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Atividade Contextualizada Corporeidade, Atividade Motora e Ludicidade na Educação Física

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Curso: Licenciatura em Educação Física
Disciplina: Língua Brasileira de Sinais - Libras
Professor Executor: Ronaldo Belchior de Albuquerque Melo Tutor: Rodrigo do Rego Barros de Castro
Nome da Aluna: Luciana Souza de Araújo
Matrícula: 01428945
Avaliação On-Line 5 (AOL 5) - Atividade Contextualizada 
 Corporeidade, Atividade Motora e Ludicidade na Educação Física 
Manaus – Amazonas 2022
Em junho de 2019, aconteceu mais uma edição da Copa do Mundo Feminina de futebol. Para além dos jogos em campo, um debate que chamou a atenção foi o relacionado ao ativismo das atletas por reconhecimento igualitário no esporte – tanto por parte das Federações esportivas responsáveis pelos jogos quanto dos patrocinadores tradicionais do futebol. A primeira edição do torneio feminino foi realizada em 1991 na China. Contou com a participação de apenas 12 seleções – incluindo o Brasil, mas quem levou o título mesmo foram os Estados Unidos. Vale dizer que antes da competição ser oficialmente apoiada pela FIFA (Federação Internacional de Futebol), outras versões de torneios internacionais de futebol feminino existiam desde 1970. De 1999 a 2011, a Copa do Mundo Feminina de futebol contava com a participação de apenas 16 seleções. Somente em 2015 esse número foi ampliado para 24 – o qual permanece até hoje. Entre as seleções favoritas da competição estão Alemanha, Estados Unidos e Japão, que acumulam sete dos oito títulos entre si atualmente.   Apesar de o evento já parecer consolidado, com quase 30 anos de existência, é grande o contraste quando comparado com a Copa do Mundo masculina. Enquanto as mulheres ainda estão na oitava edição da competição, o futebol masculino celebra suas Copas desde 1930. Este ano, a oitava edição da Copa do Mundo Feminina foi realizada na França e veio com a promessa de trazer mudanças para o futebol feminino! Por parte da FIFA, houve um aumento do prêmio geral a ser distribuído para as seleções participantes de U$ 15 milhões para U$ 30 milhões, e um aumento de U$ 2 milhões no prêmio das vencedoras da competição. Além disso, houve grande comparecimento de público. A FIFA anunciou que a competição bateu o recorde de ingressos vendidos dois meses antes do mundial e as entradas para as finais e semifinais esgotaram em apenas 48 horas. E no Brasil, houve mudanças? Sim! Pela primeira vez quatro canais nacionais possuíram os direitos de transmitir ao vivo a competição. Mas você deve estar pensando: se houveram tantos avanços, por que o tema da desigualdade ainda é forte? Por que ainda se está falando em desigualdade de gênero?  Apesar de o dinheiro da FIFA direcionado a Copa do Mundo Feminina ter aumentado nos últimos anos, a quantia ainda não chega nem perto do que é destinado a Copa masculina. Enquanto as jogadoras competem pelo prêmio de U$ 4 milhões, no ano passado a seleção masculina da França, campeã da Copa, levou para casa U$ 38 milhões – quase dez vezes mais do que o prêmio final oferecido para as mulheres! E não só no prêmio final que essa diferença astronômica pode ser percebida. Basta dizer que hoje enquanto as 24 seleções femininas irão dividir os U$ 30 milhões do investimento geral como prêmio de participação, as seleções masculinas dividiram no ano passado o valor de U$ 400 milhões.  Então, se nem a FIFA dá a mesma atenção ao futebol feminino na maior competição mundial, o que acontece com as jogadoras? 
O que os dados mostram?
Em um rápido elas versus eles, o que chama a atenção é a desigualdade salarial entre jogadoras e jogadores. Obviamente, o baixo salário não é restrito ao universo do futebol, e nem mesmo do esporte. Em geral, as mulheres ganham em média 32% menos que os homens para desempenhar a mesma função segundo dados do Fórum Econômico Mundial. Mas na elite do esporte esses números impressionam.  Entre os salários: a melhor jogadora do mundo em 2018 e mais bem paga do futebol feminino, Ada Hegerberg, ganha 208 vezes menos que o jogador Messi – o mais bem pago do futebol masculino. Na verdade, a situação é bem pior quando se percebe que o salário das cinco jogadoras mais bem pagas do futebol feminino somam menos do que o salário de um único jogador entre o top 10 masculino. Quando a questão envolve os rendimentos anuais entre os atletas – a soma do salário bruto, bônus, patrocinadores – a situação é ainda mais díspar. A brasileira Marta, seis vezes melhor do mundo, obteve 267 vezes menos rendimentos que o Neymar. A jogadora não chega a receber  1% do rendimento anual do jogador!  Em 2018, a UN Women publicou uma comparação mostrando que apenas o salário anual de Messi naquele ano – $84 milhões de dólares – era duas vezes superior ao salário combinado de 1693 jogadoras – $42.6 milhões de dólares – das sete ligas principais de futebol feminino. Além disso, o investimento em prêmios e participação em competições por time também diferem muito. Nos Estados Unidos, a Federação Americana de Futebol ofereceu um bônus pela participação da seleção feminina americana na Copa do Mundo Feminina de 2015 TRÊS vezes inferior ao pago para os homens na participação da Copa do Mundo de 2014. O detalhe: a seleção feminina foi consagrada campeã em 2015, enquanto a equipe masculina foi eliminada nas oitavas de final em 2014. Mas por que existe essa diferença?  Bom, sem visibilidade não há investimento e sem investimento não há visibilidade. Funciona mais ou menos como um ciclo vicioso: os dirigentes esportivos não investem no futebol feminino; as empresas não apoiam as jogadoras; a mídia não faz coberturas dos eventos; os eventos rendem menos e, em algum ponto, essa falta de apoio se transforma em um empecilho à prática do esporte para as mulheres. 
Os argumentos que apoiam essa diferença são geralmente: 
1. a falta de interesse do público na modalidade;
2. as diferenças de lucro das competições masculinas e femininas;
3. a pouca atenção da mídia aos jogos;
4. a diferença da qualidade do jogo. 
Apesar disso, não há como desconsiderar que esta discussão é também uma questão de gênero.
Como assim questão de gênero? 
O gênero deve ser entendido como aquilo que diferencia socialmente homens e mulheres. Dentro da sociedade, desde cedo, são esperados certos comportamentos que são ditos próprios das meninas e dos meninos. E é aí mesmo que começa o problema. O futebol desde sua origem se caracteriza como um esporte atrelado ao sexo masculino – da mesma forma que brincar de boneca é atrelada como uma atividade do sexo feminino. A agressividade do jogo é vista como algo pouco adequada à natureza frágil e sutil da mulher. Pelo menos, é isso que tentam dizer. A questão é tão profunda que antigamente tentavam afastar as mulheres do futebol utilizando argumentos biológicos. Os profissionais da saúde afirmavam que a atividade poderia até causar lesões às glândulas mamárias! 
Assim, historicamente, o pensamento machista tenta sempre dizer que “futebol não é coisa de mulher”. 
O futebol no Brasil pode até ser um esporte popular, afinal este é o país do futebol! Mas quando o assunto é futebol feminino a história é diferente. Os primeiros registros de mulheres jogando futebol no país datam de 1921. Apenas uma simples partida entre mulheres em São Paulo. Entretanto, muito incomum para a época, já que naquele tempo o papel das mulheres em esportes geralmente limitava-se às torcidas. Até 1940, a prática estava longe de clubes e seleções. Apesar de ainda não ser proibido oficialmente, o esporte era considerado “para homens”. Foi em 1941 que o cenário mudou: a visibilidade de partidas maiores gerou revolta na sociedade, e pressionou para que o futebol passasse a ser legalmente considerado uma prática inapropriada para as mulheres. 
A proibição do futebol no Brasil
Getúlio Vargas, em 1941, assinou um decreto que afirmava que “às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. Em 1965, esse decreto foi reformulado para incluir nominalmente os esportes considerados inadequados e até possíveis punições às mulheres que praticassem.Apenas em 1979 essa proibição deixou de existir. E mesmo assim, durante os anos 80 as iniciativas de futebol feminino no Brasil ainda eram raras. 
E agora, o que falta para o Brasil avançar como o país do futebol feminino? 
Em 2019, uma vitória pode ser contada para o futebol feminino! A partir deste ano, todos os vinte clubes da série A do Brasileirão precisarão estruturar equipes de futebol feminino – adultos e de base – se quiserem seguir as regras do Licenciamento de Clubes da Confederação Brasileira de Futebol. Entretanto, o caminho ainda é longo. Hoje, dos vinte clubes masculinos que participam do Brasileirão, apenas sete possuem equipes femininas. E o problema não é falta de interesse das mulheres em jogar!  A questão é que raramente essas jogadoras são tratadas como profissionais do futebol. De acordo com o relatório liberado pela FIFA, das 15000 mulheres que jogam em times organizados no Brasil, menos de 3000 são registradas profissionalmente como jogadoras. O que o recado da Marta para o Brasil pode ensinar?  
No último jogo da participação da seleção brasileira na Copa do Mundo Feminina da França, a jogadora Marta fez um apelo às próximas gerações do futebol feminino: “O futebol feminino depende de vocês para sobreviver”. A jogadora trouxe para o campo durante a Copa a questão da igualdade de gênero no futebol. A falta de apoio, de reconhecimento e da devida remuneração é uma marca gigante do futebol feminino no Brasil. 
Como a Marta disse: faltam oportunidades; falta investimento; falta apoio.
O futebol feminino não é – e nem deve ser – igual ao masculino. As diferenças entre as modalidades existem de fato. Mas não podem prevalecer diferenças baseadas em preconceitos de gênero. Talvez seja necessário olhar para as experiências das equipes femininas em outros lugares do globo, e começar a pensar em mais formas de abrir espaço para o futebol feminino crescer e ter as mesmas oportunidades garantidas ao futebol masculino. 
REFERÊNCIAS:
A Copa do Mundo Feminina e a Desigualdade de Gênero (politize.com.br)
https://www.politize.com.br/copa-do-mundo-feminina-e-desigualdade-de-genero/
Renata Silva Batista; Fabiano Pries Devide: Mulheres, futebol e gênero: reflexões sobre a participação feminina numa área de reserva masculina.
Yasmin Lima da Costa; Rachel de Oliveira Abreu: Mulher e futebol: desigualdade de gênero e influência midiática.
Lindsay Gibbs: As World Cup gender pay gap widens, FIFA brags about its support of women. 
Federação Internacional de Futebol: Financial Report 2018. 
Federação Internacional de Futebol: Women’s Football Member Associations Survey Report.

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