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Hipertensão Arterial na Gestação 1 Hipertensão Arterial na Gestação Fisiopatologia: A fisiopatologia da HAS na gestação, é dividida em dois estágios: 1. Pré-clínico: Ocorre uma placentação inadequada → segunda onda de invasão trofoblástica inadequada (isso só ocorre após as 20 semanas de gestação, por essa razão, que só podemos classificar pré-eclâmpsia após 20 semanas) → ocorre remodelação inadequada das arteríolas espirladas (comunicação do sangue materno para com o feto) → causando hipóxia placentária → diminuição do crescimento do feto e do desenvolvimento da placenta. 2. Clínico: Essa fase é marcada pelos sintomas. Todos os processos que ocorrem na fase I ou pré-clínica, permitem a liberação de fatores inflamatórios, que lesam o endotélio, causando assim, vasoconstrição arteriolar local e sistêmica, gerando a hipertensão. Além disso, há liberação de fatores de coagulação, que ocasionam trombose arteriolar. E ainda, há aumento da permeabilidade vascular, ocasionando edema. Fatores de risco: Predisposição genética. Má adaptação imunológica. Fatores nutricionais (dieta rica em gordura ou sal). Infeccioso. Vasculopatia prévia. Hipertensão Arterial na Gestação 2 Observação: A dosagem do fator anti-angiogênico placentário sFlt-1, pode predizer, se a paciente possui ou não pré-eclâmpsia. Repercussões clínicas: Coração: aumento da reatividade vascular. Hematopoético: trombocitopenia (formação de microtrombos e hemólise → aumento de LDH e esquizócitos). Rins: glomeruloendoteliose capilar e espasmo vascular intrerrenal (proteinúria). Cérebro: disfunção endotelial, causando isquemia cerebral → vasoespamos e cefaleia. Hepáticas: vasoespasmo → dor em QSE. Útero-placentária: redução da circulação materno-fetal, causando restrição de crescimento, sofrimento fetal e até mesmo DPP. Classificação e Diagnóstico: Hipertensão Gestacional: É a presença da PA > ou igual a 140/90 após 20 semanas de gestação (após a segunda onda de invasão trofoblástica), sem a presença de proteinúria ou lesões de órgão alvo. Isso pode ocorrer durante a gestação, durante o parto ou no puerpério. Hipertensão arterial crônica: Pacientes que já possuiam o diagnóstico de HAS antes da gestação. Pacientes com aumento da PA (> ou igual 140/90) antes das 20 semanas de gestação. Pacientes que mantém a PA elevada (>140/90) após 6 semanas do parto. Pré-eclâmpsia: Presença de PA > ou igual a 140/90 + proteinúria ou sinais de lesão de órgão alvo. Critérios de proteinúria: Amostra de urina 24h: > ou igual a 300mg (ou 0,3g). Hipertensão Arterial na Gestação 3 Fita urinária (duas amostras com intervalo de 4h): > ou igual +1. Urina ao acaso (relação proteína/creatina): > ou igual a 0,3. Disfunções orgânicas: Pré-eclâmpsia soprebosta ou superajuntada: São pacientes que já apresentam HAS crônica, no entanto, após as 20 semanas podem apresentar proteinúria OU alteração dos níveis pressóricos (PA > ou igual 160/110mmHg) OU sinais clínicos/lesão de órgão alvo. Iminência de eclâmpsia: São pacientes que apresentam sinais de gravidade, que podem anteceder um quadro de eclâmpsia. A presença de qualquer um desses sinais de gravidade, já corresponde a iminência de eclâmpsia. Dentre os sinais de gravidade estão: cefaleia difusa ou localizada em região occipital/frontal, podendo ser em pressão, pulsátil ou latejante OU Alterações visuais como escotomas, borramento visual, diplopia, fotofobia e amaurose OU Dor em região abdominal, em hipocôndrio direito e epigastralgia OU Reflexos osteotendíneo com hiperreflexia. Esses parâmetros são utilizados para o diagnóstico de pré-eclâmpsia e não para avaliação de sua gravidade. Hipertensão Arterial na Gestação 4 Eclâmpsia: É UMA EMERGÊNCIA OBSTÉTRICA. Pacientes com PA > ou igual a 140/90 + convulsões tônico-clônica generalizadas ou coma. Síndrome HELLP: A síndrome HELLP é constituída por: H: hemólise → anemia microangiopática hemolítica (presença de esquizócitos ou bilirrubina sérica total > 1,2mg/dL ou LDH > 600UI/L). EL: Enzimas hepáticas elevadas → TGO > 70 ou 2x o valor de referência ou LDH > 600UI/L). LP: Plaquetas baixas → plaquetas < 100000/mm3. Diagnósticos diferenciais com HELLP: Esteatose hepática aguda da gestação → causa queda do fibrinogênio, elevação de TTPA, queda da glicemia. Púrpura trombocitopênica trombótica → aumento do LDH, plaquetopenia e anemia. Para diferenciar, o paciente apresenta febre. Síndrome hemolítico-urêmica → aumento do LDH, aumento de ureia e creatinina (>2). Conduta: Hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade: Avaliação da vitalidade fetal (por meio da cardiotocografia). Realização do USG doppler, de maneira seriada (pois é preciso avaliar se o bebê está em sofrimento fetal). Avaliação do crescimento uterino. Avaliação do volume de líquido amniótico (avaliar se o feto não pode evoluir para oligoamniodrâmnio). Controle dos movimentos fetais. Hipertensão Arterial na Gestação 5 Consulta diária: sempre avaliar peso e PA da paciente. Além disso, podem ser solicitados alguns exames laboratoriais, como hemograma, plaquetas, DHL, urina 1, transaminases, ureia e ácido úrico (que elevado, pode indicar piora da pré-eclâmpsia). Quando iniciar os anti-hipertensivos? Pacientes sintomáticas OU PAS >/= 150 e/ou PAD >/= 100mmHg (em duas medidas com intervalo de 4h) OU persistência de PA >/= 140/90. Qual medicamento utilizar? Metildopa (750-2000mg/dia) OU Nifedipino/anlodipino (ação mais rápida) OU Hidralazina (em casos de emergência hipertensiva, atuar EV). Hipertensão Crônica: Nesses casos, é preciso tomar alguns cuidados, como: Avaliar a necessidade de introdução do AAS e carbonato de cálcio, para evitar com que a paciente evolua para pré-eclâmpsia. Atuar com pedido de exames laboratoriais, como urina 1, proteinúria, creatinina, ureia, hemograma. Atuar com exames de triagem para lesão de órgão alvo, como fundoscopia, ECG, raio-X de tórax, USG obstétrico e vigilância fetal. Orientar atividade física. Além disso, é preciso trocar as medicações (principalmente para o metildopa), já que IECA/BRA são contraindicadas na gestação. Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade e eclâmpsia: Os sinais de gravidade são: Hipertensão Arterial na Gestação 6 Iminência de eclâmpsia/pré-eclâmpsia com sinais de gravidade/ eclâmpsia: Os sinais de gravidade estão: cefaleia difusa ou localizada em região occipital/frontal, podendo ser em pressão, pulsátil ou latejante OU Alterações visuais como escotomas, borramento visual, diplopia, fotofobia e amaurose OU Dor em região abdominal, em hipocôndrio direito e epigastralgia OU Reflexos osteotendíneo com hiperreflexia + PA > 140/90. Observação: Na USP SP, eles consideram E, ao invés de OU, em relação aos sintomas. Conduta: 1. Sem colnvulsão: atuar com sulfato de magnésio. 2. Com convulsão: estabilização + preservar vias aéreas (gestante em decúbito lateral esquerdo e elevado) + oxigenoterapia (máscara ou cateter) + 2 acessos venosos calibrosos + hidratação venosa (500 mil ml de soro) + exames laboratoriais (exames de gravidade) + terapia anticonvulsivante (sulfato de magnésio). Esses são os sinais de gravidade, que são diferentes dos sinais para diagnóstico. Hipertensão Arterial na Gestação 7 Sempre é importante avaliar se existe alguma intoxicação pelo sulfato de magnésio através de 3 parâmetros, que são: 1. Reflexo patelar (em caso de intoxicações, esse estará ausente). 2. Frequência respiratória (em caso de intoxicações, esse será < 16irpm). 3. Volume de diurese (em caso de intoxicações, esse será < 100mL em um período de 4h, ou, apenas 25mL/h). A presença de um desses parâmetros alterados, indica intoxicação, dessa forma, devemos atuar com o antídoto que é o gluconato de cálcio. Se HAS > 160/100, devemos atuar com: 1. Hidralazina 20mg (vasodilatador periférico → utilizado em casos de lesão de órgão alvo ou iminência de eclâmpsia → temos apenas EV) OU Nifedipino 10mg (bloqueador de canal de cálcio → semlesão de órgão alvo ou iminência de eclâmpsia → só temos VO) OU Nitroprussiato de sódio (vasodilatdor arterial e venoso → utilizado em casos de pacientes com edema agudo de pulmão, que serão trasnferidas para UTI). Manejo obstétrico (iminência de eclâmpsia): 1. Entre 24-34 semanas: inicialmente devemos atuar com a corticoterapia antenatal, porém, se houver piora da vitalidade materna e fetal, devemos atuar com o parto (pode ser vaginal, desde que a vitalidade fetal esteja adequada). Se a vitalidade de ambos estiver ok, pode-se ter uma conduta expectante até 34 semanas. Hipertensão Arterial na Gestação 8 2. Acima de 34 semanas: devemos atuar com a resolução da gestação. Em algumas literaturas, indica ter uma conduta expectante até 37 semanas (USP-SP). Resolução imediata da gestação: Sempre atuar com a via mais rápida, que é a cesárea. Prevenção: A prevenção de pré-eclâmpsia deve ser feita em pacientes com: Antecedente de pré-eclâmpsia (pessoal ou familiar). HAS crônica. Obesidade (IMC > 30). DM. Doenças renais. Doenças autoimunes. Síndrome antifosfolípide. Gravidez múltipla. Sendo assim, atuamos com AAS 100mg/dia entre as 12-36 semanas + Carbonato de cálcio 1000-2000mg/dia de 12 semanas até o fim da gestação. Hipertensão Arterial na Gestação 9
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