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1 VESÍCULA BILIAR A Vesícula biliar está localizada sobre a superfície do lobo direito do fígado e tem a função principal de concentrar, armazenar e excretar a bile produzida no fígado. A bile apresenta 3 principais constituintes: BILIRRUBINA Principal pigmento da bile. A destruição das hemácias libera a hemoglobina a partir da qual se forma a bilirrubina não conjugada. Esta é transportada para o fígado onde é conjugada e excretada na bile. SAIS BILIARES Formados a partir do colesterol são essenciais para digestão e absorção de gorduras, vitaminas lipossolúveis e alguns minerais. São excretados no intestino delgado através da bile, e posteriormente reabsorvidos no sistema porta COLESTEROL Importante constituinte dos sais biliares Trajeto da bile: Do Fígado ao Intestino Delgado Figura 1: A bile produzida deixa o fígado pelo ducto hepático comum e chega à vesícula pelo ducto cístico onde é armazenada. Mediante estímulo (colecistoquinina) a vesícula se contrai e libera a bile que segue seu curso pelo ducto biliar comum ou colédoco (união do hepático comum com cístico) que se une ao ducto pancreático para desembocarem no duodeno. DOENÇAS DA VESÍCULA BILIAR As doenças biliares mais comuns são colelitíase, coledocolitíase e colecistite Cole = vesícula Litíase = presença de “cálculos” Ite = inflamação, não tem “cálculos” Fig2: Observa-se a migração de um cálculo da vesícula até o esfíncter de Oddi, passando pelo colédoco. Colelitíase A colelitíase é definida pela formação de cálculos biliares SEM infecção da vesícula. Na maioria dos casos esses cálculos são assintomáticos. Eles podem permanecer na vesícula ou migrar para o colédoco permanecendo nele ou ainda migrar para o duodeno causando ou não sintomas. Existem 2 tipos mais comuns de cálculos biliares: Cálculos de colesterol não pigmentados – SÃO A MAIORIA DOS CASOS e são compostos de colesterol + bilirrubina + sais de cálcio FATORES DE RISCO Cálculos pigmentados – são polímeros de bilirrubina ou sais de cálcio. Estão associados à hemólise crônica, pois a hemólise gera bilirrubina. Representam a minoria dos casos de cálculos. FATORES DE RISCO - Idade - Anemia Falciforme - Talassemia -Infecção no trato biliar -Cirrose - Alcoolismo - Nutrição Parenteral prolongada Vesícula Esfíncter de Oddi Ducto pancreático Pancreas Fígado Ducto hepático comum Ducto cístico Ducto biliar comum Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br A bile é a via excretória primária de cobre e manganês e tem imunoglobulinas para manter integridade de mucosa. 2 Tratamento médico da colelitíase Em geral é realizada a cirurgia de remoção da vesícula (colecistectomia) que pode ser por laparotomia ou laparoscopia que é menos invasiva. Outros métodos menos comuns são a abordagem não cirúrgica e incluem dissolução química, terapia litolítica com ácido ursodeoxicólico ou quenodesoxicólico ou litotripsia (choque extracorpóreo). A CPRE pode ser usada para retirada de cálculos que migraram para as vias biliares. Tratamento Nutricional preventivo da colelitíase Embora ainda não seja 100% aceito no meio acadêmico e com respaldo científico sólido, há quem defenda que a adoção de uma dieta mediterrânea seja vantajosa no sentido de prevenir a colelitíase em indivíduos susceptíveis. Dieta pobre em CHO simples Aumento de proteínas vegetais em detrimento de animal Aumento de oleaginosos Aumento de gordura vegetal (azeite e outras mono) em detrimento de animal Aumento do consumo de fontes de W-3 (avaliar suplementação) Aumento do consumo de mix de fibras Aumento do aporte de vitamina C (avaliar suplementação)* Consumo moderado de álcool Probióticos Atingir/manter Eutrofia * A vitamina C regula a conversão de colesterol em ácidos biliares e baixos níveis estão relacionados com aumento da incidência de cálculo somente em mulheres. A associação não foi vista em homens. Tratamento Nutricional Pós operatório - A alimentação é retomada normalmente por via oral assim que houver o retorno da peristalse e a retirada da sonda nasogástrica de drenagem, caso esteja presente - Deve-se iniciar com dieta líquida até evoluir para consistência normal. - Se no pós operatório o paciente ficar com dreno em intestino para retirada de secreção biliar (dreno de Kher), deve-se fazer dieta hipolipídica durante permanência do dreno (em geral 10 a 15 dias). - a adaptação do organismo para digestão de gorduras na ausência de vesícula se dá em 2 meses de pós operatorio, sendo portanto arriscado preparações hiperlipídicas nesse período, pois podem gerar esteatorréia. Contudo, refeições normolipídicas não estão contra-indicadas, desde que haja tolerância. Após a colecistectomia a bile é secretada diretamente pelo fígado no intestino. Colecistite É caracterizada pela inflamação da vesícula biliar podendo ser classificada como aguda ou crônica e quanto à presença ou não de cálculos (calculosa e acalculosa). A forma mais comum é a colecistite calculosa cujos cálculos levam à obstrução dos ductos biliares. Esta obstrução faz com que a bile fique estagnada na vesícula levando à inflamação de suas paredes além de icterícia, pois já que a bile não flui normalmente acaba extravasando para a corrente sanguínea. A colecistite acalculosa pode ocorrer em condições graves como trauma, sepse, queimaduras e choque onde há tendência à estagnação de bile na vesícula. Colangite Pode ser classificada como colangite aguda e colangite esclerosante. Colangite aguda: Ocorre APENAS Inflamação nos ductos biliares e o paciente necessita de ressuscitação com fluidos + antibióticos de amplo espectro. Colangite esclerosante: Ocorre além da inflamação, cicatrização e obstrução dos canais biliares dentro e fora do fígado. É uma condição grave que pode gerar sepse e insuficiência hepática. Assim como na colangite aguda o tratamento é antibiótico de amplo espectro e , em caso de sepse recorrente a antibioticoterapia se torna crônica. Colestase É a diminuição ou interrupção do fluxo de bile, fazendo com que a bile fique estagnada. Uma das causas é a ausência de alimentação pelo trato gastrointestinal por longo período, como ocorre na NPT prolongada, que gera a colestase acalculosa, ou seja a bile deixa de fluir normalmente não devido à obstrução por cálculo, mas sim por falta de estímulo. PREVENÇÃO: alimentação enteral mínima. Quando não for possível alimentação, utilizam-se drogas. 3 Coledocolitíase Ocorre quando há o deslocamento de algum cálculo da vesícula para o colédoco, podendo causar obstrução, dor e cólicas. *Acolia fecal: fezes esbranquiçadas devido à ausência de pigmentos biliares nas fezes. Fig 3: Possíveis conseqüências da coledocolitíase Fitoterapia nas doenças da vesícula É comum a busca por fitoterápicos por parte dos pacientes, entretanto, nenhum ensaio clínico com metodologia bem desenhada, realizado em humanos demonstrou qualquer benefício até o momento. coledocolitíase Obstrução da passagem da bile colecistite ↓Abs lip Acolia fecal* Tab. 1: Considerações Nutricionais na Colecistite aguda e Crônica Classificação da colecistite Considerações Nutricionais AGUDA Via oral ZERO durante fase aguda – Pode-se indicar NPT em caso de desnutrição ou previsão de VO zero prolongada Retorno da VO: dieta com 30 a 45g de gordura/dia CRÔNICA Pode haver necessidade de dieta hipolipídicapor longo prazo 25 a 30% do VET de lipídeos. Não se recomenda restrição maior pois o lipídio é importante para o escoamento da bile Flatulência é queixa freqüente. Deve-se avaliar caso a caso para identificar o alimento envolvido Nos casos de suspeita de má absorção de gordura, é benéfico reposição de vitaminas lipossolúveis na forma líquida ou sublingual.
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