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MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Professor Augusto Lewin Métodos alternativos de resolução de conflitos Formas alternativas de resolução de conflitos Há duas diferentes formas de composição: •a autocomposição e; •a heterocomposição, que se divide entre estatal e paraestatal. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 1) A autocomposição é a forma de solução de disputas, em que as partes, por si mesmas, põem fim às suas pendências. Não há, na autocomposição, como sugere o próprio nome, a intervenção de um terceiro mediador. As próprias partes, por meio de discussões e debates, buscam seus direitos, chegando a bom termo”. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos Cabe salientar que, apesar da ausência de terceiro mediador, característica integrante da heterocomposição, é bastante comum que surja a composição amigável durante a atuação dessa pessoa, pois, ao propor formas de resolução do conflito, ele abre caminho ao diálogo, antes interrompido pelo surgimento da lide entre as partes, podendo surgir daí tanto a transação como a submissão ou a renúncia. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos A origem do vocábulo transação encontra- se no termo latino transactione, ou seja, o ato ou efeito de transigir. Tratando do assunto, Figueira Júnior define o instituto como “o negócio jurídico bilateral pelo qual as partes interessadas, fazendo-se concessões mútuas, previnem ou extinguem obrigações litigiosas ou duvidosas”. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos A autocomposição ainda divide-se em: Submissão e renúncia, ocorrem, respectivamente, quando uma das partes, abrindo mão de suas pretensões, submete- se à vontade da outra e quando o credor abre mão de seu direito, extinguindo-se, pois, a relação jurídica que o vinculava ao devedor. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 2) Heterocomposição A heterocomposição, que tanto pode ser estatal ou paraestatal, surge quando um terceiro intervém na disputa, por meio do julgamento togado, da arbitragem, da mediação e da conciliação, para tentar pôr termo à lide. Na heterocomposição existe intervenção jurisdicional do Estado, que pode se materializar frente a um juiz togado, ou árbitro que, embora seja terceiro particular equidistante entre as partes, conta com o amparo legal, inclusive na aplicação de sanções. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 2) Heterocomposição A heterocomposição, que tanto pode ser estatal ou paraestatal, surge quando um terceiro intervém na disputa, por meio do julgamento togado, da arbitragem, da mediação e da conciliação, para tentar pôr termo à lide. Na heterocomposição existe intervenção jurisdicional do Estado, que pode se materializar frente a um juiz togado, ou árbitro que, embora seja terceiro particular equidistante entre as partes, conta com o amparo legal, inclusive na aplicação de sanções. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3) MÉTODOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS: DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS GERAIS Análise das principais definições, características, diferenças, e o que nos fala os ordenamentos e posicionamentos de alguns doutrinadores sobre o tema e, dessa forma, mostrar as vantagens de cada método, e a importância de seu estudo e utilização. Existirão sempre requisitos mínimos para a utilização dos métodos a serem abordados, e desta forma não poderão os envolvidos deixar que abusos e injustiças existam e maculem todo o procedimento, como ocorre dentro do próprio Poder Judiciário. Não existe procedimento perfeito caso a má-fé permeie entre os envolvidos Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.1) NEGOCIAÇÃO DIRETA Na “negociação direta” as próprias partes, estando presente a possibilidade de se manter a calma, paciência, o diálogo e o respeito, encontrarão a solução de seus conflitos, o que seria a forma ideal, pois está presente nesse instituto jurídico a mais pura e manifesta vontade das partes, buscando uma solução viável a ambos. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.1) NEGOCIAÇÃO DIRETA Na “negociação direta” as próprias partes, estando presente a possibilidade de se manter a calma, paciência, o diálogo e o respeito, encontrarão a solução de seus conflitos, o que seria a forma ideal, pois está presente nesse instituto jurídico a mais pura e manifesta vontade das partes, buscando uma solução viável a ambos. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.1) NEGOCIAÇÃO DIRETA Não é necessário que haja a intervenção de um terceiro, mas nada impede que um seja eleito para auxiliar as partes na busca de uma solução para o problema instalado, o que neste caso é chamada Negociação Assistida. Inegável o fato de que a negociação, junto das formas consensuais de solução de todo e qualquer conflito se mostra a forma mais eficaz e plena, uma vez que emana das partes obrigações e concessões, as quais uma vez obedecidas colocarão fim à disputa. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.1) NEGOCIAÇÃO DIRETA Um fato que até pouco ainda se discutia seria do tempo e cabimento da negociação, que após um avanço significativo será cabível, processualmente se falando, em qualquer etapa do processo. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.1) NEGOCIAÇÃO DIRETA Para ilustrar tal situação, um exemplo da boa aplicação deste método se deu no Distrito Federal, onde: Na Justiça do Trabalho do DF, por exemplo, um processo em fase de execução contra o empresário Marco Fernando Ottoline de Oliveira foi mais rapidamente solucionado por meio da negociação direta entre as partes. Após mais de 20 anos, ele conseguiu colocar um ponto final às pendências trabalhistas de sua antiga empresa, que constavam no processo movido por ex- empregados para o pagamento verbas rescisórias. Intermediada pela juíza do trabalho Roberta de Melo Carvalho em abril deste ano, a negociação entre Marco e os seus ex-empregados solucionou o litígio em apenas 20 dias, permitindo que o empresário pudesse voltar a deitar no travesseiro com a consciência tranquila. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.1) NEGOCIAÇÃO DIRETA Ausente a negociação direta, a morosidade levará a tais injustiças: “Supremo coloca fim a processo de 125 anos, iniciado pela Princesa Isabel” Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.1) NEGOCIAÇÃO DIRETA Depois de 125 anos de idas e vindas, chegou ao fim um dos processos mais longos de que se tem notícia no Judiciário brasileiro. A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu que o Palácio da Guanabara, no Rio de Janeiro, pertence à União, e não à antiga família real brasileira, que reivindicava sua posse. A ação foi apresentada em 1895 por Isabel de Orleans e Bragança, que passou à posteridade como a Princesa Isabel. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.1) NEGOCIAÇÃO DIRETA Por causa da proclamação da República, a princesa e seu marido, o conde d'Eu, foram desalojados do palácio, que hoje é a sede do governo do Estado do Rio de Janeiro. Após a morte de Isabel, em 1921, sua família deu prosseguimento ao processo, que se arrastou por mais de um século até que, há dois aos, o Superior Tribunal de Justiça decidiu em favor do Estado. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.1) NEGOCIAÇÃODIRETA A alegação era de que o fim da monarquia justificava a perda dos privilégios da família que até então governava o Brasil, incluindo o direito de morar no palácio. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.1) NEGOCIAÇÃO DIRETA Assim sendo, em vista deste entre vários outros exemplos da boa aplicação deste método da negociação, a “negociação direta” há se demonstrar uma forma eficaz e plena de solução de conflitos sociais, uma vez que se trata do método em que o atendimento maior e mais amplo das vontades dos litigantes poderá ser atendido. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.2) CONCILIAÇÃO Maria Helena Diniz conceitua a conciliação no direito processual civil e processual penal, nos seguintes termos: “a) Encerramento da lide feito pelas partes, no processo, por meio da autocomposição e hetero composição daquela; b) é o método de composição em que um especialista em conflito faz sugestões para sua solução entre as partes; não é adversarial e pode ser interrompida a qualquer tempo.” (DINIZ, 2005, p.887). Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.2) CONCILIAÇÃO Há na Conciliação, uma característica importante é a atuação de um terceiro que participa de forma a incentivar as partes à busca da solução consensual, analisando apenas aspectos objetivos do conflito, se limitando a manter e auxiliar no diálogo entre os indivíduos, sem forçar a vontade destes, mas sempre supervisionando e estimulando a busca de um denominador comum entre os sujeitos. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.2) CONCILIAÇÃO A Conciliação é uma forma de solução não adversarial, na qual um terceiro busca e aponta soluções possíveis para o conflito. Esta forma é antiga e comumente aplicada para ajudar o cenário atual. Deve ser melhor aproveitada, aplicada e difundida, com profissionais que se empenhem e busquem sempre seu aperfeiçoamento nas técnicas de intermediação, bem como nos meios para abordar e conduzir os litigantes, para assim melhor desempenharem suas funções. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.3) MEDIAÇÃO Neste assunto, leciona Bacellar: “Poderão os mediadores atuar na mediação comum independente — ad hoc —, que é aquela mediação privada e extrajudicial que já ocorre na prática, e pode ser conduzida por qualquer pessoa que tenha a confiança dos interessados; ao lado dela pode haver uma mediação comum institucional conduzida por pessoas jurídicas que, nos termos de seus estatutos, dediquem-se ao exercício da mediação.” (BACELLAR, 2003, p.210-211). Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.3) MEDIAÇÃO Como a “conciliação”, na “mediação” também teremos um terceiro atuando, porém de forma a apenas estabelecer o diálogo entre as partes, sem interferência direta no mérito da questão, as conduzindo para um possível acordo que seja agradável a ambos os envolvidos. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.3) MEDIAÇÃO Tanto é o incentivo pela busca das soluções alternativas para a solução de conflitos, que o Novo Código de Processo Civil (art.334 e seguintes, do Código de Processo Civil), criou a audiência de conciliação e mediação prévia, buscando antes mesmo do conflito se tornar um processo, uma forma das próprias partes, por intermédio de um terceiro, estar procurando resolver tal impasse. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.3) MEDIAÇÃO Fato é que a mediação é um processo cooperativo, que leva em conta também o estado psicológico dos sujeitos, bem como a forma que está a comunicação entre estes, tendo em vista que as diferenças são sempre existentes e não podem ser “atropeladas”, pois terão total influência no que diz respeito ao cumprimento futuro e comprometimento da parte em adimplir o que ficou acordado. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.3) MEDIAÇÃO Desta forma, necessário é que os participantes sejam plenamente capazes de decidir, tendo sua manifestação da vontade de forma livre, pautada na boa-fé, bem como na livre escolha do mediador, no respeito, na cooperação, no tratamento do problema e na confidencialidade. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.3) MEDIAÇÃO A “conciliação” e a “mediação” num primeiro momento parecem institutos similares, e de fato são. Até mesmo porque doutrinas de outros países não fazem distinção delas, onde uma contêm a outra. Contudo, no ordenamento brasileiro existe essa dicotomia, o que não desvirtua cada um desses métodos, que bem estruturados e respeitados são ótimos elementos capazes de ajudar imensamente tanto as partes, quanto o Estado. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.4) ARBITRAGEM Por fim, entre outros métodos, temos a Arbitragem, que apesar de correntes contrárias alegarem que esta estaria violando princípios como basilares, como o da Inafastabilidade do Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, da Constituição Federal), tal impasse fora solucionado pelo Supremo Tribunal Federal em 2001, e tal método é apto para ser aplicado e auxiliar nos deslindes de conflitos. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.4) ARBITRAGEM Diferente dos métodos anteriormente citados, a Arbitragem se apresenta como método heterocompositivo, onde a decisão proferida pelo árbitro fará lei entre as partes, mas sempre observando que sua instituição se dá de comum acordo entre as partes de um negócio. Para tal, temos o chamado Compromisso Arbitral, pelo qual as partes, por livre e espontânea vontade, escolhem em uma negociação presente ou por mera liberalidade, que conflitos oriundos dessa serão futuramente resolvidos por intermédio da Arbitragem. Uma vez assim instituído, ficam as partes vinculadas à Arbitragem obrigatoriamente, salvo fato que a desvirtue. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.4) ARBITRAGEM Conceitua-se a “arbitragem”: “Uma técnica que visa solucionar questões de interesse de duas ou mais pessoas, físicas ou jurídicas, sobre as quais elas possam dispor livremente em termos de transação e renúncia, por decisão de uma ou mais pessoas – o árbitro ou árbitros –, quais tem poderes para assim decidir pelas partes por delegação expressa destes resultantes de convenção provada, sem estar investidos dessas funções pelo Estado.” (GUILHERME, 2012, p.31). Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.4) ARBITRAGEM A Arbitragem foi instituída pela Lei 9307/96, conforme vimos seu conceito é bem claro, e também seria, dentro de toda uma estrutura bem consolidada, com árbitros capazes, aptos, sérios e bem capacitados tecnicamente, uma forma eficaz, rápida, segura e plena a solucionar vários conflitos dos sociais e judiciais. Importante é analisar que dois grandes aspectos devem ser observados quando do compromisso arbitral, que é a capacidade dos indivíduos, bem como a disponibilidade do direito da relação. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.4) ARBITRAGEM Reza o artigo 1º da lei 9.307/96: "as pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis." Logo do artigo supramencionado se extrai a seguinte conclusão: a) apenas poderá utilizar-se da arbitragem as pessoas com capacidade para contratar, ou seja, livre de qualquer vício de capacidade civil; b) é necessário que o direito em questãoseja completamente disponível, não se admitindo exceções. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.4) ARBITRAGEM Outro fato vantajoso deste método reside na possibilidade de as partes elegerem o árbitro, que poderá ser pessoa de confiança de ambas as partes, desde que seja pessoa capaz, tratando-se de exigência legal. Essa se mostra mais uma das grandes vantagens deste método, pois, desta forma, a decisão para o conflito poderia ser ainda mais confiável e melhor aceita, uma vez que as partes poderiam em comum acordo eleger pessoa especialista, com amplo e notório conhecimento na área necessária, o que não é possível na tutela jurisdicional. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.4) ARBITRAGEM Leciona Nelson Nery Júnior sobre a “arbitragem”: “A arbitragem não ofende os princípios constitucionais da inafastabilidade do controle jurisdicional, nem do juiz natural. A Lei de Arbitragem deixa a cargo das partes a escolha, isto é, se querem ver sua lide julgada por juiz estatal ou por juiz privado. Seria inconstitucional a Lei de Arbitragem se estipulasse arbitragem compulsória, excluindo do exame, pelo poder Judiciário, a ameaça ou lesão a direito. Não fere o juiz natural, pois as partes já estabelecem, previamente, como será julgada eventual lide existente entre elas. O requisito da pré- constituição na forma da lei, caracterizador do princípio do juiz natural, está presente no juízo arbitral.” (NERY...2003). Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos 3.4) ARBITRAGEM Desta forma, a Arbitragem se apresenta como meio hábil, apto e confiável à luz do nosso ordenamento jurídico para a busca e pacificação de conflitos sociais, e uma vez respeitado seus requisitos, não há de se falar em qualquer ofensa à Constituição Federal na sua utilização, conforme já decidido pelo STF no ano de 2001. Professor Augusto Lewin Aula 03 Métodos alternativos de resolução de conflitos Professor Augusto Lewin Aula 01 Muito Obrigado!!!! E-mail: augusto.lewin@gmail.com Augusto Lewin mailto:augusto.lewin@gmail.com Métodos alternativos de resolução de conflitosMUITO OBRIGADO!!! ÓTIMOS ESTUDOS! Professor Augusto Lewin Aula 02
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