Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III Rinossinusites e suas complicações Conceito ● Todo processo inflamatório da mucosa de revestimento da cavidade nasal e dos seios paranasais. ○ Resposta inflamatória representa uma reação a um agente físico, químico ou biológico (bacteriano, fúngico ou viral), ou decorrente de mecanismos alérgicos ● Atualmente não se fala mais somente sinusite, usa-se o termo rinossinusite ○ Não há possibilidade de ter somente inflamação dos seios paranasais sem ter inflamação da mucosa nasal (epitélio da cavidade nasal) ○ Rinite: processo inflamatório de cavidade nasal ● Desmistificar que o paciente é portador de rinossinusite -> termo é designado para que tem rinossinusite crônica ○ Rinossinusite aguda: episódio único e não prolongado ○ Dor facial, cefaléia e obstrução nasal -> avaliar outros diagnósticos além de rinossinusite, como cefaléia tensional primária, cefaléia em salva, cefaléia migrânea, neuralgia. Anatomia / Fisiologia ● Fatores fundamentais na fisiologia normal dos seios paranasais: a qualidade das secreções nasais, a função ciliar e a patência dos óstios ● Óstios: a obstrução do óstio sinusal, parcial ou completa, resulta em estagnação de secreções, queda do pH e da tensão de oxigênio dentro do seio, favorecendo o crescimento bacteriano ● Drenagem ○ Drenagens -> relacionada a tuba auditiva Classificação ● Aguda: sintomas de início súbito com completa remissão em até 12 semanas. ○ Subaguda: não é muito utilizada ● Crônica: mais que 12 semanas ○ Seio frontal com retenção de secreção a mais de 12 semanas -> não necessariamente é grave ou operável ○ Recorrente: quatro ou mais episódios de RSA no intervalo de um ano, com resolução completa dos sintomas entre eles ● Gravidade: baseado em achados da TC, de acordo com o velamento em cada seio paranasal e do complexo óstiomeatal ○ Leve: ○ Moderada ○ Severa: ■ Ex.: secreção atinge desde do assoalho do maxilar até o teto do seio maxilar Diagnóstico Clínico ● 2 dos 4 sintomas seguintes: ○ (1 maior e 2 menores fecha diagnóstico) ○ (2 sintomas fecha diagnóstico) Obrigatório - critério maior Não obrigatório ● Obstrução nasal ● Rinorréia (anterior ou posterior): nem sempre explícita na anamnese e exame físico do paciente ● Hiposmia Espectro das alterações olfatórias: cacosmia, anosmia, fantosmia (menos comum) ● Dor ou pressão facial Endoscópico ● Quadro clínico não favoreceu o diagnóstico -> solicitar endoscópio ● Sinais endoscópicos de polipose nasal, secreção purulenta em meato médio ou edema de mucosa obstruindo o meato médio ○ Diagnóstico etiológico: possível avaliar em qual seio está a patologia, observando por onde a secreção está drenando ■ Secreção purulenta em meato médio -> seio etmoidal anterior ou maxilar Edema, secreção, visualiza topografia do óstio de drenagem edemaciado = rinossinusite Tomografia ● Possível fazer diagnóstico somente com tomografia ○ Solicitado somente caso de complicações, pois o diagnóstico é clínico ● Alterações no complexo óstio - meatal ou nos seios paranasais = comprometimento de drenagem ● Para ter fisiologia preservada (não ter rinossinusites) -> transporte mucociliar preservado, muco com característico ideal e complexo óstio de drenagem livre ● Imagem: visível edema de mucosa (cinza), estrutura óssea (branca) ● Seio esfenóide -> porção superior do esfenóide = passa nervo óptico, carótida interna, forame redondo, nervo ovidiano Corte coronal Seios maxilares (presença de secreção tanto do direito quanto no esquerdo) -> sinusopatias presentes Seio etmoidal anterior - se aumentar mais pode acometer globo ocular Doença nos cornetos nasais anterior -> hipertrofia de mucosa, fossa nasal esquerda obstruída, drenagens podem estar comprometidas. CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III Corte sagital Presença de seios etmoidal anterior e posterior todos velados (grau moderado) Seio etmoidal posterior (separado do etmóide anterior por lâmina óssea - basal) Seio esfenoidal com presença de muco na parede posterior e espessamento de parede (discreta, leve) I Imagem de raio X digital de seios da face ● Não faz diagnóstico de rinossinusite com raio X de seios da face = não tem indicação ○ Risco de falso negativo para doença, caso a patologia esteja no seio esfenoidal (visualiza mais seios anteriores) ○ Diagnóstico clínico ○ Pede raio X fronto naso, mento naso nas complicações ou refratário ao tratamento clínico -> individualiza cada paciente ● Padrão ouro das rinossinusites: TC sem contraste dos seios da face ○ Ressonância magnética: vê processos expansivos, doenças tumorais, congênitas ○ Doença óssea associada ou expansiva - pede com contraste Causas Genéticos Ambientais Estruturais Fibrose cística Alergia Desvio septal Imunodeficiências Cigarro Concha bolhosa Hiperreatividade Viroses Corpo estranho Sensibilidade AAS Bactérias Doença dentária Disfunção ciliar Fungos Barotrauma ● Processo inflamatória da cavidade nasal com múltiplas etiologias ○ Nem sempre é só infecciosa (uso de antibioticoterapia) Genética ● Fibrose cística -> altera composição do muco = não tem transporte mucociliar efetiva = fase gel e sol alterado = não faz clearance mucociliar adequado ->secreção vão fazer estase ● Imunodeficiência - mais infecção ● Hiperreatividade ○ Ige mediado -> qualquer processo alérgico, inflamatório faz hiperreatividade: causa edema de óstio, altera secreção, estase ● Sensibilidade AAS ○ Síndrome com polipose nasal, hiperreatividade brônquica, rinossinusite crônica Ambientais ● Alergia ● Cigarro - atrapalha transporte mucociliar ○ Tanto ativo ou passivo ● Viroses ● Bactérias ● Fungos Estruturais ● Desvio na porção medial ○ Meato médio estreitado -> não drena de forma correta para seio etmóide, frontal e maxilar ● Concha média bolhosa ○ Corneto inferior, médio e superior que insufla (grande) -> atrapalha o meato médio (onde ocorre a drenagem dos seios anteriores) -> corta a concha bolhosa e desobstrui ● Corpo estranho ○ Criança (muito comum) ○ Rinolito - corpo a muito tempo presente = crônica ○ Pode ser aguda e crônica ● Doenças dentárias ○ Secreção de cavidade oral e bucal ○ Falta de higiene bucal ○ Abscessos cervicais: comum de ser etiologia de doenças dentárias e rinossinusites crônicas ● Barotrauma Biofilme ● Mucosa infectada está protegida com biofilme -> mesmo com tratamento não atinge mucosa (mucosa não é susceptível com farmacologia) ● Conduta: drenagem ou raspagem da mucosa para ter resposta ao tratamento Refluxo Gastro-Esofágico ● Controvérsia ● Geralmente refluxo laringofaríngeo em adultos Faixa Pediátrica ● Crianças - pepsina ácida - gera resposta inflamatória ○ Crianças com rinossinusites agudas de repetição -> pacientes fazem refluxo e a toxina ácida na mucosa gera processo inflamatório ○ Adulto não é comum Rinossinusites Fúngicas ● Grave, pode levar a óbito ● Encontra geralmente a nível hospitalar ● Leva a complicações severas Invasiva Não invasiva ● Mucormicose ● Fulminante ● Bola fúngica ● Sinusite fúngica alérgica (eosinofílica) Rinossinusite fúngica Eosinofílica ● Fungos mais comuns: Bipolaris, Curvularia e Fusarium ● Presença de eosinófilos na citologia ● Pode ou não ter polipose nasal ● Geralmente o tratamento é por cirurgia ○ Alguns pacientes pode usar anfotericina B, antifúngico sistêmico -> mas geralmente é cirúrgico CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III TC coronal mostrando características típicas da rinossinusite fúngica alérgica. Note o acometimento de distribuição assimétrica, extensão para fossa anterior pelo teto do etmóide direito, e a aparência heterogêna dos seios acometidos. Padrão de densidade no seio maxilar diferente Tendência de calcificação (imagem mais calcificada - não fúngica apresenta mais secreção em nível líquido) Se calcificação expandir - parede lateral do nariz e da órbita - invasão orbitária = complicações são comuns Bola Fúngica ● Fungos mais comum: Aspergillus ● Geralmente atinge um único seio ● Paciente imunocompetente ○ Resolução melhor ○ Imunossuprimidos -> tendem a ter repercussõesmais graves. ● Acometem muito o seio maxilar ● Tratamento cirúrgico ● Ambiente hospitalar: pacientes com uso de sonda nasogástrica, cateter nasal -> susceptíveis a fazer essas complicações Cirurgia endoscópica nasossinusal: aspecto intra-operatório de Bola Fúngica e edema de mucosa em seio maxilar esquerdo. Seio que tinha bola fúngica -> abre bola e drena secreção purulenta com área de calcificação Se imunodeficiência (invasiva) mais graves Mucormicose ou Rinossinusite fúngica aguda invasiva ● Fungos saprófitas ● Paciente geralmente são imunodeficiente ○ DM, Neutropênicos... ● Caráter angioinvasivo ● Critérios de sinusopatias + sinais de necrose no palato ou úlceras em septo -> crosta, sangramentos, epistaxe, quadros exuberantes ● Tratamento ○ Remoção cirúrgica imediata e intensa ○ Desbridamento, ○ Antifúngicos sistêmicos (Anfotericina B) Fulminante ● Fungos mais comuns: Aspergillus ou Fusarium ● Pacientes com SIDA, LES e outros imunodeficientes ● Pode acometer septo, palato, gengiva, órbita ● Tratamento: ○ Remoção cirúrgica ○ Anfotericina B Complicações ● É necessário exame de imagem! ● Processo inflamatório/infeccioso que se estende além da mucosa nasossinusal, acometendo órbita, osso, região intracraniana ou outras áreas por extensão direta ou por tromboflebite. ● Pode ocorrer mais de uma complicação ao mesmo tempo ● Pode ocorrer em aguda viral, bacteriana, fúngica, alérgica e que complicou, corpo estranho ● Mucoceles: seios da face produzem muco e tem drenagem -> produção excessiva que altera estrutura óssea do seio = dor facial, alteração estética = tratamento com drenagem cirurgicamente ● Orbitárias: mais temidas ● Sistema Lacrimal: meato inferior tem ducto nasolacrimal (reparo anatômico) ○ Edema perto do ducto naso lacrimal -> dacriocistite = drenagem ou cirurgia ● Ósseas ● Intracranianas: mais temidas Orbitárias ● Ocorrem muito na fazia pediátrica ● Rinossinusite -> manifestação ocular, diplopia, amaurose, redução da acuidade visual = suspeitar de complicação infraorbitária (origem otorrinológica) ● Diante da complicações -> devem receber exame de imagem ○ Necessário aval do oftalmologista ● Caminho da secreção: ○ Septo ○ Veias não valvulares ○ Lâmina papirácea ○ Cone Classificação ● Chandler ● Mortimore Chandler: mais didática ● Manifestação clínica exuberante ● HPP: infecção prévia ● Pode observar em TC I – Celulite Periorbitária Seta - fora do nervo óptico e estruturas musculares, não tem contato com nervo óptico Hiperemia e edema fora da cavidade orbitária (periorbitária) II – Celulite Orbitária Se evolução para orbitária - migra para dentro da órbita -> diplopia, dor ocular, diminui acuidade visual, - necessário exame de imagem (TC) = não tem apresentação clínica visível CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III III – Abscesso subperiostal Abscesso subperiosteal = por fora da camada muscular (músculo extrínseco) IV – Abscesso Orbitário Abscesso orbitário: ultrapassa camada muscular - abscesso dentro -> em contato íntimo com nervo óptico V – Trombose do seio cavernoso: à controvérsias Mortimore: não cai na prova ● I – Infecção pré-septal A e B ● II – Infecção pós-septal subperiostal A e B ● III – Infecção pós-septal intraconal A e B Condutas ● Aval do oftalmologista ● Solicitar TC de seios da face ● Cirurgia: pode precisar ou não ■ internação do paciente ■ Farmacológico: celulites I, II ○ Abscesso ○ Alteração acuidade ○ Progressão ○ Cegueira ou ausência de reflexo pupilar ○ Acometimento contralateral Fossa nasal esquerda. Visão endoscópica intra-operatória da abertura da periórbita com herniação da gordura periorbitária Mucoceles ● “Seios da face ficam cheio” - abaula parede lateral do seio, avaliar critérios diagnósticos ● Imagem pode ficar em dúvida ○ Abaular parede do seio ○ Critérios clínicos: pode não ter gotejamento, não tem obstrução - seios abaulado sem clínica ○ Óstio de drenagem obstruído -> acúmulo de secreção e expandiu parede óssea = presença de alteração estética ■ Rebate Meato médio - vê processo uncinado - drena cirurgicamente o seio maxilar = deixa seio aberto ● Primária / Secundária ● Pode ocorrer em qualquer seio da face ○ Mais comum no seio frontal ○ Pode gerar erosões ósseas ■ Processo inflamatório crônico + citocinas e mediadores inflamatório = mucocele -> pode evoluir para osteomielite Ósseas ● Osteomielites: complicações óssea mais comum ○ Frontal ○ Maxilar ○ Esfenoidal Sistema Lacrimal ● Dacriocistite supurada ○ Doenças inflamatórias do ducto lacrimal ○ Acúmulo de pus no ponto lacrimal + epífora ○ Realiza-se exame de dacriocistografia - injeta azul de metileno no sulco lacrimal e radiografia -> avalia o ponto de obstrução e abre ducto Intracranianas ● Meningite ● Abscesso epidural ● Empiema subdural ● Abscesso cerebral ● Trombose seio venoso Manejo terapêutico Rinossinusite aguda ● Duração de até 12 semanas -> rinossinusite aguda ● Obstrução nasal, rinorreia, dor facial, hiposmia -> critério de rinossinusite ○ < 5 dias ou em vigência de melhora ■ Resfriado comum ○ > 5 dias ou em vigência de piora ■ Moderada ● CE nasal por 14 dias ● Sem melhora: ○ ATB ○ Endoscopia nasal ○ Considerar coleta de culturas ○ Considerar TC ■ Severa (febre ou dor intensa) ● ATB ● CE nasal ○ Com melhora em 48 horas: manter ATB por 10 a 14 dias ○ Sem melhora em 48 horas: endoscopia nasal, TC, cultura, considerar ATB IV, CE sistêmico, considerar internação, considerar FESS CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III ● Toda rinossinusite trata-se com antibiótico por 10 a 14 dias ○ Levofloxacino de 750 mg por 7 dias pode ser suficiente, mas está controverso na literatura (se utiliza de 500mg -> por 10 a 14 dias) ● Tempo de tratamento de acordo com a patologia ○ Amigdalite: tratamento por 7 dias ○ Rinossinusites: 10 - 14 dias ○ Otites: 10 -14 dias ○ Pneumonia: 10 dias ● Quinolona respiratória (Moxifloxacino, Gemifloxacino, Levofloxacino) -> espectro de ação melhor porém tem alto custo ● Quinolona por 10 a 14 dias = prescrição correta ● Pode ser necessário operação caso não teve melhora com tratamento farmacológico do quadro agudo ○ Não é comum mas pode ocorrer ○ Nem sempre opera somente se complicação Rinossinusite crônica ● Não quer dizer gravidade mas tempo de doenças mais longo ● Obstrução nasal ou rinorreia + dor facial hiposmia (tempo> 12 semanas) ○ Endoscopia nasal + TC + pesquisar asma e outras alergias ■ Leve: ● Corticóide nasal ● Lavagem nasal com soro fisiológico ○ Seguimento ○ CE nasal ○ Macrolídeos de longa duração ■ Severa ● CE nasal ● Lavagem nasal com soro fisiológico ● Cultura ● Macrolídeo em doses baixa em longo prazo - efeito antiinflamatório (remodelamento inflamatório) -> não é por efeito de antibiótico para matar bactéria ○ Com melhora ■ Seguimento ■ CE nasal ■ Macrolídeos de longa duração ○ Sem melhora ■ TC ■ Cirurgia Na rinossinusite crônica pode ter polipose ou não - não cura com cirurgia - sempre há recidiva Cirurgia para desobstruir, reduzir rinossinusite crônica Processo uncinado tem acesso ao seio maxilar Ampliação do seio maxilar (evitar recirculação, une os dois óstios) -> drenagem, corticóide e lavagem nasal vão ser mais eficazes CM - Corneto médio BE - bulha etmoidal -> entra no seio etmoidal anterior Concha média -> entra para etmóide posterior
Compartilhar