela ou sem infecção 
comprovada de varicela) → pode ser feita até 120h do contato.
2. Imunoglobulina pós-exposição: deve ser ofertada até 96h do contato. 
Para receber imunoglobulina o comunicante deve ser suscetível (imunocompetente 
sem história de vacinação e/ou sem comprovação de doença OU imunodeprimidos, 
independentemente se doença prévia/comprovada ou vacinados). E além de ser 
suscetível, ele deve ser significativo (contato domiciliar contínuo ou contato 
hospitalar).
O uso crônico de salicilatos + varicela, pode predispor à síndrome de Reye, logo, para evitar, pode ser 
recomendado o uso de aciclovir. 
É indicado para esses pacientes, pois existe maior chance de acometimento visceral.
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Deve ser ofertado para pacientes lactentes < 1 ano em contato hospitalar com 
VVZ; imunocomprometidos; gestantes suscetíveis; RN cujas mães tiveram varicela 
5 dias antes ou 2 dias depois do parto (”RN 52”); RN < 28 semanas ou < igual a 
1000Kg de peso de nascimento (independente de história materna de varicela ou 
de imunidade para VVZ); RN > igual a 28 semanas cuja mãe não tenha evidência 
de história de varicela ou comprovação sorológica da infecção.
Exantema súbito ou roséola:
Acomete (95% dos casos) crianças de até 2 anos → doença de lactente.
Causado pelo herpes vírus humano 6 e 7 (sendo mais comum o HHV-6).
Como é o quadro clínico? O quadro clínico é bem clássico com presença de 
febre alta (>39°C), que perdura por 2-3 dias, que pode ser acompanhado por 
irritabilidade, coriza e vômitos. Após os 2-3 dias, essa febre cessa e há o 
aparecimento do exantema (do tipo maculopapular morbiliforme róseo-
avermelhado).
Quais são as complicações? Pode ser a crise convulsiva febril e encefalite (mais 
comum, em pacientes imunossuprimidos).
Eritema infeccioso:
É causado pelo Parvovírus B19 (vírus DNA).
Sua transmissão se dá por meio de gotículas (transmissão por via aérea).
Acomete crianças em fase escolar → entre 5-15 anos de idade.
Possui um período de incubação de 4-14 dias e possui um pródromo sem muitos 
achados.
Como é o quadro clínico? Após o período de pródromo há o aparecimento do 
exantema, que aparece em região zigomática e malar (face esbofeteada), pode 
aparecer também em região de tronco (exantema rendilhado).
Além disso, o exantema pode apresentar recidivas, principalmente após exposição 
solar ou realização de exercícios físicos → pois é uma reação imuno-alérgica.Outras manifestações: o vírus possui predileção por articulações e por células 
imaturas da medula óssea, sendo assim, pode ocasionar → crise aplásica (em 
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pacientes com anemia flaciforme), anemia aplásica (em pacientes hígidos) e 
poliartropatia. Em gestantes, pode ocasionar hidropsia fetal.
Síndrome mão-pé-boca:
É uma enterovirose.
Comum em lactentes (associado à surtos em creches e surtos).
Causado pelo vírus Coxsackie A16.
Transmissão por fezes ou secreções respiratórias.
Como é o quadro clínico? Febre (pode ser alta), dor de garganta (dificuldade de 
deglutir, sialorréia), irritabilidade, recusa alimentar.
Manifestações: presença de exantema vesicular em região de mão, pé e boca. 
Complicações: desidratação (por conta da recusa alimentar), onicomadese (queda 
das unhas).
Mononucleose infecciosa:
Causado pelo Epstein Barr Vírus (EBV).
Mais comum em adolescentes.
Pode ocasionar uma síndrome mono-like, tipo rubeóla, HIV e toxoplasmose.
Possui um período de incubação de 30-50 dias.
Como é o quadro clínico? Presença de fadiga, mialgia, febre (que pode ser 
prolongada, podendo durar de 7-10 dias), dor abdominal, náuseas, odinofagia, 
linfadenopatia generalizada e hepatoesplenomegalia. Há também a presença de 
exantema maculo-papular (porém é apenas em 15% dos casos).
O exantema pode vir associado com regiões purulentas e hipertrofia de 
amígadalas, sendo facilmente, confundido com faringoamigdalite bacteriana. No 
entanto, nesses casos, o início do ATB, provoca o aparecimento de exantemas.
Resumindo….
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EXANTEMAS BACTERIANOS:
Escarlatina:
É uma doença de alta transmissibilidade.
Causado pelo streptococcus pyogenes ou streptococcus beta-hemolítico do grupo 
A.
É transmitido por meio de gotículas de saliva e de secreções nasais.
Comum em crianças de 5-15 anos de idade.
Como é o quadro clínico? Paciente apresenta um pródromo com 
faringoamigdalite (febre alta, linfadenopatia cervical, presença de petéquias em 
região de palato). Após 24-48h, há o aparecimento do exantema, que possui um 
aspecto centrífugo (do centro para periferia) + descamativo (em aspecto de lixa).
Sinais semiológicos presentes:
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Como é feito o diagnóstico? Por meio da cultura de orofaringe (padrão ouro). 
Porém, de maneira mais rápida pode ser feito o strep-test (teste rápido).
Como é feito o tratamento? 
1. Primeira linha: Penicilina benzatina (Dose única) → 600.000U IM até 25Kg ou 
1.200.000 IM em crianças com peso maior que 25Kg.
2. Segunda linha (para pacientes que se recusam a tomar injeção): amoxicilina 
50mg/Kg/dia por 10 dias. 
Síndrome do choque tóxico:
Diagnóstico diferencial para choque séptico → possui acometimento 
multissistêmico.
Pode ser ocasionado pelo S. aureus ou S. pyogenes.
Tipo estafilocóccico: é comum em pacientes com lesões de pele, como 
queimaduras ou ferimentos externos.
Tipo estreptocóccico: é comum em pacientes com ferimentos externos ou 
varicela (por isso é muito importante evitar contaminações secundárias em 
pacientes com varicela).
Como é o quadro clínico? Paciente apresenta febre, rash cutâneo (eritrodermia 
macular difusa → paciente fica inteiro vermelho e ainda pode haver descolamento 
da pele), envolvimento sistêmico e hipotensão.
Como é o tratamento? suporte (volume e DVA, se necessário) + ATB 
(ceftriaxone/oxaciclina + clindamicina → a clindamicina tem como ideia reduzir a 
Sinal de Pastia é mais comum em região de fossa cubital. 
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produção de toxinas). O tratamento cirúrgico pode ser feito, em casos de 
descolamento da pele.
Doença de Kawasaki:
Doença inflamatória da infância.
Segunda vasculite mais comum da infância.
Acomete crianças < 5 anos.
É uma doença que acomete vasos de médio calibre (principalmente, coronárias).
Estágios da doença:
1. Arterite necrotizante → recrutamento de neutrófilos → aneurismas. É 
autolimitado, com duração de até 2 semanas após febre → esse é o que mais 
preocupa, sendo assim, devemos intervir nesse estágio.
2. Vasculite subaguda/crônica → recrutamento de linfócitos, neutrófilos e 
macrófagos. Persiste por 2 semanas-1 ano (poucos pacientes persistem por até 1 
ano).
3. Proliferação miofibroblástica luminal → acometimento de células musculares → 
estenose vascular.
Como é feito o diagnóstico?
Inicialmente é preciso ter 5 ou mais de 
febre alta (febre persistente > igual a 5 
dias) + 4 dos 5 critérios abaixo:
1. M: mãos e pés edemaciados.
2. O: olhos vermelhos (bilateral).
3. R: Rash polimorfo.
4. F: Framboesa (língua).
5. A: adenomegalia.
Há também os critérios diagnósticos 
laboratoriais, que são:
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Complicações: meningite asséptica e reativação da BCG.
Como é realizado o tratamento? 
1. Atuar com imunoglobulina (o ideal é realizar de maneira precoce, para evitar 
aneurisma) → AAS 30-100mg/Kg/dia. Após 48h e afebril, atuamos com 3-
5mg/Kg/dia até normalização das provas inflamatórias (sem aneurisma).
2. Pode ser utilizado também a dupla antiagregação plaquetária/anticoagulação a 
depender do tamanho do aneurisma.
Síndrome inflamatória multissistêmica associada à infecção por SARS-COV-2 
(SIM-P):
Diagnóstico diferencial com Doença de Kawasaki.
Como é feito o diagnóstico?
Necessário ter o VHS > 40 e PCR > 3 + 3 ou 
mais desses critérios OU VHS > 40 e PCR > 3 + 
alterações ecocardiográficas = TRATAMENTO.
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A grande diferença com DK → presença de sintomas TGI, crianças mais 
velhas (> 10 anos), disfunção miocárdica mais prevalente do que aneurismas 
e história de contato com COVID-19.
Como é o tratamento? Atuamos com imunoglobulina 1-2g/Kg + metilpredinisolona 
1-2mg/Kg a cada 12h + suporte inotrópico (uso de dobutamina). Pode ser utilizado 
também anticoagulação e AAS.
Em casos refratários, podemos atuar com anakinra (inibidor da IL-1) ou infliximabe 
(inibidor da TNF).
Pode também ser considerado o uso de ATB de amplo espectro até a confirmação 
diagnóstico.

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