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MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS - ARBITRAGEM Professor Augusto Lewin Métodos alternativos de resolução de conflitos ARBITRAGEM (Lei 9.307/96) A arbitragem consiste no julgamento do litígio por terceiro imparcial, escolhido pelas partes. Tal qual a jurisdição, é espécie de heterocomposição de conflitos, desenvolvida mediante trâmites mais simplificados e menos formais do que o processo jurisdicional. Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos A arbitragem é regulada pela lei 9.307/96 e instituída mediante negócio jurídico denominado "convenção de arbitragem", que compreende a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos A arbitragem somente pode ser convencionada por pessoas maiores e capazes e com relação a direitos disponíveis. Não é compulsória, mas opção que poderá ou não ser utilizada pelas partes, a critério delas. No âmbito trabalhista, a arbitragem possui status constitucional, inserta no art. 114, § 2º, da CF/88 (EC 45/04). Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos Arbitragem trabalhista na CF/88: “Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...) § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.” (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADI nº 3423) (Vide ADI nº 3423) (Vide ADI nº 3423) (Vide ADI nº 3431) (Vide ADI nº 3432) (Vide ADI nº 3520) (Vide ADIN 3392) (Vide ADIN 3432) Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos No âmbito da Administração Pública (direta e indireta) existe uma autorização genérica para a instituição da arbitragem, que pode vir a ser utilizada em todo conflito que envolva direitos patrimoniais disponíveis, prevista no art. 1º, § 1º, da lei 9.307/96, com redação dada pela lei 13.129/15: Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos LEI 9.307/96 “Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. § 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis. § 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações.” Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos A arbitragem é regulada pela lei 9.307/96 e instituída mediante negócio jurídico denominado "convenção de arbitragem", que compreende a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. A convenção de arbitragem é pressuposto processual negativo do processo, ensejando a extinção do feito sem resolução do mérito (art. 485, VII) e, ao contrário dos demais pressupostos processuais, não pode ser conhecida de ofício pelo julgador (art. 337, § 5º). Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos A convenção de arbitragem é pressuposto processual negativo do processo, ensejando a extinção do feito sem resolução do mérito (art. 485, VII) e, ao contrário dos demais pressupostos processuais, não pode ser conhecida de ofício pelo julgador (art. 337, § 5º). Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: “Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;” Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) § 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo. § 6º A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral. Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos Pela cláusula compromissória, convencionam as partes que as demandas decorrentes de determinado negócio jurídico serão resolvidas pelo juízo arbitral. Trata-se de deliberação prévia e abstrata, anterior ao litígio. No compromisso arbitral há acordo de vontades posterior ao litígio, para submetê-lo ao juízo arbitral. O compromisso arbitral pode existir com ou sem a cláusula compromissória e pode ser celebrado antes ou mesmo no curso da demanda judicial. Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos Nos contratos de consumo, é nula de pleno direito cláusula contratual que preveja arbitragem compulsória (art. 51, VII, do CDC). O princípio da autonomia privada é mitigado por outros princípios, como o da igualdade, o da boa-fé e o da função social do contrato, o que se justifica em razão da evidente vulnerabilidade de um dos contratantes, que será obrigado a se sujeitar às cláusulas impostas pelo outro, se com ele quiser contratar. Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR “Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (...) VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;” Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos A limitação em relação aos contratos de consumo não permite, contudo, afastar a possibilidade de realização de compromisso arbitral para dirimir conflito existente em uma relação de consumo. Nesse sentido: "[.] O art. 51, VII, do CDC se limita a vedar a adoção prévia e compulsória da arbitragem, no momento da celebração do contrato, mas não impede que, posteriormente, diante de eventual litígio, havendo consenso entre as partes (em especial a aquiescência do consumidor), seja instaurado o procedimento arbitral. As regras dos arts. 51, VIII, do CDC e 34 da lei 9.514/97 não são incompatíveis. Primeiro porque o art. 34 não se refere exclusivamente a financiamentos imobiliários sujeitos ao CDC e segundo porque, havendo relação de consumo, o dispositivo legal não fixa o momento em que deverá ser definida a efetiva utilização da arbitragem" (STJ, REsp 1.169.841/RJ, 3ª turma, rel. min. Nancy Andrighi, DJe 14/11/12). Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos Nos contratos de adesão que não envolvam relação de consumo, a convenção de arbitragem só terá validade se a iniciativa de instituí-la couber ao aderente ou se este concordar expressamente com a sua instituição, "desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou vista especialmente para essa cláusula“, conforme art. 4º, § 2º, da lei 9.307/96. Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos LEI 9.307/96 “Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato. (...) § 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente paraessa cláusula.” Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes. Na primeira, de direito, os árbitros seguem as regras dispostas no ordenamento jurídico para solucionar o litígio. Ex.: inadimplemento de locação de imóvel urbano. Na segunda, por equidade, por outro lado, podem os árbitros se afastar das regras de direito para buscar a solução que considerar mais justa. Exs.: programa de culinária, uso de tecnologia seja qual for, concurso por estética, moda, etc. Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos LEI 9.307/96 Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de eqüidade, a critério das partes. § 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública. § 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio. Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos Nos conflitos envolvendo a administração pública a arbitragem será sempre de direito (art. 2º, § 3º, da Lei de Arbitragem), em respeito ao princípio da legalidade: Lei 9.307/96 “Art. 2º, (...) § 3o A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará o princípio da publicidade.” Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos O juiz do processo arbitral é um particular ou uma instituição especializada. Nos termos do art. 13 da Lei de Arbitragem, qualquer pessoa física maior e capaz que não tenha interesse no litígio poderá exercer as funções de árbitro “Dos Árbitros Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes. § 1º As partes nomearão um ou mais árbitros, sempre em número ímpar, podendo nomear, também, os respectivos suplentes.” Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos No desempenho de suas funções, os árbitros são equiparados a funcionários públicos para fins penais (art. 17) e as decisões por eles proferidas não se sujeitarão a recurso ou homologação pelo Poder Judiciário (art. 18) NA Lei de Arbitragem, 9307/96: “Art. 17. Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal. Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário.” Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos A sentença arbitral produz entre as partes e seus sucessores os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do judiciário e, quando condenatória, constituirá título executivo judicial na Lei 9.307/96: “Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo.” Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos Faz-se possível controle judicial sobre a sentença arbitral (arts. 32 e 33 da Lei de Arbitragem), no entanto, tal controle cinge- se a aspectos formais. Não se admite a revisão, pelo Judiciário, do mérito da decisão arbitral, apenas de matérias relativas à validade do procedimento. (Verificar na lei pelo tamanho dos artigos citados) Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos A demanda para a declaração de nulidade da sentença arbitral, parcial ou final, seguirá as regras do procedimento comum e deverá ser proposta no prazo decadencial de até 90 (noventa) dias após o recebimento da notificação da respectiva sentença (art. 33, § 1º). Findo prazo, a sentença arbitral torna-se soberana e imutável. Em razão dessa aptidão para produção de coisa julgada material que se diz que a arbitragem é verdadeira espécie de jurisdição. Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos LEI 9.307/96 “Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei. § 1o A demanda para a declaração de nulidade da sentença arbitral, parcial ou final, seguirá as regras do procedimento comum, previstas na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), e deverá ser proposta no prazo de até 90 (noventa) dias após o recebimento da notificação da respectiva sentença, parcial ou final, ou da decisão do pedido de esclarecimentos.” (Redação dada pela Lei nº 13.129, de 2015) Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos Ressalte-se que se tiver havido execução judicial, a declaração de nulidade também poderá ser arguida na forma de impugnação, consoante art. 1.061 do CPC: “Art. 1.061. O § 3º do art. 33 da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996 (Lei de Arbitragem) , passa a vigorar com a seguinte redação: (Vigência) “Art. 33. ...................................................................... § 3º A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser requerida na impugnação ao cumprimento da sentença, nos termos dos arts. 525 e seguintes do Código de Processo Civil , se houver execução judicial.” (NR) Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos Outra forma de "intervenção" judicial na esfera arbitral ocorre quando há necessidade de concessão de tutelas de urgência (cautelar ou antecipada). Imagine, por exemplo, que uma fábrica de chocolates mantenha contrato com uma empresa para o fornecimento de embalagens para seus produtos. A empresa de embalagens não vem fornecendo o material e, apesar de existir no contrato cláusula que submete os eventuais litígios à arbitragem, não há qualquer outro detalhamento sobre o procedimento. Se houver demora na formalização do compromisso arbitral, tal situação pode acarretar graves prejuízos, razão pela qual a lei permite que antes de instituída a arbitragem, as partes recorram ao Poder Judiciário para a concessão de medida cautelar ou de urgência (art. 22-A). Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos Deferido o pedido pelo judiciário, se a parte interessada não requerer a instituição da arbitragem no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de efetivação da respectiva decisão, a medida ficará sem efeito. Ainda que a arbitragem seja instituída no prazo indicado, a lei permite que os árbitros modifiquem ou revoguem a medida (art. 22- B). Em outras palavras, os árbitros não ficam vinculados à decisão judicial. Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos DAS TUTELAS CAUTELARES E DE URGÊNCIA “Art. 22-A. Antes de instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao Poder Judiciário para a concessão de medida cautelar ou de urgência. Parágrafo único. Cessa a eficácia da medida cautelar ou de urgência se a parte interessada não requerer a instituição da arbitragem no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de efetivação da respectiva decisão. Art. 22-B. Instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter, modificar ou revogar a medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário. Parágrafo único. Estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou de urgência será requerida diretamente aos árbitros.” Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA A lei 13.129/15 acrescentou à lei de arbitragem o seguinte dispositivo: "a instituição da arbitragem interrompe a prescrição, retroagindoà data do requerimento de sua instauração, ainda que extinta a arbitragem por ausência de jurisdição" (art. 19, § 2º). O que a lei deixou claro é que o fato de a demanda tramitar no juízo arbitral não permite que receba tratamento diferenciado em relação à prescrição para as demandas submetidas à jurisdição estatal. Professor Augusto Lewin Aula 04 Métodos alternativos de resolução de conflitos Professor Augusto Lewin Aula 04 Muito Obrigado!!!! E-mail: augusto.lewin@gmail.com Augusto Lewin mailto:augusto.lewin@gmail.com Métodos alternativos de resolução de conflitosMUITO OBRIGADO!!! ÓTIMOS ESTUDOS! Professor Augusto Lewin Aula 04
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