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SUMÁRIO GESTÃO DEMOCRÁTICA Autora: Prof. Sandra Maria P. Rodrigues 1 GESTÃO DEMOCRÁTICA UNIDADE DE ESTUDO 06 A EFICÁCIA DO GESTOR JUNTO AO CORPO DOCENTE Professora Sandra Maria P. Rodrigues O gestor precisa ser dinâmico e ter flexibilidade junto ao corpo docente. Dourado (2001) relata a eficácia entre o líder e os seus liderados para a criação da confiança entre eles. A atuação do diretor e da equipe gestora na mobilização de pessoas e no desenvolvimento de liderança participativa é fundamental. Uma liderança mobilizadora está sempre a compartilhar com os outros a solução de problemas, a elaboração de planejamento e a implementação de ações pedagógicas na escola. Sem negar os problemas, uma liderança mobilizadora procura programar ações e consolidar mecanismos visando garantir a participação de todos (p.76). Da mesma forma como todos os envolvidos no cotidiano escolar são chamados a participar de sua gestão, também, toda e qualquer decisão ou ação tomada ou implantada na escola tem que ser do conhecimento da coletividade. Não se concebe uma gestão democrática da escola pública sem que todos os componentes da comunidade escolar tenham livre acesso às informações importantes da escola. As prestações de contas dos recursos financeiros obtidos pela escola, os estatutos dos órgãos colegiados existentes, o Projeto Político-Pedagógico, o Regimento Escolar e tantos outros documentos relevantes devem ser divulgados, ter a leitura recomendada e, sem impedimentos, estar à disposição e ao alcance de toda a comunidade escolar. A participação e a transparência são fundamentais para que a gestão da entidade pública se torne, de fato, pública e transparente. Sem participação não há gestão democrática e, sem transparência, não há participação. É importante salientar que a eleição direta, envolvendo amplos setores da comunidade escolar, não pode ser, por si só, indicador de que a gestão da escola é democrática. A gestão democrática da escola pública é algo muito mais amplo do que 2 a simples eleição de um diretor/diretora. Desde a terminologia adotada nos últimos anos para referir-se ao diretor de escola, a qual significa muito mais do que a substituição do termo gestor(a) por diretor(a), passando pela diferença de postura e culminando com a gestão democrática. O uso do substantivo gestor, no âmbito da gestão democrática, implica também no uso do verbo gerir. Neste viés, Souza explica: “(...) gerir transcende administrar e está ligado a uma outra concepção, a um outro modelo. A administração escolar está vinculada a um modelo vertical e a gestão a um modelo horizontal. No modelo vertical, como administrador, cabe ao diretor manter a ordem estabelecida (...), cumprir e fazer cumprir a legislação educacional que seja pertinente (...), garantir o cumprimento das obrigações de cada elemento presente no espaço escolar e resolver problemas entre as instâncias do macro-sistema (sic) e das pessoas hierarquicamente a ele subordinadas. Esse é o papel do diretor- administrador” (s/d, p. 02). Já no modelo horizontal da gestão democrática, mais do que controlar recursos, coordenar funcionários e assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas- aula, o diretor/diretora assume uma condição diferente, mais abrangente, menos autoritária e mais democrática, ou seja, a condição de gestor/gestora. Sá corrobora com esta afirmativa ao expor que o diretor: (...) deixa de ser a autoridade máxima para ser um grande articulador de todos os segmentos, aquele que prioriza as questões pedagógicas e mantém o ânimo de todos na construção do trabalho educativo. Partilha decisões com a comunidade escolar trazendo as mesmas dificuldades da convivência democrática presentes em nossa sociedade (...) (SÁ, 2002, p.08). Sendo assim, o papel do gestor/gestora, num contexto de gestão democrática da escola pública, implica: estímulo e possibilidade de participação das comunidades intra e extraescolares nas ações da escola; partilha de poder com essas comunidades; sensibilidade para conduzir a escola com base na demanda dessas comunidades e busca da melhoria da qualidade da educação pública e não apenas da escola a qual governa. 3 Quatro características de um líder O que é ser um líder? Possuir carisma? Ter o dom da oratória? Ser querido por chefes e subordinados? Muitas vezes, as respostas mais comuns vão nessa direção e acabam por construir um retrato inadequado da liderança. Fazem supor que ela seria totalmente subjetiva, um dom, uma inspiração. Sim, existem líderes natos ou intuitivos, mas eles são a minoria e nem sempre significa que são os mais eficientes. A liderança, essa qualidade que permite a um profissional criar e manter um grupo coeso, inspirado e trabalhando motivado, pode ser desenvolvida ao longo da carreira. Todo profissional que tem um grupo sob sua responsabilidade deve procurar aprimorá-la. A revista Gestão Escolar (2012) selecionou algumas iniciativas que podem tornar o gestor escolar em um bom líder. Conheça-as e saiba como desenvolvê-las. 1- Envolva a equipe no planejamento, dê autonomia nas ações Todo líder deve construir coletivamente seu planejamento e dar uma certa autonomia para que cada um desempenhe suas tarefas. Gerir um time dessa maneira é estar aberto para conflitos e opiniões contraditórias, de modo que seu papel é encaminhar a discussão e garantir espaço para que todos se manifestem. Dá trabalho, mas ajuda a criar um modelo de corresponsabilidade, em que todos se envolvem com o que o grupo decidiu, sem transferir a outros a culpa ou os méritos pelos resultados. 2- Estabeleça metas claras . Estabelecer metas é o primeiro passo para conseguir melhorar a realidade da escola. Nesse processo, duas coisas são fundamentais. Primeiro, conhecer os dados da escola para decidir o que se quer transformar (Abandono? Repetência? etc.). Segundo, envolver a equipe para discutir as expectativas e construir as estratégias. Sua função é enfatizar o tempo todo que elas devem ser viáveis. Vale lembrar que o planejamento não é imutável. É importante organizar reuniões periódicas de avaliação para saber quais são as impressões de cada um sobre as ações propostas e o que deve ser mudado. . 3- Preocupe-se com o que interessa: o aprendizado dos alunos Cuidar apenas de assuntos burocráticos ou relacionados à estrutura da escola e não querer saber o que acontece dentro das salas de aula é um dos maiores erros que um gestor pode cometer. Quando os professores e os outros colaboradores percebem que o gestor não acompanha o dia a dia da escola, eles ficam muito frustrados. É 4 somente ao andar pela escola, ao conversar com alunos e funcionários e ao fazer reuniões periódicas de acompanhamento que o diretor consegue perceber realmente quais são os problemas da escola. Esse conhecimento vai auxiliar no passo posterior: como encaminhar a resolução das dificuldades: O que é prioridade? Quem deve estar envolvido? É necessário chamar os pais? Em que momento? 4- Saber como fazer a gestão da aprendizagem . A equipe precisa saber que existe alguém realmente interessado em ajudar a fazer um trabalho de formação focado nas dificuldades dos professores e dos alunos. Mais que isso: precisa confiar que essa pessoa pode estar à frente desse processo. Nenhum diretor de escola precisa ser um especialista em todas as disciplinas. Ele precisa, sim, saber o que é um bom professor, como ele trabalha e quais são os elementos fundamentais para a realização da formação continuada desses profissionais. Um bom líder deve ter conhecimento para identificar quem são as pessoas que mais podem ajudá-lo no trabalho de formação. Muitas vezes, a solução está dentro da própria escola: há alguém na equipecapaz de exercer parte da formação? Agir assim é uma boa forma de engajar professores experientes a querer aprender outras coisas e a compartilhar o conhecimento com os pares (PECHI, s/p, 2012). Uma questão muito importante a ser discutida nesta reta final é alertar a todos os educadores a respeito do sentido que vem sendo dado ao termo qualidade no campo educacional, pois esse termo tem-se apresentado em duas vertentes diferentes e antagônicas: uma, com sentido de qualidade mercantil, baseado na lógica econômica e empresarial, que se referencia no mercado e outra, com sentido de qualidade socialmente referenciada, a qual possui uma lógica que tenta compreender a relevância social da construção dos conhecimentos e de posturas na escola. A qualidade com sentido mercantil é identificada a partir de um discurso utilitarista que reafirma a postura que nega o processo educativo emancipador para a maioria da sociedade. Quando essa concepção se implanta no campo da educação, o “produto” torna-se o aspecto mais relevante da prática social da educação, induzindo o desenvolvimento de uma “gestão de resultados”. Esta forma de gestão passa, então, a propor “modelos” e “fórmulas” para o processo educativo que, aparentemente, viabilizam o sucesso escolar. 5 Assim, surge a “Qualidade Total” e todas as suas vertentes, que desenvolvem padrões elitistas e excludentes ditados pelo “mercado”. Esses padrões acabam por fazer com que a educação contribua para aumentar as desigualdades existentes no Brasil, pois essa lógica contribui para que muitos dirigentes educacionais gerenciem sua escola para a qualidade total que pauta-se na produtividade e na competitividade, indicando a gestão empresarial como fórmula a ser aplicada à gestão da educação. Nessa ótica, a escola passa a assumir-se como uma empresa que, por sua nova natureza, não identifica a educação como direito, nem age para propiciar a inclusão de todos em sua “linha de montagem”, uma vez que naturaliza a exclusão daqueles que não se adaptam ao “processo produtivo” que desenvolve. O sentido de qualidade referenciada no social, por outro lado, possui uma outra lógica que o sustenta. Sua base é decorrente do desenvolvimento de relações sociais, políticas, econômicas e culturais contextualizadas e sua gestão contribui para o fortalecimento da escola pública, construindo uma relação entre democratização e qualidade. A qualidade na educação, com esse significado, busca construir a emancipação dos sujeitos sociais. Para atingir este objetivo, desenvolve conhecimentos, habilidades e atitudes que irão encaminhar a forma mediante a qual o indivíduo vai se relacionar com a sociedade, com a natureza e consigo mesmo, a partir da concepção de mundo, sociedade e educação que possui. REFERÊNCIAS: DOURADO, Luiz Fernandes. Progestão: como promover, articular e envolver a ação das pessoas no processo de gestão escolar? Brasília: CONSED – Conselho Nacional de Secretários de Educação, 2001. LUCE, Maria Beatriz. In: Gestão Democrática escolar. Disponível em URL <http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2004/ge/meio.htm>. Acesso: 20 fev. 2016. SÁ, Albaniza Oliveira Dias de, et al. Gestão escolar democrática: uma ação transformadora. Disponível em URL <http://www.faad.edu.br/arquivos/gestão_escolar_democracia_variosalunos.pdf>. Acesso: 20 fev. 2016. 6 SOUZA, Sérgio Augusto Freire de. A Escola fayolista e a Escola pós moderna: contextos para administradores e gestores da educação. Disponível em URL http://www.elton.com.br/posgrad.htm. Acesso: 25 fev.2016. PECHI, Daniele. Quatro características de um líder. Revista Gestão Escolar. Edição 14. São Paulo: abril, junho 2012. (Disponível também pelo link <http://gestaoescolar.abril.com.br/equipe/quatro-caracteristicas-lider-687495.shtml>. Acesso em 09 mai 2016). 7 UNIDADE DE ESTUDO 06 a eficácia do gestor junto ao corpo docente Quatro características de um líder A liderança, essa qualidade que permite a um profissional criar e manter um grupo coeso, inspirado e trabalhando motivado, pode ser desenvolvida ao longo da carreira. Todo profissional que tem um grupo sob sua responsabilidade deve procurar aprimorá-l...
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