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Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br ---- Em quase todas as áreas de atuação, o nutricionista terá que fundamentar a sua prática em informações sobre o perfil nutricional do indivíduo ou grupos populacionais. Assim, avaliar o estado nutricional de um indivíduo ou de uma coletividade é um instrumental importante no processo de trabalho do nutricionista nas diferentes áreas de atuação. Em geral, o atendimento nutricional deve seguir as seguintes etapas: Avaliação alimentar: aplicação de inquéritos (anamnese alimentar) para que se possa conhecer os hábitos do cliente, seus horários, locais de alimentação, assim como suas restrições e preferências alimentares; Avaliação clínica: consiste na aplicação de uma entrevista para que sejam avaliados o histórico de doenças do cliente e de sua família, bem como o uso de medicamentos e seus exames laboratoriais. Esta avaliação é completada com exame físico que é capaz de proporcionar elementos capazes de apoiar hipóteses sobre o diagnóstico nutricional; Avaliação antropométrica: por meio da verificação do peso e da estatura, calcula-se o índice de massa corporal do indivíduo. Esta avaliação é complementada com a medição das principais circunferências corporais, dobras cutâneas e com a verificação do percentual de gordura corporal; Avaliação do gasto energético: o objetivo desta etapa é conhecer a rotina do cliente, dados de suas atividades diárias e informações sobre a prática de exercícios. A partir desta averiguação calcularemos o metabolismo basal e o gasto energético diário do nosso cliente; Estabelecimento de metas e objetivos: o cliente recebe o resultado da sua avaliação (conhece sua faixa de peso ideal e sua composição corporal) e combina com o nutricionista, responsável pelo seu atendimento, suas principais metas e objetivos do trabalho nutricional; Reeducação alimentar: o nutricionista discute com o cliente os principais aspectos da sua alimentação. A Reeducação Alimentar é iniciada já na primeira consulta/contato e continuará durante todo o acompanhamento. Ela consiste em três etapas: abandonar gradualmente os hábitos alimentares indesejáveis, manter as condutas saudáveis e incorporar, aos poucos, novos comportamentos alimentares; Elaboração do plano alimentar personalizado Diante da compreensão de que acima de tudo devemos tratar o doente e não a doença, o objetivo é que o nutricionista inicie um plano alimentar viável para a realidade daquele cliente. Para isso, deve-se ter em mente que qualquer mudança de hábito e/ou restrição deve ser muito bem fundamentada e dividida com o cliente, que deve compreender profundamente os motivos pelos quais as alterações estão sendo propostas. É fundamental que as primeiras consultas sejam realizadas objetivando um vínculo de confiança do cliente com o nutricionista, que será fundamental para adesão e continuidade do acompanhamento. Avaliação Nutricional: INQUÉRITOS ALIMENTARES Procedimento metodológico onde se obtém informações quantitativas e/ou qualitativas sobre o consumo alimentar de indivíduos, grupos e populações. Trata-se de um Instrumento fundamental para avaliação, podendo avaliar consumo atual e pregresso. Os tipos de inquéritos são: RETROSPECTIVOS: – Recordatório 24h – Freqüência alimentar – História alimentar Avaliação do Estado Nutricional PROSPECTIVOS: – Registro alimentar – Pesagem de alimentos – Análise em duplicata Recordatório de 24h Um dos métodos mais utilizados Recordatório de um pequeno período de tempo (24 h) Entrevista direta Obtém informações quantitativas sobre o consumo alimentar de um dia. Estima a ingestão de alimentos e nutrientes em um indivíduo e/ou grupos Nesse inquérito o nutricionista deve Iniciar perguntando o que primeiro comeu ou bebeu no dia anterior, continuando até o dia atual. Caso o paciente tenha dificuldade para lembrar, pode-se tentar iniciar da última refeição realizada no dia anterior até chegar na primeira. Além disso, correlacionar com atividades do dia-a-dia (TV, computador etc) costumam também auxiliar na memória. A descrição dos alimentos e bebidas consumidos deve ser bem detalhada, incluindo os métodos de cocção, marca de produtos, uso de suplementos nutricionais, sempre utilizando medidas caseiras. As principais desvantagens desse método são: • Pode não refletir hábito (recomenda-se realização em pelo menos 3 dias não consecutivos, incluindo 1 dia de final de semana) • Dia anterior atípico • Tendência a subestimar ou superestimar a ingestão de determinados alimentos • Dificuldades em estimar porções (percepção do paciente / padronização de medidas caseiras) • Inapropriado para crianças e idosos Registro alimentar Registro diário feito pelo próprio indivíduo ou responsável pelo consumo alimentar Período de tempo previamente determinado Descrição detalhada sobre os tipos e as quantidades de alimentos e bebidas consumidos durante um período de tempo (intervalo de tempo de 3 a 7 dias) Vantagens: • Pode representar consumo exato (ingestão real ou usual do paciente) • Análise quantitativa • Não depende da memória (pode ser usado para idosos) • Utilizado p/ orientação alimentar Entretanto uma dificuldade enfrentada pelos nutricionistas nesse método é uma tendência de alguns pacientes/clientes de modificar o hábito alimentar durante a realização do registro, com o objetivo de simplificar o registro ou mesmo “agradar o profissional”. Para que seja, de fato, uma ferramenta fidedigna, é imprescindível uma conversa franca explicando a importância da ferramenta refletir a realidade do hábito, pois disso depende o sucesso da terapia nutricional. Exames Laboratoriais na Avaliação Nutricional A restrição alimentar prolongada, bem como situações de injúria, compromete a integridade visceral. Alguns tecidos, como o do fígado, sofrem mais alterações em proporção ao tempo de nutrição e injúria. A dosagem de proteínas sintetizadas por estes tecidos, em associação com outros parâmetros, são úteis na avaliação do comprometimento visceral e no diagnóstico nutricional. Índice creatinina-altura (ICA) Creatinina = metabólito da creatina e fosfocreatina que são 98% armazenados no musculo esquelético. Meia vida = 4h 100% eliminada na urina Realização do teste: Coleta-se urina de 24 h (15 min + ou – gera erro de 1%) por 3 dias Utiliza-se a média da creatinina urinária dos 3 dias e aplica-se na fórmula: Interpretação: 80 – 90% depleção leve 60 – 80% depleção moderada < 60% depleção grave Cálculo da massa muscular (kg) pela creatinina: 1. Dieta livre Massa magra = 0,0291x creatinina urinária(mg/dia) + 7,38 2. Dieta restrita em carne Massa magra = 0,0241 x creatinina urinária(mg/dia) + 20,7 Fatores limitantes na utilização do ICA Nefropatia Hepatopatia? Idosos variabilidade de 4-8% na excreção de creatinina no mesmo idoso em dias diferentes Dieta rica em carnes restringir 24-48h antes da coleta da urina Vegetarianos estritos Atividade física intensa Imobilização Cefalosporinas, levodopa e VIT C elevam creatinina Albumina PTN mais abundante no plasma Fundamental na manutenção da pressão oncótica Transporta várias substâncias (AGL, drogas, cálcio etc.) Utilizada nos índices prognósticos nutricionais Ampla utilização na prática pelo baixo custo Desvantagem = longa meia vida (14-21d) Limitação do seu uso como indicador nutricional Doença hepática fase aguda Hiperhidratação Perdas profusas: queimaduras, má absorção, síndrome nefrótica Transferrina Transporta ferro no organismo Meia vida de 8 - 9 dias (turnover intermediário) detectadisturbios nutricionais precocemente comparada à albumina Pré albumina (transtiretina) Transporta homônios tireoidianos Rápido turnover (2 dias) Reduz na desnutrição como as anteriores Utilizada no índice prognóstico nutricional (Mullen) Interpretação: 20 mg/dl normal 10 – 15 mg/dl depleção leve 5 – 10 mg/dl depleção moderada < 5 mg/dl depleção grave Limitações de seu uso Dç hepática Dç renal Fase aguda Proteína C reativa Apesar de não ser um marcador de estado nutricional, é umas das principais proteínas inflamatórias e está elevada na fase aguda em até 10 a 100x nas 1ª 12h. Além de ser utilizada no índice prognóstico inflamatório nutricional (IPIN), a curva de PCR avalia a evolução do processo inflamatório do doente. A medida que os níveis começam a reduzir, sabemos que o paciente está saindo da fase aguda e entrando numa fase anabólica. Esse entendimento é fundamental para que mudemos o objetivo da conduta nutricional a partir desse momento, que será de anabolismo para recuperação do que foi depletado durante a fase aguda. Índices prognósticos Nutricionais Esses índices tem por objetivo Identificar doentes em risco de complicações e que possam se beneficiar de intervenção nutricional precoce. Monitorando a Terapia Nutricional Balanço Nitrogenado Não serve para avaliar estado nutricional Permite avaliar o grau de equilíbrio nitrogenado (dinâmica energético-proteica) logo, a eficácia da TN Realizar a cada 5 - 7 dias para adequar oferta proteica Limitações Para se obter precisão, só pode ser feito em pacientes internados Metodológicas – coleta errada da urina de 24h Insuficiência renal – retém uréia e subestima BN Hepatopatias - < síntese de uréia Má absorção intestinal, fístulas e queimaduras - > perdas
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