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Aula 04 Rosalina Guedes Donato Santos Citogenética no Diagnóstico Laboratorial Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor EDUARDO NASCIMENTO DE ARRUDA Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Olá. Meu nome é Rosalina Guedes Donato Santos. Sou formada em Biomedicina, com uma experiência técnico-profissional na área de imunologia, hematologia, toxicologia, análises clínicas de mais de 12 anos. Passei por empresas com a Faculdade de Ciências e Tecnologia, UNIFACS, UNIRB, Laboratórios como o Hospital Roberto Santos, Laboratório José Silveira e Universidade Federal da Bahia. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Autor Rosalina Guedes Donato Santos INTRODUÇÃO: para o início do desen- volvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prio- rizadas para você; EXPLICANDO ME- LHOR: algo precisa ser melhor explica- do ou detalhado; VOCÊ SABIA? curio- sidades e indaga- ções lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências biblio- gráficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de cha- mar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendiza- gem for aplicada; TESTANDO: quando o desenvolvimento de uma compe- tência for conclu- ído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro- jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Princípios da citogenética clínica 10 Papel da genética no metabolismo bioquímico 10 Lipoproteínas de baixa densidade (LDL) 14 Genômica e proteômica 15 Identificação dos genes de doenças humanas e fatores de suscetibilidade 22 Genética das doenças complexas 26 Testes genéticos utilizados no diagnóstico das doenças genéticas 32 Metilação do DNA 34 Outros métodos de investigação 35 Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 7 UNIDADE 04 Citogenética no Diagnóstico Laboratorial8 Nas últimas décadas cresceram os interesses a cerca da biologia molecular por partes profissionais da saúde, principalmente pela possibilidade de um diagnóstico mais assertivo nas doenças genéticas. O avanço nas técnicas moleculares, sobretudo na possibilidade de avaliar o DNA advindos de materiais biológicos como tecidos, aminiocentese, biópsia de vilosidades coriônica aumentaram a chance de prever e diagnosticar as doenças genéticas. Além disso, ferramentas diagnósticas como a reação de cadeia em polimerase (PCR) despontaram como uma ajuda no diagnóstico laboratorial, porque essa técnica utiliza quantidade amostras mínimas, além de ser altamente sensível, específica e possui alta reprodutibilidade. Essas características foram fundamentais para os diagnósticos genéticos quanto aos aspectos éticos e legais, uma vez que o diagnóstico se tornou quase que irrefutável dada a precisão das técnicas moleculares. Dessa maneira os laboratórios conseguiram uma garantia na qualidade dos serviços possibilitando que o número de erros laboratoriais tendesse a zero e os laudos emitidos eram de fácil compreensão para os indivíduos envolvidos no processo. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 9 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Analisar o papel da genética no metabolismo bioquímico. 2. Reconhecer as principais doenças genéticas e suas caracte- rísticas. 3. Correlacionar as técnicas utilizadas com o diagnóstico das principais doenças genéticas. 4. Associar as técnicas de Biologia Molecular com o diagnóstico de doenças genéticas. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Citogenética no Diagnóstico Laboratorial10 Princípios da citogenética clínica INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como ocorrem os erros inatos do metabolismo e quais são as consequências e qual o papel do laboratório nessa análise, além disso entenderá como a genômica e a proteômica podem auxiliar na descoberta dos genes e na avaliação da função das proteínas, além de analisar as principais vantagens e desvantagens dos testes usados na genética como auxílio no diagnóstico laboratorial. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Papel da genética no metabolismo bioquímico Os erros inatos do metabolismo (EIM) são distúrbios de natureza genética que geralmente correspondem a um defeito enzimático capaz de acarretar a interrupção de uma via metabólica. Os erros inatos do metabolismo ocorrem por defeitos na falha de síntese, degradação, armazenamento ou transporte de moléculas no organismo. Esses erros causam Doenças Metabólicas Hereditárias (DMH) em que a ausência de um produto esperado, ou ainda acúmulo de substrato da etapa anterior que foi interrompida ou surgimento de uma nova rota metabólica alternativa o que leva ao comprometimento de processos celulares. As enzimas são catalisadores proteicos que aceleram as reações químicas e atuam reduzindo a energia de ativação necessária para que uma reação química ocorra. Para que a enzima possa funcionar de maneira correta é necessária a presença de sum substrato. Se uma via metabólica exige a ação sequencial de diversas enzimas, uma mutação de perda de função em qualquer um dos genes codificadores dessas enzimas causará um bloqueio metabólico. O substrato irá acumular- se antes do bloqueio, e depois desse haverá falta do produto. Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 11 Figura 1: Erros metabólicos Fonte: A autora Em uma via biossintética, o efeito será a ausência do produto final. A exemplo temos a tirosina, uma enzima crucial para a biossíntese da melanina, que quando afuncional em homozigose, causa o albinismo. Em uma via de degradação, usualmente ocorre acúmulo do substrato. Um exemplo clássico, são as doenças de armazenamento lisossômico. Os lisossomos são vesículas que contém cerca de 40 enzimas hidrolíticas diferentes, as quais tem por função a digestão. A deficiência de uma ou outra enzima lisossômica causa a degradação parcial ou a não degradação do material no interior do lisossomo, o que pode acarrear na morte celular. Os pacientes ao nascerem são normais, mas depois apresentam inúmeros problemas em função da não degradação. A exemplo, temos as mucopolissacaridoses como as síndromes de Hunter e Hurler, a falta de uma ou outra enzima necessária para a decomposição dos glicosaminoglicanos (mucopolissacarídeos) acarreta no armazenamento de material de alto peso molecular não- degradável e inexportável. A alta concentração de substrato antes de um bloqueio, em uma via de degradação ou sintética, também pode levar à produção de metabólitos anormais. Por exemplo, a fenilcetonúria cujo bloqueio na via catabólica normal da fenilalanina causa o acúmulo de fenilalanina no sangue e em outros tecidos. Ainda pode-se ter a ausência do produtofinal, acarretando na ausência do controle do mecanismo retroinibitório. A exemplo, a síndrome de Lesch-Nyhan, a qual é caracterizada como uma herança recessiva ligada ao X, que ocorre por uma superprodução de purinas e excreção excessiva de ácido úrico. A deficiência da enzima hipoxantina- guanina fosforribosiltransferase 1 (HPRT1), cujo gene está localizado no cromossomo Xq26-q27.2 resulta em níveis elevados de 5’-fosforribosil- Citogenética no Diagnóstico Laboratorial12 1-pirofosfato (substância que em quantidades normais exerce o controle da síntese de purinas), acarretando hiperuricemia e hiperuricosúria (altos níveis de ácido úrico no sangue e na urina, respectivamente). A hiperuricemia, frequentemente, resulta na formação de cálculos de ácido úrico nos rins e deposição de cristais de urato nas articulações (artrite gotosa) e nos tecidos moles, também podem aparecer hematúria, cálculos renais de ácido úrico e nefropatia obstrutiva e quando não tratada geralmente é a causa de morte mais comum durante a infância. O tratamento é feito com drogas como o alopurinol, para reduzir os níveis de ácido úrico e evitar a formação de cálculos de ácido úrico e outras complicações, mas nenhuma delas reduz os efeitos prejudiciais ao SNC. Nessa síndrome o comportamento compulsivo autodestrutivo é visto entre 2 e os 4 anos de idade, quando os pacientes começam a morder a mucosa oral, lábios e dedos, sem qualquer perda da sensibilidade. Figura 2: Síndrome de Lesch-Nyhan Fonte: http://bit.ly/36Jwbed Além disso, nos erros inatos do metabolismo ainda podem conter situações em que são encontrados o acúmulo do substrato pode acarretar acúmulo do precursor, no qual são produzidos metabólitos tóxicos ou ainda o próprio acúmulo de substrato se torna prejudicial às células. A exemplo do acúmulo do substrato, têm-se a galactosemia, é uma herança autossômica recessiva, determinada por um gene localizado no cromossomo 9p13, a qual resulta da deficiência da enzima galactose- 1-fosfato-uridiltransferase, que normalmente converte a galactose-1- Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 13 fosfato em glicose-1-fosfato. Nos homozigotos, essa etapa metabólica está bloqueada, acumulando-se galactose nas ce ́lulas sanguíneas, no fígado, no cérebro e nos rins. Ao nascerem, os bebês parecem normais, mas na segunda semana de vida começam a apresentar vômitos, diarreia, desidratação, icterícia, desnutrição e atraso no desenvolvimento. Na ausência do tratamento adequado, podem sofrer complicações como cirrose, hepatoesplenomegalia, galactosúria, catarata e deficiência mental. Assim, o tratamento consiste na substituição permanente do leite da dieta por produtos que não contenham galactose nem lactose (açúcar do leite, que pode ser convertido em galactose), evitando, assim, a maioria dos efeitos prejudiciais da deficiência enzimática. Um exemplo clássico para a produção de metabólitos tóxicos é a fenilcetonúria (PKU), na qual o bloqueio enzimático é causado pela falta da enzima fenilalanina-hidroxilase, que tem por função converter a fenilalanina em tirosina, no fígado. Na ausência dessa enzima, a fenilalanina acumula- se no sangue e é degradada, por uma via secundária, em fenilpiruvato, fenilactato e fenilacetato, que podem ser tóxicos. O bloqueio enzimático acarreta também deficiência de tirosina, com a consequente redução na formação de melanina, motivo pelo qual os afetados tendem a ter pele, cabelos e olhos claros. Além disso, as áreas cerebrais pigmentadas, como a substância negra, também carecem de pigmento. No Brasil a prevalência é de 1/25.000. As crianças que tem a doença são normais ao nascer, porém se tornam progressivamente deficientes (QI<20) e se tornam hiperativas, irritáveis, espásticas e podem ter convulsões. Algumas crianças apresentam sinais de agressividade e apresentam comportamento psicótico, incapacidade motora, incontinência esfincteriana, odor de mofo por conta da excreção urinária de fenilcetonas e dermatite constante. Hoje o diagnóstico é feito por meio do teste do pezinho no pré-natal. Uma das recomendações nesse paciente é a dieta alimentar, os alimentos proibidos na fenilcetonúria são os que têm alto teor de fenilalanina. Entre eles, estão carnes e derivados, feijão, ervilha, soja, grão-de-bico, lentilha, amendoim, leite e derivados, achocolatados, ovos, nozes, gelatinas, bolos, farinha de trigo, alimentos industrializados com altos teores de fenilalanina, pães em geral, biscoitos e qualquer alimento que contenha aspartame, uma vez que o aspartame sempre está associado com a fenilalanina para adocicar os produtos da linha DIET. Citogenética no Diagnóstico Laboratorial14 Ademais, a falta de um produto final ou excesso de um substrato pode interferir nos mecanismos reguladores, gerando vários tipos de doenças. Exemplificando tem-se a hipercolesterolemia familiar, uma doença autossômica dominante caracterizada pela elevação a nível plasmático de colesterol. É uma doença genética do metabolismo das lipoproteínas, principalmente por defeito do gene LDLR que codifica o receptor de LDL. Lipoproteínas de baixa densidade (LDL) LDL é a sigla de Low Density Lipoproteins, que significa lipopro- teínas de baixa densidade. As mutações nesse gene podem ser agrupadas em pelo menos cinco classes de alterações funcionais dos receptores de LDL: 1. Redução ou ausência de síntese; 2. Redução ou defeito no transporte do receptor entre o retículo endoplasmático e o complexo de Golgi; 3. Ligação deficiente entre o receptor e a LDL; 4. Internalização anormal da LDL pelo receptor; 5. O receptor não consegue liberar a LDL nos lisossomos e retornar para a superfície celular (ausência de reciclagem), sendo degradado o complexo LDL-receptor. A mutação também pode ser secundária a defeitos no gene APOB que codifica a apolipoprotei ́na B100, ou por mutações com ganho de função no gene pró-proteína convertase subutilisina/kexina tipo 9 (PCSK-9). Nos pacientes com Hipercolesteerolemia Familiar heterozigótica ocorre a circulação de LDL por mais tempo no plasma e por isso há mais oxidação e transformações químicas, que resultam na alta captação de LDL pelos r macrófagos, deflagrando mecanismos pró-aterogênicos, tendo como consequência aterosclerose, doença arterial coronariana e doença arterial periférica. Para esses pacientes a dieta alimentar também é importante, sendo vetada o consumo de alimentos ricos em colesterol e ácidos graxos saturados e recomenda-se a utilização de medicamentos hipolipimiantes e a prática de exercícios físicos. O diagnóstico da hipercolesterolemia familiar e ́ estabelecido segundo Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 15 os critérios clínicos e laboratoriais devendo sempre ser hipótese diagnostica em pacientes com níveis de colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDLc) superiores a 190mg/dL e pode ser confirmado por testes genéticos que determinam a mutação. Ainda existem as doenças que são decorrentes do metabolismo das porfirinas. As porfirinas são compostos nitrogenados que se ligam facilmente a íons metálicos e fazem parte do grupamento da hemoglobina, mioglobina, citocromos e outras proteínas. Essas doenças acontecem por deficiência de enzimas na biossíntese do grupamento heme, sendo assim classificadas em porfirinas hepáticas ou porfirinas eritropoiéticas, de acordo com o maior número de acúmulos se no fígado ou no sistema eritropoiético. No caso das porfirinas hepáticas, as manifestações clínicas são fotossensibilidade, erupções avermelhadas, mudança de cor da urina para vermelho escuro ou marrom. As porfirias eritropoie ́ticas são caracterizadas por erupções e vesículas na pele no início da infância, sendo complicadas por cirrose colesta ́tica hepática e insuficiência hepática progressiva. Genômica e proteômica A genômica se refere ao estudo do genoma e para isso sãousadas técnicas que possam caracterizar os genes e a proteômica avalia a expressão de proteínas em materiais como fluidos corporais, tecidos em condições/e ou momentos distintos. A genômica estrutural estuda a organização e a sequência de informação genética contida em um genoma. Para tanto devem ser analisados mapas genéticos e físicos dos cromossomos. O mapa é importante porque ele identifica as localizações dos genes, marcadores moleculares e segmentos cromossômicos para identificar a posição dos segmentos cromossomos e alinha trechos de DNA sequenciado em uma sequência do genoma inteiro. Os mapas genéticos (também conhecidos como mapas de ligação) fornecem uma estimativa das localizações dos genes em relação a localizações de outros genes conhecidos. Estes mapas baseiam-se na função genética da recombinação. Em resumo, organismos com Citogenética no Diagnóstico Laboratorial16 genótipo conhecido são cruzados e a frequência de recombinação entre os loci é determinada pelo exame dos descendentes. Se a frequência de recombinação entre os loci for 50%, então os loci estão em diferentes cromossomos ou distantes no mesmo cromossomo. Se a frequência de recombinação for menor que 50%, os loci estão próximos no mesmo cromossomo (eles pertencem ao mesmo grupo de ligação). Para genes ligados, a taxa de recombinação é proporcional à distância física entre os loci. As distâncias nos mapas genéticos são medidas em porcentagem de recombinação (centimorgans, cM) ou unidades de mapa. Os dados de cruzamentos múltiplos de dois ou três pontos podem ser integrados em mapas de ligação para cromossomos inteiros. Figura 3: Mapa genético Fonte: wikimedia commons Os mapas genéticos têm muitas limitações, a primeira delas é a resolução ou o detalhe. O genoma humano inclui 3,2 bilhões de pares de bases de DNA e tem uma distância genética total de 4.000 cM, uma média de 800.000 pb/cM. Mesmo que exista um marcador a cada centimorgan (o que não é uma expectativa realista), a resolução em relação à estrutura física do DNA ainda seria muito baixa, em outras palavras, os detalhes do mapa seriam muito limitados. Um segundo problema dos mapas genéticos é que nem sempre eles correspondem exatamente às distâncias físicas entre os genes. Os mapas genéticos baseiam-se nas taxas de crossing over, que variam de uma parte de um cromossomo para outro, portanto, as distâncias em um mapa genético são apenas aproximações das distâncias físicas reais Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 17 ao longo de um cromossomo. Existem algumas discrepâncias entre as distâncias e até entre as posições de alguns genes. Apesar destas limitações, os mapas genéticos são críticos para o desenvolvimento dos mapas físicos e o sequenciamento dos genomas inteiros. Um outro recurso que pode ser usado em consonância com o mapa genético é o mapa físico, no qual analisam diretamente o DNA e os genes são colocados em relação às distâncias medidas em um número de pares de bases, quilobases ou megabases. Para a criação desse mapa são utilizadas técnicas como mapeamento de restrição, que determina a posição dos sítios de restrição do DNA. Isso são feitas por etapas. A primeira etapa consiste na avaliação do segmento de DNA na eletroforese em gel, para determinar o número de sítios de restrição ao DNA e as distâncias entre elas, as quais podem ser avaliadas pelas posições das bandas no gel. A segunda etapa é o encontro da ordem ou da localização exata dos sítios de restrição. Para mapear os sítios de restrição, uma amostra de DNA é cortada com uma enzima de restrição e outra amostra é cortada com uma enzima de restrição diferente. Uma terceira amostra é cortada com ambas as enzimas de restrição juntas (uma dupla digestão). Os fragmentos de DNA produzidos por estas digestões de restrição são separados por eletroforese em gel e seus tamanhos são comparados. A sobreposição no tamanho dos fragmentos produzidos pelas digestões pode ser usada para posicionar os sítios de restrição na molécula de DNA original. Assim, são feitos mais mapeamento de restrição com várias enzimas de restrição, usadas sozinhas ou em várias combinações, produzindo muitos fragmentos de restrição. Com segmentos longos de DNA (maiores que 30 kb), programas de computador são usados para determinar os mapas de restrição e o mapeamento de restrição pode ser facilitado ao se marcar uma extremidade de um grande fragmento de DNA com radioatividade ou ao identificar a extremidade com o uso de uma sonda. Os mapas físicos, como os mapas de restrição de fragmentos de DNA ou até de cromossomos inteiros, são criados para análise genômica. Estes mapas compridos são criados ao combinar os mapas de fragmentos genômicos curtos e sobrepostos. Existem várias técnicas adicionais para criar mapas físicos, incluindo: Citogenética no Diagnóstico Laboratorial18 mapeamento de sítio de sequência marcada (STS), que localiza as posições de sequências curtas únicas de DNA em um cromossomo, hibridização in situ, na qual os marcadores podem ser mapeados visualmente nas localizações nos cromossomos e sequenciamento de DNA. No entanto, para melhorar a análise dos genes e ideal seria o sequenciamento do genoma inteiro, no entanto, isso exigiria que o DNA fosse rompido em milhares de fragmentos menores para a análise. Entretanto, a dificuldade está em posicionar essas pequenas sequências de volta na ordem correta. Assim, para montar esses pequenos fragmentos podem ser usados o mapa e o sequenciamento Shotgun (método de sequenciamento) do genoma completo. No caso do sequenciamento baseado no mapa, os fragmentos curtos sequenciados são montados em uma sequência de genoma inteiro criando primeiro os mapas genéticos e físicos detalhados do genoma, que fornecem localizações conhecidas dos marcadores genéticos (sítios de restrição, outros genes ou sequências de DNA conhecidas) em intervalos regulares ao longo de cada cromossomo. Estes marcadores são usados posteriormente para ajudar a alinhar os fragmentos curtos sequenciados na sua ordem correta. Figura 4: Sequenciamento do mapa Fonte: http://bit.ly/39YCwEI Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 19 Após essa etapa, os cromossomos ou os fragmentos maiores são separados por eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE) ou citometria de fluxo. A eletroforese convencional não é usada porque não consegue separar segmentos muito grandes de DNA, como cromossomos inteiros, mas a PFGE consegue separar grandes moléculas de DNA ou cromossomo inteiro em um gel, pois altera periodicamente a orientação de um campo elétrico. E na citometria de fluxo, os cromossomos são classificados opticamente pelo tamanho. Cada cromossomo (ou às vezes, o genoma inteiro) é então cortado por digestão parcial com enzimas de restrição. A digestão parcial significa que as enzimas de restrição atuam por um tempo limitado de modo que nem todos os sítios de restrição em cada molécula de DNA sejam cortados. A digestão parcial produz um conjunto de grandes fragmentos de DNA sobrepostos, que são clonados com o uso de cosmídios, cromossomos artificiais de levedura (YACS) ou cromossomos bacterianos artificiais. Quando os grandes clones de inserção são montados na ordem correta no cromossomo, um subconjunto de clones sobrepostos que cobrem eficientemente o cromossomo inteiro pode ser selecionado para o sequenciamento cujo objetivo é selecionar o número mínimo de clones necessários para representar o cromossomo. Cada um dos grandes clones de inserção selecionados é clivado em fragmentos sobrepostos menores que são clonados. Estes clones menores (chamados de pequenos clones de inserção) são sequenciados e examinadas quanto à sobreposição, o que permite que sejam corretamente montadas para originar a sequência dos grandes clones de inserção. Uma quantidade suficiente de pequenos clones de inserçãosobrepostos é sequenciada para garantir que o genoma inteiro seja sequenciado várias vezes. Finalmente, o genoma inteiro é montado ao colocar as sequências de todos os contigs sobrepostos. Mesmo assim, os espaços no mapa do genoma ainda existem e precisam ser preenchidos ao usar outros métodos. No sequenciamento Shotgun do genoma completo, pequenos clones de inserção são preparados diretamente a partir do DNA genômico e sequenciados. A utilização de softwares auxilia na montagem do genoma inteiro por meio de exame da sobreposição dos pequenos Citogenética no Diagnóstico Laboratorial20 clones de inserção. Uma vantagem deste tipo de sequenciamento é que os pequenos clones de inserção podem ser colocados em plasmídeos, que são simples e fáceis de manipular. A exigência de sobreposição significa que a maior parte do genoma será sequenciada múltiplas vezes (de 10 a 15 vezes). O número médio de vezes que um nucleotídeo no genoma é sequenciado é chamado de cobertura de sequenciamento. Figura 5: Sequenciamento Shotgun do genoma completo Fonte: http://bit.ly/39YCwEI SAIBA MAIS: Um suporte nas análises desses dados tem sido o campo da Bioinformática. Essa ferramenta se concentra no desenvolvimento de bancos de dados, algoritmos de pesquisa em computador, programa de previsão gênica e outras ferramentas analíticas usadas para dar sentido aos dados de sequência de DNA, RNA e proteínas. Assim, após determinar a sequência de genes é importante detectar a função dos genes, por meio da genômica funcional. Os objetivos da genômica funcional incluem a identificação de todas as moléculas do RNA transcritas a partir de um genoma, o qual chamamos de transcriptoma e das proteínas, a qual chamamos de proteoma, e o estudo do proteoma é proteômica. Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 21 Para a análise proteômica, é necessário a separação das proteínas, identificação e quantificação. Uma técnica usada para esse fim é a de eletroforese bidimensional em gel de poliacrilamida (2D-PAGE), no qual as proteínas são separadas em uma dimensão pela carga elétrica, separadas em uma segunda dimensão pela massa e então coradas. O princípio da técnica é a separação das diferentes proteínas em manchas, com o tamanho de cada mancha proporcional à quantidade de proteína presente. Um típico gel 2D-PAGE pode ter muitas centenas a milhares de manchas. Ver figura 09. Figura 6: Eletroforese bidimensional em gel de poliacrilamida (2D-PAGE) pode ser usada para separar as proteínas celulares Fonte: http://bit.ly/2NeSjWm Para melhorar a identificação de proteínas, ainda podem ser usadas outras técnicas como a cromatografia líquida e a espectrometria de massa. A cromatografia líquida, ocorre a partir de uma mistura de moléculas a qual são dissolvidas em um líquido e passada por uma coluna preenchida com partículas sólidas. As diferentes afinidades para as fases líquida e sólida fazem com que alguns componentes da mistura viajem pela coluna mais lentamente do que outros, resultando na separação dos componentes da mistura, já na espectrometria de massa, uma molécula é ionizada e é determinada sua taxa de migração em um campo elétrico. Como pequenas moléculas migram mais rapidamente do que as maiores, a taxa de migração consegue determinar com exatidão a massa da molécula. Ver figura 10. Citogenética no Diagnóstico Laboratorial22 Figura 7: Análise da espectrometria de massa Fonte: wikipedia Assim, para a análise genética são necessárias diversas ferramentas moleculares e proteicas para identificar o gene bem como a sua função. Identificação dos genes de doenças humanas e fatores de suscetibilidade Na clonagem posicional, um gene de doença é identificado a partir apenas do conhecimento de sua localização cromossômica aproximada. O gene candidato pode ser identificado pelo conhecimento prévio de um homólogo em outras espécies, por um paciente que possui tanto um fenótipo de interesse como uma anormalidade cromossômica estrutural, ou pela análise de ligação. O sucesso depende de uma interação entre o trabalho clínico, a bancada de laboratório e a análise de bancos de dados, sendo esta última etapa uma das mais importantes, devido ao acúmulo de informações sobre os genomas. Para que ocorra a clonagem posicional devem ser cumpridos 04 etapas: definição da região candidata, obtenção dos clones de DNA para toda a região, identificação de todos os genes na região, triagem de mutações e teste de genes candidatos na identificação das mutações na população afetada. No caso de doenças mendelianas, é necessário verificar o número de meioses disponíveis para a análise da ligação. A resolução será alcançada quando o último recombinante for mapeado entre os marcadores intimamente espaçados. Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 23 Para realizar a identificação de todos os genes, hoje em dia pode-se usar como ferramenta um navegador genômico o Ensembl (http://www. ensembl.org/) ou o Santa Cruz (http://genome.cse.ucsc.edu/) para mostrar todos os genes definidos e possíveis de uma região candidata. Para a identificação de mutações devem ser usadas amostras de uma coleção de pessoas afetadas não relacionadas sequenciadas. Para isso deve ser feita a análise de todos os éxon, e cada éxon deste gene é individualmente amplificado por PCR e então sequenciado. Na escolha dos genes para sequenciamento, faz sentido começar com os mais promissores, embora a facilidade de análise seja também um dos fatores a considerar. A escolha do gene tem a ver com o nível de expressão, ou seja, deve possuir um padrão de expressão consistente com o fenótipo da doença. Essa expressão não precisa estar limitada ao tecido afetado, mas o gene candidato deve, ao menos, ser expresso no local onde a doença é observada e no período, ou antes do período, no qual a patologia doença se tornou evidente. As técnicas usadas para analisar a expressão do gene podem ser a reação de cadeia em polimerase em tempo real (RT-PCR), nothern blotting ou por análise em série da expressão gênica (SAGE), uma técnica que avalia a expressão de RNA mensageiro. Outras técnicas como hibridização in situ ou imuno-histoquímica podem avaliar padrões de expressão. Após essa análise, é necessário identificar a função do gene. Para um gene novo, análises de sequência fornecerão indícios de sua função por meio do reconhecimento de motivos de sequência comuns tais como domínios transmembrana ou motivos de tirosina quinases. Estes podem ser suficientes para priorizar um gene como candidato, considerando-se a patologia da doença. Anormalidades cromossômicas podem, algumas vezes, fornecer um método alternativo para a localização de um gene de doença, em substituição à análise de ligação. Para condições que são normalmente esporádicas, como muitas doenças dominantes graves, aberrações cromossômicas podem proporcionar o único método de se chegar a um gene candidato. Uma quebra cromossômica pode causar a perda de função de um gene se esta interrompe a sequência codificadora daquele gene ou se separa a sequência codificadora de uma região regulatória que Citogenética no Diagnóstico Laboratorial24 age em cis. Alternativamente, ela pode causar um ganho de função, por exemplo, aproximando éxons de dois genes para criar um novo gene quimérico. Em ambos os casos, os pontos de quebra fornecem uma pista valiosa da localização física exata do gene da doença. A posição do ponto de quebra é mais facilmente definida utilizando a técnica de hibridização in situ (FISH). Entretanto, para a avaliação de microdeleções e de microdupli- caçoes deve-se usar a técnica de hibridização genômica comparativa (CGH, do inglês comparative genomic hybridization). Para realizar essa técnica de CGH, as amostras de DNA de um paciente e de um controle não afetado são marcadas com dois fluorocromos diferentes. Quantidades equivalentesdas duas amostras de DNA são misturadas e hibridizadas a um microarranjo de clones de um indivíduo normal. Após a lavagem da sonda não ligada, a fluorescência é medida nos dois comprimentos de onda, e a proporção vermelho-verde é calculada para cada clone. Independentemente da técnica utilizada, é importante confirmar os resultados por FISH. Anormalidades balanceadas podem não ser detectadas, e os resultados para duplicação ou amplificação podem ser incapazes de distinguir repetições em tandem de repetições dispersas. A principal limitação destas técnicas está na interpretação dos resultados. Além disso, um gene de doença pode ser identificado por meio do conhecimento de seu produto gênico devido à degeneração do código genético, a sequência gênica predita é também degenerada. Uma sonda utilizada para varrer uma biblioteca de cDNA deve conter um coquetel de todas as sequências possíveis que poderiam codificar aqueles aminoácidos. Considerando que apenas uma sonda da mistura corresponderá à sequência autêntica, é importante manter o número de diferentes oligonucleotídeos baixo para aumentar a probabilidade de identificar o alvo correto. SAIBA MAIS: Para entender melhor a influência da genética leia o artigo Avaliação genética, triagem familiar e exercício, disponível em https://bit.ly/2m06EuZ Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 25 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que os erros metabólicos hereditários são distúrbios bioquímicos determinados geneticamente, nos quais um defeito enzimático especifico produz um bloqueio metabólico que pode originar uma doença. Alguns erros metabólicos são assintomáticos e não acarretam doenças, como, por exemplo, a redução da sensibilidade gustativa à feniltiocarbamida; outros são assintomáticos até que sejam evidenciados pela ingestão de certas substâncias, como a deficiência da enzima glicose-6-fosfatodesidrogenase (G6PD). Por outro lado, certa fração dos erros metabólicos é sintomática, mas não causa grandes problemas clínicos (p. ex., alcaptonúria). A maioria deles, no entanto, manifesta- se com sintomas agudos, e só são compatíveis com a sobrevivência normalmente se sua causa for eliminada (p. ex., galactosemia). Assim, surge a genômica e proteômica para a análise do gene e das proteínas. Para essa análise inicial são feitos mapas genéticos que posicionam os genes em relação a outros genes ao determinar as taxas de recombinação. O sequenciamento de um genoma inteiro exige a clivagem dele em pequenos fragmentos sobrepostos cujas sequências de DNA podem ser determinadas em reações de sequenciamento. As sequências individuais podem ser ordenadas em uma sequência de genoma inteiro usando uma abordagem baseada no mapa, na qual os fragmentos são montados em ordem ao usar mapas genéticos e físicos previamente criados ou com o uso de uma abordagem do genoma completo pela estratégia Shotgun, no qual é usada a sobreposição entre os fragmentos para montá-los em uma sequência de genoma inteiro. Hoje em dia, praticamente todos os genomas são sequenciados usando o método Shotgun do genoma completo. E a proteômica determina o conteúdo de proteína de uma célula e as funções destas proteínas, as proteínas intracelulares podem ser separadas e identificadas com o uso de espectrometria de massa, cromatografia líquida ou ainda citometria de fluxo. Citogenética no Diagnóstico Laboratorial26 RESUMINDO: A proteômica estrutural tenta determinar a forma tridimensional das proteínas. Assim, existem várias maneiras pelas quais um gene para doença pode ser identificado. Isso pode ser feito a partir do conhecimento do produto proteico ou de um gene relacionado (em humanos ou em outras espécies) para a correta identificação do gene. De maneira mais frequente, primeiro a localização cromossômica do gene é definida e a seguir é feita uma busca nesta região para um gene que contenha mutações em pacientes, mas não em controles (clonagem posicional). Algumas vezes, anormalidades cromossômicas podem sugerir uma localização. Translocações, inversões ou deleções podem causar problemas clínicos pela interrupção ou deleção de genes. Se dois pacientes não relacionados compartilham um ponto de quebra cromossômico e também uma característica clínica específica, talvez um gene responsável por esta característica esteja localizado naquele ponto de quebra ou próximo a ele. Mais frequentemente, entretanto, genes de doenças são localizados por análise de ligação em um conjunto de famílias onde a doença está segregando. Genética das doenças complexas As principais doenças complexas genéticas são artrite reumatoide, diabetes mellitus, diabetes mellitus insulinodependente, doenças cardiovasculares, doenças cardíacas congênitas, doença arterial coronariana, hipertensão, doença de Hirschsprung, obesidade, osteoporose e febre reumática. A suscetibilidade genética pode ocorrer devido à herança monogênica de um produto gênico anormal envolvido num padrão metabólico determinado, como a doença arterial coronariana precoce devida à hipercolesterolemia familiar ou hereditária. No diabetes mellitus tipo 2, o pâncreas não produz insulina suficiente ou o organismo não consegue usar corretamente a insulina, resistindo à sua ação; por isso, quantidades pequenas de insulina conseguem entrar dentro da célula. A prevalência dessa doença é na meia-idade e no idoso, mas, geralmente, e ́ menos grave do que o tipo 1. A chance de risco maior são em pacientes acima de 45 anos, com histórico Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 27 familiar de diabetes, excesso de peso associado ao sedentarismo, baixos níveis de colesterol do tipo HDL ou altos níveis de triglicerídeos, mulheres que tiveram diabetes gestacional e crianças que não dependem de insulina para o controle glicêmico. O diagnóstico é baseado em três fases clínicas como a normalidade da glicemia apesar da resistência à insulina, hiperglicemia pós-prandial e diminuição dos níveis de insulina em estado de hiperglicemia. Em adição à hiperglicemia, ocorre a desregulação metabólica resultante da disfunção das células das ilhotas de Langerhans e a resistência à insulina causam aterosclerose, neuropatia periférica, doença renal, cataratas e retinopatia. Estudos tem mostrado a detecção do polimorfismo de compri- mento de fragmento de restrição na extremidade 5’ do gene da insulina, mapeado no braço curto do cromossomo 11. Um dos alelos desse polimorfismo está associado com o diabetes mellitus não insulino dependente, pode estar associado na regulação da síntese da insulina. Assim, os fatores genéticos revelam herança multifatorial, os quais estão intimamente relacionados com os fatores ambientais como idade, sexo, etnia, condicionamento físico, obesidade, dieta e uso de fumo, bem como o efeito da distribuição de gordura e a sensibilidade à insulina bem como a excreção. O diabetes mellitus insulino dependente é um distúrbio autoimune da hemostasia da glicose, o qual é caracterizado pela deficiência de insulina causada pela destruição das células beta e pela suscetibilidade a cetoacidose na ausência de reposição da insulina. Os sinais clássicos são polidipsia, polifagia e poliúria, que resultam da diurese osmótica e da sede secundária, induzida pelo processo da hiperglicemia. Existem pelo menos seis alelos (HLA-B8, HLA-B15, HLA-B18, HLA-C3, HLA-DR3 e HLA-DR4) desse sistema que conferem ao seu portador um risco aumentado de vir a apresentar diabetes do tipo 1, bem como três alelos (HLA-B7, HLA-B12 e HLA-DR2) que, ao contrário, protegem seu portador contra esse risco. A artrite reumatoide (AR) é caracterizada pela presença de inflamações frequentes nas articulações, que podem levar a ̀ incapacidade funcionaldos pacientes, com um complexo componente genético. É uma doença que acomete as pequenas articulações, o que leva a deformidades pela erosão da cartilagem e do osso. Essa doença Citogenética no Diagnóstico Laboratorial28 afeta muitos órgãos e tecidos, sobretudo nas articulações como os punhos, mãos, cotovelos, ombros e pescoço, levando à deformidades. O principal sinal da doença é muita dor nas articulações afetadas, dor, calor, inchaço, simetria das articulações, movimentos limitados, rigidez matinal, fraqueza e fadiga. A fisiopatologia ocorre pela ação das células T e B autorreativas, que levam ao quadro de sinovite, à infiltração celular e a um processo desorganizado de destruição e remodelação óssea. A membrana sinovial é a principal fonte de citocinas pró-inflamatórias e proteases e, em conjunto com osteoclastos e condrócitos, promove a destruição articular. Múltiplos fatores genéticos, incluindo o sistema HLA (HLA- DRB1; 142857), influenciam a suscetibilidade à AR, a associação mais citada de AR e sistema HLA é o lócus HLA-DR4. O diagnóstico da AR é feito por meio da associação de dados clínicos, laboratoriais e radiográficos. Os exames laboratoriais incluem a determinação do fator reumatoide, porém os resultados devem ser analisados de forma criteriosa. E além disso, pode-se dosar os anticorpos anti-CCP o qual possui elevada especificidade e sensibilidade semelhante ao FR, o que torna a determinação do anti-CCP uma ferramenta de grande utilidade para o diagnóstico da AR. As doenças cardiovasculares são o resultado de um estilo de vida inadequado, fatores psicológicos, sedentarismo, ausência de atividade física, dieta mal balanceada e tabagismo. A idade bem como o histórico familiar são importantes porque podem aumentar a chance de risco de doença cardiovascular. As doenças cardíacas congênitas podem ser devido a agentes teratogênicos como drogas, elementos ambientais e infecções. As principais alterações cromossômicas observadas são numéricas e correspondem à presença adicional ou à falta de um cromossomo. Dentre elas, temos a trissomia livre do cromossomo 21 (+21), a principal constituição cromossômica observada em indivíduos com síndrome de Down, trissomia livre do cromossomo 18 (+18), responsável pela síndrome de Edwards. Anormalidades recorrentes, mas menos frequentes, consistiram da trissomia livre do cromossomo 13 (síndrome de Patau), da monossomia do cromossomo X (síndrome de Turner), da síndrome de Klinefelter e da triploidia. Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 29 As doenças arteriais coronarianas tem como fatores de risco o gênero do sexo masculino, idade, histórico familiar da doença, hiperlipidemia, hipercolesterolemia, hipertensão, diabetes, obesidade, baixos níveis de lipoproteínas de alta densidade (HDL) e altos níveis de LDL, polimorfismos lipoproteicos, como altos níveis de apolipoproteína B, apolipoproteína A1 (apo A1), lipoproteína a – Lp(a) – e a enzima conversora da angiotensina I, além de associação coma hipercolesterolemia familiar. Outros associados são os genéticos e ambientais, como vida sedentária, dieta rica em colesterol, tabagismo, caracterizado por ansiedade. A análise laboratorial é feita a partir da análise do polimorfismo genético da apolipoproteína E ou apo E (codificada por um gene do lócus, no cromossomo 19q13.2; OMIM 107741), o qual está relacionado com os níveis lipídicos. Essa lipoproteína plasmática está envolvida no transporte e no metabolismo dos lipídeos, sendo a principal lipoproteína associada ao aumento dos riscos de DAC. A apo E liga-se aos receptores de LDL nas superfícies celulares, os quais são responsáveis pela captação de colesterol pela célula. A hipertensão arterial é um fator de risco das doenças cardiovascu- lares é a causa mais importante de insuficiências cardíaca e renal, bem como de morte súbita. As pessoas com hipertensão enquadram-se em dois grupos: no primeiro grupo, a manifestação da hipertensão se dá, geralmente, no início da vida adulta é uma consequência de outro distúrbio, por exemplo, doença renal ou anomalias de algumas glândulas endócrinas, o que é chamado de hipertensão secundária; no segundo grupo, o mais comum, a hipertensão começa na meia-idade, sem causa reconhecida, sendo denominada hipertensão essencial. O gene associado é o C3 além da associação de vários lócus como o gene HYT1 (OMIM 603918), localizado no cromossomo 17q, HYT2 (OMIM 604329), no cromossomo 15q, e HYT3 (OMIM 607329), no cromossomo 2p. A obesidade é uma síndrome plurimetabólica que pode ser definida tecnicamente de acordo com o IMC, que é o peso corporal em relação à altura e que é dado pela medida do peso dividido pela altura ao quadrado (peso/altura2). Mutações heterozigotas no gene do receptor da melanocortina 4 (MC4R; OMIM 155541) causam obesidade como uma característica isolada. Distúrbios autossômicos recessivos, cuja principal característica è a obesidade, incluem deficiência de leptina (OMIM Citogenética no Diagnóstico Laboratorial30 164160), deficiência do receptor de leptina (OMIM 601007), deficiência do pró-hormônio convertase 1 (OMIM 162150) e deficiência da pró- opiomelanocortina (OMIM 609734). Associados a esses distúrbios, estão o hipogonadismo hipogonadotrófico, o hipoadrenalismo e a baixa estatura. E por fim, a osteoporose é caracterizada como diminuição da densidade óssea e é uma das doenças mais comuns em mulheres pós menopausa. Há uma possível interação entre o gene VDR (OMIM 601769), do receptor da vitamina D, e o gene ESR1 (OMIM 133430), do receptor de estrogênio 1, associada diretamente com a densidade óssea. O estrogênio influencia o metabolismo e o crescimento ósseo, e esse efeito é dependente de receptores nucleares. Outro gene associado com a determinação da densidade mineral óssea é CALCR (OMIM 114131), do receptor da calcitonina e o gene do colágeno tipo I alfa 1 (COLIA1; OMIM 120150) está associado à massa óssea e à predisposição a fraturas. Outro gene envolvido no processo da osteoporose e ́ o da apolipoproteína E (APOE; OMIM 107741), que pode atuar no aparecimento de fraturas, alterando a absorção de vitamina K. Assim, a pesquisa em genética pode contribuir na elucidação das doenças complexas por utilizar metodologias capazes de identificar os genes. RESUMINDO: Há doenças que não apresentam um erro metabólico específico identificado, nem um tipo de herança definido, mas sua agregação familiar indica que estão sob a influência de alguns fatores genéticos. Essas doenças compõem o grupo das doenças complexas. As doenças mais comuns da espécie humana não estão relacionadas a mutações em um ou dois genes, mas são devidas a polimorfismos genéticos combinados com a ação de fatores ambientais. Um novo paradigma para a investigação dessas doenças são o mapeamento de da variação genética, útil na descoberta de genes relacionados às doenças complexas. Suas principais aplicações são comparar padrões de SNPs de indivíduos afetados com os padrões de indivíduos normais, identificar as variações espalhadas no genoma e descobrir abordagens para lidar com as doenças no nível genético, desenvolvendo terapêuticas mais adequadas e eficientes. Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 31 RESUMINDO: As diferentes doenças podem ser consideradas dentro de um espectro relacionado com os papéis relativos da herança e do ambiente em sua etiologia. Esse espectro vai desde as doenças que ocorrem somente em indivíduos com uma determinada constituição genética, independentemente das condições ambientais – acondroplasia, hemofilia, fenilcetonúria – passando pelo grupo das doenças complexas que não apresentam padrão simples de herança e mostram a contribuição de múltiplos fatores genéticos que interagem entre si e com fatores ambientais de um modo complexo, e atingindo outro extremo, onde estão agrupadas as doenças que dependem quaseexclusivamente de fatores ambientais (p. ex., traumatismo, rubéola e tuberculose). A suscetibilidade genética para uma dada doença complexa pode ocorrer por meio da herança monogênica de um produto gênico anormal envolvido em um padrão metabólico determinado, como a doença arterial coronariana precoce devida à hipercolesterolemia familiar. Em um indivíduo com uma mutação no gene dessa doença, a suscetibilidade genética é o principal determinante do desenvolvimento da doença arterial coronariana, mas isso pode ser modificado por alterações ambientais, como a redução da ingestão de colesterol e a prevenção de outros fatores de risco, como obesidade, falta de exercícios e tabagismo. A herança monogênica da suscetibilidade a uma determinada doença não acarreta, necessariamente, o desenvolvimento dessa doença. Em alguns casos, a exposição a fatores ambientais específicos será o principal determinante desse desenvolvimento. Para entender a genética das doenças complexas, o investigador pode abordar o problema de diversas maneiras: comparar sua prevalência e incidência em vários grupos populacionais diferentes; estudar os efeitos da migração; investigar a ocorrência da doença entre parentes; comparar a frequência em gêmeos idênticos e fraternos; determinar o efeito de alterações ambientais em estudos de adoção; estudar a associação dessas doenças com diversas características, como os grupos sanguíneos, sistema CHP e os polimorfismos bioquímicos e de DNA. Citogenética no Diagnóstico Laboratorial32 Testes genéticos utilizados no diagnóstico das doenças genéticas Os testes podem ser realizados com DNA ou com RNA. O RNA deve ser obtido a partir de um tecido no qual o gene em questão é expresso, e estas amostras precisam ser manipuladas com muito mais cuidado do que amostras de DNA. Entretanto, análises de RNA podem ser mais econômicas para um gene que possui vários éxons pequenos e podem revelar splicings anormais que não aparecem em testes de DNA. A amostra de DNA quando chega ao laboratório precisam ser feitas algumas perguntas, tais como o paciente possui alguma mutação em algum gene que possa explicar a doença? Essa pergunta deve ter sido responda previamente pelo médico, uma vez que os testes genéticos precisam ser direcionados, pois existem milhares de variações específicas no DNA. Outra pergunta que dever feita é o paciente possui alguma mutação neste gene específico que possa ser a causa da doença? O paciente possui uma mutação específica neste gene em particular, por exemplo, uma deleção de três bases no códon para fenilalanina 508 no seu gene CFTR? Com base nessas respostas, surge um outro questionamento, o que testar e por que testar? O DNA pode ser obtido a partir a partir de qualquer célula nucleada e o RNA pode ser avaliado quando se quer saber a expressão de uma proteína, por exemplo. Diversos materiais biológicos podem ser a fonte de DNA ou de RNA. O sangue é a melhor fonte de DNA, a raspagem bucal pode ser usada como fonte de DNA mas tem como limitação a quantidade e a qualidade da amostra, pois pode vir com contaminantes. Tecidos como pele e músculos são boa fonte de RNA, porém precisa ser o local onde o gene está expresso e para isso é necessário uma biópsia, por isso tem como desvantagem o fato de ser invasivo. Raízes capilares, sêmen, pontas de cigarro podem ser usadas para DNA especialmente para análises forenses ou toxicológicas, célula única de um blastocisto pode ser usada para diagnósticos de pré-implantação e a principal desvantagem é que requer um profissional bem treinado, vilosidades coriônicas pode ser usada para fins diagnósticos no pré- Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 33 natal entre 9-14 semanas, fluido amniótico é uma fonte rica de DNA mas só devem ser usadas para testes entre 15 e 20 semanas de gestação, cartão de Guthrie papel absorvente usado para o teste do pezinho para a triagem neonatal, caso os cartões fiquem ativados também servem de fonte para DNA. Se um gene precisa ser explorado para se obter informações acerca de mutações desconhecidas, deve ser testado o RNA por PCR com transcriptase reversa, uma vez que testar diretamente o DNA envolve amplificar e testar cada éxon separadamente, e isso pode ser um grande trabalho em um gene com muitos éxons, além de demora na emissão do resultado. Contudo, alguns cuidados são necessários quanto a análise do RNA, a saber, a manipulação deve ser feita com cuidado e de forma rápida, pois, o DNA se degrada de uma maneira muito rápida, o gene de interesse precisa estar expresso no tecido feita a biópsia, além disso, podem ser detectados um número muito baixo de transcritos ilegítimos, e além disso mutações truncadas geralmente resultam em um mRNA instável devido ao decaimento mediado por moléculas sem sentido, de maneira que o produto de RT-PCR de uma pessoa heterozigota pode apresentar apenas o alelo normal. Um gene é normalmente investigado para mutações por meio de sequenciamento. Para o sequenciamento podem ser usados alguns métodos como mobilidade de heterodúplices, que possui como vantagem o fato de ser simples, barato e de uso simples e as desvanta- gens são aplicabilidade em sequências inferiores a 200 pares de bases, sensibilidade limitada e não revela a alteração, outra técnica é a cromatografia líquida de alto desempenho desnaturante que possui como vantagem ser rápida, alta eficiência e é quantitativa e como desvantagens o equipamento é caro e também não revela a posição da alteração, ainda tem o método de polimorfismo de conformação de fita simples que tem como vantagem a alta sensibilidade e como desvantagem a plataforma é exclusiva do aparelho Light-Cycler e por fim, têm-se o teste de truncagem de proteínas que possui alta sensibilidade para análise de mutações de término de síntese, indica a posição da alteração e como desvantagens o fato de ser útil apenas na identificação de mutações de término de síntese, metodologia cara e difícil e geralmente trabalha com RNA. Citogenética no Diagnóstico Laboratorial34 Os métodos de truncamento das proteínas são baseados na tradução. É um teste específico para verificar alterações do quadro de leitura (frameshifts), sítios de splice ou mutações sem sentido que criam um códon de terminação prematura. É um método que pode ser utilizado para avaliar determinadas mutações como polipose adenmatosa ou câncer de mama associado ao BRCA1. Esse ensaio ignora substituições de bases silenciosas ou sem sentido e revela a localização aproximada de qualquer mutação. Além dessas técnicas, ainda pode-se detectar padrões de metilação do DNA. Metilação do DNA A metilação do DNA está associado ao controle de expressão gênica. A análise da metilação é importante para algumas doenças, como a síndrome do X frágil, porque a expansão da repetição do gene FMR1 dispara a metilação do promotor e a metilação silencia o gene e causa a síndrome, na síndrome de Prader–Willi, Angelman, Beckwith- -Wiedemann e Russell–Silver também ocorrem padrões de metilação genitor-específico em loci impritados e em tumores, uma vez que genes supressores de tumor geralmente são silenciados por metilação. Estudos de metilação no genoma inteiro utilizam a imunoprecipitação da cromatina com um anticorpo contra o DNA metilado e o estado de metilação de uma sequência individual é feito a partir de digestão com enzima de restrição na qual a enzima HpaII cliva apenas a sequência CCGG não metilada, enquanto a MspI cliva qualquer sequência CCGG, estando ou não metilada. Assim, o DNA genômico metilado apresenta diferentes padrões de fragmentos de restrição com essas duas enzimas. EXPLICANDO MELHOR: Ensaios de heterodúplices são ensaios de hibridização que envolvem, a ligação da amostra-teste à superfície de um suporte sólido ou a fixação da população de sondas a esse suporte. A ligação da população de moléculas aosuporte sólido é feita de maneira a permitir que sequências diferentes sejam fixadas em posições definidas na superfície sólida, mas não necessariamente em apenas uma das extremidades da superfície. Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 35 Alternativamente, um molde de PCR contendo uma sequência CCGG pode ser digerido com qualquer uma destas enzimas antes da amplificação. Se a sequência CCGG estiver metilada, o molde não será clivado por HpaII, e a PCR produzirá um produto e outro ensaio é a modificação bissulfito, que quando ocorre o tratamento do DNA pelo bissulfito de sódio, a citosina (exceto a 5-metilcitosina) é convertida em uracila. Outros métodos de investigação Ainda pode-se investigar uma alteração de sequência específica especialmente nos casos de diagnóstico de doenças com heterogeneidade alélica limitada, diagnóstico familiar, polimorfismo, genotipagem de SNPs. Os métodos que podem ser utilizados para essa investigação são PCR que pode ser utilizado quando a mutação cria ou elimina um sítio de restrição natural, hibridização de DNA amplificado por PCR a oligonucleotídeos núcleo específicos em um dot plot ou chip gênico o qual avalia mutações de pontos específicos e conseguem avaliar grande número de mutações ou SNPs, PCR com primers alelo-específicos é usado para mutações de ponto únicas e nesse ensaio o desenho dos primers é crítico para o sucesso do resultado, extensão de primer de nucleotídeo único é usado para mutações de pontos específicos e a leitura precisa ser realizada em um sequenciador de DNA, ensaio de ligação de oligonucleotídeo (OLA) também avalia mutações de ponto específicas e os testes precisam ser feitos em multiplex, pirossequenciamento é um método de larga escala de poucos nucleotídeos em posições específicas e o resultado é quantitativo, espectrometria de massa gera resultados quantitativos e é rápido, PCR com primers localizados nas extremidades de um ponto de translocação em uma amplificação bem sucedida mostra a presença da deleção suspeita ou do rearranjo especificado. A localização do primer comum pode ser escolhida para originar produtos de diferentes tamanhos para diferentes mutações, de maneira que os produtos de uma reação de PCR multiplex possam ser separados por eletroforese. Os pares de primers específicos para a mutação também podem ser projetados para originar produtos distinguíveis. Por exemplo, eles podem ser marcados com fluorescências diferentes ou com outras marcações, ou acrescidos de extensões 5 de diferentes tamanhos. Citogenética no Diagnóstico Laboratorial36 Geralmente, os íntrons são muito maiores do que os éxons que flanqueiam, e por isso pontos de quebra aleatórios em um gene têm maior probabilidade de estarem em um íntron. Desta maneira, deleções ou duplicações parciais de uma sequência gênica em escala de quilobases, se não estiverem inteiramente em um íntron, irão muito provavelmente remover ou duplicar um ou mais éxons inteiros. Quando o gene candidato já for conhecido, a técnica de escolha para detectar deleções ou duplicações de éxons inteiros é a amplificação de sonda dependente de ligação multiplex (MLPA). Como ocorre no OLA, pares de oligonucleotídeos hibridizam em regiões adjacentes no DNA teste, e a DNA-ligase sela a fenda entre eles produzindo uma única molécula. No OLA a fenda é posicionada em um nucleotídeo variante suspeito, e a ligação ocorrerá apenas se houver um pareamento exato; no MLPA a fenda é posicionada em um nucleotídeo (espera-se) não variante no DNA teste, de maneira que a ligação será sempre feita se a sequência molde estiver presente. A ligação cria uma molécula amplificável por A presença de um produto de PCR indica a presença da sequência correspondente apropriada no DNA teste. SAIBA MAIS: Para entender a aplicação desses ensaios nas doenças acesse o artigo Diagnostico citogenético de pacientes com retardo mental idiopático, disponível em https://bit.ly/2kqFblz RESUMINDO: O sucesso da análise laboratorial das mutações depende de fatores como o tipo de amostra utilizada bem como da metodologia escolhida. Para isso, é necessário que a escolha do teste genético seja capaz de investigar os casos bem como identificar os genes sejam inteiros ou apenas parte dele. A obtenção das amostras se DNA ou RNA depende em qual tecido o gene em questão é expresso, e além disso, deve- se prestar atenção na manipulação correta das amostras para evitar a degradação ou a contaminação das mesmas. A primeira parte da análise ocorre a partir da amplificação de sequências relevantes por meio de PCR ou RT-PCR. Citogenética no Diagnóstico Laboratorial 37 RESUMINDO: Seu propósito é reduzir o volume de sequenciamento necessário para detectar uma mutação, estes métodos geralmente exploram diferenças nas propriedades de heterodúplices de DNA ou a conformação de DNA de fita simples sob condições não desnaturantes. O teste de proteína truncada pode ser utilizado com o fim de triar um gene para mutações que introduzem um códon de terminação prematuro, novas alterações de sentido trocado ou sinônimas identificadas durante a triagem de um gene candidato para mutações patogênicas oferecem grandes problemas de interpretação. Várias abordagens são utilizadas para tentar decidir se a alteração é patogênica ou não, mas se elas falham em fornecer uma resposta definitiva, a alteração deve ser listada como uma variante não classificada, eles geralmente envolvem a hibridização alelo-específica, a ligação de DNA alelo-específico ou a extensão de primer por meio do sítio em questão. Estes métodos são utilizados também para a genotipagem de polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs). Além dessas, técnicas especiais para identificar deleções ou outras alterações de número de cópia incluem a amplificação múltipla de sonda dependente de ligação (MPLA; utilizada para detectar a duplicação ou a deleção de um ou alguns éxons) e a hibridização genômica comparada (CGH; utilizada para detectar grandes alterações) e às vezes o rastreamento gênico é utilizado em estudos familiares para descobrir se alguém herdou um alelo patogênico, em casos nos quais é impraticável ou indesejável buscar diretamente a mutação. Assim, os genótipos de um número limitado de microssatélites altamente polimórficos podem ser utilizados para produzir um perfil de uma amostra de DNA e esse perfil de DNA pode ser empregado para determinar a zigosidade de gêmeos ou a paternidade de uma criança, ou em investigações criminais para identificar a fonte do DNA recuperado na cena de um crime. Citogenética no Diagnóstico Laboratorial38 BIBLIOGRAFIA ARRUDA, Jalsi Tacon et al. Proteína P53 e o câncer: controvérsias e esperanças. Estudos Goiânia, Goiânia, v. 35, n. 1, p. 123-141, 01 fev. 2008. SILVA, Bárbara V. et al. Proteínas quinases: características estruturais e inibidores químicos. Quim. Nova, Rio de Janeiro, v. 32, n. 1, p. 453-462, 05 fev. 2009. FARRELL, S.O.; CAMPBELL, M.K. Bioquímica. 5a ed. São Paulo, Thomson, 2007. CHAMPE, P.C.; HARVEY, R.A.; FERRIER, D.R. Bioqui ́mica Ilustrada. 4a ed. Rio Grande do Sul, Artmed, 2009. SNUSTAD, D.P. Fundamentos de Genética. 4a ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2008. GRIFFITHS, A.J.F. Introdução a Genética. 9 ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2009. Turnpenny, Peter & Ellard, Sian (2009) Emery - Genética Médica. 13a Edição. Elsevier Editora Ltda, Rio de Janeiro, RJ, 426 pp. Dudek, Ronald W. & Wiley, John E. (2009) Genética Humana Básica. 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