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Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla Professor Esp. Jhonatan Phelipe Peixoto EduFatecie E D I T O R A Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Prof.ª Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.unifatecie.edu.br/site/ As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock https://orcid.org/0000-0001-5409-4194 2021 by Editora EduFatecie Copyright do Texto © 2021 Os autores Copyright © Edição 2021 Editora EduFatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora EduFatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. EQUIPE EXECUTIVA Editora-Chefe Prof.ª Dra. Denise Kloeckner Sbardeloto Editor-Adjunto Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Assessoria Jurídica Prof.ª Dra. Letícia Baptista Rosa Ficha Catalográfica Tatiane Viturino de Oliveira Zineide Pereira dos Santos Revisão Ortográ- fica e Gramatical Prof.ª Esp. Bruna Tavares Fernades Secretária Geovana Agostinho Daminelli Setor Técnico Fernando dos Santos Barbosa Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt www.unifatecie.edu.br/ editora-edufatecie edufatecie@fatecie.edu.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP P379a Peixoto, Jhonatan Phelipe Atendimento educacional de alunos com deficiência intelectual e múltipla / Jhonatan Phelipe Peixoto. Paranavaí: EduFatecie, 2021. 97 p. : il. Color. ISBN 978-65-87911-30-4 1. Educação especial. 2. Pessoas com deficiência - Educação I. Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD : 23 ed. 371.9 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 https://doi.org/10.33872/edufatecie.formsociocultural.2019 AUTOR Professor Especialista Jhonatan Phelipe Peixoto ● Especialista em Atendimento Educacional Especializado: Educação Especial e Inclusiva – Universidade Cesumar (Unicesumar). ● Especialista em Docência no Ensino Superior: Tecnologias Educacionais e Inovação – Universidade Cesumar (Unicesumar). ● Especialista em Docência na Educação Superior – Centro Universitário Metropolitano de Maringá (Unifamma). ● Graduação em Pedagogia – Centro Universitário Metropolitano de Maringá (Unifamma). ● Formação Complementar em Neurodidática – Universidade Cesumar (Unicesumar). ● Formação Complementar em Introdução de Libras - Universidade Cesumar (Unicesumar). ● Formação Complementar em As competências do Pedagogo - Universidade Cesumar (Unicesumar). ● Formação Complementar em Afetividade no Ambiente Escolar e Familiar - Universidade Cesumar (Unicesumar). ● Formação Complementar em Adolescência e suas Características Psicossociais. ● Professor Mediador no Ensino Superior da modalidade EAD. Acesse o meu currículo lattes: 9252033019618489 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Caro (a) aluno (a), seja bem-vindo (a) a mais uma etapa do curso de Graduação em Educação Especial, com a disciplina de Atendimento Educacional Especializado para alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla. Ao longo das quatro unidades serão debatidos assuntos pertinentes a esse assun- to, onde você poderá compreender, na Unidade I, sobre a História da Deficiência Intelectual e múltipla analisando como se dá o processo histórico relacionado a essa deficiência, bem como as legislações nacionais e internacionais que regem o atendimento educacional es- pecializado para esses alunos. Dando sequência, na Unidade II será possível analisar como acontece a interlo- cução entre o AEE para os alunos com essas deficiências e o ensino regular, enfatizando os processos teóricos, legais e pedagógicos que envolvem essa discussão, bem como as atividades de vida diária para que esse atendimento aconteça de maneira assertiva e institucionalização do mesmo no projeto pedagógico das escolas. Já na Unidade III, você poderá analisar, também, como a deficiência intelectual e múltipla acontece no contexto escolar, entendendo como a mesma é compreendida no ambiente institucional e como são as percepções de pais, escola e professores em relação ao atendimento educacional para a inclusão escolar dos alunos com tais deficiências. Por fim, na Unidade IV você terá a compreensão de como se dá o processo de ensino e aprendizagem desses alunos, refletindo como o mesmo ocorre nas escolas e na sociedade, finalizando com o entendimento sobre recursos didáticos adaptados e alguns exemplos que podem ser utilizados em sala de aula. É importante ressaltar, caro (a) aluno (a), que os conteúdos aqui apresentados nas quatro unidades desse livro são direcionamentos para as possibilidades de pensar e refletir sobre os assuntos abordados, sendo assim, necessário, que você aprofunde seus estudos por meio das indicações de filmes, livros e leituras complementares. Desejo bons estudos e uma excelente disciplina! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 História da Deficiência Intelectual e Múltipla UNIDADE II ................................................................................................... 27 Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular para Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla UNIDADE III .................................................................................................. 52 Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar UNIDADE IV .................................................................................................. 69 Aprendizagem 3 Plano de Estudo: ● A deficiência intelectual e múltipla através dos tempos ● Conceituando a deficiência intelectual e múltipla ● Legislação nacional e estadual, acessibilidade e a era da inclusão Objetivos da Aprendizagem: ● Contextualizar a deficiência intelectual e múltipla no contexto histórico ● Conceituar a deficiência intelectual e múltipla ● Analisar a legislação nacional e estadual, acessibilidade e a era da inclusão UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla Professor Esp. Jhonathan Phelipe Peixoto 4 INTRODUÇÃO UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla Caro(a) acadêmico(a), Seja bem-vindo(a) a Unidade I, intitulada “História do deficiente intelectual e múlti- pla”, da disciplina de Atendimento Educacional de Aluno com Deficiência Intelectual e Múltipla do curso de Graduação em Educação Especial. No primeiro momento iremos contextualizar a deficiência intelectual e múltipla atra- vés dos tempos, de forma que você possa compreender como se deu o contexto histórico sobre essa deficiência por meio das mais importantessociedades, sendo possível identificar as particularidades de cada uma, desde a Antiguidade até os dias atuais no Brasil. No segundo momento será possível conceituar a deficiência intelectual e múltipla, a fim de que você possa compreender a definição de cada característica dessas duas deficiências. Além disso, será possível analisar a classificação dos 4 (quatro) níveis da deficiência intelectual. Já no terceiro, e último momento, você poderá identificar a legislação nacional e estadual, acessibilidade e a era da inclusão, de forma que possa verificar as principais Leis, decretos e resoluções brasileiras que regem o atendimento educacional especializado para pessoas com deficiência intelectual e múltipla e por fim, as principais declarações internacionais que abordam sobre esse assunto. Espero que estes textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema de nossa primeira unidade. Boa leitura! 5UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla 1. A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA ATRAVÉS DOS TEMPOS Caro (a) acadêmico (a) para dar início a nossa discussão sobre a História do De- ficiente intelectual e múltipla é necessário que façamos uma compreensão sobre como a deficiência intelectual e múltipla vem sendo discutida e compreendida no contexto histórico. Pensando em um viés histórico, é possível identificar que a deficiência intelectual e múltipla passou por diversas evoluções no que diz respeito ao seu processo de con- ceituação, sendo discutida desde a antiguidade até os dias atuais, onde muitos termos e discussões foram esquecidas e outros novos passaram a ser debatidos. Para que você, aluno (a), possa compreender de fato como ocorreu o processo histórico da deficiência intelectual e múltipla, é necessário analisar toda sua evolução de conceitos, como esses foram construídos, quais os objetivos voltados para a deficiência em cada época e como cada sociedade contribuiu para a discussão de tal assunto (CORSO, 2020). O debate sobre a deficiência intelectual teve início na Antiguidade e se estendeu, inicialmente, até a Idade Média. Naqueles tempos, a sociedade buscava apresentar a deficiência intelectual como algo inerente à pessoa, tendo assim, sua discussão de forma isolada e com poucas políticas públicas para o atendimento de pessoas com tal deficiência, e com isso, a inclusão era algo inexistente. De acordo com Corso (2020), somente era considerado como verdadeiros seres humanos aqueles que possuíam terras e se classificavam como pessoas da nobreza, e com isso, os que trabalhavam para a nobreza eram classificados como uma subcategoria, 6UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla a qual não tinha muita visibilidade social. Nessa época, a deficiência era algo inexistente perante a sociedade, logo, não era vista como um problema que deveria ser discutido e exibido, pois as pessoas nessas condições eram destinadas à exposição, eliminação e até mesmo ao abandono. Na Antiguidade até meados do século XVIII, as pessoas com deficiências eram tidas como algo místico e com diversas classificações dentro dos diferentes contextos reli- giosos da época, principalmente o cristão. As explicações para isso era que os deficientes eram vistos como um ser possuído por alguma força maligna, e devido a religião ter poder absoluto nessa época, exorcizavam essas pessoas como se entidades demoníacas as possuíssem, a fim de expulsar tais forças malignas, e com isso, a igreja tinha como função social “curar” os deficientes desse mal, pois os mesmos não eram vistos como filhos de Deus (CORSO, 2020). Um fator importante a destacar sobre esse momento histórico, aluno (a), é o infanti- cídio, ou seja, toda criança que nascesse com alguma deficiência, dentre elas a intelectual, sendo classificado como um defeito, tinham como destino o sacrifício, sendo entendido o abandono e até mesmo a eliminação. Já na Grécia, existiam muitas discussões voltadas para aquilo que era bonito, tendo assim, a cultuação do que era considerado belo no sentido corporal interno e externo. Logo, aqueles que nasciam com algo diferente do que era considerado bonito e belo tinham como destino a eliminação para proteger o restante da sociedade de um possível contágio, pois a deficiência nessa época era vista como algo contagioso. De acordo com Trancoso (2020), diferente da Grécia, as pessoas que nasciam com alguma deficiência no Antigo Egito não eram eliminadas ou isoladas, vez que nessa sociedade a deficiência era vista de outra forma. Nesse contexto social, as pessoas que possuíam alguma deficiência eram aceitas, respeitadas e integradas no dia a dia, principal- mente aquelas que possuíam nanismo, cegueira ou alguma deficiência física. Partindo para a sociedade Romana, aqueles nascidos [...] “com alguma anomalia, aparência física de alguma má-formação, acabavam mortos por afogamento. Os antigos espartanos avaliavam as crianças, e as consideradas doentias, disformes ou franzinas eram jogadas do alto do Monte Taygetos” (CORSO, 2020, p. 8). Relatos históricos nos trazem informações de que as crianças que nasciam com deformidades físicas em Roma sofriam rejeição e eram mortas por afo- gamento, muitas vezes na hora do parto. Havia, inclusive, leis que permitiam aos pais eliminar seus filhos deficientes, embora nem todos os fizessem. [...] eram recolhidas por escravos e famílias plebeias mais pobres (que viviam de esmolas). Assim, eram criadas por essas famílias para mais tarde ser usadas como pedintes, a fim de explorar os romanos atormentadas por culpas [...] (TRANCOSO, 2020, p. 29). 7UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla No século XV, o conceito de deficiência passa por uma reformulação onde era compreendido que a mesma não se tratava de algo maligno ou proveniente de seres de- moníacos, mas sim, de pessoas doentes, dando origem de uma patologia como origem da deficiência. Corso (2020) nos evidencia que no século XVII, passam a surgir estudos sobre a anatomia da deficiência mental, de forma que buscasse a sua localização no encéfalo. Dessa forma, a deficiência deixa de ser algo pertinente à alma e dos maus espíritos que as pessoas possuem, mudando a visão de algo julgado como místico ou religioso para aquilo voltado ao campo da ciência. Durante a Idade Moderna, a partir do século XVIII, a deficiência ganha a conotação de causa natural, e o pensamento científico começa a evoluir. No entanto, o período ainda era marcado por preconceito, segregação e a ideia de não evolução, como algo incapacitante. [...] A partir do século XIX, vários pesquisadores se dedicaram ao estudo do tema, dando origem a vários con- ceitos (CORSO, 2020, p. 10). De acordo com Trancoso (2020) nessa época aconteceram diversas mudanças no que diz respeito ao pensamento sobre a deficiência, surgindo várias ações para compreen- der essas pessoas. Porém, essas ações eram isoladas, pois iam contra o pensamento da sociedade naquela época, a qual não concordava que as pessoas com deficiências não poderiam ser educadas, vez que eram doentes, não tinham humanidade e eram possuídas por espíritos demoníacos. Falando agora sobre as discussões sobre o debate da educação especial no Bra- sil, podemos compreender que a mesma passou por duas etapas específicas para a sua compreensão. Em relação a primeira etapa, caro (a) aluno (a), é importante ressaltar que “Assim como em outros locais do mundo, também no Brasil os deficientes eram vistos como pessoas que poderiam causar perigo à sociedade, por vezes tornando-se questão de or- dem policial” (CORSO, 2020, p. 13), e com isso, os deficientes eram impostos a ficarem em casas cuidadas pela igreja, as conhecidas Santas Casas de Misericórdias ou em hospitais psiquiátricos. Diante do abandono dessas crianças com necessidades especiais,que na maioria das vezes eram deixadas nas ruas, o governo da época criou as chamadas “rodas dos expostos ou vulneráveis”, no qual esses locais serviriam como acomodação e abrigo para os deficientes que eram deixados pelos seus familiares. Corso (2020, p. 14) nos afirma que “A pedagogia evolui junto com a medicina em termos de abordagem e entendimento de deficientes, os quais eram inicialmente tratados dentro de hospitais psiquiátricos para que tivessem maior apoio [...]”, e devido a essa evo- 8UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla lução, as pessoas que possuíam determinadas deficiências não eram mais vistas como doentes, e passaram a ser compreendidos como aquelas pessoas que possuem necessi- dades educacionais especiais e com chances de aprender junto à educação. Já a segunda etapa teve sua organização em meados do século XX e se estendeu até a década de 70, tendo como base de instrução a Nova Escola a qual teve como inicia- tiva privada a discussão sobre a educação especial e inclusiva. Nessa época o governo oferecia pouquíssimos recursos para ajuda na educação especial, apresentando apenas contribuições mínimas de entidades privadas ou filantrópicas. Outras modalidades de tratamento e atendimento surgem, seja em hospi- tais ou instituições de ensino, algumas de forma isolada, a maioria particular. [...] Assim como na Europa e nos Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, houve uma forte preocupação com as pessoas lesionadas, surgindo assim o conceito de reabilitação, exploradas em clínicas e serviços de caráter psicopedagógico. Nessa época as pessoas passaram a ter acesso e direito à educação nas conhe- cidas como escolas especiais, as quais eram distintas e separadas das escolas de ensino regular, dando início a novas oportunidades de ensino e desenvolvimento educacional, humano e social. 9UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla SAIBA MAIS RODA DOS EXPOSTOS – 1825-1961 A roda dos expostos sempre esteve ligada às instituições caridosas (abadias, mosteiros e irmandades beneficentes). Nela eram deixadas crianças cujos pais por alguma razão não as podiam criar. Formada por uma caixa dupla de formato cilíndrico, a roda foi adaptada no muro das instituições caridosas. Com a janela aberta para o lado externo, um espaço dentro da caixa recebia a criança após rodar o cilindro para o interior dos muros, desaparecendo assim a criança aos olhos externos; dentro da edificação a criança era recolhida, cuida- da e criada até se fazer independente. As rodas dos expostos das Misericórdias sempre existiram, e a primeira foi fundada em Portugal em 1498. A roda da Irmandade de São Paulo tem idade de uso a partir de 16 de novembro de 1876, quando Ariana da Silva Albuquerque foi deixada no meio da noi- te. Documentos, porém, atestam sua existência desde 02 de julho de 1825. O término do uso da roda da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo se dá em 20 de dezembro de 1950, quando Maria Assunta foi recebida e registrada em um livro com o número de 4.580. Maria foi exposta na roda e as Irmãs de São José a acolheram e le- varam-na ao Asylo dos Expostos Sampaio Vianna, fundado em 1896, e assim nomeado em homenagem ao benemérito Irmão João Maurício de Sampaio Vianna. Mesmo depois que a roda foi retirada de seus muros, a Irmandade de Misericórdia con- tinuou a receber enjeitados até 26 de dezembro de 1960. Glória Graciana Sampaio foi o último registro, de número 4.696. Fonte: Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Disponível em: https://www.santacasasp.org.br/portal/ site/quemsomos/museu/pub/10956/a-roda-dos-expostos-1825-1961 https://www.santacasasp.org.br/portal/site/quemsomos/museu/pub/10956/a-roda-dos-expostos-1825-1961 https://www.santacasasp.org.br/portal/site/quemsomos/museu/pub/10956/a-roda-dos-expostos-1825-1961 10UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla 2. CONCEITUANDO A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA Caro (a) aluno (a), para dar sequência em seus estudos acerca do atendimento educacional de alunos com deficiência intelectual e múltipla, é necessário que você conheça um pouco mais sobre essas deficiências, de forma que compreenda seus conceitos e defi- nições. Para que você, aluno (a), possa compreender de uma melhor forma, primeiramente irei definir o que é deficiência intelectual e, posteriormente, o que é deficiência múltipla, vamos lá? Dias e Oliveira (2013) apresentam que a construção de compreensão acerca da deficiência intelectual possui diversas variações ao longo dos tempos e diferentes contex- tos históricos e sociais, sendo entendida de acordo com manifestações não normativas do funcionamento intelectual. Com isso, surgiram diferentes ideias sobre as representações que abordam o modo predominante da pessoa com deficiência em relação ao seu convívio sociocultural relacionadas às limitações do sujeito por meio de testagens de sua inteligên- cia. Porém, nos dias atuais, para se ter uma compreensão concreta sobre esse assunto, é necessário levar em consideração os diferentes conhecimentos sobre a contextualização dos conceitos, concepções e critérios científicos para que haja uma identificação concreta e válida, levando em consideração, também, a maneira como as pessoas com deficiência intelectual identificam as noções sobre si e suas experiências nos mais variados contextos. De acordo com Corso (2020, p. 28), as pessoas que possuem deficiência intelec- tual são “indivíduos que possuem prejuízos no domínio conceitual social e prático, sendo classificados em deficiência intelectual leve, moderada, grave e profunda. [...] O nível de prejuízo intelectual pode ser indicativo de maior ou menor capacidade de aprendizagem”. 11UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla Já na visão de Tomazeli (2020) conceituar a deficiência intelectual vem passando por inúmeras modificações no decorrer do tempo, sendo de forma ampla compreendida como um retardo mental, porém, classificação essa muito obsoleta, mas evidenciada até os dias atuais. Representando pessoas com alterações em seu funcionamento neurológico e que, em decorrência disso, apresentam dificuldades de se adaptar ao meio em que estão inseridas, essa denominação abarca uma série de manifes- tações comportamentais, sinais clínicos e sintomas que culminam em sua identificação. Entretanto, estabelecer um padrão clínico único para definir a deficiência intelectual ainda não é possível (TOMAZELI, 2020, p. 31). Portanto caro (a) acadêmico (a), não podemos e não conseguimos definir a defi- ciência intelectual em apenas um conceito ou explicação, pois além dos diferentes con- textos sociais culminantes a essa limitação, também temos a complexidade em analisar e identificar os componentes básicos que associam a quadros clínicos, devido o fato de existir uma vasta compreensão de fatores e variáveis, como as manifestações dos sinais e relação social da pessoa com essa deficiência (TOMAZELI, 2020). Como mencionado anteriormente, a deficiência intelectual pode ser compreendida em quatro níveis de gravidade, sendo eles: leve, moderada, grave e profunda. Vamos co- nhecer os critérios para classificação da deficiência intelectual? TABELA 1 – CRITÉRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO DA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Fonte: Corso (2020, p. 29). 12UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla Com isso, é pertinente salientar que as principais características da deficiência inte- lectual são: “Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor; atraso na linguagem; dificuldade em atividades de vida diária [...]; lentidão na aprendizagem [...]; dificuldade na recepção, percepção, memorização e evocação frente aos estímulos visuais, táteis e auditivos; dificul- dade de integração ao meio social e familiar [...]” (CORSO, 2020, p. 30). Partindo agora para a compreensão do que é a deficiência múltipla, Silva (2011, p. 1) apresenta que “Deficiência Múltipla(DM) é a expressão adotada para designar pessoas que têm mais de uma deficiência”, sendo compreendida como uma condição de caráter heterogêneo a qual identifica distintos grupos de pessoas que possuem deficiências asso- ciadas umas as outras. O termo deficiência múltipla tem sido utilizado, com frequência, para carac- terizar o conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social. No entanto, não é o somatório dessas alterações que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunica- ção, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas (GODÓI, 2006, p. 11). É válido ressaltar que os alunos que possuem deficiência múltipla, em determinado momento, podem demonstrar algumas alterações no seu processo de desenvolvimento, aprendizagem e convívio social devido o fato de possuírem diversas possibilidades e ne- cessidades que precisam ser compreendidas pelas demais pessoas envolvidas no contexto social dessa criança (GODÓI, 2006). A deficiência mental pode ser compreendida como uma característica de deter- minadas deficiências como: Síndrome de Down, fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, paralisia cerebral “[...] e em outras alterações da estrutura e/ou funcionamento do sistema nervoso central, como se a alteração orgânica estivesse associado naturalmente o déficit intelectual” (CARNEIRO, 2020, p. 56). Portanto, por meio dessas informações, você, caro (a) aluno (a), pode verificar que a conceituação dessas deficiências em apenas uma terminologia não é possível, pois essa discussão vem desde o entendimento de deficiência mental, em 1939, no Congresso de Genebra, como uma tentativa de “padronizar mundialmente a referência e também a substituição ao termo anormal, considerado muito genérico (CARNEIRO, 2020, p. 18). A Política Nacional para a Integração da Pessoa portadora de deficiência define a deficiência mental como: “funcionamento intelectual significativamente inferior à média [...] e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação; cuidado pessoal; habilidades sociais; utilização dos recursos da comunida- de; saúde e segurança, habilidades acadêmicas; lazer; e trabalho” (BRASIL, 1999, p. 1). 13UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla O mesmo documento define a deficiência múltipla como “a associação de duas ou mais deficiências” (BRASIL, 1999, p. 1). Um fator importante a se destacar é que devido as especificidades da deficiência intelectual, não é possível apresentar “tipos de deficiência”, pois podem ser identificados juntamente com uma síndrome, como por exemplo a Síndrome de Down, que pode estar associada a uma deficiência física ou até mesmo, de forma isolada, sem estar relacionada à outra patologia ou deficiência. 14UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla 3. LEGISLAÇÃO NACIONAL E ESTADUAL, ACESSIBILIDADE E A ERA DA INCLUSÃO Dando continuidade aos nossos estudos acerca do Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla, é necessário que você, aluno (a), conheça as leis nacionais e estaduais sobre o atendimento especializado e como a inclusão é discutida nos dias de hoje, conhecida como era da inclusão. Vamos lá? Em nosso país temos diversas leis, decretos e resoluções que tratam sobre esse assunto, dessa forma, é importante que você as conheça. Observe abaixo as principais legislações que regem o atendimento educacional de alunos com deficiência, em ordem cronológica. Constituição Federal de 1988: De acordo com os artigos 205º e 206º deste docu- mento, a educação é entendida como sendo um direito de todos e sendo dever do Estado e da Família promover esse acesso para todas as pessoas, inclusive as com deficiências. Já no artigo 208º é apresentado que é dever do Estado garantir o atendimento educacional especializado para os alunos com deficiência, de preferência que sejam matriculados em escolas de ensino regular. No artigo 227º, podemos identificar que é dever do Estado, da família e da sociedade garantir à criança e ao adolescente o direito à vida, saúde, alimen- tação, educação, lazer, profissionalização, cultura, dignidade, respeito, liberdade e convi- vência familiar. Dessa forma, o Estado deve criar programas de prevenção e atendimento educacional especializado para todas as pessoas com deficiência, bem como, garantir a 15UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla integração social do adolescente mediante instruções para o trabalho e convivência (BRA- SIL, 1988). Além dessas considerações a Constituição também menciona em seu art. 23º, II e art. 24º, XIV, que é responsabilidade da União e dos Estados, respectivamente: “[...] cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas com deficiência; [...] proteção e integração social de pessoas portadoras de deficiência [...]” (BRASIL, 1988, p.1). Lei nº 7.853 de 24 de outubro de 1989: nessa Lei é discutido sobre o apoio para as pessoas com deficiência em relação a sua integração social, tendo como discussão em no art. 1º: § 1º Na aplicação e interpretação dessa Lei, serão considerados os valores básicos da igualdade de tratamento e oportunidade, da justiça social, do res- peito à dignidade da pessoa humana, do bem-estar, e outros, indicados na Constituição ou justificados pelos princípios gerais do direito. 2º As normas desta Lei visam garantir às pessoas portadoras de deficiência as ações go- vernamentais necessárias ao seu cumprimento e das demais disposições constitucionais e legais que lhes concernem, afastadas as discriminações e os preconceitos de qualquer espécie, e entendida a matéria como obrigação nacional a cargo do Poder Público e da sociedade (BRASIL, 1989, p. 1). Partindo para o art 2º desta mesma Lei, você, caro (a) aluno (a), poderá verificar que cabe como responsabilidade do poder público assegurar para as pessoas com deficiência o exercício de todos os seus direitos básicos como: educação, saúde, trabalho, lazer, entre outros, direitos esses que vem sendo assegurados desde a Constituição Federal e de leis provenientes a esse assunto. Em relação a educação, neste mesmo artigo em seu inciso I, é evidenciado a in- clusão no sistema educacional tendo a Educação Especial como modalidade de ensino se estendendo a todos os níveis escolares da educação básica e supletiva, sendo necessário ofertar a habilitação e reabilitação dos profissionais dessa área. Neste mesmo inciso é destacado que: [...] a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, pri- vadas e públicas[...]; oferta, obrigatória e gratuita da Educação Especial em estabelecimento público de ensino[...]; o oferecimento obrigatório de progra- mas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência [...] (BRASIL, 1989, p.1). Além disso, para a área da educação, é assegurado o acesso dos alunos com de- ficiência a todo os benefícios que são ofertados aos demais alunos do sistema educacional e a matrícula para cursos ofertados em estabelecimentos públicos e privados, a fim de que as pessoas com deficiência se integrem no sistema regular de ensino. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990: mais conhecida com Estatuto da Criança e do Adolescente, essa Lei “[...] aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discrimi- 16UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla nação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, [...] econômica, [...] social, [...] ou outra condição que diferencie aspessoas [...]” (BRASIL, 1990, p. 1). No que diz respeito às pessoas com deficiência, o Estatuto da Criança e do Ado- lescente enfatiza que o atendimento educacional especializado deve ser ofertado, prefe- rencialmente, na rede de ensino regular e ao adolescente deve ser assegurado o trabalho protegido. Política Nacional de Educação Especial – 1994: Em 1994 é divulgada a Política Nacional da Educação Especial, a qual visa o processo denominado “integração social”, que dispõe o acesso às classes comuns do ensino regular para somente as crianças com deficiência que possuem condições de realizar as atividades escolares do ensino normal, no mesmo ritmo que os demais alunos matriculados nas escolas, porém isso foi conside- rado um atraso, visto que devemos pensar em um acesso igualitário a todos na educação básica. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996: Essa Lei é muito importante para edu- cação como um todo, incluindo o atendimento educacional especializado. Conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDBEN, viabiliza em suas discussões um capítulo específico para tratar somente sobre a Educação Especial, o qual, já de início, apresenta que o entendimento sobre Educação Especial se dá para a modalidade de ensino que é oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino para os alunos que possuem determinadas deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação. No parágrafo 1º e 2º do art. 58º desta lei é enfatizado que, Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regu- lar, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. [...] O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especia- lizados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular (BRASIL, 1996). No art. 59 podemos observar que fica evidente que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habi- lidades e superdotação, currículos e recursos específicos para atender todas as necessida- des desse aluno, além de, professores com especializações adequadas para realização do atendimento especializado e professores capacitados para mediarem a integração desses alunos às classes comuns do ensino regular. 17UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999: esse decreto regulamenta a Lei nº 7.853/89 mencionada acima, o qual dispõe sobre a Política Nacional para a integração da pessoa com deficiência, consolida as normas de proteção, bem como, apresenta outras providências. O objetivo principal desse documento é apresentar normativas que assegu- rem todos os direitos individuais e sociais das pessoas com deficiência. Em relação à Educação, esse decreto em seu art. 24º, enfatiza que os órgãos e entidades da Administração Pública Federal devem viabilizar: I – A matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoa portadora de deficiência capazes de se integrar na rede regular de ensino; II – a inclusão, no sistema educacional, da educação especial como modalidade de educação escolar que permeia transversal- mente todos os níveis e modalidades de ensino; III – a inserção, no sistema educacional, das escolas ou instituições especializadas públicas e privadas; IV – a oferta, obrigatória e gratuita, da educação especial em estabelecimen- tos públicos de ensino; V – o oferecimento obrigatório dos serviços de educa- ção especial ao educando portador de deficiência em unidades hospitalares e congêneres nas quais esteja internado por prazo igual ou superior a um ano; e VI – o acesso de aluno portador de deficiência as benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, transporte, merenda escolar e bolsas de estudos (BRASIL, 1999, p.1). Em relação a educação especial, esse mesmo decreto afirma ser a modalidade de educação escolar que é ofertada, de preferência, em escolas de ensino regular para aqueles alunos com necessidades educacionais especiais, dentre esses os com deficiência e que a educação destes alunos deverão ter início já na Educação Infantil, a partir de zero ano de idade. Lei nº 10.172 de 09 de janeiro de 2001: Mas conhecida como Plano Nacional da Educação – PNE, esta Lei foi criticada por ser muito extensa e apresentava diversas páginas no que diz respeito às crianças e jovens com deficiência. Em capítulo 8.2 que se refere às Diretrizes, é mencionado que “A educação especial de destina às pessoas com necessidades especiais no campo da aprendizagem, originadas que de deficiência física, sensorial, mental ou múltipla, quer de características como altas habilidades, superdotação ou talentos” (BRASIL, 2001). A mesma Lei complementa que a educação especial entendida como uma modali- dade de ensino, deve ser ofertada sistematicamente em todos os níveis de ensino de forma que a garantia de vagas no ensino regular aconteça para os diferentes tipos de deficiências, a fim de que todos tenham o devido acesso a educação. Resolução CNE/CEB nº 2 de 2001: Este texto do Conselho Nacional de Educação institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica para alunos com necessidades educacionais especiais em todas as suas etapas e modalidades de en- 18UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla sino. Em seu art. 1º é estabelecido que “O atendimento escolar desses alunos terá início na educação infantil, nas creches e pré-escolas, assegurando-lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação [...] a necessidade de atendimento educacional especializado” (BRASIL, 2001, p. 1). Já por meio do art. 2º entende-se que “os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos” (BRASIL, 2001, p.1). Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva: Esse documento foi elaborado em 2008 com o intuito de evidenciar o processo histórico da inclusão escolar no Brasil, a fim de promover políticas públicas que reforcem uma educação de qualidades para todas as pessoas. Essa política tem como objetivo, [...] assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos glo- bais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir: acesso ao ensino regular [...]; transversa- lidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até a educação superior; oferta do atendimento educacional especializado; forma- ção de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão; participação da família e da comu- nidade; acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas co- municações e informação; e articulação intersetorial na implementação das políticas públicas (BRASIL, 2008, p. 14). Na perspectiva da Educação inclusiva, segundo esse documento, a educação especial passa a ser parte integrante da proposta do contexto escolar, de forma que possa definir seu público como os alunos com deficiência, transtornos e altas habilidades, con- siderando os alunos com deficiência aqueles que possuem impedimentos de longo prazo, seja de forma física, sensorial ou intelectual, que podem ter restrição de participação na escola e na sociedade. Resolução CNE/CEB nº 4 de 2009: este documento tem como intuito orientar os estabelecimentos de atendimento educacional especializado – AEE na Educação Básica, o qual afirma que o AEE deve ser ofertado em “[...] salas multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da redepública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos” (BRASIL, 2009, p.1). Saindo das definições em ordem cronológica, no Brasil temos uma Lei que é de extrema importância que você conheça, onde a mesma trata especificamente sobre a in- clusão de pessoas com deficiência, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência a qual foi instituída em 6 de julho de 2015. Tal Lei é de suma importância para sua formação 19UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla acadêmica em relação a disciplina que está cursando, portanto, fique atento (a) a todas as informações. A Lei nº 13.146 tem como objetivo “[...] assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiên- cia, visando à sua inclusão social e cidadania” (BRASIL, 2015, p. 1). No capítulo II do título I desta mesma Lei, é possível verificar que a discriminação não deve prevalecer, dando obrigatoriedade a igualdade para todos, onde “toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades como as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. [...] a pessoa com deficiência será protegida de toda forma de negligência, [...] opressão e tratamento desumano ou degradante” (BRASIL, 2015, p.1). Em seu capítulo II do título II, o Estatuto da Pessoa com Deficiência ressalta sobre o direito da habilitação e reabilitação, tendo como objetivo desse processo “[...] o desenvol- vimento de potencialidades, talentos, habilidades e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudinais, profissionais e artísticas que contribuam para a conquista da autonomia da pessoa com deficiência e de sua participação social [...]” (BRASIL, 2015, p.1). Em relação à educação, abordada no capítulo IV, é enfatizado que a educação é um direito da pessoa com deficiência, tendo a inclusão educacional em todos os níveis de ensino e diferentes aprendizados ao longo de toda a sua vida, de forma que possa atingir seu desenvolvimento integral de todas as habilidades pertinentes a si. 20UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla SAIBA MAIS Você sabia que, além das leis e decretos brasileiros, temos alguns marcos legais inter- nacionais? Vamos conhecer quais são? - Declaração Mundial de Educação para Todos – 1990: enfatiza que as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas com deficiência devem ter atenção especial, de forma que surjam medidas que, de forma igualitária, apresente a educação para todos. - Declaração de Salamanca – 1994: este documento, de grande importância para o atendimento educacional especializado, é uma resolução da ONU, a qual foi originado na Conferência de Educação Especial, em Salamanca na Espanha. Em seu texto é abordado os princípios, políticas e práticas para ações em todos os níveis regionais e mundiais sobre a Educação Especial, inclusive no que diz respeito às escolas. - Convenção de Guatemala – 1999: Denominada Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as pessoas com deficiência, trás como resultado, no Brasil, o decreto nº 3.956/2001, o qual afirma que as pessoas com deficiência possuem os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as outras pessoas. - Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – 2009: afirma que a pro- moção e garantia de um sistema de Educação inclusiva de qualidade é de responsabili- dade dos respectivos países. - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS – 2015: se trata de um documento elaborado pela UNESCO, o qual apresenta 17 objetivos que devem ser realizados até 2030, tendo como discussão a educação inclusiva em seu item 4, o qual justifica uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade, de forma que isso aconteça em toda a vida de todos. Para conhecer mais as especificidades desses documentos, oriento que faça a leitura na íntegra dos mesmos! Boa leitura! Fonte: Elaborado pelo autor com base nos documentos internacionais relacionados ao Atendimento Edu- cacional Especializado e Educação Inclusiva. 21UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla REFLITA Você sabia que não se usam mais os termos portador de deficiência, portador de neces- sidades especiais e pessoa portadora de deficiência? “De acordo com a Convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência, da Orga- nização das Nações Unidas – ONU, o Brasil ratificou com valor de emenda constitucio- nal em 2008 que é totalmente inadequado o termo “pessoa portadora de deficiência ou portador de deficiência’’ . Por que? Simples, nós não portamos, não carregamos nossas deficiências, simplesmente as temos e, antes de termos deficiência, somos pessoas como qualquer outra” O uso adequado da terminologia de acordo com as deficiências deve ser da seguinte forma: - Cadeirantes, amputados, ostomizados: pessoa com deficiência física; - Autista: pessoa com TEA – transtorno do espectro autista; - Síndrome de Down: pessoa com deficiência intelectual; - Surdos: pessoas com deficiência auditiva; - Cegos: pessoas com deficiência visual, e assim por diante. “Menções a situações de deficiências, incapacidades ou quadros patológicos devem ser feitas em contexto e sem tom de piedade. A pessoa com deficiência também tem nome, sobrenome e dignidade a ser respeitada. Use preferencialmente o termo “pessoa com deficiência”, adotado pela ONU, não use termos pessoa portadora de deficiência e jamais use termos pejorativos como aleijado, defeituoso, incapacitado ou inválido. Fonte: G1 – Globo, Terminologia no tratamento da pessoa com deficiência, por Tulio Mendhes, 2018. Disponível em: http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/blog/mao-na-roda/post/terminologia- -no-tratamento-da-pessoa-com-deficiencia.html Senado Federal, linguagem inclusiva, 2020. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/manualdecomu- nicacao/redacao-e-estilo/estilo/linguagem-inclusiva#:~:text=N%C3%A3o%20use%20os%20termos%20 pessoa,h%C3%A1%20dois%20grupos%20de%20defici%C3%AAncia. 22UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro (a) aluno (a), chegamos ao final de nossa primeira unidade de discussão sobre a disciplina de Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla. Em nosso primeiro momento de discussão, foi possível que você verificasse o processo histórico relacionado à pessoa com deficiência intelectual e múltipla desde a Antiguidade até os dias atuais no Brasil. Você pode verificar que a discussão sobre es- sas pessoas é inserida na própria história da humanidade, sendo marcada por inúmeros momentos de repressão, preconceito, humilhação, religiosidade e rejeição, dando origem a duas principais ações de crueldade: o infanticídio na Antiguidade até meados do século XVIII e a Roda dos Expostos no Brasil. Já no segundo tópico discutido, você pôde verificar as principais conceituações sobre o que é deficiência intelectual e o que é deficiência múltipla, a fim de que sua compreensão sobre o assunto seja de forma assertiva. Nesse momento de discussão, foi possível verificarmos que a classificação e definição dessas deficiências passou por diversas variações no decorrer dos tempos, de forma que é claro dizer que não é possível apresentar apenas uma terminologia ou explicação para ambas. Ainda, estudamos quais são os diferentes tipos de classificação da deficiência intelectual, sendo eles: leve, mode- rada, grave e profunda. E em nosso terceiro e último momento de discussão, estudamos as legislações, acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência, de forma que você pôde compreen- der que temos diversas leis, decretos e resoluções brasileiras que regem o atendimento educacional especializado para pessoas com deficiência, bem como,declarações de cunho internacional sobre esse assunto. Foi possível verificar que no Brasil temos uma Lei san- cionada que trata especificamente sobre a pessoa com deficiência, conhecida como Lei de Inclusão ou Estatuto da Pessoa com Deficiência que passou a ser um grande fator de discussão sobre a proteção e amparo dos direitos das pessoas com deficiência em nosso país. Para ampliar mais o seu conhecimento acerca do Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla não deixe de consultar as referências, bem como a indicação de leitura complementar, livro e filme. 23UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla LEITURA COMPLEMENTAR Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela Portaria nº 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008. POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDU- CAÇÃO INCLUSIVA VI – DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA […] A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas turmas comuns do ensino regular. O atendimento educacional especializado identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. O atendimento educacional especializado disponibiliza programas de enriqueci- mento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sina- lização, ajudas técnicas e tecnologia assistiva, dentre outros. Ao longo de todo processo de escolarização, esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum. A inclusão escolar tem início na educação infantil, onde se desenvolvem as bases necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento global. Nessa eta- pa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com as diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança. Do nascimento aos três anos, o atendimento educacional especializado se expressa por meio 24UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla de serviços de intervenção precoce que objetivam otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviços de saúde e assistência social. Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento educacional especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino e deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro especializado que realize esse serviço educacional. Desse modo, na modalidade de educação de jovens e adultos e educação pro- fissional, as ações da educação especial possibilitam a ampliação de oportunidades de escolarização, formação para a inserção no mundo do trabalho e efetiva participação social. A interface da educação especial na educação indígena, do campo e quilombola deve assegurar que os recursos, serviços e atendimento educacional especializado estejam presentes nos projetos pedagógicos construídos com base nas diferenças socioculturais desses grupos. Na educação superior, a transversalidade da educação especial se efetiva por meio de ações que promovam o acesso, a permanência e a participação dos alunos. Estas ações envolvem o planejamento e a organização de recursos e serviços para a promoção da acessibilidade arquitetônica, nas comunicações, nos sistemas de informação, nos materiais didáticos e pedagógicos, que devem ser disponibilizados nos processos seletivos e no desenvolvimento de todas as atividades que envolvem o ensino, a pesquisa e a extensão. Para a inclusão dos alunos surdos, nas escolas comuns, a educação bilíngüe - Lín- gua Portuguesa/LIBRAS, desenvolve o ensino escolar na Língua Portuguesa e na língua de sinais, o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua na modalidade escrita para alunos surdos, os serviços de tradutor/intérprete de Libras e Língua Portuguesa e o ensino da Libras para os demais alunos da escola. O atendimento educacional especializado é ofertado, tanto na modalidade oral e escrita, quanto na língua de sinais. Devido à diferença linguística, na medida do possível, o aluno surdo deve estar com outros pares surdos em turmas comuns na escola regular. O atendimento educacional especializado é realizado mediante a atuação de profis- sionais com conhecimentos específicos no ensino da Língua Brasileira de Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do sistema Braille, do soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de vida autônoma, da comunicação alternativa, do desenvolvimento dos processos mentais superiores, dos programas de enriquecimento curricular, da adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização de recursos ópticos e não ópticos, da tecnologia assistiva e outros. 25UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educação especial na perspectiva da educação inclusiva, disponibilizar as funções de instrutor, tradutor/intérprete de Libras e guia intérprete, bem como de monitor ou cuidador aos alunos com necessidade de apoio nas atividades de higiene, alimentação, locomoção, entre outras que exijam auxílio cons- tante no cotidiano escolar. Para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área. Essa formação possibilita a sua atuação no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caráter interativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular, nas salas de recursos, nos centros de atendimento educacional especializado, nos núcleos de acessibilidade das instituições de educação superior, nas classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos de educação especial. Esta formação deve contemplar conhecimentos de gestão de sistema educacional inclusivo, tendo em vista o desenvolvimento de projetos em parceria com outras áreas, visando à acessibilidade arquitetônica, os atendimentos de saúde, a promoção de ações de assistência social, trabalho e justiça. 26UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Atendimento Educacional Especializado: Deficiência Mental. Autor: Adriana L. Limaverde Gomes; Anna Costa Fernandes; Cristina Abranches Mota Batista; Dorivaldo Alves Salustiano; Maria Teresa Eglér Mantoan; Rita Vieira de Figueiredo. Editora: SEESP/SEED/MEC Ano: 2007. Sinopse: Para entender a deficiência mental, temos de puxar diferen- tes fios e cruzá-los entre si, buscando respostas e esclarecimentos que permitam compreendê-la. Os textos que aqui apresentamos abordam essa limitação humana nessa tessitura, com o cuidado de não reduzi-la em se entendimento. Quanto ao atendimento educacional especializado – AEE – para esses alunos, estamos trazendo experiências interessantes, que envolvem os mais diferentes níveis de comprometimento mental e atividadespedagógicas as mais variadas, tecendo com a prática. FILME/VÍDEO Título: Meu nome é rádio. Ano: 2003. Sinopse: Em uma cidade racialmente dividida, o treinador Jones encontra um estudante deficiente mental chamado Rádio e é ins- pirado a fazer amizade com ele. Logo, Rádio é o fiel assistente de Jones e o diretor Daniels observa que a autoconfiança da Rádio aumentou. Porém as coisas começam a piorar quando Jones começa a ter reclamações dos fãs, que sentem que a sua devo- ção por Rádio está atrapalhando a sua busca por uma vitória no campeonato. Link do filme: https://gloria.tv/post/npQ2LnufXGyR17wPBQ7f- DKWLt 27 Plano de Estudo: ● Fundamentos teóricos, legais e pedagógicos do atendimento especializado; ● Institucionalização do atendimento especializado no projeto político-pedagógico; ● Atividades de vida diária do aluno com deficiência intelectual e múltipla. Objetivos da Aprendizagem: ● Contextualizar os fundamentos teóricos, legais e pedagógicos do atendimento especializado; ● Identificar a institucionalização do atendimento especializado no projeto político-pedagógico; ● Entender sobre as atividades de vida diária do aluno com deficiência intelectual e múltipla. UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla Professor Esp. Jhonathan Phelipe Peixoto 28UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), seja bem-vindo (a) a Unidade II intitulada “Interlocução do aten- dimento especializado no ensino regular para alunos com deficiência intelectual e múltipla da disciplina de Atendimento Educacional para alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla do curso de Graduação em Educação Especial. No primeiro momento iremos contextualizar os fundamentos teóricos, legais e pedagógicos do atendimento especializado, para que, a partir dessa discussão você possa compreender o que é o Atendimento Educacional Especializado – AEE, como o mesmo aborda a questão da acessibilidade, quem são os agentes de integração de sua interlocu- ção com o ensino regular e, por fim, quais são os fundamentos legais para o AEE. Seguindo a discussão de nossa unidade acerca da interlocução do atendimento especializado no ensino regular para alunos com deficiência intelectual e múltipla, iremos falar sobre como identificar a institucionalização do atendimento especializado no projeto político-pedagógico - PPP, para que você, aluno (a), compreenda o que é o PPP e como o atendimento educacional especializado é compreendido e inserido no contexto educacional por meio deste documento. E para finalizar a discussão dessa unidade, iremos entender sobre as atividades de vida diária – ADV do aluno com deficiência intelectual e múltipla, a fim de que você com- preenda as especificidades da resolução que dispõe sobre a prática de Atividades de Vida Diária, de Atividades Instrumentais da Vida Diária e Tecnologia Assistiva pelo Terapeuta Ocupacional. 29UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla 1. FUNDAMENTOS TEÓRICOS, LEGAIS E PEDAGÓGICOS DO ATENDIMENTO ESPECIALIZADO Caro (a) aluno (a) para que você possa compreender como se dão os fundamentos teóricos, legais e pedagógicos do atendimento especializado, é necessário a compreensão sobre o que é o atendimento educacional especializado – AEE, vamos lá? De acordo com Vara e Cidade (2020, p. 131) o AEE é , [...] uma das principais estratégias de acessibilidade no contexto educacional brasileiro e ter por finalidade complementar e/ou suplementar o processo de ensino-aprendizagem dos estudantes com deficiência [...] a ser desenvolvido na sala comum do ensino regular, auxiliando a minimização de obstáculos que impeçam o processo de aquisição de conhecimentos. Logo, com base nessas informações, podemos compreender que o AEE nada mais é do que uma forma de buscar a integração dos alunos com deficiência no contexto educacional do ensino regular, de forma que os mesmos possam prosseguir com seus estudos de forma clara e assertiva, sem nenhuma discriminação por suas necessidades educacionais especiais. E para que haja uma educação objetiva para esses alunos, é necessário discutirmos também sobre acessibilidade, você sabe o que é isso, aluno (a)? Vara e Cidade (2020) esclarecem que a acessibilidade se caracteriza como sendo a possibilidade de uma eliminação de determinadas barreiras que dificultam e diminui a inserção e participação dos alunos com deficiências nos diferentes contextos sociais, e como estudamos na unidade anterior, de preferência nas escolas de ensino regular. 30UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla E a peça fundamental para que o AEE aconteça de forma pontual nas escolas é a qualificação do corpo docente, onde o mesmo esteja preparado e qualificado para trabalha- rem com a inclusão nas escolas. Além disso, é necessário citar, também, o envolvimento de todas as pessoas que estão inseridas nas escolas, como: equipe pedagógica, equipe de serviços gerais, professores de AEE e família. E o outro fator de extrema importância a ser mencionado é o relacionamento extraclasse, ou seja, a comunicação entre o professor do ensino regular e o professor que realiza o atendimento educacional especializado, de forma que aconteça a troca de informações para um melhor atendimento para os alunos com deficiência (VARA; CIDADE, 2020). 1.1 Fundamentos legais para o atendimento especializado Em relação ao contexto legal sobre o atendimento educacional especializado, Ra- belo (2012) enfatiza que sua discussão passou a ser evidenciada a partir da Lei Educacional 4.024 de 1961, a primeira Lei de Diretrizes e bases da Educação, onde se deu início a um entendimento sobre o movimento de ampliação para as políticas de educação especial e o acesso às escolas voltado para as pessoas com deficiências. Diante disso, podemos compreender que o atendimento educacional está garantido de maneira legislativa, onde é estabelecido desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, e como vimos anteriormente em nossas discussões, perpassou pela Lei de Di- retrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN de 1996, Diretrizes Nacionais para e Educação Especial, até chegar na discussão sobre a Lei denominada Estatuto da Pessoa com Deficiência a qual foi instituída em 6 de julho de 2015. Em relação ao atendimento educacional nas escolas, iremos reforçar algumas leis, decretos e resoluções que abordam sobre esse assunto, as quais foram discutidas em nossa primeira unidade, a fim de que você, aluno (a), possa compreender como se deu essa discussão acerca da implementação de legislações para tal atendimento. Podemos compreender que no Brasil, de acordo com Barli (2020), o atendimento para as pessoas com deficiências teve o início de suas discussões na época do Império com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos em 1854 e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857. A autora ainda menciona que em 1926 foi inaugurado o Instituto Pestalozzi para o atendimento educacional especializado das pessoas com deficiência intelectual e em 1954 foi fundada a primeira APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 apresentou a discussão do atendimento educacional especializado como sendo um direito dos excepcionais à edu- 31UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla cação, de forma que tenham acesso ao sistema geral de ensino, porém, grande parte desta Lei foi revogada pela Lei 9.394 de 1996, a qual aborda uma discussão mais atual para as diretrizesda educação Brasileira, a qual veremos em breve. A Constituição Federal de 1988 aborda como um dos seus principais objetivos em seu art. 3º inciso I e IV, respectivamente “[...]construir uma sociedade livre, justa e solidária; [...] promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quais- quer outras formas de discriminação.” (BRASIL, 1988, p. 1). Define no art. 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu art. 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino e garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional espe- cializado, preferencialmente na rede regular de ensino (BARLI, 2020, p. 21). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 nos apresenta que as escolas devem promover e assegurar aos alunos com diferentes necessidades educacio- nais currículos, métodos e recursos que estejam relacionados ao ensino-aprendizagem dos mesmos (BARLI, 2020). A mesma Lei ainda direciona que para o atendimento educacional especializado deve ter professores com especializações, capacitações e treinamentos acer- ca das diferentes necessidades, a fim de mediarem a inserção dos alunos com deficiências no contexto de ensino regular. Continuando a nossa discussão em relação aos fundamentos legais que envolvem o AEE, é necessário enfatizar as Diretrizes Nacionais para a Educação Básica, a qual foi instituída em 2001, tendo como principal objetivo “[...] assegurar os serviços de educação especial para alunos com necessidades educacionais especiais, cabendo às escolas orga- nizaram-se para o atendimento a esses alunos de acordo com as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos” (BARLI, 2020, p. 22). O Plano Nacional de Educação – PNE correspondido pela Lei nº 10.172/2001, visa a educação especial para as pessoas com necessidades educacionais, defendendo que o ensino para as mesmas ocorra em classes comuns, de preferência em classes ou escolas especiais (BRASIL, 2001). [...] foi indicada a oferta do atendimento educacional especializado comple- mentar aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi- mento e altas habilidades ou superdotação, assegurando a transversalidade da educação especial na educação infantil. [...] Outra estratégia que envolve a educação especial está relacionada com a implantação de salas de recur- sos multifuncionais e a formação continuada de professores para o atendi- mento educacional especializado complementar [...] (BARLI, 2020, p. 23). Logo, podemos compreender que as especificidades relacionadas ao atendimento educacional especializado discutidas nesta Lei preconizam que o sistema escolar, enfati- 32UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla zado aqui todo o contexto escolar, desenvolva habilidades relacionadas ao AEE, de forma que se reorganizem para que possam atingir as metas estabelecidas pelo PNE, além de evidenciar que as discussões acerca da educação especial e do AEE estão cada vez mais sendo discutidas/os pelos órgãos legislativos. E para finalizar nossa discussão sobre os fundamentos teóricos, legais e pedagógi- cos relacionados ao atendimento educacional especializado, é importante que você, aluno (a) tenha conhecimento sobre o que dispõe o Decreto nº 7.611. Em seu art. 1º é defendido como sendo dever do Estado com a educação do público atendido pela educação especial, I – garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discri- minação e com base na igualdade de oportunidades; [...] III – não exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência; IV – garantia do ensi- no fundamental gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais; [...] VII – oferta de educação especial preferencialmente na rede regular de ensino; e VIII – apoio técnico e financeiro pelo Poder Público às instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial (BRASIL, 2011, p. 1). No art. 2º deste mesmo documento, é mencionado que a educação especial “[...] deve garantir os serviços de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização de estudantes com deficiência , transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação” (BRASIL, 2011, p. 1). Neste mesmo artigo é destacado que o atendimento educacional especializado deve ser integrado à proposta pedagógica da escola, ou seja, em seu Projeto Político-Pe- dagógico, mas isso iremos discutir mais a frente em nossa unidade II. Essa integração deve envolver todos aqueles que participam de forma efetiva no contexto escolar, devendo assim, conter também a participação da família e estar articulado com as demais políticas públicas pertinentes ao AEE. Este decreto ainda afirma, em seu art. 3º que o AEE tem por objetivo, I – prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino re- gular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as necessi- dades individuais dos estudantes; II – garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; III – fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e IV – assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino (BRASIL, 2011, p. 1). Com isso, caro aluno (a), podemos compreender que para que o AEE aconteça de forma assertiva no contexto educacional, devem ser levadas/os em consideração todas as leis, decretos e resoluções discutidas nessa unidade, a fim de que o acesso à Educação seja igualitário para todos os alunos, independentemente se há ou não uma deficiência específica. 33UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla Para compreender um pouco mais sobre como o Atendimento Educacional Espe- cializado – AEE ocorre no Brasil, oriento que você faça o acesso em todas as legislações apresentadas anteriormente e realize a leitura na íntegra dos mesmos, de forma que sua concepção e conhecimento seja ainda mais fundamentado e aguçado. REFLITA Por que a nova política de educação especial é vista como retrocesso? “Decreto da exclusão”. É assim que tem sido chamada a nova Política Nacional de Edu- cação Especial (PNEE), sancionada pelo Presidente Jair Bolsonaro por meio do Decreto nº 10.502/20. A medida, na prática, tira a obrigatoriedade da escola comum em realizar a matrícula de estudantes com deficiência e permite a volta do ensino regular em escolas especializa- das, o que é visto por entidades como um retrocesso à educação inclusiva no país, além de violar a Constituição ao segregar alunos. [...] O decreto flexibiliza o direito da pessoa com deficiência de frequentar a escola comum. O que isso significa na prática? Sem uma consulta pública ou embasamento técnico, o decreto distorce o próprio con- ceito de inclusão, permitindo classes especializadas dentro de escolas inclusivas. Além disso, ao dar a opção para que famílias escolham por matricular os filhos em escolas regulares ou especiais, abre-se um precedente para a negação de matrículas. Caro (a) acadêmico (a) convido você a acessar o link abaixo e realizar a leitura completa da reportagem, bem como acessar o Decreto nº 10.520/2020 e reflita sobre o mesmo. Será que esse decreto inclui ou exclui os alunos com necessidades educacionais espe- ciais de seu direito ao acesso de uma educação que deve ocorrer, preferencialmente, nas escolas de Ensino Regular? Fonte: CARVALHO, Diana. Por que a nova política de educação especial é vistacomo retrocesso? Ecoa, 2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/10/23/por-que-nova-politica-de- -educacao-especial-e-vista-como-retrocesso.htm 34UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla 2. INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO ESPECIALIZADO NO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO Caro (a) acadêmico, antes de iniciar a nossa discussão acerca da Institucionaliza- ção do Atendimento especializado no Projeto Político-pedagógico – PPP é necessário que você tenha conhecimento sobre o que é esse documento, de forma que possa compreender como se dão suas características e especificidades. Mas, afinal, o que é o PPP? De acordo com Veiga (1995, p. 12) “No sentido etimo- lógico, o termo projeto vem do latim projectu, particípio passado do verbo projicere, que significa lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento. Redação provisória de Lei. Plano geral de edificação”. Com isso, ao se construir os projetos voltados para as escolas, é necessário que seja feito um planejamento sobre o que sem tem como intenção para tal, de forma que os mesmos sejam passados para frente com base no que as instituições já possuem, ou seja, é uma visão futura daquilo que se pretende implantar nas instituições escolares. O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar inti- mamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. [...] Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da esco- la, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade (VEIGA, 1995, p. 13). 35UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla O PPP é construído por meio de um processo democrático de tomada de decisões, onde o mesmo objetiva apresentar uma maneira de organizar todo o contexto pedagógico das escolas, de forma que busque a superação de conflitos e elimine todas as barreiras burocráticas relacionadas aos campos educacionais. Diante disso, é necessário indagar que o PPP tem relação com a organização do trabalho pedagógico em dois níveis “[...] como organização da escola como um todo e como organização da sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social imediato, procurando preservar a visão de totalidade [...]” (VEIGA, 1995, p. 14). Na visão de Veiga e Fonseca (2001, p. 46), compreender o PPP como “instrumento de políticas públicas alicerçadas no discurso do planejamento estratégico-empresarial implica analisar os principais pressupostos que embasam sua concepção”. Logo, a ela- boração do projeto político-pedagógico está associada ao campo de poder que há dentro das escolas, ou seja, as políticas públicas entendidas como criadoras de indicadores para analisar o desempenho das instituições, realizam um diagnóstico prévio para análise dos resultados apresentados no campo educacional. Com base nessas informações, é possível compreender que o PPP se caracte- riza como sendo um documento elaborado por toda a comunidade escolar e de forma democrática, o qual visa atender e identificar todas as ações e futuras ações pedagógicas relacionadas ao contexto educacional, elaborando assim, metas e diretrizes que visam a melhoria do atendimento e organização escolar. Agora que você, caro (a) aluno (a), já conhece o que é o PPP e qual a sua finalidade enquanto documento institucional das escolas, iremos discutir o que o mesmo evidencia em relação ao atendimento educacional especializado para o atendimento de crianças com necessidades educacionais especiais. Drago (2011, p. 436) nos evidencia que para as pessoas com e sem deficiência ou transtornos de aprendizagem é garantido o ingresso e permanência nas escolas, “[...] bem como o acesso aos bens culturais da humanidade como reconhecimento de sua cidadania e condição humana”, de forma que os alunos com essas determinadas características tenham direito ao AEE para superar suas dificuldades de aprendizagem. [...] construir um projeto político pedagógico requer dos envolvidos em sua elaboração/construção uma abrangência reflexiva e investigativa, consistente e sistematizada, de forma dialética e praxiológica, em que cada um assuma o seu papel de co-autor do processo educativo em toda a sua multiplicidade (DRAGO, 2011, p. 438). O autor supracitado nos revela que da mesma forma como as discussões acerca do projeto político pedagógico, as informações sobre a inclusão de alunos com deficiên- 36UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla cias, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades e superdotação também são entendidas como um processo moroso e complexo, pois em sua apresentação ainda permeiam muitas incertezas em relação as ações pedagógicas para o atendimento educa- cional especializado. Em uma concepção pautada na educação inclusiva, a educação especial passa a ser entendida como uma modalidade de ensino que ocorre de maneira transversal, pas- sando por todos os níveis da educação, onde, nesse contexto, o AEE passa a ter caráter obrigatório para que não haja segregação ou discriminação de determinados alunos, tendo como base apenas suas características sensoriais, mentais e físicas. Dessa forma, “o aten- dimento educacional especializado passa a ser entendido como uma proposta pedagógica que assegura recursos e serviços educacionais especiais, em conjunto com a educação comum, em benefício de todos os alunos (DRAGO, 2011, p. 440). A inclusão escolar e o AEE passam a ser entendidos como uma maneira correta de inserir todos os alunos no contexto escolar, de forma que aconteça uma associação deste atendimento para com as práticas e ações do processo educativo que é garantido no projeto político pedagógico de todas as escolas. Com isso, é de extrema importância que todas as instituições de ensino possibilitem a inserção de todos os alunos sem distinção de classe social, etnia, raça, necessidades educacionais especiais, entre outros fatores. Em um contexto de cunho legislativo, a Resolução CNE/CEB nº 4/2009 estabelece em ser art. 10º que por meio do Projeto Político Pedagógico da escola de ensino regular deve ser institucionalizada a oferta do AEE, contendo como características de sua organização: I – sala de recursos multifuncionais: espaço físico, mobiliário, materiais didáti- cos, recursos pedagógicos [...]; II – matrícula no AEE de alunos matriculados no ensino regular da própria escola ou outra escola; III – cronograma de atendimento aos alunos; IV – plano de AEE: identificação das necessidades educacionais específicas [...], definição dos recursos necessários e das ativi- dades a serem desenvolvidas; V – professores para o exercício da docência do AEE; VI – outros profissionais da educação [...]; VII – redes de apoio no âmbito da atuação profissional, da formação, do desenvolvimento da pesqui- sa, do acesso a recursos, serviços e equipamentos, entre outros que maximi- zem o AEE (BRASIL, 2009, p. 2). Além disso neste mesmo artigo é mencionado que os demais profissionais da edu- cação como tradutor e intérprete de Libras, entre outros, atuarão com os alunos do AEE e da Educação inclusiva em todas as suas atividades acadêmicas e em todos os momentos que lhe fizerem necessários. Em
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