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APOSTILA Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla (UniFatecie)

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Prévia do material em texto

Atendimento Educacional 
de Alunos com Deficiência 
Intelectual e Múltipla 
Professor Esp. Jhonatan Phelipe Peixoto
EduFatecie
E D I T O R A
Reitor
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino 
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz 
Campano Santini
Diretor Administrativo 
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico 
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e 
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino 
Prof.ª Dra. Nelma Sgarbosa 
Roman de Araújo
Coordenação Adjunta de 
Pesquisa 
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de 
Extensão 
Prof. Esp. Heider Jeferson 
Gonçalves 
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação a Distância 
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design
e Diagramação
André Dudatt
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333, 
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Candido Berthier Fortes, 
2177, Centro Paranavaí-PR 
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rua Pernambuco, 1.169, 
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4 
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina 
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.unifatecie.edu.br/site/
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir do 
site ShutterStock
https://orcid.org/0000-0001-5409-4194
2021 by Editora EduFatecie 
Copyright do Texto © 2021 Os autores 
Copyright © Edição 2021 Editora EduFatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva 
dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora EduFatecie. Permitido 
o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a 
possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
EQUIPE EXECUTIVA
Editora-Chefe 
Prof.ª Dra. Denise 
Kloeckner Sbardeloto
Editor-Adjunto 
Prof. Dr. Flávio Ricardo 
Guilherme
Assessoria Jurídica 
Prof.ª Dra. Letícia 
Baptista Rosa
Ficha Catalográfica 
Tatiane Viturino de 
Oliveira
Zineide Pereira dos 
Santos
Revisão Ortográ-
fica e Gramatical
Prof.ª Esp. Bruna 
Tavares Fernades
Secretária
Geovana Agostinho 
Daminelli
Setor Técnico 
Fernando dos Santos 
Barbosa
Projeto Gráfico, 
Design e 
Diagramação
André Dudatt
www.unifatecie.edu.br/
editora-edufatecie
edufatecie@fatecie.edu.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP
P379a Peixoto, Jhonatan Phelipe 
 Atendimento educacional de alunos com deficiência intelectual 
 e múltipla / Jhonatan Phelipe Peixoto. Paranavaí: EduFatecie, 
 2021. 
 97 p. : il. Color. 
 ISBN 978-65-87911-30-4
1. Educação especial. 2. Pessoas com deficiência - Educação
I. Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - UniFatecie. II.
Núcleo de Educação a Distância. III. Título.
 CDD : 23 ed. 371.9 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
https://doi.org/10.33872/edufatecie.formsociocultural.2019
AUTOR
Professor Especialista Jhonatan Phelipe Peixoto
● Especialista	em	Atendimento	Educacional	Especializado:	Educação	Especial	e
Inclusiva	–	Universidade	Cesumar	(Unicesumar).
● Especialista	 em	 Docência	 no	 Ensino	 Superior:	 Tecnologias	 Educacionais	 e
Inovação	–	Universidade	Cesumar	(Unicesumar).
● Especialista	 em	 Docência	 na	 Educação	 Superior	 –	 Centro	 Universitário
Metropolitano	de	Maringá	(Unifamma).
● Graduação	em	Pedagogia	–	Centro	Universitário	Metropolitano	de	Maringá	(Unifamma).
● Formação	Complementar	em	Neurodidática	–	Universidade	Cesumar	(Unicesumar).
● Formação	 Complementar	 em	 Introdução	 de	 Libras	 -	 Universidade	 Cesumar
(Unicesumar).
● Formação	 Complementar	 em	As	 competências	 do	 Pedagogo	 -	 Universidade
Cesumar	(Unicesumar).
● Formação	 Complementar	 em	 Afetividade	 no	 Ambiente	 Escolar	 e	 Familiar	 -
Universidade	Cesumar	(Unicesumar).
● Formação	Complementar	em	Adolescência	e	suas	Características	Psicossociais.
● Professor	Mediador	no	Ensino	Superior	da	modalidade	EAD.
Acesse	o	meu	currículo	lattes:	9252033019618489
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Caro	(a)	aluno	(a),	seja	bem-vindo	(a)	a	mais	uma	etapa	do	curso	de	Graduação	
em	Educação	Especial,	com	a	disciplina	de	Atendimento	Educacional	Especializado	para	
alunos	com	Deficiência	Intelectual	e	Múltipla.
Ao	longo	das	quatro	unidades	serão	debatidos	assuntos	pertinentes	a	esse	assun-
to,	onde	você	poderá	compreender,	na	Unidade	I,	sobre	a	História	da	Deficiência	Intelectual	
e	múltipla	analisando	como	se	dá	o	processo	histórico	relacionado	a	essa	deficiência,	bem	
como	as	legislações	nacionais	e	internacionais	que	regem	o	atendimento	educacional	es-
pecializado	para	esses	alunos.	
Dando	sequência,	na	Unidade	 II	será	possível	analisar	como	acontece	a	 interlo-
cução	entre	o	AEE	para	os	alunos	com	essas	deficiências	e	o	ensino	regular,	enfatizando	
os	 processos	 teóricos,	 legais	 e	 pedagógicos	 que	 envolvem	essa	 discussão,	 bem	 como	
as	atividades	de	vida	diária	para	que	esse	atendimento	aconteça	de	maneira	assertiva	e	
institucionalização	do	mesmo	no	projeto	pedagógico	das	escolas.
Já	na	Unidade	 III,	 você	poderá	analisar,	 também,	 como	a	deficiência	 intelectual	
e	múltipla	acontece	no	contexto	escolar,	entendendo	como	a	mesma	é	compreendida	no	
ambiente	institucional	e	como	são	as	percepções	de	pais,	escola	e	professores	em	relação	
ao	atendimento	educacional	para	a	inclusão	escolar	dos	alunos	com	tais	deficiências.
Por	fim,	na	Unidade	 IV	você	 terá	a	compreensão	de	como	se	dá	o	processo	de	
ensino	e	aprendizagem	desses	alunos,	refletindo	como	o	mesmo	ocorre	nas	escolas	e	na	
sociedade,	finalizando	com	o	entendimento	sobre	recursos	didáticos	adaptados	e	alguns	
exemplos	que	podem	ser	utilizados	em	sala	de	aula.
É	importante	ressaltar,	caro	(a)	aluno	(a),	que	os	conteúdos	aqui	apresentados	nas	
quatro	unidades	desse	livro	são	direcionamentos	para	as	possibilidades	de	pensar	e	refletir	
sobre	os	assuntos	abordados,	sendo	assim,	necessário,	que	você	aprofunde	seus	estudos	
por	meio	das	indicações	de	filmes,	livros	e	leituras	complementares.
Desejo bons estudos e uma excelente disciplina!
SUMÁRIO
UNIDADE	I	...................................................................................................... 3
História da Deficiência Intelectual e Múltipla
UNIDADE	II	................................................................................................... 27
Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular para 
Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla
UNIDADE	III	.................................................................................................. 52
Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar
UNIDADE	IV	.................................................................................................. 69
Aprendizagem
3
Plano de Estudo:
● A	deficiência	intelectual	e	múltipla	através	dos	tempos
● Conceituando	a	deficiência	intelectual	e	múltipla
● Legislação	nacional	e	estadual,	acessibilidade	e	a	era	da	inclusão
Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar	a	deficiência	intelectual	e	múltipla	no	contexto	histórico
● Conceituar	a	deficiência	intelectual	e	múltipla
● Analisar	a	legislação	nacional	e	estadual,	acessibilidade	e	a	era	da	inclusão
UNIDADE I
História da Deficiência 
Intelectual e Múltipla
Professor Esp. Jhonathan Phelipe Peixoto
4
INTRODUÇÃO
UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
Caro(a)	acadêmico(a),
Seja	bem-vindo(a)	a	Unidade	I,	intitulada	“História	do	deficiente	intelectual	e	múlti-
pla”,	da	disciplina	de	Atendimento Educacional de Aluno com Deficiência Intelectual e 
Múltipla do	curso	de	Graduação	em	Educação	Especial.
No	primeiro	momento	iremos	contextualizar	a	deficiência	intelectual	e	múltipla	atra-
vés	dos	tempos,	de	forma	que	você	possa	compreender	como	se	deu	o	contexto	histórico	
sobre	essa	deficiência	por	meio	das	mais	importantessociedades,	sendo	possível	identificar	
as	particularidades	de	cada	uma,	desde	a	Antiguidade	até	os	dias	atuais	no	Brasil.
No	segundo	momento	será	possível	conceituar	a	deficiência	intelectual	e	múltipla,	
a	 fim	 de	 que	 você	 possa	 compreender	 a	 definição	 de	 cada	 característica	 dessas	 duas	
deficiências.	Além	disso,	 será	 possível	 analisar	 a	 classificação	 dos	 4	 (quatro)	 níveis	 da	
deficiência	intelectual.
Já	no	terceiro,	e	último	momento,	você	poderá	identificar	a	legislação	nacional	e	
estadual,	 acessibilidade	e	a	era	da	 inclusão,	 de	 forma	que	possa	 verificar	 as	principais	
Leis,	decretos	e	resoluções	brasileiras	que	regem	o	atendimento	educacional	especializado	
para	pessoas	 com	deficiência	 intelectual	 e	múltipla	 e	 por	 fim,	 as	 principais	 declarações	
internacionais	que	abordam	sobre	esse	assunto.
Espero	que	estes	textos	colaborem	para	a	sua	melhor	compreensão	sobre	o	tema	
de	nossa	primeira	unidade.
Boa leitura!
5UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
1. A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA ATRAVÉS DOS TEMPOS
Caro	(a)	acadêmico	(a)	para	dar	início	a	nossa	discussão	sobre	a	História	do	De-
ficiente	intelectual	e	múltipla	é	necessário	que	façamos	uma	compreensão	sobre	como	a	
deficiência	intelectual	e	múltipla	vem	sendo	discutida	e	compreendida	no	contexto	histórico.
Pensando	em	um	viés	histórico,	é	possível	identificar	que	a	deficiência	intelectual	
e	múltipla	passou	por	 diversas	evoluções	no	que	diz	 respeito	ao	 seu	processo	de	 con-
ceituação,	sendo	discutida	desde	a	antiguidade	até	os	dias	atuais,	onde	muitos	termos	e	
discussões	foram	esquecidas	e	outros	novos	passaram	a	ser	debatidos.
Para	que	você,	aluno	 (a),	possa	compreender	de	 fato	como	ocorreu	o	processo	
histórico	da	deficiência	intelectual	e	múltipla,	é	necessário	analisar	toda	sua	evolução	de	
conceitos,	como	esses	foram	construídos,	quais	os	objetivos	voltados	para	a	deficiência	em	
cada	época	e	como	cada	sociedade	contribuiu	para	a	discussão	de	tal	assunto	(CORSO,	
2020).
O	debate	sobre	a	deficiência	intelectual	teve	início	na	Antiguidade	e	se	estendeu,	
inicialmente,	 até	 a	 Idade	 Média.	 Naqueles	 tempos,	 a	 sociedade	 buscava	 apresentar	 a	
deficiência	intelectual	como	algo	inerente	à	pessoa,	tendo	assim,	sua	discussão	de	forma	
isolada	e	com	poucas	políticas	públicas	para	o	atendimento	de	pessoas	com	tal	deficiência,	
e	com	isso,	a	inclusão	era	algo	inexistente.	
De	acordo	com	Corso	(2020),	somente	era	considerado	como	verdadeiros	seres	
humanos	aqueles	que	possuíam	 terras	e	se	classificavam	como	pessoas	da	nobreza,	e	
com	isso,	os	que	trabalhavam	para	a	nobreza	eram	classificados	como	uma	subcategoria,	
6UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
a	qual	não	tinha	muita	visibilidade	social.	Nessa	época,	a	deficiência	era	algo	inexistente	
perante	a	sociedade,	 logo,	não	era	vista	como	um	problema	que	deveria	ser	discutido	e	
exibido,	pois	as	pessoas	nessas	condições	eram	destinadas	à	exposição,	eliminação	e	até	
mesmo	ao	abandono.
Na	Antiguidade	até	meados	do	 século	XVIII,	 as	pessoas	 com	deficiências	eram	
tidas	como	algo	místico	e	com	diversas	classificações	dentro	dos	diferentes	contextos	reli-
giosos	da	época,	principalmente	o	cristão.	As	explicações	para	isso	era	que	os	deficientes	
eram	vistos	como	um	ser	possuído	por	alguma	força	maligna,	e	devido	a	religião	ter	poder	
absoluto	 nessa	 época,	 exorcizavam	 essas	 pessoas	 como	 se	 entidades	 demoníacas	 as	
possuíssem,	a	fim	de	expulsar	tais	forças	malignas,	e	com	isso,	a	igreja	tinha	como	função	
social	“curar”	os	deficientes	desse	mal,	pois	os	mesmos	não	eram	vistos	como	filhos	de	
Deus	(CORSO,	2020).
Um	fator	importante	a	destacar	sobre	esse	momento	histórico,	aluno	(a),	é	o	infanti-
cídio,	ou	seja,	toda	criança	que	nascesse	com	alguma	deficiência,	dentre	elas	a	intelectual,	
sendo	classificado	como	um	defeito,	tinham	como	destino	o	sacrifício,	sendo	entendido	o	
abandono	e	até	mesmo	a	eliminação.
Já	na	Grécia,	existiam	muitas	discussões	voltadas	para	aquilo	que	era	bonito,	tendo	
assim,	a	cultuação	do	que	era	considerado	belo	no	sentido	corporal	interno	e	externo.	Logo,	
aqueles	que	nasciam	com	algo	diferente	do	que	era	considerado	bonito	e	belo	tinham	como	
destino	a	eliminação	para	proteger	o	restante	da	sociedade	de	um	possível	contágio,	pois	
a	deficiência	nessa	época	era	vista	como	algo	contagioso.
De	 acordo	 com	Trancoso	 (2020),	 diferente	 da	Grécia,	 as	 pessoas	 que	 nasciam	
com	alguma	deficiência	no	Antigo	Egito	não	eram	eliminadas	ou	isoladas,	vez	que	nessa	
sociedade	a	deficiência	era	vista	de	outra	forma.	Nesse	contexto	social,	as	pessoas	que	
possuíam	alguma	deficiência	eram	aceitas,	respeitadas	e	integradas	no	dia	a	dia,	principal-
mente	aquelas	que	possuíam	nanismo,	cegueira	ou	alguma	deficiência	física.
Partindo	para	a	sociedade	Romana,	aqueles	nascidos	[...]	“com	alguma	anomalia,	
aparência	física	de	alguma	má-formação,	acabavam	mortos	por	afogamento.	Os	antigos	
espartanos	 avaliavam	 as	 crianças,	 e	 as	 consideradas	 doentias,	 disformes	 ou	 franzinas	
eram	jogadas	do	alto	do	Monte	Taygetos”	(CORSO,	2020,	p.	8).
Relatos	históricos	nos	trazem	informações	de	que	as	crianças	que	nasciam	
com	deformidades	físicas	em	Roma	sofriam	rejeição	e	eram	mortas	por	afo-
gamento,	muitas	vezes	na	hora	do	parto.	Havia,	inclusive,	leis	que	permitiam	
aos	pais	eliminar	seus	filhos	deficientes,	embora	nem	todos	os	fizessem.	[...]	
eram	recolhidas	por	escravos	e	famílias	plebeias	mais	pobres	(que	viviam	de	
esmolas).	Assim,	eram	criadas	por	essas	famílias	para	mais	tarde	ser	usadas	
como	pedintes,	a	fim	de	explorar	os	romanos	atormentadas	por	culpas	[...]	
(TRANCOSO,	2020,	p.	29).
7UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
No	 século	 XV,	 o	 conceito	 de	 deficiência	 passa	 por	 uma	 reformulação	 onde	 era	
compreendido	que	a	mesma	não	se	tratava	de	algo	maligno	ou	proveniente	de	seres	de-
moníacos,	mas	sim,	de	pessoas	doentes,	dando	origem	de	uma	patologia	como	origem	da	
deficiência.	
Corso	 (2020)	nos	evidencia	que	no	século	XVII,	passam	a	surgir	estudos	sobre	
a	anatomia	da	deficiência	mental,	de	forma	que	buscasse	a	sua	localização	no	encéfalo.	
Dessa	forma,	a	deficiência	deixa	de	ser	algo	pertinente	à	alma	e	dos	maus	espíritos	que	as	
pessoas	possuem,	mudando	a	visão	de	algo	julgado	como	místico	ou	religioso	para	aquilo	
voltado	ao	campo	da	ciência.	
Durante	 a	 Idade	Moderna,	 a	 partir	 do	 século	 XVIII,	 a	 deficiência	 ganha	 a	
conotação	de	causa	natural,	e	o	pensamento	científico	começa	a	evoluir.	No	
entanto,	o	período	ainda	era	marcado	por	preconceito,	segregação	e	a	ideia	
de	não	evolução,	como	algo	incapacitante.	[...]	A	partir	do	século	XIX,	vários	
pesquisadores	se	dedicaram	ao	estudo	do	tema,	dando	origem	a	vários	con-
ceitos	(CORSO,	2020,	p.	10).
De	acordo	com	Trancoso	(2020)	nessa	época	aconteceram	diversas	mudanças	no	
que	diz	respeito	ao	pensamento	sobre	a	deficiência,	surgindo	várias	ações	para	compreen-
der	essas	pessoas.	Porém,	essas	ações	eram	isoladas,	pois	iam	contra	o	pensamento	da	
sociedade	naquela	época,	a	qual	não	concordava	que	as	pessoas	com	deficiências	não	
poderiam	ser	educadas,	vez	que	eram	doentes,	não	tinham	humanidade	e	eram	possuídas	
por	espíritos	demoníacos.	
Falando	agora	sobre	as	discussões	sobre	o	debate	da	educação	especial	no	Bra-
sil,	podemos	compreender	que	a	mesma	passou	por	duas	etapas	específicas	para	a	sua	
compreensão.	Em	relação	a	primeira	etapa,	caro	(a)	aluno	(a),	é	importante	ressaltar	que	
“Assim	como	em	outros	locais	do	mundo,	também	no	Brasil	os	deficientes	eram	vistos	como	
pessoas	que	poderiam	causar	perigo	à	sociedade,	por	vezes	tornando-se	questão	de	or-
dem	policial”	(CORSO,	2020,	p.	13),	e	com	isso,	os	deficientes	eram	impostos	a	ficarem	em	
casas	cuidadas	pela	igreja,	as	conhecidas	Santas	Casas	de	Misericórdias	ou	em	hospitais	
psiquiátricos.
Diante	do	abandono	dessas	crianças	com	necessidades	especiais,que	na	maioria	
das	vezes	eram	deixadas	nas	 ruas,	o	governo	da	época	criou	as	chamadas	 “rodas	dos	
expostos	ou	vulneráveis”,	no	qual	esses	locais	serviriam	como	acomodação	e	abrigo	para	
os	deficientes	que	eram	deixados	pelos	seus	familiares.	
Corso	(2020,	p.	14)	nos	afirma	que	“A	pedagogia	evolui	junto	com	a	medicina	em	
termos	de	abordagem	e	entendimento	de	deficientes,	os	quais	eram	inicialmente	tratados	
dentro	de	hospitais	psiquiátricos	para	que	tivessem	maior	apoio	[...]”,	e	devido	a	essa	evo-
8UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
lução,	as	pessoas	que	possuíam	determinadas	deficiências	não	eram	mais	vistas	como	
doentes,	e	passaram	a	ser	compreendidos	como	aquelas	pessoas	que	possuem	necessi-
dades	educacionais	especiais	e	com	chances	de	aprender	junto	à	educação.	
Já	a	segunda	etapa	teve	sua	organização	em	meados	do	século	XX	e	se	estendeu	
até	a	década	de	70,	tendo	como	base	de	instrução	a	Nova	Escola	a	qual	teve	como	inicia-
tiva	privada	a	discussão	sobre	a	educação	especial	e	 inclusiva.	Nessa	época	o	governo	
oferecia	pouquíssimos	recursos	para	ajuda	na	educação	especial,	apresentando	apenas	
contribuições	mínimas	de	entidades	privadas	ou	filantrópicas.
Outras	modalidades	 de	 tratamento	 e	 atendimento	 surgem,	 seja	 em	hospi-
tais	ou	instituições	de	ensino,	algumas	de	forma	isolada,	a	maioria	particular.	
[...]	Assim	como	na	Europa	e	nos	Estados	Unidos,	após	a	Segunda	Guerra	
Mundial,	houve	uma	forte	preocupação	com	as	pessoas	lesionadas,	surgindo	
assim	o	conceito	de	reabilitação,	exploradas	em	clínicas	e	serviços	de	caráter	
psicopedagógico.	
Nessa	época	as	pessoas	passaram	a	ter	acesso	e	direito	à	educação	nas	conhe-
cidas	como	escolas	especiais,	as	quais	eram	distintas	e	separadas	das	escolas	de	ensino	
regular,	 dando	 início	 a	 novas	 oportunidades	 de	 ensino	 e	 desenvolvimento	 educacional,	
humano	e	social.
9UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
SAIBA MAIS
RODA DOS EXPOSTOS – 1825-1961
A	roda	dos	expostos	sempre	esteve	ligada	às	instituições	caridosas	(abadias,	mosteiros	
e	irmandades	beneficentes).	Nela	eram	deixadas	crianças	cujos	pais	por	alguma	razão	
não	as	podiam	criar.
Formada	por	uma	caixa	dupla	de	formato	cilíndrico,	a	roda	foi	adaptada	no	muro	das	
instituições	caridosas.	Com	a	janela	aberta	para	o	lado	externo,	um	espaço	dentro	da	
caixa	recebia	a	criança	após	rodar	o	cilindro	para	o	interior	dos	muros,	desaparecendo	
assim	a	criança	aos	olhos	externos;	dentro	da	edificação	a	criança	era	recolhida,	cuida-
da	e	criada	até	se	fazer	independente.
As	rodas	dos	expostos	das	Misericórdias	sempre	existiram,	e	a	primeira	foi	fundada	em	
Portugal	em	1498.		A	roda	da	Irmandade	de	São	Paulo	tem	idade	de	uso	a	partir	de	16	
de	novembro	de	1876,	quando	Ariana	da	Silva	Albuquerque	foi	deixada	no	meio	da	noi-
te.	Documentos,	porém,	atestam	sua	existência	desde	02	de	julho	de	1825.
O	término	do	uso	da	roda	da	Santa	Casa	de	Misericórdia	de	São	Paulo	se	dá	em	20	de	
dezembro	de	1950,	quando	Maria	Assunta	foi	recebida	e	registrada	em	um	livro	com	o	
número	de	4.580.	Maria	foi	exposta	na	roda	e	as	Irmãs	de	São	José	a	acolheram	e	le-
varam-na	ao	Asylo	dos	Expostos	Sampaio	Vianna,	fundado	em	1896,	e	assim	nomeado	
em	homenagem	ao	benemérito	Irmão	João	Maurício	de	Sampaio	Vianna.	
Mesmo	depois	que	a	roda	foi	retirada	de	seus	muros,	a	Irmandade	de	Misericórdia	con-
tinuou	a	receber	enjeitados	até	26	de	dezembro	de	1960.	Glória	Graciana	Sampaio	foi	o	
último	registro,	de	número	4.696.
Fonte:	Santa	Casa	de	Misericórdia	de	São	Paulo.	Disponível	em:	https://www.santacasasp.org.br/portal/
site/quemsomos/museu/pub/10956/a-roda-dos-expostos-1825-1961
https://www.santacasasp.org.br/portal/site/quemsomos/museu/pub/10956/a-roda-dos-expostos-1825-1961
https://www.santacasasp.org.br/portal/site/quemsomos/museu/pub/10956/a-roda-dos-expostos-1825-1961
10UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
2. CONCEITUANDO A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA
Caro	 (a)	aluno	(a),	para	dar	sequência	em	seus	estudos	acerca	do	atendimento	
educacional	de	alunos	com	deficiência	intelectual	e	múltipla,	é	necessário	que	você	conheça	
um	pouco	mais	sobre	essas	deficiências,	de	forma	que	compreenda	seus	conceitos	e	defi-
nições.	Para	que	você,	aluno	(a),	possa	compreender	de	uma	melhor	forma,	primeiramente	
irei	definir	o	que	é	deficiência	 intelectual	e,	posteriormente,	o	que	é	deficiência	múltipla,	
vamos	lá?
Dias	e	Oliveira	(2013)	apresentam	que	a	construção	de	compreensão	acerca	da	
deficiência	intelectual	possui	diversas	variações	ao	longo	dos	tempos	e	diferentes	contex-
tos	históricos	e	sociais,	sendo	entendida	de	acordo	com	manifestações	não	normativas	do	
funcionamento	intelectual.	Com	isso,	surgiram	diferentes	ideias	sobre	as	representações	
que	abordam	o	modo	predominante	da	pessoa	com	deficiência	em	relação	ao	seu	convívio	
sociocultural	relacionadas	às	limitações	do	sujeito	por	meio	de	testagens	de	sua	inteligên-
cia.	Porém,	nos	dias	atuais,	para	se	ter	uma	compreensão	concreta	sobre	esse	assunto,	é	
necessário	levar	em	consideração	os	diferentes	conhecimentos	sobre	a	contextualização	
dos	conceitos,	concepções	e	critérios	científicos	para	que	haja	uma	identificação	concreta	
e	válida,	levando	em	consideração,	também,	a	maneira	como	as	pessoas	com	deficiência	
intelectual	identificam	as	noções	sobre	si	e	suas	experiências	nos	mais	variados	contextos.	
De	acordo	com	Corso	(2020,	p.	28),	as	pessoas	que	possuem	deficiência	intelec-
tual	são	“indivíduos	que	possuem	prejuízos	no	domínio	conceitual	social	e	prático,	sendo	
classificados	em	deficiência	intelectual	 leve,	moderada,	grave	e	profunda.	[...]	O	nível	de	
prejuízo	intelectual	pode	ser	indicativo	de	maior	ou	menor	capacidade	de	aprendizagem”.	
11UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
Já	na	visão	de	Tomazeli	(2020)	conceituar	a	deficiência	intelectual	vem	passando	
por	 inúmeras	modificações	no	decorrer	do	 tempo,	sendo	de	 forma	ampla	compreendida	
como	um	retardo	mental,	porém,	classificação	essa	muito	obsoleta,	mas	evidenciada	até	
os	dias	atuais.	
Representando	pessoas	com	alterações	em	seu	funcionamento	neurológico	
e	que,	em	decorrência	disso,	apresentam	dificuldades	de	se	adaptar	ao	meio	
em	que	estão	 inseridas,	essa	denominação	abarca	uma	série	de	manifes-
tações	 comportamentais,	 sinais	 clínicos	e	 sintomas	que	culminam	em	sua	
identificação.	Entretanto,	estabelecer	um	padrão	clínico	único	para	definir	a	
deficiência	intelectual	ainda	não	é	possível	(TOMAZELI,	2020,	p.	31).
Portanto	caro	(a)	acadêmico	(a),	não	podemos	e	não	conseguimos	definir	a	defi-
ciência	 intelectual	em	apenas	um	conceito	ou	explicação,	pois	além	dos	diferentes	con-
textos	sociais	culminantes	a	essa	 limitação,	 também	temos	a	complexidade	em	analisar	
e	 identificar	os	componentes	básicos	que	associam	a	quadros	clínicos,	devido	o	 fato	de	
existir	uma	vasta	compreensão	de	fatores	e	variáveis,	como	as	manifestações	dos	sinais	e	
relação	social	da	pessoa	com	essa	deficiência	(TOMAZELI,	2020).		
Como	mencionado	anteriormente,	a	deficiência	intelectual	pode	ser	compreendida	
em	quatro	níveis	de	gravidade,	sendo	eles:	leve,	moderada,	grave	e	profunda.	Vamos	co-
nhecer	os	critérios	para	classificação	da	deficiência	intelectual?
TABELA 1 – CRITÉRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO DA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Fonte: Corso	(2020,	p.	29).
12UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
Com	isso,	é	pertinente	salientar	que	as	principais	características	da	deficiência	inte-
lectual	são:	“Atraso	no	desenvolvimento	neuropsicomotor;	atraso	na	linguagem;	dificuldade	
em	atividades	de	vida	diária	[...];	 lentidão	na	aprendizagem	[...];	dificuldade	na	recepção,	
percepção,	memorização	e	evocação	frente	aos	estímulos	visuais,	táteis	e	auditivos;	dificul-
dade	de	integração	ao	meio	social	e	familiar	[...]”	(CORSO,	2020,	p.	30).	
Partindo	agora	para	a	compreensão	do	que	é	a	deficiência	múltipla,	Silva	(2011,	p.	
1) apresenta	que	“Deficiência	Múltipla(DM)	é	a	expressão	adotada	para	designar	pessoas
que	 têm	mais	de	uma	deficiência”,	sendo	compreendida	como	uma	condição	de	caráter
heterogêneo	a	qual	identifica	distintos	grupos	de	pessoas	que	possuem	deficiências	asso-
ciadas	umas	as	outras.
O	termo	deficiência	múltipla	tem	sido	utilizado,	com	frequência,	para	carac-
terizar	o	conjunto	de	duas	ou	mais	deficiências	associadas,	de	ordem	física,	
sensorial,	mental,	emocional	ou	de	comportamento	social.	No	entanto,	não	é	
o somatório	dessas	alterações	que	caracterizam	a	múltipla	deficiência,	mas
sim	o	nível	de	desenvolvimento,	as	possibilidades	funcionais,	de	comunica-
ção,	 interação	social	e	de	aprendizagem	que	determinam	as	necessidades
educacionais	dessas	pessoas	(GODÓI,	2006,	p.	11).
É	válido	ressaltar	que	os	alunos	que	possuem	deficiência	múltipla,	em	determinado	
momento,	podem	demonstrar	algumas	alterações	no	seu	processo	de	desenvolvimento,	
aprendizagem	e	convívio	social	devido	o	fato	de	possuírem	diversas	possibilidades	e	ne-
cessidades	que	precisam	ser	compreendidas	pelas	demais	pessoas	envolvidas	no	contexto	
social	dessa	criança	(GODÓI,	2006).
A	 deficiência	mental	 pode	 ser	 compreendida	 como	uma	 característica	 de	 deter-
minadas	deficiências	como:	Síndrome	de	Down,	fenilcetonúria,	hipotireoidismo	congênito,	
paralisia	cerebral	“[...]	e	em	outras	alterações	da	estrutura	e/ou	funcionamento	do	sistema	
nervoso	central,	como	se	a	alteração	orgânica	estivesse	associado	naturalmente	o	déficit	
intelectual”	(CARNEIRO,	2020,	p.	56).	
Portanto,	 por	meio	 dessas	 informações,	 você,	 caro	 (a)	 aluno	 (a),	 pode	 verificar	
que	a	conceituação	dessas	deficiências	em	apenas	uma	terminologia	não	é	possível,	pois	
essa	discussão	vem	desde	o	entendimento	de	deficiência	mental,	em	1939,	no	Congresso	
de	Genebra,	como	uma	tentativa	de	“padronizar	mundialmente	a	referência	e	 também	a	
substituição	ao	termo	anormal,	considerado	muito	genérico	(CARNEIRO,	2020,	p.	18).	
A	Política	Nacional	para	a	 Integração	da	Pessoa	portadora	de	deficiência	define	
a	deficiência	mental	como:	 “funcionamento	 intelectual	significativamente	 inferior	à	média	
[...]	e	limitações	associadas	a	duas	ou	mais	áreas	de	habilidades	adaptativas,	tais	como:	
comunicação;	cuidado	pessoal;	habilidades	sociais;	utilização	dos	recursos	da	comunida-
de;	saúde	e	segurança,	habilidades	acadêmicas;	lazer;	e	trabalho”	(BRASIL,	1999,	p.	1).	
13UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
O	mesmo	documento	define	a	deficiência	múltipla	como	“a	associação	de	duas	ou	mais	
deficiências”	(BRASIL,	1999,	p.	1).
Um	fator	importante	a	se	destacar	é	que	devido	as	especificidades	da	deficiência	
intelectual,	não	é	possível	apresentar	“tipos	de	deficiência”,	pois	podem	ser	identificados	
juntamente	com	uma	síndrome,	como	por	exemplo	a	Síndrome	de	Down,	que	pode	estar	
associada	a	uma	deficiência	física	ou	até	mesmo,	de	forma	isolada,	sem	estar	relacionada	
à	outra	patologia	ou	deficiência.	
14UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
3. LEGISLAÇÃO NACIONAL E ESTADUAL, ACESSIBILIDADE E A ERA DA INCLUSÃO
Dando	continuidade	aos	nossos	estudos	acerca	do	Atendimento	Educacional	de	
Alunos	com	Deficiência	Intelectual	e	Múltipla,	é	necessário	que	você,	aluno	(a),	conheça	as	
leis	nacionais	e	estaduais	sobre	o	atendimento	especializado	e	como	a	inclusão	é	discutida	
nos	dias	de	hoje,	conhecida	como	era	da	inclusão.	Vamos	lá?
Em	nosso	país	temos	diversas	leis,	decretos	e	resoluções	que	tratam	sobre	esse	
assunto,	dessa	 forma,	é	 importante	que	você	as	conheça.	Observe	abaixo	as	principais	
legislações	que	regem	o	atendimento	educacional	de	alunos	com	deficiência,	em	ordem	
cronológica.
Constituição Federal de 1988:	De	acordo	com	os	artigos	205º	e	206º	deste	docu-
mento,	a	educação	é	entendida	como	sendo	um	direito	de	todos	e	sendo	dever	do	Estado	
e	da	Família	promover	esse	acesso	para	todas	as	pessoas,	inclusive	as	com	deficiências.	
Já	no	artigo	208º	é	apresentado	que	é	dever	do	Estado	garantir	o	atendimento	educacional	
especializado	para	os	alunos	com	deficiência,	de	preferência	que	sejam	matriculados	em	
escolas	de	ensino	regular.	No	artigo	227º,	podemos	identificar	que	é	dever	do	Estado,	da	
família	e	da	sociedade	garantir	à	criança	e	ao	adolescente	o	direito	à	vida,	saúde,	alimen-
tação,	educação,	lazer,	profissionalização,	cultura,	dignidade,	respeito,	liberdade	e	convi-
vência	familiar.	Dessa	forma,	o	Estado	deve	criar	programas	de	prevenção	e	atendimento	
educacional	especializado	para	todas	as	pessoas	com	deficiência,	bem	como,	garantir	a	
15UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
integração	social	do	adolescente	mediante	instruções	para	o	trabalho	e	convivência	(BRA-
SIL,	1988).	
Além	dessas	considerações	a	Constituição	também	menciona	em	seu	art.	23º,	II	e	
art.	24º,	XIV,	que	é	responsabilidade	da	União	e	dos	Estados,	respectivamente:	“[...]	cuidar	
da	saúde	e	assistência	pública,	da	proteção	e	garantia	das	pessoas	com	deficiência;	[...]	
proteção	e	integração	social	de	pessoas	portadoras	de	deficiência	[...]”	(BRASIL,	1988,	p.1).	
Lei nº 7.853 de 24 de outubro de 1989:	nessa	Lei	é	discutido	sobre	o	apoio	para	
as	pessoas	com	deficiência	em	relação	a	sua	integração	social,	tendo	como	discussão	em	
no	art.	1º:
§ 1º	Na	aplicação	e	interpretação	dessa	Lei,	serão	considerados	os	valores
básicos	da	igualdade	de	tratamento	e	oportunidade,	da	justiça	social,	do	res-
peito	à	dignidade	da	pessoa	humana,	do	bem-estar,	e	outros,	indicados	na
Constituição	ou	justificados	pelos	princípios	gerais	do	direito.	2º	As	normas
desta	Lei	visam	garantir	às	pessoas	portadoras	de	deficiência	as	ações	go-
vernamentais	 necessárias	 ao	 seu	 cumprimento	 e	 das	 demais	 disposições
constitucionais	e	legais	que	lhes	concernem,	afastadas	as	discriminações	e
os	preconceitos	de	qualquer	espécie,	e	entendida	a	matéria	como	obrigação
nacional	a	cargo	do	Poder	Público	e	da	sociedade	(BRASIL,	1989,	p.	1).
Partindo	para	o	art	2º	desta	mesma	Lei,	você,	caro	(a)	aluno	(a),	poderá	verificar	que	
cabe	como	responsabilidade	do	poder	público	assegurar	para	as	pessoas	com	deficiência	
o exercício	de	todos	os	seus	direitos	básicos	como:	educação,	saúde,	trabalho,	lazer,	entre
outros,	direitos	esses	que	vem	sendo	assegurados	desde	a	Constituição	Federal	e	de	leis
provenientes	a	esse	assunto.
Em	relação	a	educação,	neste	mesmo	artigo	em	seu	inciso	I,	é	evidenciado	a	in-
clusão	no	sistema	educacional	tendo	a	Educação	Especial	como	modalidade	de	ensino	se	
estendendo	a	todos	os	níveis	escolares	da	educação	básica	e	supletiva,	sendo	necessário	
ofertar	 a	 habilitação	 e	 reabilitação	 dos	 profissionais	 dessa	 área.	Neste	mesmo	 inciso	 é	
destacado	que:
[...]	a	inserção,	no	referido	sistema	educacional,	das	escolas	especiais,	pri-
vadas	e	públicas[...];	oferta,	obrigatória	e	gratuita	da	Educação	Especial	em	
estabelecimento	público	de	ensino[...];	o	oferecimento	obrigatório	de	progra-
mas	de	Educação	Especial	a	nível	pré-escolar,	em	unidades	hospitalares	e	
congêneres	 nas	 quais	 estejam	 internados	 por	 prazo	 igual	 ou	 superior	 a	 1	
(um)	ano,	educandos	portadores	de	deficiência	[...]	(BRASIL,	1989,	p.1).	
Além	disso,	para	a	área	da	educação,	é	assegurado	o	acesso	dos	alunos	com	de-
ficiência	a	todo	os	benefícios	que	são	ofertados	aos	demais	alunos	do	sistema	educacional	
e	a	matrícula	para	cursos	ofertados	em	estabelecimentos	públicos	e	privados,	a	fim	de	que	
as	pessoas	com	deficiência	se	integrem	no	sistema	regular	de	ensino.	
Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990:	mais	conhecida	com	Estatuto	da	Criança	e	
do	Adolescente,	essa	Lei	“[...]	aplicam-se	a	todas	as	crianças	e	adolescentes,	sem	discrimi-
16UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
nação	de	nascimento,	situação	familiar,	idade,	sexo,	raça,	etnia	ou	cor,	religião	ou	crença,	
deficiência,	 condição	 pessoal	 de	 desenvolvimento	 e	 aprendizagem,	 [...]	 econômica,	 [...]	
social,	[...]	ou	outra	condição	que	diferencie	aspessoas	[...]”	(BRASIL,	1990,	p.	1).	
No	que	diz	respeito	às	pessoas	com	deficiência,	o	Estatuto	da	Criança	e	do	Ado-
lescente	enfatiza	que	o	atendimento	educacional	especializado	deve	ser	ofertado,	prefe-
rencialmente,	na	rede	de	ensino	regular	e	ao	adolescente	deve	ser	assegurado	o	trabalho	
protegido.
Política Nacional de Educação Especial – 1994:	Em	1994	é	divulgada	a	Política	
Nacional	da	Educação	Especial,	a	qual	visa	o	processo	denominado	“integração	social”,	
que	dispõe	o	acesso	às	classes	comuns	do	ensino	regular	para	somente	as	crianças	com	
deficiência	que	possuem	condições	de	realizar	as	atividades	escolares	do	ensino	normal,	
no	mesmo	ritmo	que	os	demais	alunos	matriculados	nas	escolas,	porém	isso	foi	conside-
rado	um	atraso,	visto	que	devemos	pensar	em	um	acesso	igualitário	a	todos	na	educação	
básica.
Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996:	Essa	Lei	é	muito	importante	para	edu-
cação	como	um	todo,	incluindo	o	atendimento	educacional	especializado.	Conhecida	como	
Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional,	a	LDBEN,	viabiliza	em	suas	discussões	
um	capítulo	específico	para	tratar	somente	sobre	a	Educação	Especial,	o	qual,	já	de	início,	
apresenta	que	o	entendimento	sobre	Educação	Especial	se	dá	para	a	modalidade	de	ensino	
que	é	oferecida,	preferencialmente,	na	rede	regular	de	ensino	para	os	alunos	que	possuem	
determinadas	deficiências,	 transtornos	globais	do	desenvolvimento	e	altas	habilidades	e	
superdotação.
No	parágrafo	1º	e	2º	do	art.	58º	desta	lei	é	enfatizado	que,
Haverá,	quando	necessário,	serviços	de	apoio	especializado,	na	escola	regu-
lar,	para	atender	às	peculiaridades	da	clientela	de	educação	especial.	[...]	O	
atendimento	educacional	será	feito	em	classes,	escolas	ou	serviços	especia-
lizados,	sempre	que,	em	função	das	condições	específicas	dos	alunos,	não	
for	possível	a	sua	integração	nas	classes	comuns	de	ensino	regular	(BRASIL,	
1996).	
No	art.	59	podemos	observar	que	fica	evidente	que	os	sistemas	de	ensino	devem	
assegurar	aos	alunos	com	deficiência,	transtornos	globais	do	desenvolvimento	e	altas	habi-
lidades	e	superdotação,	currículos	e	recursos	específicos	para	atender	todas	as	necessida-
des	desse	aluno,	além	de,	professores	com	especializações	adequadas	para	realização	do	
atendimento	especializado	e	professores	capacitados	para	mediarem	a	integração	desses	
alunos	às	classes	comuns	do	ensino	regular.
17UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999:	esse	decreto	regulamenta	a	Lei	
nº	7.853/89	mencionada	acima,	o	qual	dispõe	sobre	a	Política	Nacional	para	a	integração	
da	pessoa	com	deficiência,	consolida	as	normas	de	proteção,	bem	como,	apresenta	outras	
providências.	O	objetivo	principal	desse	documento	é	apresentar	normativas	que	assegu-
rem	todos	os	direitos	individuais	e	sociais	das	pessoas	com	deficiência.
Em	relação	à	Educação,	esse	decreto	em	seu	art.	24º,	enfatiza	que	os	órgãos	e	
entidades	da	Administração	Pública	Federal	devem	viabilizar:
I	–	A	matrícula	compulsória	em	cursos	regulares	de	estabelecimentos	públicos	
e	particulares	de	pessoa	portadora	de	deficiência	capazes	de	se	integrar	na	
rede	regular	de	ensino;	II	–	a	inclusão,	no	sistema	educacional,	da	educação	
especial	 como	modalidade	 de	 educação	 escolar	 que	 permeia	 transversal-
mente	todos	os	níveis	e	modalidades	de	ensino;	III	–	a	inserção,	no	sistema	
educacional,	das	escolas	ou	instituições	especializadas	públicas	e	privadas;	
IV	–	a	oferta,	obrigatória	e	gratuita,	da	educação	especial	em	estabelecimen-
tos	públicos	de	ensino;	V	–	o	oferecimento	obrigatório	dos	serviços	de	educa-
ção	especial	ao	educando	portador	de	deficiência	em	unidades	hospitalares	e	
congêneres	nas	quais	esteja	internado	por	prazo	igual	ou	superior	a	um	ano;	
e	VI	–	o	acesso	de	aluno	portador	de	deficiência	as	benefícios	conferidos	aos	
demais	educandos,	inclusive	material	escolar,	transporte,	merenda	escolar	e	
bolsas	de	estudos	(BRASIL,	1999,	p.1).
Em	 relação	a	educação	especial,	esse	mesmo	decreto	afirma	ser	a	modalidade	
de	educação	escolar	que	é	ofertada,	de	preferência,	em	escolas	de	ensino	regular	para	
aqueles	alunos	com	necessidades	educacionais	especiais,	dentre	esses	os	com	deficiência	
e	que	a	educação	destes	alunos	deverão	ter	início	já	na	Educação	Infantil,	a	partir	de	zero	
ano	de	idade.
Lei nº 10.172 de 09 de janeiro de 2001:	Mas	 conhecida	 como	Plano	Nacional	
da	Educação	–	PNE,	esta	Lei	foi	criticada	por	ser	muito	extensa	e	apresentava	diversas	
páginas	no	que	diz	respeito	às	crianças	e	jovens	com	deficiência.	Em	capítulo	8.2	que	se	
refere	às	Diretrizes,	é	mencionado	que	“A	educação	especial	de	destina	às	pessoas	com	
necessidades	especiais	no	campo	da	aprendizagem,	originadas	que	de	deficiência	física,	
sensorial,	mental	ou	múltipla,	quer	de	características	como	altas	habilidades,	superdotação	
ou	talentos”	(BRASIL,	2001).	
A	mesma	Lei	complementa	que	a	educação	especial	entendida	como	uma	modali-
dade	de	ensino,	deve	ser	ofertada	sistematicamente	em	todos	os	níveis	de	ensino	de	forma	
que	a	garantia	de	vagas	no	ensino	regular	aconteça	para	os	diferentes	tipos	de	deficiências,	
a	fim	de	que	todos	tenham	o	devido	acesso	a	educação.	
Resolução CNE/CEB nº 2 de 2001:	Este	texto	do	Conselho	Nacional	de	Educação	
institui	as	Diretrizes	Nacionais	para	a	Educação	Especial	na	Educação	Básica	para	alunos	
com	necessidades	educacionais	especiais	em	todas	as	suas	etapas	e	modalidades	de	en-
18UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
sino.	Em	seu	art.	1º	é	estabelecido	que	“O	atendimento	escolar	desses	alunos	terá	início	na	
educação	infantil,	nas	creches	e	pré-escolas,	assegurando-lhes	os	serviços	de	educação	
especial	sempre	que	se	evidencie,	mediante	avaliação	[...]	a	necessidade	de	atendimento	
educacional	especializado”	(BRASIL,	2001,	p.	1).	
Já	por	meio	do	art.	2º	entende-se	que	“os	sistemas	de	ensino	devem	matricular	
todos	os	alunos,	cabendo	às	escolas	organizar-se	para	o	atendimento	aos	educandos	com	
necessidades	educacionais	especiais,	assegurando	as	condições	necessárias	para	uma	
educação	de	qualidade	para	todos”	(BRASIL,	2001,	p.1).
Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva:	
Esse	documento	foi	elaborado	em	2008	com	o	intuito	de	evidenciar	o	processo	histórico	da	
inclusão	escolar	no	Brasil,	a	fim	de	promover	políticas	públicas	que	reforcem	uma	educação	
de	qualidades	para	todas	as	pessoas.	Essa	política	tem	como	objetivo,	
[...]	assegurar	a	inclusão	escolar	de	alunos	com	deficiência,	transtornos	glo-
bais	 de	 desenvolvimento	 e	 altas	 habilidades/superdotação,	 orientando	 os	
sistemas	de	ensino	para	garantir:	acesso	ao	ensino	regular	[...];	transversa-
lidade	da	modalidade	de	educação	especial	desde	a	educação	infantil	até	a	
educação	superior;	oferta	do	atendimento	educacional	especializado;	forma-
ção	de	professores	para	o	atendimento	educacional	especializado	e	demais	
profissionais	da	educação	para	a	inclusão;	participação	da	família	e	da	comu-
nidade;	acessibilidade	arquitetônica,	nos	transportes,	nos	mobiliários,	nas	co-
municações	e	informação;	e	articulação	intersetorial	na	implementação	das	
políticas	públicas	(BRASIL,	2008,	p.	14).
Na	 perspectiva	 da	 Educação	 inclusiva,	 segundo	 esse	 documento,	 a	 educação	
especial	passa	a	ser	parte	integrante	da	proposta	do	contexto	escolar,	de	forma	que	possa	
definir	seu	público	como	os	alunos	com	deficiência,	transtornos	e	altas	habilidades,	con-
siderando	os	alunos	com	deficiência	aqueles	que	possuem	impedimentos	de	longo	prazo,	
seja	de	forma	física,	sensorial	ou	 intelectual,	que	podem	ter	restrição	de	participação	na	
escola	e	na	sociedade.
Resolução CNE/CEB nº 4 de 2009:	este	documento	tem	como	intuito	orientar	os	
estabelecimentos	de	atendimento	educacional	especializado	–	AEE	na	Educação	Básica,	
o qual	afirma	que	o	AEE	deve	ser	ofertado	em	“[...]	salas	multifuncionais	ou	em	centros	de
Atendimento	Educacional	Especializado	da	 redepública	ou	de	 instituições	comunitárias,
confessionais	ou	filantrópicas	sem	fins	lucrativos”	(BRASIL,	2009,	p.1).
Saindo	das	definições	em	ordem	cronológica,	no	Brasil	 temos	uma	Lei	que	é	de	
extrema	importância	que	você	conheça,	onde	a	mesma	trata	especificamente	sobre	a	in-
clusão	de	pessoas	com	deficiência,	conhecida	como	Estatuto	da	Pessoa	com	Deficiência	a	
qual	foi	instituída	em	6	de	julho	de	2015.	Tal	Lei	é	de	suma	importância	para	sua	formação	
19UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
acadêmica	em	relação	a	disciplina	que	está	cursando,	portanto,	fique	atento	(a)	a	todas	as	
informações.
A	Lei	nº	13.146	tem	como	objetivo	“[...]	assegurar	e	a	promover,	em	condições	de	
igualdade,	o	exercício	dos	direitos	e	das	liberdades	fundamentais	por	pessoa	com	deficiên-
cia,	visando	à	sua	inclusão	social	e	cidadania”	(BRASIL,	2015,	p.	1).	
No	capítulo	II	do	título	I	desta	mesma	Lei,	é	possível	verificar	que	a	discriminação	
não	deve	prevalecer,	dando	obrigatoriedade	a	 igualdade	para	 todos,	onde	 “toda	pessoa	
com	deficiência	tem	direito	à	igualdade	de	oportunidades	como	as	demais	pessoas	e	não	
sofrerá	nenhuma	espécie	de	discriminação.	[...]	a	pessoa	com	deficiência	será	protegida	de	
toda	forma	de	negligência,	[...]	opressão	e	tratamento	desumano	ou	degradante”	(BRASIL,	
2015,	p.1).
Em	seu	capítulo	II	do	título	II,	o	Estatuto	da	Pessoa	com	Deficiência	ressalta	sobre	
o direito	da	habilitação	e	reabilitação,	tendo	como	objetivo	desse	processo	“[...]	o	desenvol-
vimento	de	potencialidades,	talentos,	habilidades	e	aptidões	físicas,	cognitivas,	sensoriais,
psicossociais,	 atitudinais,	 profissionais	 e	 artísticas	 que	 contribuam	 para	 a	 conquista	 da
autonomia	da	pessoa	com	deficiência	e	de	sua	participação	social	[...]”	(BRASIL,	2015,	p.1).
Em	relação	à	educação,	abordada	no	capítulo	IV,	é	enfatizado	que	a	educação	é	
um	direito	da	pessoa	com	deficiência,	tendo	a	inclusão	educacional	em	todos	os	níveis	de	
ensino	e	diferentes	aprendizados	ao	longo	de	toda	a	sua	vida,	de	forma	que	possa	atingir	
seu	desenvolvimento	integral	de	todas	as	habilidades	pertinentes	a	si.
20UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
SAIBA MAIS
Você	sabia	que,	além	das	leis	e	decretos	brasileiros,	temos	alguns	marcos	legais	inter-
nacionais?	Vamos	conhecer	quais	são?
- Declaração	Mundial	de	Educação	para	Todos	–	1990:	enfatiza	que	as	necessidades
básicas	de	aprendizagem	das	pessoas	com	deficiência	devem	ter	atenção	especial,	de
forma	que	surjam	medidas	que,	de	forma	igualitária,	apresente	a	educação	para	todos.
- Declaração	 de	Salamanca	 –	 1994:	 este	 documento,	 de	 grande	 importância	 para	 o
atendimento	educacional	especializado,	é	uma	resolução	da	ONU,	a	qual	foi	originado
na	Conferência	 de	Educação	Especial,	 em	Salamanca	na	Espanha.	Em	seu	 texto	 é
abordado	os	princípios,	políticas	e	práticas	para	ações	em	todos	os	níveis	regionais	e
mundiais	sobre	a	Educação	Especial,	inclusive	no	que	diz	respeito	às	escolas.
- Convenção	 de	Guatemala	 –	 1999:	Denominada	Convenção	 Interamericana	 para	 a
Eliminação	de	Todas	as	Formas	de	Discriminação	contra	as	pessoas	com	deficiência,
trás	como	resultado,	no	Brasil,	o	decreto	nº	3.956/2001,	o	qual	afirma	que	as	pessoas
com	deficiência	possuem	os	mesmos	direitos	humanos	e	liberdades	fundamentais	que
as	outras	pessoas.
- Convenção	sobre	os	Direitos	das	Pessoas	com	Deficiência	–	2009:	afirma	que	a	pro-
moção	e	garantia	de	um	sistema	de	Educação	inclusiva	de	qualidade	é	de	responsabili-
dade	dos	respectivos	países.
- Objetivos	de	Desenvolvimento	Sustentável	–	ODS	–	2015:	se	trata	de	um	documento
elaborado	pela	UNESCO,	o	qual	apresenta	17	objetivos	que	devem	ser	realizados	até
2030,	tendo	como	discussão	a	educação	inclusiva	em	seu	item	4,	o	qual	justifica	uma
educação	inclusiva,	equitativa	e	de	qualidade,	de	forma	que	isso	aconteça	em	toda	a
vida	de	todos.
Para	conhecer	mais	as	especificidades	desses	documentos,	oriento	que	faça	a	leitura
na	íntegra	dos	mesmos!
Boa	leitura!
Fonte:	Elaborado	pelo	autor	com	base	nos	documentos	internacionais	relacionados	ao	Atendimento	Edu-
cacional	Especializado	e	Educação	Inclusiva.
21UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
REFLITA 
Você	sabia	que	não	se	usam	mais	os	termos	portador	de	deficiência,	portador	de	neces-
sidades	especiais	e	pessoa	portadora	de	deficiência?
“De	acordo	com	a	Convenção	sobre	os	direitos	das	Pessoas	com	Deficiência,	da	Orga-
nização	das	Nações	Unidas	–	ONU,	o	Brasil	ratificou	com	valor	de	emenda	constitucio-
nal	em	2008	que	é	totalmente	inadequado	o	termo	“pessoa	portadora	de	deficiência	ou	
portador	de	deficiência’’	.	Por	que?	Simples,	nós	não	portamos,	não	carregamos	nossas	
deficiências,	 simplesmente	as	 temos	e,	 antes	de	 termos	deficiência,	 somos	pessoas	
como	qualquer	outra”
O	uso	adequado	da	terminologia	de	acordo	com	as	deficiências	deve	ser	da	seguinte	
forma:
- Cadeirantes,	amputados,	ostomizados:	pessoa	com	deficiência	física;
- Autista:	pessoa	com	TEA	–	transtorno	do	espectro	autista;
- Síndrome	de	Down:	pessoa	com	deficiência	intelectual;
- Surdos:	pessoas	com	deficiência	auditiva;
- Cegos:	pessoas	com	deficiência	visual,	e	assim	por	diante.
“Menções	a	situações	de	deficiências,	incapacidades	ou	quadros	patológicos	devem	ser
feitas	em	contexto	e	sem	tom	de	piedade.	A	pessoa	com	deficiência	também	tem	nome,
sobrenome	e	dignidade	a	ser	respeitada.
Use	preferencialmente	o	termo	“pessoa	com	deficiência”,	adotado	pela	ONU,	não	use
termos	pessoa	portadora	de	deficiência	e	jamais	use	termos	pejorativos	como	aleijado,
defeituoso,	incapacitado	ou	inválido.
Fonte:	G1	–	Globo,	Terminologia	no	 tratamento	da	pessoa	com	deficiência,	por	Tulio	Mendhes,	2018.	
Disponível	 em:	 http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/blog/mao-na-roda/post/terminologia-
-no-tratamento-da-pessoa-com-deficiencia.html
Senado	Federal,	linguagem	inclusiva,	2020.	Disponível	em:	https://www12.senado.leg.br/manualdecomu-
nicacao/redacao-e-estilo/estilo/linguagem-inclusiva#:~:text=N%C3%A3o%20use%20os%20termos%20
pessoa,h%C3%A1%20dois%20grupos%20de%20defici%C3%AAncia.
22UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro	 (a)	 aluno	 (a),	 chegamos	 ao	 final	 de	 nossa	 primeira	 unidade	 de	 discussão	
sobre	a	disciplina	de	Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual 
e Múltipla. 
Em	 nosso	 primeiro	 momento	 de	 discussão,	 foi	 possível	 que	 você	 verificasse	 o	
processo	 histórico	 relacionado	 à	 pessoa	 com	 deficiência	 intelectual	 e	 múltipla	 desde	 a	
Antiguidade	até	os	dias	atuais	no	Brasil.	Você	pode	verificar	que	a	discussão	sobre	es-
sas	pessoas	é	inserida	na	própria	história	da	humanidade,	sendo	marcada	por	inúmeros	
momentos	de	repressão,	preconceito,	humilhação,	religiosidade	e	rejeição,	dando	origem	
a	duas	principais	ações	de	crueldade:	o	infanticídio	na	Antiguidade	até	meados	do	século	
XVIII	e	a	Roda	dos	Expostos	no	Brasil.
Já	 no	 segundo	 tópico	 discutido,	 você	pôde	 verificar	 as	 principais	 conceituações	
sobre	 o	 que	 é	 deficiência	 intelectual	 e	 o	 que	 é	 deficiência	 múltipla,	 a	 fim	 de	 que	 sua	
compreensão	 sobre	 o	 assunto	 seja	 de	 forma	 assertiva.	 Nesse	momento	 de	 discussão,	
foi	 possível	 verificarmos	que	a	 classificação	e	definição	dessas	deficiências	passou	por	
diversas	variações	no	decorrer	dos	tempos,	de	forma	que	é	claro	dizer	que	não	é	possível	
apresentar	apenas	uma	terminologia	ou	explicação	para	ambas.	Ainda,	estudamos	quais	
são	os	diferentes	tipos	de	classificação	da	deficiência	intelectual,	sendo	eles:	leve,	mode-
rada,	grave	e	profunda.
E	em	nosso	terceiro	e	último	momento	de	discussão,	estudamos	as	 legislações,	
acessibilidade	e	inclusão	das	pessoas	com	deficiência,	de	forma	que	você	pôde	compreen-
der	que	temos	diversas	 leis,	decretos	e	resoluções	brasileiras	que	regem	o	atendimento	
educacional	especializado	para	pessoas	com	deficiência,	bem	como,declarações	de	cunho	
internacional	sobre	esse	assunto.	Foi	possível	verificar	que	no	Brasil	temos	uma	Lei	san-
cionada	que	 trata	especificamente	sobre	a	pessoa	com	deficiência,	conhecida	como	Lei	
de	Inclusão	ou	Estatuto	da	Pessoa	com	Deficiência	que	passou	a	ser	um	grande	fator	de	
discussão	sobre	a	proteção	e	amparo	dos	direitos	das	pessoas	com	deficiência	em	nosso	
país.
Para	 ampliar	mais	 o	 seu	 conhecimento	 acerca	 do	Atendimento	 Educacional	 de	
Alunos	com	Deficiência	Intelectual	e	Múltipla	não	deixe	de	consultar	as	referências,	bem	
como	a	indicação	de	leitura	complementar,	livro	e	filme.
23UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
LEITURA COMPLEMENTAR
Documento	elaborado	pelo	Grupo	de	Trabalho	nomeado	pela	Portaria	nº	555/2007,	
prorrogada	pela	Portaria	nº	948/2007,	entregue	ao	Ministro	da	Educação	em	07	de	janeiro	
de	2008.
POLÍTICA	NACIONAL	DE	EDUCAÇÃO	ESPECIAL	NA	PERSPECTIVA	DA	EDU-
CAÇÃO	INCLUSIVA
VI – DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA 
PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
[…]
A	educação	especial	é	uma	modalidade	de	ensino	que	perpassa	todos	os	níveis,	
etapas	e	modalidades,	 realiza	o	atendimento	educacional	especializado,	disponibiliza	os	
serviços	e	 recursos	próprios	desse	atendimento	e	orienta	os	alunos	e	seus	professores	
quanto	a	sua	utilização	nas	turmas	comuns	do	ensino	regular.	
O	atendimento	educacional	especializado	 identifica,	elabora	e	organiza	 recursos	
pedagógicos	e	de	acessibilidade	que	eliminem	as	barreiras	para	a	plena	participação	dos	
alunos,	considerando	as	suas	necessidades	específicas.	As	atividades	desenvolvidas	no	
atendimento	educacional	especializado	diferenciam-se	daquelas	realizadas	na	sala	de	aula	
comum,	 não	 sendo	 substitutivas	 à	 escolarização.	 Esse	 atendimento	 complementa	 e/ou	
suplementa	a	formação	dos	alunos	com	vistas	à	autonomia	e	independência	na	escola	e	
fora	dela.
O	 atendimento	 educacional	 especializado	 disponibiliza	 programas	 de	 enriqueci-
mento	curricular,	o	ensino	de	 linguagens	e	códigos	específicos	de	comunicação	e	sina-
lização,	ajudas	técnicas	e	tecnologia	assistiva,	dentre	outros.	Ao	longo	de	todo	processo	
de	escolarização,	esse	atendimento	deve	estar	articulado	com	a	proposta	pedagógica	do	
ensino	comum.	
A	inclusão	escolar	tem	início	na	educação	infantil,	onde	se	desenvolvem	as	bases	
necessárias	para	a	construção	do	conhecimento	e	seu	desenvolvimento	global.	Nessa	eta-
pa,	o	lúdico,	o	acesso	às	formas	diferenciadas	de	comunicação,	a	riqueza	de	estímulos	nos	
aspectos	físicos,	emocionais,	cognitivos,	psicomotores	e	sociais	e	a	convivência	com	as	
diferenças	favorecem	as	relações	interpessoais,	o	respeito	e	a	valorização	da	criança.	Do	
nascimento	aos	três	anos,	o	atendimento	educacional	especializado	se	expressa	por	meio	
24UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
de	serviços	de	intervenção	precoce	que	objetivam	otimizar	o	processo	de	desenvolvimento	
e	aprendizagem	em	interface	com	os	serviços	de	saúde	e	assistência	social.
Em	todas	as	etapas	e	modalidades	da	educação	básica,	o	atendimento	educacional	
especializado	é	organizado	para	apoiar	o	desenvolvimento	dos	alunos,	constituindo	oferta	
obrigatória	 dos	 sistemas	 de	 ensino	 e	 deve	 ser	 realizado	 no	 turno	 inverso	 ao	 da	 classe	
comum,	na	própria	escola	ou	centro	especializado	que	realize	esse	serviço	educacional.	
Desse	modo,	na	modalidade	de	educação	de	 jovens	e	adultos	e	educação	pro-
fissional,	 as	ações	da	educação	especial	 possibilitam	a	ampliação	de	oportunidades	de	
escolarização,	formação	para	a	inserção	no	mundo	do	trabalho	e	efetiva	participação	social.	
A	interface	da	educação	especial	na	educação	indígena,	do	campo	e	quilombola	
deve	assegurar	que	os	recursos,	serviços	e	atendimento	educacional	especializado	estejam	
presentes	nos	projetos	pedagógicos	construídos	com	base	nas	diferenças	socioculturais	
desses	grupos.
Na	educação	superior,	a	transversalidade	da	educação	especial	se	efetiva	por	meio	
de	ações	que	promovam	o	acesso,	a	permanência	e	a	participação	dos	alunos.	Estas	ações	
envolvem	o	 planejamento	 e	 a	 organização	de	 recursos	 e	 serviços	 para	 a	 promoção	da	
acessibilidade	arquitetônica,	nas	comunicações,	nos	sistemas	de	informação,	nos	materiais	
didáticos	 e	 pedagógicos,	 que	 devem	 ser	 disponibilizados	 nos	 processos	 seletivos	 e	 no	
desenvolvimento	de	todas	as	atividades	que	envolvem	o	ensino,	a	pesquisa	e	a	extensão.	
Para	a	inclusão	dos	alunos	surdos,	nas	escolas	comuns,	a	educação	bilíngüe	-	Lín-
gua	Portuguesa/LIBRAS,	desenvolve	o	ensino	escolar	na	Língua	Portuguesa	e	na	língua	
de	sinais,	o	ensino	da	Língua	Portuguesa	como	segunda	língua	na	modalidade	escrita	para	
alunos	surdos,	os	serviços	de	tradutor/intérprete	de	Libras	e	Língua	Portuguesa	e	o	ensino	
da	Libras	para	os	demais	alunos	da	escola.	O	atendimento	educacional	especializado	é	
ofertado,	tanto	na	modalidade	oral	e	escrita,	quanto	na	língua	de	sinais.	Devido	à	diferença	
linguística,	na	medida	do	possível,	o	aluno	surdo	deve	estar	com	outros	pares	surdos	em	
turmas	comuns	na	escola	regular.
O	atendimento	educacional	especializado	é	realizado	mediante	a	atuação	de	profis-
sionais	com	conhecimentos	específicos	no	ensino	da	Língua	Brasileira	de	Sinais,	da	Língua	
Portuguesa	na	modalidade	escrita	como	segunda	língua,	do	sistema	Braille,	do	soroban,	
da	orientação	e	mobilidade,	das	atividades	de	vida	autônoma,	da	comunicação	alternativa,	
do	desenvolvimento	dos	processos	mentais	superiores,	dos	programas	de	enriquecimento	
curricular,	da	adequação	e	produção	de	materiais	didáticos	e	pedagógicos,	da	utilização	de	
recursos	ópticos	e	não	ópticos,	da	tecnologia	assistiva	e	outros.	
25UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
Cabe	aos	sistemas	de	ensino,	ao	organizar	a	educação	especial	na	perspectiva	
da	educação	inclusiva,	disponibilizar	as	funções	de	instrutor,	tradutor/intérprete	de	Libras	e	
guia	intérprete,	bem	como	de	monitor	ou	cuidador	aos	alunos	com	necessidade	de	apoio	
nas	atividades	de	higiene,	alimentação,	locomoção,	entre	outras	que	exijam	auxílio	cons-
tante	no	cotidiano	escolar.
Para	atuar	na	educação	especial,	o	professor	deve	ter	como	base	da	sua	formação,	
inicial	e	continuada,	conhecimentos	gerais	para	o	exercício	da	docência	e	conhecimentos	
específicos	da	área.	Essa	formação	possibilita	a	sua	atuação	no	atendimento	educacional	
especializado	e	deve	aprofundar	o	caráter	interativo	e	interdisciplinar	da	atuação	nas	salas	
comuns	do	ensino	regular,	nas	salas	de	recursos,	nos	centros	de	atendimento	educacional	
especializado,	nos	núcleos	de	acessibilidade	das	 instituições	de	educação	superior,	nas	
classes	hospitalares	e	nos	ambientes	domiciliares,	para	a	oferta	dos	serviços	e	recursos	de	
educação	especial.	
Esta	formação	deve	contemplar	conhecimentos	de	gestão	de	sistema	educacional	
inclusivo,	 tendo	em	vista	o	desenvolvimento	de	projetos	em	parceria	 com	outras	áreas,	
visando	à	acessibilidade	arquitetônica,	os	atendimentos	de	saúde,	a	promoção	de	ações	de	
assistência	social,	trabalho	e	justiça.
26UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título:	Atendimento	Educacional	Especializado:	Deficiência	Mental.
Autor:	 Adriana	 L.	 Limaverde	 Gomes;	 Anna	 Costa	 Fernandes;	
Cristina	Abranches	Mota	Batista;	Dorivaldo	Alves	Salustiano;	Maria	
Teresa	Eglér	Mantoan;	Rita	Vieira	de	Figueiredo.
Editora:	SEESP/SEED/MEC
Ano:	2007.
Sinopse:	Para	entender	a	deficiência	mental,	temos	de	puxar	diferen-
tes	fios	e	cruzá-los	entre	si,	buscando	respostas	e	esclarecimentos	
que	permitam	compreendê-la.
Os	textos	que	aqui	apresentamos	abordam	essa	limitação	humana	
nessa	tessitura,	com	o	cuidado	de	não	reduzi-la	em	se	entendimento.
Quanto	 ao	 atendimento	 educacional	 especializado	 –	AEE	 –	 para	
esses	 alunos,	 estamos	 trazendo	 experiências	 interessantes,	 que	
envolvem	os	mais	diferentes	níveis	de	comprometimento	mental	e	
atividadespedagógicas	as	mais	variadas,	 tecendo	com	a	prática. 
FILME/VÍDEO 
Título: Meu	nome	é	rádio.
Ano: 2003.
Sinopse:	Em	uma	cidade	racialmente	dividida,	o	treinador	Jones	
encontra	um	estudante	deficiente	mental	chamado	Rádio	e	é	ins-
pirado	a	fazer	amizade	com	ele.	Logo,	Rádio	é	o	fiel	assistente	de	
Jones	e	o	diretor	Daniels	observa	que	a	autoconfiança	da	Rádio	
aumentou.	 Porém	 as	 coisas	 começam	 a	 piorar	 quando	 Jones	
começa	a	ter	reclamações	dos	fãs,	que	sentem	que	a	sua	devo-
ção	por	Rádio	está	atrapalhando	a	sua	busca	por	uma	vitória	no	
campeonato.
Link do filme: https://gloria.tv/post/npQ2LnufXGyR17wPBQ7f-
DKWLt 
27
Plano de Estudo:
● Fundamentos	teóricos,	legais	e	pedagógicos	do	atendimento	especializado;
● Institucionalização	do	atendimento	especializado	no	projeto	político-pedagógico;
● Atividades	de	vida	diária	do	aluno	com	deficiência	intelectual	e	múltipla.
Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar	os	fundamentos	teóricos,
	legais	e	pedagógicos	do	atendimento	especializado;
● Identificar	a	institucionalização	do	atendimento
especializado	no	projeto	político-pedagógico;
● Entender	sobre	as	atividades	de	vida	diária
do	aluno	com	deficiência	intelectual	e	múltipla.
UNIDADE II
Interlocução do Atendimento Especializado no 
Ensino Regular Para Alunos com Deficiência 
Intelectual e Múltipla
Professor Esp. Jhonathan Phelipe Peixoto
28UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla
INTRODUÇÃO
Caro	(a)	aluno	(a),	seja	bem-vindo	(a)	a	Unidade	II	intitulada	“Interlocução	do	aten-
dimento	especializado	no	ensino	regular	para	alunos	com	deficiência	intelectual	e	múltipla	
da	disciplina	de	Atendimento	Educacional	para	alunos	com	Deficiência	Intelectual	e	Múltipla	
do	curso	de	Graduação	em	Educação	Especial.
No	 primeiro	 momento	 iremos	 contextualizar	 os	 fundamentos	 teóricos,	 legais	 e	
pedagógicos	do	atendimento	especializado,	para	que,	a	partir	dessa	discussão	você	possa	
compreender	o	que	é	o	Atendimento	Educacional	Especializado	–	AEE,	como	o	mesmo	
aborda	a	questão	da	acessibilidade,	quem	são	os	agentes	de	integração	de	sua	interlocu-
ção	com	o	ensino	regular	e,	por	fim,	quais	são	os	fundamentos	legais	para	o	AEE.	
Seguindo	a	discussão	de	nossa	unidade	acerca	da	 interlocução	do	atendimento	
especializado	no	ensino	regular	para	alunos	com	deficiência	intelectual	e	múltipla,	iremos	
falar	sobre	como	identificar	a	institucionalização	do	atendimento	especializado	no	projeto	
político-pedagógico	-	PPP,	para	que	você,	aluno	(a),	compreenda	o	que	é	o	PPP	e	como	o	
atendimento	educacional	especializado	é	compreendido	e	inserido	no	contexto	educacional	
por	meio	deste	documento.
E	para	finalizar	a	discussão	dessa	unidade,	iremos	entender	sobre	as	atividades	de	
vida	diária	–	ADV	do	aluno	com	deficiência	intelectual	e	múltipla,	a	fim	de	que	você	com-
preenda	as	especificidades	da	resolução	que	dispõe	sobre	a	prática	de	Atividades	de	Vida	
Diária,	de	Atividades	 Instrumentais	da	Vida	Diária	e	Tecnologia	Assistiva	pelo	Terapeuta	
Ocupacional.
29UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla
1. FUNDAMENTOS TEÓRICOS, LEGAIS E PEDAGÓGICOS DO ATENDIMENTO
ESPECIALIZADO
Caro	(a)	aluno	(a)	para	que	você	possa	compreender	como	se	dão	os	fundamentos	
teóricos,	legais	e	pedagógicos	do	atendimento	especializado,	é	necessário	a	compreensão	
sobre	o	que	é	o	atendimento	educacional	especializado	–	AEE,	vamos	lá?	De	acordo	com	
Vara	e	Cidade	(2020,	p.	131)	o	AEE	é	,	
[...]	uma	das	principais	estratégias	de	acessibilidade	no	contexto	educacional	
brasileiro	e	ter	por	finalidade	complementar	e/ou	suplementar	o	processo	de	
ensino-aprendizagem	dos	estudantes	com	deficiência	[...]	a	ser	desenvolvido	
na	sala	comum	do	ensino	 regular,	auxiliando	a	minimização	de	obstáculos	
que	impeçam	o	processo	de	aquisição	de	conhecimentos.
Logo,	 com	 base	 nessas	 informações,	 podemos	 compreender	 que	 o	AEE	 nada	
mais	é	do	que	uma	forma	de	buscar	a	integração	dos	alunos	com	deficiência	no	contexto	
educacional	 do	 ensino	 regular,	 de	 forma	que	 os	mesmos	possam	prosseguir	 com	 seus	
estudos	de	forma	clara	e	assertiva,	sem	nenhuma	discriminação	por	suas	necessidades	
educacionais	 especiais.	 	 E	 para	 que	 haja	 uma	educação	 objetiva	 para	 esses	 alunos,	 é	
necessário	discutirmos	também	sobre	acessibilidade,	você	sabe	o	que	é	isso,	aluno	(a)?	
Vara	e	Cidade	(2020)	esclarecem	que	a	acessibilidade	se	caracteriza	como	sendo	
a	possibilidade	de	uma	eliminação	de	determinadas	barreiras	que	dificultam	e	diminui	a	
inserção	e	participação	dos	alunos	 com	deficiências	nos	diferentes	 contextos	 sociais,	 e	
como	estudamos	na	unidade	anterior,	de	preferência	nas	escolas	de	ensino	regular.
30UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla
E	a	peça	fundamental	para	que	o	AEE	aconteça	de	forma	pontual	nas	escolas	é	a	
qualificação	do	corpo	docente,	onde	o	mesmo	esteja	preparado	e	qualificado	para	trabalha-
rem	com	a	inclusão	nas	escolas.	Além	disso,	é	necessário	citar,	também,	o	envolvimento	
de	todas	as	pessoas	que	estão	inseridas	nas	escolas,	como:	equipe	pedagógica,	equipe	
de	serviços	gerais,	professores	de	AEE	e	família.	E	o	outro	fator	de	extrema	importância	a	
ser	mencionado	é	o	relacionamento	extraclasse,	ou	seja,	a	comunicação	entre	o	professor	
do	ensino	regular	e	o	professor	que	realiza	o	atendimento	educacional	especializado,	de	
forma	que	aconteça	a	troca	de	informações	para	um	melhor	atendimento	para	os	alunos	
com	deficiência	(VARA;	CIDADE,	2020).
1.1 Fundamentos legais para o atendimento especializado
Em	relação	ao	contexto	legal	sobre	o	atendimento	educacional	especializado,	Ra-
belo	(2012)	enfatiza	que	sua	discussão	passou	a	ser	evidenciada	a	partir	da	Lei	Educacional	
4.024	de	1961,	a	primeira	Lei	de	Diretrizes	e	bases	da	Educação,	onde	se	deu	início	a	um	
entendimento	sobre	o	movimento	de	ampliação	para	as	políticas	de	educação	especial	e	o	
acesso	às	escolas	voltado	para	as	pessoas	com	deficiências.
Diante	disso,	podemos	compreender	que	o	atendimento	educacional	está	garantido	
de	maneira	legislativa,	onde	é	estabelecido	desde	a	promulgação	da	Constituição	Federal	
de	1988,	e	como	vimos	anteriormente	em	nossas	discussões,	perpassou	pela	Lei	de	Di-
retrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional	 –	 LDBEN	de	1996,	Diretrizes	Nacionais	 para	e	
Educação	Especial,	até	chegar	na	discussão	sobre	a	Lei	denominada	Estatuto	da	Pessoa	
com	Deficiência	a	qual	foi	instituída	em	6	de	julho	de	2015.
Em	relação	ao	atendimento	educacional	nas	escolas,	iremos	reforçar	algumas	leis,	
decretos	 e	 resoluções	 que	 abordam	sobre	 esse	 assunto,	 as	 quais	 foram	discutidas	 em	
nossa	primeira	unidade,	a	fim	de	que	você,	aluno	(a),	possa	compreender	como	se	deu	
essa	discussão	acerca	da	implementação	de	legislações	para	tal	atendimento.	
Podemos	compreender	que	no	Brasil,	de	acordo	com	Barli	(2020),	o	atendimento	
para	as	pessoas	com	deficiências	teve	o	início	de	suas	discussões	na	época	do	Império	com	
a	criação	do	Imperial	Instituto	dos	Meninos	Cegos	em	1854	e	o	Instituto	dos	Surdos	Mudos,	
em	1857.		A	autora	ainda	menciona	que	em	1926	foi	inaugurado	o	Instituto	Pestalozzi	para	o	
atendimento	educacional	especializado	das	pessoas	com	deficiência	intelectual	e	em	1954	
foi	fundada	a	primeira	APAE	–	Associação	de	Pais	e	Amigos	dos	Excepcionais.
A	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional	de	1961	apresentou	a	discussão	
do	atendimento	educacional	especializado	como	sendo	um	direito	dos	excepcionais	à	edu-
31UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla
cação,	de	forma	que	tenham	acesso	ao	sistema	geral	de	ensino,	porém,	grande	parte	desta	
Lei	foi	revogada	pela	Lei	9.394	de	1996,	a	qual	aborda	uma	discussão	mais	atual	para	as	
diretrizesda	educação	Brasileira,		a	qual	veremos	em	breve.
A	Constituição	Federal	de	1988	aborda	como	um	dos	seus	principais	objetivos	em	
seu	art.	3º	inciso	I	e	IV,	respectivamente	“[...]construir	uma	sociedade	livre,	justa	e	solidária;	
[...]	promover	o	bem	de	todos,	sem	preconceitos	de	origem,	raça,	sexo,	cor,	idade	e	quais-
quer	outras	formas	de	discriminação.”	(BRASIL,	1988,	p.	1).	
Define	no	art.	205,	a	educação	como	um	direito	de	todos,	garantindo	o	pleno	
desenvolvimento	da	pessoa,	o	exercício	da	cidadania	e	a	qualificação	para	o	
trabalho.	No	seu	art.	206,	inciso	I,	estabelece	a	“igualdade	de	condições	de	
acesso	e	permanência	na	escola”	como	um	dos	princípios	para	o	ensino	e	
garante,	como	dever	do	Estado,	a	oferta	do	atendimento	educacional	espe-
cializado,	preferencialmente	na	rede	regular	de	ensino	(BARLI,	2020,	p.	21).
A	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional	de	1996	nos	apresenta	que	as	
escolas	devem	promover	e	assegurar	aos	alunos	com	diferentes	necessidades	educacio-
nais	currículos,	métodos	e	recursos	que	estejam	relacionados	ao	ensino-aprendizagem	dos	
mesmos	(BARLI,	2020).	A	mesma	Lei	ainda	direciona	que	para	o	atendimento	educacional	
especializado	deve	ter	professores	com	especializações,	capacitações	e	treinamentos	acer-
ca	das	diferentes	necessidades,	a	fim	de	mediarem	a	inserção	dos	alunos	com	deficiências	
no	contexto	de	ensino	regular.	
Continuando	a	nossa	discussão	em	relação	aos	fundamentos	legais	que	envolvem	
o AEE,	é	necessário	enfatizar	as	Diretrizes	Nacionais	para	a	Educação	Básica,	a	qual	foi
instituída	em	2001,	tendo	como	principal	objetivo	“[...]	assegurar	os	serviços	de	educação
especial	para	alunos	com	necessidades	educacionais	especiais,	cabendo	às	escolas	orga-
nizaram-se	para	o	atendimento	a	esses	alunos	de	acordo	com	as	condições	necessárias
para	uma	educação	de	qualidade	para	todos”	(BARLI,	2020,	p.	22).
O	Plano	Nacional	de	Educação	–	PNE	correspondido	pela	Lei	nº	10.172/2001,	visa	
a	educação	especial	para	as	pessoas	com	necessidades	educacionais,	defendendo	que	o	
ensino	para	as	mesmas	ocorra	em	classes	comuns,	de	preferência	em	classes	ou	escolas	
especiais	(BRASIL,	2001).	
[...]	foi	indicada	a	oferta	do	atendimento	educacional	especializado	comple-
mentar	aos	educandos	com	deficiência,	 transtornos	globais	do	desenvolvi-
mento	e	altas	habilidades	ou	superdotação,	assegurando	a	transversalidade	
da	educação	especial	na	educação	infantil.	[...]	Outra	estratégia	que	envolve	
a	educação	especial	está	relacionada	com	a	implantação	de	salas	de	recur-
sos	multifuncionais	e	a	formação	continuada	de	professores	para	o	atendi-
mento	educacional	especializado	complementar	[...]	(BARLI,	2020,	p.	23).
Logo,	podemos	compreender	que	as	especificidades	relacionadas	ao	atendimento	
educacional	especializado	discutidas	nesta	Lei	preconizam	que	o	sistema	escolar,	enfati-
32UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla
zado	aqui	todo	o	contexto	escolar,	desenvolva	habilidades	relacionadas	ao	AEE,	de	forma	
que	se	reorganizem	para	que	possam	atingir	as	metas	estabelecidas	pelo	PNE,	além	de	
evidenciar	que	as	discussões	acerca	da	educação	especial	e	do	AEE	estão	cada	vez	mais	
sendo	discutidas/os	pelos	órgãos	legislativos.
E	para	finalizar	nossa	discussão	sobre	os	fundamentos	teóricos,	legais	e	pedagógi-
cos	relacionados	ao	atendimento	educacional	especializado,	é	importante	que	você,	aluno	
(a) tenha	conhecimento	sobre	o	que	dispõe	o	Decreto	nº	7.611.	Em	seu	art.	1º	é	defendido
como	sendo	dever	do	Estado	com	a	educação	do	público	atendido	pela	educação	especial,
I	–	garantia	de	um	sistema	educacional	inclusivo	em	todos	os	níveis,	sem	discri-
minação	e	com	base	na	igualdade	de	oportunidades;	[...]	III	–	não	exclusão	do	
sistema	educacional	geral	sob	alegação	de	deficiência;	IV	–	garantia	do	ensi-
no	fundamental	gratuito	e	compulsório,	asseguradas	adaptações	razoáveis	de	
acordo	com	as	necessidades	individuais;	[...]	VII	–	oferta	de	educação	especial	
preferencialmente	na	rede	regular	de	ensino;	e	VIII	–	apoio	técnico	e	financeiro	
pelo	Poder	Público	às	instituições	privadas	sem	fins	lucrativos,	especializadas	
e	com	atuação	exclusiva	em	educação	especial	(BRASIL,	2011,	p.	1).	
	No	art.	2º	deste	mesmo	documento,	é	mencionado	que	a	educação	especial	“[...]	
deve	garantir	os	serviços	de	apoio	especializado	voltado	a	eliminar	as	barreiras	que	possam	
obstruir	o	processo	de	escolarização	de	estudantes	com	deficiência	,	transtornos	globais	do	
desenvolvimento	e	altas	habilidades	ou	superdotação”	(BRASIL,	2011,	p.	1).
Neste	mesmo	 artigo	 é	 destacado	 que	 o	 atendimento	 educacional	 especializado	
deve	ser	integrado	à	proposta	pedagógica	da	escola,	ou	seja,	em	seu	Projeto	Político-Pe-
dagógico,	mas	 isso	 iremos	discutir	mais	 a	 frente	em	nossa	unidade	 II.	Essa	 integração	
deve	envolver	todos	aqueles	que	participam	de	forma	efetiva	no	contexto	escolar,	devendo	
assim,	conter	também	a	participação	da	família	e	estar	articulado	com	as	demais	políticas	
públicas	pertinentes	ao	AEE.	
Este	decreto	ainda	afirma,	em	seu	art.	3º	que	o	AEE	tem	por	objetivo,	
I	–	prover	condições	de	acesso,	participação	e	aprendizagem	no	ensino	re-
gular	e	garantir	serviços	de	apoio	especializados	de	acordo	com	as	necessi-
dades	individuais	dos	estudantes;	II	–	garantir	a	transversalidade	das	ações	
da	educação	especial	no	ensino	regular;	III	–	fomentar	o	desenvolvimento	de	
recursos	didáticos	e	pedagógicos	que	eliminem	as	barreiras	no	processo	de	
ensino	e	aprendizagem;	e	IV	–	assegurar	condições	para	a	continuidade	de	
estudos	nos	demais	níveis,	etapas	e	modalidades	de	ensino	(BRASIL,	2011,	
p. 1).
Com	isso,	caro	aluno	(a),	podemos	compreender	que	para	que	o	AEE	aconteça	de	
forma	assertiva	no	contexto	educacional,	devem	ser	levadas/os	em	consideração	todas	as	
leis,	decretos	e	resoluções	discutidas	nessa	unidade,	a	fim	de	que	o	acesso	à	Educação	
seja	 igualitário	para	 todos	os	alunos,	 independentemente	se	há	ou	não	uma	deficiência	
específica.
33UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla
Para	compreender	um	pouco	mais	sobre	como	o	Atendimento	Educacional	Espe-
cializado	–	AEE	ocorre	no	Brasil,	oriento	que	você	faça	o	acesso	em	todas	as	legislações	
apresentadas	anteriormente	e	realize	a	leitura	na	íntegra	dos	mesmos,	de	forma	que	sua	
concepção	e	conhecimento	seja	ainda	mais	fundamentado	e	aguçado.
REFLITA 
Por	que	a	nova	política	de	educação	especial	é	vista	como	retrocesso?
“Decreto	da	exclusão”.	É	assim	que	tem	sido	chamada	a	nova	Política	Nacional	de	Edu-
cação	Especial	(PNEE),	sancionada	pelo	Presidente	Jair	Bolsonaro	por	meio	do	Decreto	
nº	10.502/20.
A	medida,	na	prática,	tira	a	obrigatoriedade	da	escola	comum	em	realizar	a	matrícula	de	
estudantes	com	deficiência	e	permite	a	volta	do	ensino	regular	em	escolas	especializa-
das,	o	que	é	visto	por	entidades	como	um	retrocesso	à	educação	inclusiva	no	país,	além	
de	violar	a	Constituição	ao	segregar	alunos.
[...]	
O	decreto	flexibiliza	o	direito	da	pessoa	com	deficiência	de	frequentar	a	escola	comum.	
O	que	isso	significa	na	prática?
Sem	uma	consulta	pública	ou	embasamento	técnico,	o	decreto	distorce	o	próprio	con-
ceito	de	inclusão,	permitindo	classes	especializadas	dentro	de	escolas	inclusivas.	Além	
disso,	ao	dar	a	opção	para	que	famílias	escolham	por	matricular	os	filhos	em	escolas	
regulares	ou	especiais,	abre-se	um	precedente	para	a	negação	de	matrículas.	
Caro	(a)	acadêmico	(a)	convido	você	a	acessar	o	link	abaixo	e	realizar	a	leitura	completa	
da	reportagem,	bem	como	acessar	o	Decreto	nº	10.520/2020	e	reflita	sobre	o	mesmo.	
Será	que	esse	decreto	inclui	ou	exclui	os	alunos	com	necessidades	educacionais	espe-
ciais	de	seu	direito	ao	acesso	de	uma	educação	que	deve	ocorrer,	preferencialmente,	
nas	escolas	de	Ensino	Regular?
Fonte:	CARVALHO,	Diana.	Por	que	a	nova	política	de	educação	especial	é	vistacomo	retrocesso?	Ecoa,	
2020.	Disponível	 em:	https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/10/23/por-que-nova-politica-de-
-educacao-especial-e-vista-como-retrocesso.htm
34UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla
2. INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO ESPECIALIZADO NO
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
Caro	(a)	acadêmico,	antes	de	iniciar	a	nossa	discussão	acerca	da	Institucionaliza-
ção	do	Atendimento	especializado	no	Projeto	Político-pedagógico	–	PPP	é	necessário	que	
você	tenha	conhecimento	sobre	o	que	é	esse	documento,	de	forma	que	possa	compreender	
como	se	dão	suas	características	e	especificidades.
Mas,	afinal,	o	que	é	o	PPP?	De	acordo	com	Veiga	(1995,	p.	12)	“No	sentido	etimo-
lógico,	o	 termo	projeto	vem	do	 latim	projectu,	particípio	passado	do	verbo	projicere,	que	
significa	lançar	para	diante.	Plano,	intento,	desígnio.	Empresa,	empreendimento.	Redação	
provisória	de	Lei.	Plano	geral	de	edificação”.	
Com	isso,	ao	se	construir	os	projetos	voltados	para	as	escolas,	é	necessário	que	
seja	feito	um	planejamento	sobre	o	que	sem	tem	como	intenção	para	tal,	de	forma	que	os	
mesmos	sejam	passados	para	frente	com	base	no	que	as	instituições	já	possuem,	ou	seja,	
é	uma	visão	futura	daquilo	que	se	pretende	implantar	nas	instituições	escolares.
O	projeto	busca	um	 rumo,	uma	direção.	É	uma	ação	 intencional,	 com	um	
sentido	explícito,	com	um	compromisso	definido	coletivamente.	Por	isso,	todo	
projeto	pedagógico	da	escola	é,	 também,	um	projeto	político	por	estar	 inti-
mamente	articulado	ao	compromisso	sociopolítico	 com	os	 interesses	 reais	
e	coletivos	da	população	majoritária.	É	político	no	sentido	de	compromisso	
com	a	 formação	do	cidadão	para	um	 tipo	de	sociedade.	 [...]	Na	dimensão	
pedagógica	reside	a	possibilidade	da	efetivação	da	intencionalidade	da	esco-
la,	que	é	a	formação	do	cidadão	participativo,	responsável,	compromissado,	
crítico	e	criativo.	Pedagógico,	no	sentido	de	definir	as	ações	educativas	e	as	
características	necessárias	às	escolas	de	cumprirem	seus	propósitos	e	sua	
intencionalidade	(VEIGA,	1995,	p.	13).
35UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla
O	PPP	é	construído	por	meio	de	um	processo	democrático	de	tomada	de	decisões,	
onde	o	mesmo	objetiva	apresentar	uma	maneira	de	organizar	todo	o	contexto	pedagógico	
das	escolas,	de	forma	que	busque	a	superação	de	conflitos	e	elimine	todas	as	barreiras	
burocráticas	 relacionadas	aos	campos	educacionais.	Diante	disso,	é	necessário	 indagar	
que	o	PPP	 tem	 relação	com	a	organização	do	 trabalho	pedagógico	em	dois	níveis	 “[...]	
como	organização	da	escola	como	um	todo	e	como	organização	da	sala	de	aula,	incluindo	
sua	relação	com	o	contexto	social	imediato,	procurando	preservar	a	visão	de	totalidade	[...]”	
(VEIGA,	1995,	p.	14).	
Na	visão	de	Veiga	e	Fonseca	(2001,	p.	46),	compreender	o	PPP	como	“instrumento	
de	 políticas	 públicas	 alicerçadas	 no	 discurso	 do	 planejamento	 estratégico-empresarial	
implica	analisar	os	principais	pressupostos	que	embasam	sua	concepção”.	Logo,	a	ela-
boração	do	projeto	político-pedagógico	está	associada	ao	campo	de	poder	que	há	dentro	
das	escolas,	ou	seja,	as	políticas	públicas	entendidas	como	criadoras	de	indicadores	para	
analisar	o	desempenho	das	instituições,	realizam	um	diagnóstico	prévio	para	análise	dos	
resultados	apresentados	no	campo	educacional.	
Com	base	nessas	 informações,	é	possível	 compreender	que	o	PPP	se	caracte-
riza	 como	 sendo	 um	 documento	 elaborado	 por	 toda	 a	 comunidade	 escolar	 e	 de	 forma	
democrática,	o	qual	visa	atender	e	identificar	todas	as	ações	e	futuras	ações	pedagógicas	
relacionadas	ao	contexto	educacional,	elaborando	assim,	metas	e	diretrizes	que	visam	a	
melhoria	do	atendimento	e	organização	escolar.
Agora	que	você,	caro	(a)	aluno	(a),	já	conhece	o	que	é	o	PPP	e	qual	a	sua	finalidade	
enquanto	documento	institucional	das	escolas,	iremos	discutir	o	que	o	mesmo	evidencia	em	
relação	ao	atendimento	educacional	especializado	para	o	atendimento	de	crianças	com	
necessidades	educacionais	especiais.
Drago	(2011,	p.	436)	nos	evidencia	que	para	as	pessoas	com	e	sem	deficiência	ou	
transtornos	de	aprendizagem	é	garantido	o	ingresso	e	permanência	nas	escolas,	“[...]	bem	
como	o	acesso	aos	bens	culturais	da	humanidade	como	reconhecimento	de	sua	cidadania	
e	 condição	 humana”,	 de	 forma	 que	 os	 alunos	 com	 essas	 determinadas	 características	
tenham	direito	ao	AEE	para	superar	suas	dificuldades	de	aprendizagem.
[...]	construir	um	projeto	político	pedagógico	requer	dos	envolvidos	em	sua	
elaboração/construção	uma	abrangência	reflexiva	e	investigativa,	consistente	
e	sistematizada,	de	forma	dialética	e	praxiológica,	em	que	cada	um	assuma	
o seu	papel	de	co-autor	do	processo	educativo	em	toda	a	sua	multiplicidade
(DRAGO,	2011,	p.	438).
O	autor	supracitado	nos	revela	que	da	mesma	forma	como	as	discussões	acerca	
do	projeto	político	pedagógico,	as	 informações	sobre	a	 inclusão	de	alunos	com	deficiên-
36UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla
cias,	transtornos	globais	do	desenvolvimento	ou	altas	habilidades	e	superdotação	também	
são	entendidas	como	um	processo	moroso	e	complexo,	pois	em	sua	apresentação	ainda	
permeiam	muitas	incertezas	em	relação	as	ações	pedagógicas	para	o	atendimento	educa-
cional	especializado.
Em	uma	concepção	pautada	na	educação	inclusiva,	a	educação	especial	passa	a	
ser	entendida	como	uma	modalidade	de	ensino	que	ocorre	de	maneira	transversal,	pas-
sando	por	todos	os	níveis	da	educação,	onde,	nesse	contexto,	o	AEE	passa	a	ter	caráter	
obrigatório	para	que	não	haja	segregação	ou	discriminação	de	determinados	alunos,	tendo	
como	base	apenas	suas	características	sensoriais,	mentais	e	físicas.	Dessa	forma,	“o	aten-
dimento	educacional	especializado	passa	a	ser	entendido	como	uma	proposta	pedagógica	
que	assegura	recursos	e	serviços	educacionais	especiais,	em	conjunto	com	a	educação	
comum,	em	benefício	de	todos	os	alunos	(DRAGO,	2011,	p.	440).
A	inclusão	escolar	e	o	AEE	passam	a	ser	entendidos	como	uma	maneira	correta	
de	 inserir	 todos	os	alunos	no	contexto	escolar,	de	 forma	que	aconteça	uma	associação	
deste	atendimento	para	com	as	práticas	e	ações	do	processo	educativo	que	é	garantido	no	
projeto	político	pedagógico	de	todas	as	escolas.	Com	isso,	é	de	extrema	importância	que	
todas	as	instituições	de	ensino	possibilitem	a	inserção	de	todos	os	alunos	sem	distinção	de	
classe	social,	etnia,	raça,	necessidades	educacionais	especiais,	entre	outros	fatores.
Em	um	contexto	de	cunho	legislativo,	a	Resolução	CNE/CEB	nº	4/2009	estabelece	
em	ser	art.	10º	que	por	meio	do	Projeto	Político	Pedagógico	da	escola	de	ensino	regular	deve	
ser	institucionalizada	a	oferta	do	AEE,	contendo	como	características	de	sua	organização:
I	–	sala	de	recursos	multifuncionais:	espaço	físico,	mobiliário,	materiais	didáti-
cos,	recursos	pedagógicos	[...];	II	–	matrícula	no	AEE	de	alunos	matriculados	
no	 ensino	 regular	 da	 própria	 escola	 ou	 outra	 escola;	 III	 –	 cronograma	 de	
atendimento	aos	alunos;	IV	–	plano	de	AEE:	identificação	das	necessidades	
educacionais	específicas	[...],	definição	dos	recursos	necessários	e	das	ativi-
dades	a	serem	desenvolvidas;	V	–	professores	para	o	exercício	da	docência	
do	AEE;	VI	–	outros	profissionais	da	educação	[...];	VII	–	redes	de	apoio	no	
âmbito	da	atuação	profissional,	da	formação,	do	desenvolvimento	da	pesqui-
sa,	do	acesso	a	recursos,	serviços	e	equipamentos,	entre	outros	que	maximi-
zem	o	AEE	(BRASIL,	2009,	p.	2).	
Além	disso	neste	mesmo	artigo	é	mencionado	que	os	demais	profissionais	da	edu-
cação	como	tradutor	e	intérprete	de	Libras,	entre	outros,	atuarão	com	os	alunos	do	AEE	e	
da	Educação	inclusiva	em	todas	as	suas	atividades	acadêmicas	e	em	todos	os	momentos	
que	lhe	fizerem	necessários.	Em

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