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Sangramento Uterino Anormal (SUA) 1 🩸 Sangramento Uterino Anormal (SUA) Definição: Mudança de frequência e/ou duração e/ou intensidade da menstruação (geralmente para mais). Normalidade: duração de até 8 dias; intervalo pode variar de 24-38 dias; volume percebido pela mulher como adequado. Na urgência: O atendimento do PS, frente a uma paciente com SUA, deve ser: 1. Estabilização hemodinâmica: Monitorização e coleta de exames. MOV. Atuar com reposição volêmica (solução de cristaloides e/ou transfusão de hemoconcentrados). Realizar o exame físico (mensurar a quantidade de perda sanguínea). Realizar a inspeção de região vaginal + exame especular (devemos realizar o exame especular, mesmo se a paciente estiver no momento da consulta sangrando). 2. Excluir lesões vaginais, de colo uterino e gestação. É importante compreender de onde provém o sangramento (se é do colo uterino, vagina, períneo, região anal ou uretral). O exame especular é importante, nesses casos, para avaliar de onde é o sangramento (ou seja, se o sangramento é de origem uterina ou não) → esse deve Sangramento Uterino Anormal (SUA) 2 ser o primeiro exame à ser feito. 3. Definir se o sangramento é de origem uterina ou não. A partir do exame especular devemos definir se o sangramento é de origem uterina ou não. Caso seja de origem uterina, devemos considerar: Idade da paciente → ou seja, pensar em causas principais associadas à faixa etária da paciente (avaliar se está no período reprodutivo ou não). Se é uma causa obstétrica → é necessário afastar causas obstétricas (como gravidez, aborto ou gravidez ectópica), ou seja, devemos avaliar se é um sangramento ginecológico ou obstétrico → para isso, é necessário solicitar um exame de beta-HCG → se esse for positivo → é uma causa obstétrica. Investigação da SUA: 1. Realizar exame físico especular (identificar se o sangramento é uterino ou não). 2. Confirmar se é um sangramento uterino (sangue provindo do oríficio do colo do útero). 3. Avaliar se a paciente está na menacme. 4. Avaliar se é um sangramento ginecológico ou obstétrico (por meio do beta-HCG). 5. Avaliar se é um sangramento agudo (ou seja, paciente teve um único episódio) ou subagudo (sangramento alterado há 3 meses ou mais) ou crônico. Manejo da SUA aguda: Anamnese: excluir presença de gestação, avaliar tempo de história (agudo ou subagudo), ciclos menstruais, sintomas associados, comorbidades e medicações de uso contínuo. Exame físico: avaliar sinais vitais, estado geral, avaliar abdome (se há presença de massas palpáveis), exame especular e toque vaginal bimanual (estimar volume uterino) → sempre o exame especular deve ser feito antes do toque vaginal. Exames complementares: beta-HCG (descartar causas obstétricas), hemograma (avaliar anemia), USG (avaliar presença de causas estruturais). Sangramento Uterino Anormal (SUA) 3 Controle agudo: O controle imediato do quadro agudo deve ser feito com estrogênios (garantem estabilização do endométrio) → é um medicamento de efeito rápido e efetivo. Após o controle do sangramento, podemos atuar com a progesterona. Hoje em dia, prefere-se utilizar o uso combinado de estrogênio + progesterona. O ácido tranexâmico também é uma opção a ser utilizado, no manejo do tratamento agudo. Normalmente, ele pode ser utilizado em conjunto com o estrogênio (casos mais graves, com repercussões hemodinâmicas) ou isoladamente (casos mais leves). Pode ser utilizado os AINES (é terceira opção → mais utilizado em casos ambulatoriais). Resumindo… Sangramento Uterino Anormal (SUA) 4 O tratamento específico é conforme as causas do sangramento (PALM-COEIN). Etiologias: As etiologias variam de acordo com a faixa etária da paciente, porém, no geral, elas são organizadas conforme o sistema PALM-COIEN. Sangramento Uterino Anormal (SUA) 5 Causas estruturais: a) Pólipos: Podem ser endometriais ou cervicais (projeção do endométrio). Podem ser únicos ou múltiplos. Ocorre em pacientes peri e pós-menopausa (ou seja, a paciente terá um sangramento regular antes de menstruar ou após o período da menopausa), Geralmente assintomático (principalmente em mulheres no período da menacme). Pode causar sangramento intermenstrual, sinusiorragia (pós-coito), sangramento pós-menopausa. Fatores de risco: obesidade, diabetes, sindrome metabólica, nuliparidade, menarca precoce, menopausa tardia, uso de tamoxifeno → fatores que aumentam o estrogênio. Diagnóstico: exame físico (em casos de pólipos cervicais, há maior sintomas e palpável), USGTV, histeroscopia. No USGTV → espessamento endometrial inespecífico ou massa de aspecto hipercogênico. Tratamento: 1. Pós-menopausa: realizar exérese (mesmo se não tiver sintomas, deve ser feito). 2. Pré menopausa: realizar a exérese, se: SUA, pólipos > 1,5cm, múltiplos ou prolapsados, alto risco de CA ou hiperplasia endometrial. b) Adenomiose: Sangramento Uterino Anormal (SUA) 6 Tecido endometrial que invade o miométrio. Acomete mulheres entre 40-50 anos. QC: aumento do tamanho do útero, dismenorreia (cólica), sangramento abundante, dispareumia (dor na relação sexual). Fatores de risco: idade 40-50 anos, menarca precoce, ciclos menstruais curtos, uso prévio de contraceptivos hormonais e tamoxifeno, IMC elevado, multiparidade, história de abortamentos, cirurgias uterinas prévias. Investigação: anatomopatológico do útero após histerectomia (padrão-ouro). Porém inicialmente, atuamos com o USGTV (aumento do volume uterino, assimetria de paredes, miométrio hetrogêneo, cistos subendometriais, espessamento ou irregularidade da zona de transição, sinal da persiana). Pode ser feito também a RNM. Tratamento: 1. Histerectomia subtotal. 2. Em casos de mulheres que queiram engravidar ou não podem realizar a cirurgia → atuar com progestágenos ou DIU de levonogestrel. c) Leimiomatose: Tumoração benigna, regulares. Pode ser classificado, como: Sangramento Uterino Anormal (SUA) 7 QC: sangramento uterino aumentado, dismenorreia, sintomas compressivos extrínsecos, dor pélvica acíclica, dispareumia, sintomas urinários ou gastrointestinais, infertilidade e abortamento. Diagnóstico: USG (massa hipoecogênica), histeroscopia, RNM. Os miomas podem ser degenerados → hialina (mais comum) e rubra (mais comum na gestação). Tratamento: 1. Controle do sangramento e dor pélvica → TTO não hormonal (AINE, ácido tranexâmico) ou hormonal (AOC, progestágenos isolados, DIU de levonogestrel). 2. Pode ser utilizado também os análogos de GnRH (podem reduzir temporariamente o volume dos nódulos e do útero em até 50%) → administrados 1x a cada 4 semanas ou doses trimestrais → por apenas 6 meses, até a cirurgia. O submucoso é o tipo que mais sangra. O intramural causa mais sintomas de dismenorreia (cólica). O subseroso causa sintomas de barriga estufada, sintomas urinários. Sangramento Uterino Anormal (SUA) 8 3. Embolização de artérias uterinas (indicados na falha de tratamentos prévios, recidivas, pacientes sem condições de conduta cirúrgica, pacientes com desejo reprodutivo → somente quando não for possível a miomectomia. 4. TTO cirúrgico (sempre tentar o tratamento clínico antes do cirúrgico) → miomectomia (para pacientes com desejo de engravidar) ou histerectomia (última opção → geralmente com volume > 300mm + prole constituída). Observação: A miomectomia histeroscópica é indicada para leiomiomas 1-4, e a video- laparoscópica é indicada do 5-7. d) Malignidade: Pode ser malignidade do colo uterino, endométrio ou vulva/vagina. Causas não estruturais: São divididas conforme faixa etária ou conforme COEIN. COEIN: a) Coagulopatias. b) Anovulação. c) Endométrio (causas primárias, como alterações de vasos sanguíneos; causas infecciosas, como endometrite, tendo o principal agente a clamídia). d) Iatrogênico (uso de DIU de cobre ou levonogestrel). e) Não classificadas. Faixa etária: a) Adolescentes: 1. Fisiológica (principal hipótese): Correlacionada à imaturidade do eixo endócrino.Sendo assim, essa hipótese deve ser levantada, caso a paciente possua esses sangramentos até 3 anos após a menarca (caso apresente após 3 anos, devemos pensar em outras causas). 2. Anovulação: Sangramento Uterino Anormal (SUA) 9 Principal causa da menacme é SOP. 3. Coagulopatias: História de sangramento intenso deade a menarca. Geralmente, paciente pode ter apresentado hemorragia pós parto, hemorragia relacionada a alguma cirurgia, sangramento aumentado em tratamento odontológico. Além disso, pode haver duas ou mais das seguintes condições: hematoma e/ou epistaxe que ocorrem pelo menos 1x/mês, sangramento gengival frequente e/ou história de sangramento familiar. b) Menacme (20-40 anos): 1. Anovulação (primeira hipótese): por conta de stress. 2. Iatrogenia: uso incorreto do anticoncepcional ou pacientes que não estão adaptadas ao método contraceptivo (principalmente, em uso de DIU de cobre e levonogestrel). 3. Causas estruturais (PALM). c) Climatério (>40 anos): 1. Fisiológica: falência ovariana (ciclos anovulatórios). 2. Anovulação: falência ovariana ou doenças autoimunes (Tireoidite de Hashimoto). 3. Iatrogenia: uso de hormônios para reposição hormonal ou desajuste dos métodos contraceptivos, que a paciente já fazia uso. 4. Causas estruturais (PALM). d) Pós-menopausa: 1. Atrofia do endométrio. 2. Malignidade. Pós-menopausa: Causas estruturais: pólipo endometrial (mais comum), atrofia endometrial (segunda mais comum). Sangramento Uterino Anormal (SUA) 10 Pode ocorrer em mulheres, que fazem uso de reposição hormonal (TRH) → geralmente, ocorre nos primeiros meses de uso. A investigação é por meio do USGTV (diagnóstico) e histeroscopia. A biópsia é realizada quando há lesão no USGTV (pipelle ou cureta de Novak). Toda vez que houver espessamento, em mulheres pós-menopausa é preciso avaliar (realizar biópsia do material). Sendo assim, em mulheres sem TRH </= 4mm ou em uso de TRH </= 8mm → atuar com biópsia/histeroscopia. Hoje em dia, o corte para todos é menor ou igual a 4mm. Sangramento uterino ambulatorial: Quando é determinado que o sangramento não é agudo, é preciso compreender o padrão do sangramento. a) Ovulatório: O do tipo ovulatório, é quando os ciclos menstruais são regulares (paciente ovula corretamente), no entanto, o volume e/ou duração estão aumentadas. Ou seja, a paciente relata que a menstruação vem todo mês (ou seja, não há mês que não a menstruação não vem), mas ela relata que houve um aumento da quantidade de sangue e/ou a duração está maior que o normal (dura mais do que normalmente durava → geralmente mais que 8 dias). 1. Causas estruturais: as principais causas são as causas estruturais, como miomatose, adenomiose. Sendo assim, é necessário realizar o diagnóstico de exclusão (com causas endometriais, ou seja, é preciso descartar com a ovulação ou dor do meio), sendo assim, sempre devemos pedir o USG transvaginal e atuar com o exame físico (toque bimanual), para avaliar se há aumento uterino. 2. Uso de DIU de cobre ou prata. b) Anovulatório: O padrão anovulatório é quando existem ciclos menstruais irregulares, com volume e duração variáveis. Mais comum em pacientes adolescentes e climatério. Sangramento Uterino Anormal (SUA) 11 Sendo assim, é uma paciente que relata que a menstruação dela não é regular, normalmente, aquela menstruação que possui atraso maior que 9 dias. No geral, em casos de adolescentes devemos esperar 3 anos (por conta da imaturidade do eixo endócrino → fisiológico), em casos de pacientes no climatério, devemos esperar 5 anos. Porém, caso haja aumento da duração ou do volume, devemos investigar e tratar a causa. 1. Intervalos longos e regulares: SOP, hipotireoidismo, hiperprolactinemia. 2. Intervalo irregular e variável (duração curta ou longa): iatrogenia, DIP, causas estruturais. c) Intermestrual: O padrão intermestrual é o sangramento não relacionado ao ciclo menstrual. Ou seja, ele ocorre entre os ciclos menstruais. Sendo assim, é um padrão variável, na qual, sempre devemos descartar causas vaginais ou cervicites. 1. Fisiológico (sangramento do meio do ciclo seguido de cólicas). 2. Vaginais (vaginites → investigar clamídia e gonorreia, úlceras, traumas). 3. Cervicais (cervicite, pólipos, cãncer cervical). Caso desconfie de padrão intermenstrual, é importante ter certeza, de que: A paciente não está grávida. Pacientes na menacme. Causas correlacionadas com o PALM/COIEN. Resumindo… Sangramento Uterino Anormal (SUA) 12
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