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1 DIABETES MELLITUS Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 2 CLASSIFICAÇÃO DO DM DM tipo 1 ( minoria dos casos – 5 a 10%) Caracteriza-se por destruição das células beta pancreáticas deficiência de insulina. DM tipo 2 ( maioria dos casos – 90 a 95%) Caracteriza-se por resistência à insulina e deficiência relativa de insulina. DM tipo 1 - subclassificações DM 1 IDIOPÁTICA IMUNOMEDIADA VIRUS Subst. TÓXICAS OUTRAS DOENÇAS ? Coxsackie B, Rubéola, Caxumba, Citomegalovírus, Mononucleose Infecciosa, Retrovírus e hepatite fatores genéticos 3 DM 2 – FATORES DE RISCO fatores genéticos SINTOMAS DM 1 DM 2 POLIÚRIA POLIDIPSIA POLIFAGIA ↓ PESO IMPORTANTE ↓ PESO CETOACIDOSE SHHNC SINTOMA SEMPRE NEM SEMPRE HIPERGLICEMIA 4 PRÉ-DIABETES É definida por duas categorias: Glicemia Alterada do Jejum Tolerância Alterada à Glicose Não são doença, mas são fator de risco para DM e doenças cardiovasculares futuras. DIAGNÓSTICO DE PRÉ DIABETES SBD, 2015 5 DIAGNÓSTICO DO DM *glicemia medida a qualquer hora do dia sem considerar o tempo decorrido da última refeição Diagnóstico critérios Diabetes GJ ≥ 126 (preferido) HbA1C > 6,5% Glicemia casual* ≥ 200 + sintomas clássicos TTOG > 200 Cada critério diagnóstico, na ausência de hiperglicemia inequívoca, deve ser confirmado. E se HbA1C discordar da glicemia de jejum??? SBD, 2015 6 Em caso de discordância o paciente deve ser considerado diabético Discordância significativa entre Glicemia e HbA1C => levantar hipótese de Hbpatia => usar glicemia como critério hemodiálise, recente hemorragia ou transfusão, terapia com eritropoetina => Usar somente glicemia (SBD 2015) (ADA 2018) Quais são os marcadores de resistência à insulina na clínica diária, na vida real? 7 Não possuímos um ponto de corte “brasileiro” Estudo brasileiro sugeriu 2.71 Stabe C et al, 2013. Clinical Endocrinology Obesidade central = RI ↑AGL circulantes ↓ adiponectina ↑ TNF-a e IL-6 (secreção pelo tecido adiposo) 8 Pontos de corte na população brasileira: H > 39,6 cm M > 36,1 cm E de quanto em quanto tempo reavalio a RI??? 9 Não há protocolo definido! Analisar caso a caso SEMPRE correlacionando com a clínica! TRIAGEM DO DM Triagem em adultos: indivíduos assintomáticos, não diagnosticados, com idade >45 anos Teste normal: repetir a cada 3 anos Teste normal nas situações a seguir - Periodicidade da triagem MENORES! indivíduo que apresentou TDG ou GAJ no último teste presença de complicações compatíveis com DM obesos ou sobrepeso (IMC > 25) hipertensos (PA > 140/90) Dislipidêmicos (atenção ao triglicerídeo e HDLc) parentesco em 1º c/ diabético mulheres c/ história de dar a luz a feto macrossômico ou DM gestacional. uso de medicação hiperglicemiante (corticóides, tiazídicos e beta-bloqueadores) HbA1C > 5,7% 10 TRATAMENTO DO DM Conjunto de medidas VITALÍCIAS: 1) Monitoração da glicemia 2) Terapia Nutricional 3) Terapia medicamentosa 4) Plano de exercícios físicos proporcionar o melhor controle glicêmico possível Prevenir complicações a longo prazo tanto no DM tipo 2 quanto no DM tipo 1 TRATAMENTO DO DM – Medida 1 Monitoração da glicemia 1.1- automonitoração da glicose sanguínea (AMGS) monitoração diária glicemia >240mg/dl realização do teste para detecção de cetonúria. hiperglicemia + cetonúria persistente = necessidade de ajuste de insulina Para DM 1 e DM2 usando insulina: múltiplas injeções de insulina ou sistema de infusão contínua, realizar, em média, 4x/ dia, geralmente antes das refeições e ao deitar. Para DM2 sem insulina: Ainda não há consenso, fica a critério do médico assistente. 11 Como fazer a automonitoração? TIR – melhor amigo do Diabético! Como recomendação para a maioria dos pacientes com DM1 e DM2 ficaram estabelecidos, como indicadores de um bom controle glicêmico: > 70% do tempo no alvo entre 70-180mg/dL < 4% do tempo < 70 mg/dL < 1% do tempo < 54 mg/dL < 25% do tempo > 180 mg/dL < 5% do tempo > 250 mg/dL 12 AMGS: Polpa digital x antebraço Até 20% diferença pós-exercício pós-prandial TRATAMENTO DO DM – Medida 1 Monitoração da glicemia 1.2 - Hemoglobina glicada (HbA1C) monitoração a longo prazo – melhor índice de controle total 1% de mudança da HbA1C = mudança de 28-29mg/dl de glicemia Hb GLICADA X Hb GLICOSILADA glicação = reação não enzimática = complexo ESTÁVEL glicosilação = reação enzimática = complexo INSTÁVEL. 13 Detecta HbA1C em 5 minutos Não é necessário jejum Não precisa de pedido médico/nutricionista 99% acurácia USD 180.00 Lançamento em 2010 pela Bayer Limitação do uso da HbA1C /álcool 14 METAS DE CONTROLE GLICÊMICO ADA 2002 Krause + Dan 2009 80 Tenha em mente: Grandes variações da glicemia estão associadas ao desenvolvimento de estresse oxidativo e complicações crônicas da doença. TRATAMENTO DO DM – Medida 2 Terapia Nutricional (TN) baseada em perfis metabólicos e não simplesmente em % VET medicação em uso atividade física nível socioeconômico ADA: TN disponibilizada por um nutricionista, em série inicial de 3 a 4 encontros com 45 a 90min cada um, compreendidos em 3 a 6 meses. ↓ de 1% a 2% nos níveis de HbA1C, independentemente do tipo de diabetes e tempo de diagnóstico. 15 TRATAMENTO DO DM – Medida 2 Considerações sobre os nutrientes no DM Energia - restrição calórica de 250 a 500kcal da ingestão média diária tem efeito regulador na glicemia independente de qualquer efeito na perda de peso. -Pacientes Obesos diabéticos: Redução de 500 a 1000Kcal do VET diário previsto ( promove perda de 0,5 a 1Kg/sem) ou utilizar de 20 a 25 Kcal/kg/dia. Dietas muito hipocalóricas (< 800 kcal) NÃO têm se mostrado efetivas na manutenção da perda de peso, pois estão associadas a ganho de peso após suspensão da dieta TRATAMENTO DO DM – Medida 2 Macronutrientes no DM Carboidratos -a recomendação É IGUAL à de indivíduos não diabéticos. -Quantidades < 130g/dia não são recomendadas, pois podem gerar cetose. - recomenda-se distribuição de 55 a 60% do VET Frutose: ATENÇÃO! Consumo > 20%VET associado à dislipidemia ADA: não há evidencia científica para restrição de sacarose como parte total de carboidrato da dieta!! 16 Low carb DM 1 DM 2 Para o DM2 o Reduzir o % de CHO da alimentação (26-45% do VET) pode reduzir a glicemia, especialmente em pacientes portadores de DM2 com dificuldade para alcançar o controle glicêmico e quando a redução dos fármacos é uma das prioridades. A redução da glicemia na estratégia low carb tem superioridade nos primeiros 6 meses. Após 1 ano, proporciona resultados similares às outras estratégias com quantidades maiores de CHO (45-60% do VET) Nutrition Therapy for Adults With Diabetes or Prediabetes: A Consensus Report, 2019 17 Para DM 1 Primeiro trabalho a mostrar evidência da Dieta very Low carb High fat (VLCHF - <55g/dia CHO – 6%VET e 137g Lip/dia – 65%VET) CETOGÊNICA em DM tipo 1. Melhora da HbA1C porém piora importante do perfil lipídico e mais casos de hipoglicemia Diabetes Medicine 2018 18 Ponderações... N muito pequeno! Apenas 11 pacientes JOVENS Meta de HbA1C é <7% e os pacientes do estudo tiveram 5%. Precisa disso? Perfil lipídico piorou em mais de 80% dos pacientes. Vale o risco? Episódios de hipo foram 3x mais frequentes do que a média reportada pela literatura. Vale a pena? Conclusões: Não é comprovadamente seguro Alto risco de cetoacidose Não deve ser usada 19 E o índice glicêmico é uma necessidade mesmo??? TRATAMENTO DO DM – Medida 2 Macronutrientes no DM Carboidratos Não há evidencias suficientes para recomendar dietas com baixo índice glicêmico como estratégia primária no planejamento alimentar do diabético!!!! 20 TRATAMENTO DO DM – Medida 2 Macronutrientes no DM Carboidratos Adoçantes artificiais FDA => seguro o consumo de acessulfame K, aspartame, sacarina sódica e sucralose. Fibras 25 a 30g/dia de solúvel + insolúvel Fibras solúveis: podem ter efeito regulador da glicemia Artificial sweeteners induce glucose intolerance by altering the gut microbiota. Nature,2014 TRATAMENTO DO DM – Medida 2 Macronutrientes no DM Proteínas Dieta normoproteica: 0,8 a 1g/kg/dia (10 – 20% VET) < 0,6g/kg/dia está associada a desnutrição. ATENÇÃO!! Comum o aumento do consumo de PTN em detrimento ao CHO. 21 ácidos graxos W-3 - recomenda-se 2 a 3 porções de peixe/semana - suplemento podem ser usados para tratamento de hipertrigliceridemia grave, porém deve-se monitorar os níveis de LDL que podem aumentar com a suplementação. - Não se recomenda suplementação rotineira em diabéticos, com o objetivo de melhora do controle glicêmico, já que os estudos não evidenciaram esse efeito. (ADA,2018) TRATAMENTO DO DM – Medida 2 Lipídios Apesar disso... 22 Lançamento LIQUID SUPER ÔMEGA-3 150ml | 30 Doses no fishy taste 720mg EPA/dose SUPER ÔMEGA-3 CÁPSULAS 90 capsulas no fishy taste 660mg EPA/dose de 2 cáps OMEGAFOR PLUS CÁPSULAS 60 OU 120 capsulas no fishy taste 660mg EPA/dose de 2 cáps 23 EPA + DHA...........................1.200mg W6-GLA*................................500mg *Na forma de óleo de borragem ou prímula 1 cápsula 3x/dia Álcool Jejum + insulina + álcool = hipoglicemia hipoglic oral Dose máxima: 2 doses para homem (15g/dia) 1 para mulher Hipertrigliceridemia é proibitiva para o consumo alcoólico. TRATAMENTO DO DM – Medida 2 Não é convertido em glicose Inibe gliconeogênese SEMPRE COM ALIMENTO!!! 24 Sódio Mesma recomendação da população em geral HAS < 2.300mg/dia TRATAMENTO DO DM – Medida 2 Terapia Medicamentosa Insulina TRATAMENTO DO DM – Medida 3 25 Para DM 1: Esquemas: - NPH: 2 doses/dia: 2/3 pela manhã e 1/3 à noite; - Basal bolus: insulina basal (de longa duração) => 40% – 50% do total de insulina diária + insulina bolus (ação rápida) a cada refeição => 50% – 60% do total de insulina diária. 26 Contagem de CHO: Regra geral: 1:15 Regra do peso: Contagem de CHO: Aplicação prática: 1.calcula-se o VET 2.considera-se o % de CHO/dia 3.de acordo com a anamnese, define-se a quantidade de carboidrato/refeição (Ex: café da manhã) Regra 1:15 => logo, 60g de Cho/15 = 4UI de insulina para cobrir a refeição. manteiga 27 Terapia Medicamentosa TRATAMENTO DO DM – Medida 3 Hipoglicemiantes orais => Utilizados para DM 2 1. Os que aumentam a secreção de insulina (hipoglicemiantes): São as sulfonilureias, de 1ª e 2º geração. 2. Os que não aumentam a secreção de insulina (anti-hiperglicemiantes): quando usados em monoterapia, em geral estão relacionados com um risco bem reduzido de hipoglicemia. Acarbose (inibidor da alfaglicosidase), Metformina (biguanida)., Pioglitazona (tiazolidinediona ou glitazona). 3. Os que aumentam a secreção de insulina de forma dependente de glicose, além de promover a supressão do glucagon (gliptinas) 4. Os que promovem glicosúria (sem relação com a secreção de insulina). Esses são os mais novos no mercado!! (glifozinas) Ver anexo 1 4 - Atividade Física TRATAMENTO DO DM – Medida 4 Variabilidade da resposta glicêmica do DM tipo 1 às diferentes modalidades de exercício Lancet Diabetes Endocrinol 2017 28 Adicional de carboidratos para usuários de insulina adicionar 15g de carboidratos para cada 30 – 60min de atividade um lanche é necessário se a glicemia antes do exercício for < 100mg/dl exercícios moderados por menos de 30 min raramente requerem ajustes. a ingestão de carboidratos após 40 a 60 min do exercício também auxilia na prevenção da hipoglicemia Agudas A longo prazo COMPLICAÇÕES DO DM 29 Agudas Hipoglicemia efeito colateral comum da terapia com insulina - Hipoglicemia leve: tremor + sudorese + palpitação + fome - Hipoglicemia moderada a grave: cefaléia + confusão mental + incoordenação motora + visão borrada + ira + convulsões podendo chegar ao coma. COMPLICAÇÕES DO DM Agudas 30 Principais causas de hipoglicemia - excesso de insulina ou hipoglicemiantes orais - refeições omitidas, inadequadas ou atrasadas - falta de sincronização entre horários da insulina e refeições - aumento de exercícios ou exercícios não planejados - terapia intensiva com insulina - ingestão de álcool sem alimento Hipoglicemia Tratamento: Se a glicemia for < 70mg/dl tratar com 15g de carboidrato: Deve-se esperar 15 min e reavaliar a glicemia. Caso esteja ainda < 70mg/dl, repetir a conduta acima quantas vezes for necessário para normalizar a glicemia. COMPLICAÇÕES DO DM Agudas 150ml 3 unidades 150ml 31 A longo prazo ou crônicas (DOENÇAS MACRO + MICROVASCULARES) COMPLICAÇÕES DO DM A Longo Prazo Hipertensão Meta (8º JOINT/2014) Não há mais diferença de recomendação de níveis pressóricos entre hipertensos diabéticos e não diabéticos. Idade < 60 anos = < 140/90 mmHg, mesmo naqueles com doença renal. Idade > 60 anos = < 150/90 mmHg Meta ADA 2018 Todo pacte diabético e Hipertenso deve monitorar sua P.A em casa. Para todos = <140/90mmHg Se já houver DCV = < 130/80mmHg 32 COMPLICAÇÕES DO DM A Longo Prazo Nefropatia microalbuminúria (>30mg/dia ou TFG = 20 microgramas/min) Proteínas: - microalbuminúria = 0,8 a 1g/kg/dia - macroalbuminúria = máximo 0,8g/kg/dia evidência clínica mais precoce de nefropatia COMPLICAÇÕES DO DM A Longo Prazo Nefropatia Vitamina D: Evidências clínicas têm demonstrado uma relação inversa entre o nível de vitamina D e o grau de albuminúria. Esses achados sugerem que a vitamina D pode ter um efeito antiproteinúrico, exercendo funções moduladoras nos sistemas renal, cardiovascular e imune. Novos Níveis séricos = entre 20 e 30ng/mL (SBD,2015) 33 Solicitem pesquisa de albuminúria a todos com DM2 e para DM1 com > 5 anos de diagnóstico!!! Microalbuminúria: > 30 e < 300 mg/24 h | 20 e 200 mg/min. AMOSTRA: Amostra única, overnight (12 horas noturna) ou urina de 24 horas Vitaminas de atenção!! Vit B12: Um percentual considerável de pacientes em uso de metformina apresentam deficiência de B12. TTO: aumentar o consumo de cálcio ou suplementar. 34 Vitaminas de atenção!! Vit D: ↑ influxo celular cálcio Secreção de insulina prejudicada E quando você suplementa e a vitamina D não sobe??? 35 Olhe o Mg do seu paciente!!! Am J Clin Nutr 2018 duplo-cego, randomizado e controlado c/ 180 pessoas em risco de desenvolver Ca colorretal suplementação de magnésio [ ]i de 25 (OH) D3 = 30 ng / mL ↑ [ ] de 25 (OH) D3 [ ]i de 25 (OH) D3 = 50 ng / mL ↓ [ ] de 25 (OH) D3 efeito regulador do Mg?! Probióticos Redução significativa de HbA1c Lactobacilus 36 Obrigada! 37 Caso clínico discutiremos juntos!
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