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1 Função das Proteínas As proteínas são macromoléculas compostas basicamente por cadeias lineares de aminoácidos. Trata-se do maior componente funcional e estrutural de todas as células, desempenhando um papel muito importante no fornecimento de material tanto para a construção como para a manutenção de todos os órgãos e tecidos. Além da função estrutural, as proteínas também desempenham função enzimática, realizando catálise de reações químicas (quinases, desidrogenases); no transporte (Hemoglobina, transferrina, lipoproteínas); na contração (actina e miosina); Proteção (Imunoglobulinas, Interferons, anticorpos); síntese de fatores de coagulação (fibrina); Estoque (ferritina, mioglobina); Estrutural da pele, ossos e músculo (colágeno e elastina); Hormônios: Proteicos: Insulina, GH (controla crescimento) prolactina, LH, FSH (envolvidos na reprodução) e tireotropina, Peptídicos: Adrenocorticotrófico, ADH, glucagon e calcitonina, manutenção da pressão oncótica (albumina principalmente) Estrutura e tipos de aminoácidos (aas) Os principais constituintes das proteínas são os aminoácidos: cada aminoácido tem um grupo ácido (-COOH) e um átomo de nitrogênio ligado à molécula, usualmente representado pelo grupo amino (-NH2). São 20 os aminoácidos e estão presentes nas proteínas do corpo em quantidades significativas e são classificados como: Essenciais: São aqueles que não somos capazes de sintetizar e portanto necessitam ser ingeridos pela alimentação Não essenciais: Somos capazes de sintetizar e não é fundamental sua ingestão pela alimentação Condicionalmente essenciais: Em condições fisiológicas somos capazes de sintetizar. Entretanto, em condições específicas a síntese endógena é insuficiente sendo necessária a complementação alimentar. Figura 1 Quase 50% do nosso conteúdo proteico está presente em apenas 4 proteínas (miosina, actina, colágeno e hemoglobina). Qualidade da proteína da dieta Cada fonte de proteína da dieta contém sua própria proporção única dos 20 aas e isso determina o seu valor biológico. O Valor biológico é determinado pelo aa essencial presente na menor concentração comparada às necessidades humanas ⇒ Esse é o AA limitante! No caso das leguminosas, o AA limitante é a Metionina e no caso dos cereais, a lisina. Assim, em uma mistura de arroz com feijão, por exemplo, conseguimos atingir uma proteína de alto valor biológico, já que a metionina será suprida pelo cereal e a lisina pela leguminosa. Digestão e absorção As proteínas podem ser tanto de origem alimentar quanto de origem endógena (sintetizadas). As de origem alimentar serão ingeridas e sofrerão o processo de digestão e absorção, conforme descrito abaixo: Ao chegar no estômago, a proteína sofre a ação do suco gástrico (HCl) e pepsina, que irão então desnaturá-las, deixando-as mais sucetíveis à ação enzimática no intestino. Após chegarem no duodeno, as proteínas sofrerão a ação das proteases (tripsina, quimiotripsina, elastase, carboxipeptidases A e B), que irão hidrolisar os polipeptídeos, convertendo-os em oligopeptídeos e aminoácidos livres. Os aminoácidos serão absorvidos pelos enterócitos, mas os oligopeptídeos ainda precisarão sofre ação de peptidases da borda em escova para serem transformados em di ou tripeptídeos que então conseguirão ser absorvidos. Seguem figuras ilustrando o que ocorre no lúmen intestinal e no interior do enterócito. No lúmen intestinal Figura 2 BIOQUÍMICA DE PROTEÍNAS Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 2 As enzimas no Suco pancreático atuam em AA específicos: - Tripsina (Arginina e Lisina) que ativa outras peptidases: -Quimiotripsina (Tirosina, Triptofano, Fenilalanina, Metionina, Leucina) - Elastase (Alanina, Glicina e Serina) - Carboxipeptidase A (Valina, Leucina, Isoleucina e Alanina) - Carboxipeptidase B (Arginina e Lisina) No enterócito Figura 3 Os dipeptídeos, tripeptídeos (60%) e aminoácidos livres (40%) serão absorvidos por transportes diferentes: Passiva por difusão simples Passiva por difusão facilitada (independente de Na) - AA Ativa por co transporte Na+-(energia indireta) – AA Ativa por co transporte H+ - di e tripeptideos Transporte ativo (pept1 – proteína transportadora de oligopeptideos) → mais eficiente e predominante, e é o principal mecanismo para absorção de di e tripeptídios Cada aminoácido é transportado por um transportador específico de acordo com a característica química. Os carboidratos e lipídeos preenchem quase que totalmente as necessidades de energia do organismo, sendo desvantajoso ao organismo utilizar as proteínas para essa finalidade. Diferentemente do que ocorre com carboidratos e lipídios, o excesso de ingestão protéica não consegue ser armazenado e é oxidado. Sua oxidação gera como produtos: amônia + cetoácidos. A amônia será depurada pelo ciclo da ureia e os cetoácidos gerarão água, CO2, glicose (substratos gliconeogênicos), corpos cetônicos ou entrarão no ciclo de Krebs como um intermediário. Ou Seja, no final das contas, sua oxidação gera ATP. (figura 4) Diante do exposto, cabe lembrar que nos casos de dietas ricas em proteínas e com baixo teor de carboidratos, ou mesmo em jejum prolongado, a oxidação de proteínas passa a ser necessária para geração de energia, algo que é desvantajoso ao organismo. Figura 4 Síntese de uréia AA críticos: ornitina, citrulina e arginina Ornitina tem papel semelhante ao oxaloacetato no ciclo do ác. cítrico. A ornitina é regenerada ao “final” do ciclo. O ciclo da uréia inicia-se no interior da mitocôndria dos hepatócitos. Amônia da glutamina, alanina gera o carbamil fosfato que se liga à ornitina. Ciclo MUITO CUSTOSO! 2NH4 + HCO3+ 3ATP+H2O→ Ureia + 2ADPs+ 4P+AMP+5H Síntese de AA Os aminoácidos são sintetizados por vias diferentes: • α- cetoglutarato: glutamato, glutamina, prolina, arginina • Oxalacetato: Aspartato, lisina asparagina, treonina, metionina, isoleucina • Piruvato: alanina, valina, leucina • 3-fosfoglicerato: serina, glicina, cisteína • Fosfoenolpiruvato: tirosina, triptofano, fenilalanina • Ribose 5-fosfato: histidina AMINOÁCIDOS COMO PRECURSORES DE MOLÉCULAS • Porfirinas: glicina • Creatina: glicina, arginina e metionina • Glutationa: glicina, glutamato cisteína Serina → precursor da cisteína presente na glutationa peroxidase → Convertida em Glicina 3 • Neurotransmissores o Catecolamina: tirosina; o GABA: glutamato; o Serotonina: triptofano; o Histamina: Histidina, Arginina(precursora do óxido Nítrico) o Fenilalanina → Hidroxilada resulta em tirosina o Tirosina→ síntese de melanina (falta produz albinismo), H. tireoidiano Curiosidades: Cisteína Aminácido suflforado produzido de forma endógena a partir da transulfuração da homocisteína. A Cisteína é precursora da glutationa peroxidase (enzima antioxidante) Glutamina É o mais abundante aminoácido do corpo, é condicionalmente essencial (se torna essencial em condição de estresse). Exerce 2 funções importantes: precursor da síntese de outros aminoácidos e conversão em energia nas células de multiplicação rápida (sistema imunológico, intestino delgado e dos rins). Baixos níveis estão associados a imunossupressão e ao aumento do risco de infecção (acomete muitos atletas). O treinamento desportivo intenso promove queda dos níveis de glutamina. Arginina Produzida pelo corpo humano com participação essencial na via do óxido nítrico (responsáveis pela vasodilatação). Também estimula produção de linfócitos. Ingestão média dietética é de 5g, sendo os principais alimentos fonte castanha e ovos. L- triptofano É convertido em 5-hidroxitriptofano naturalmentee é um metabólito limitante da síntese de serotonina. O L triptofano depende da enzima triptofano hidrolase, mas se essa enzima for inibida não há a produção subsequente de serotonina. Fatores que reduzem a ação da enzima são: estresse, deficiência de B6, magnésio, e resistência a insulina. Leucina, Isoleucina e valina – aminoácidos de cadeia ramificada (AACR) Isoleucina e a valina são AA gliconeogênicos, consumidos durante a prática de exercício físico como fonte energética. Assim, a medida que o glicogênio hepático e muscular são depletados para a produção de energia, os AACR reduzem e inicia a mobilização de de ácidos graxos. Os AG precisam da albumina para serem transportados adequadamente no sangue. Ao fazer isso o Acido graxo desloca o triptofano do seu lugar na albumina e facilita o transporte do triptofano para o cérebro e a conversão em serotonina. Assim sendo, baixos níveis sanguíneos de AACR acelera a produção de serotonina (neurotransmissor no cérebro) e ocasiona prematuramente a fadiga. Já que os níveis elevados de AACR bloqueiam a captação do triptofano, teriam efeito em bloquear a fadiga e aumentar a resistência ao exercício. O AACR também parecem atuar na taxa reduzida de hidrólise proteica e glicogênio durante a prática e a inibição da degradação muscular. As principais fontes de AACR são leite, peixe e proteína vegetal. Creatina É produzida pelo nosso organismo (1-2g/dia) a partir de arginina, glicina e metionina. Ingerimos na forma de carne vermelha e peixe, sendo que o cozimento destrói a creatina (carne bem passada). A principal função da creatina no nosso organismo é na produção de energia celular (fosfocreatina) na regeneração do ATP (importancia vital), conforme abordado na aula de bioenergética. A creatina é armazenada em células musculares como fosfocreatina e é usada como fonte de energia para gerar energia celular em contrações musculares. Tipos de proteína e função: 4 Proteína do soro do leite No leite encontramos a caseína (80%) e a proteína do soro do leite (20%), sendo essa última rica em imunoglobulinas, albumina, lactoferrina e etc. estando todas associadas à proteção imunológica. A proteína do soro do leite contém 20- 30% de AACR que podem ser prontamente oxidados pelo músculo para a geração de energia (associados a menor fadiga durante o exercício prolongado). Contém ainda cisteína, componente importante da glutationa (antioxidante celular). Existe diferença grande entre o tipo de processamento e a quantidade, como por exemplo: soro do leite em pó simples (30%), concentrado da proteína do soro do leite (30-95%) e proteína do soro do leite isolada (>90%). A isolada pode ser extraída de diferentes formas: troca iônica (manutenção dos fatores imunológicos) e microfiltração por fluxo cruzado. Colostro Contém imunoglobulinas e fatores antimicrobianos (lactoferrina, lactoperoxidase e lisozima), além de IGF 1 e IGF2 (100x mais do que no leite normal), apresentando função imunológica. Proteína da soja Os isolados e concentrados de soja são produtos com alta concentração de isoflavonas (proteção contra osteoporose, e alívios dos fogachos da menopausa). Extrato solúvel da soja contém 37,5% de proteína e farinha de soja 36% e o isolado purificado apresenta 90-97% de proteína (em 60g contém 90mg de isoflavonas- fitoestrógenos- consumo médio ocidental de 5mg/d). Carnitina É um dipeptídeo composto por lisina e metionina com a principal função de facilitar o transporte e metabolização de ácido graxo para o interior da mitocôndria para a beta- oxidação. Principal fonte na alimentação é nas carnes e laticínios, mas é sintetizada no fígado e nos rins.
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