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CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III Faringotonsilites e Adenoamigdalectomia Faringotonsilites ● Processo inflamatório das faringes Anatomia – Anel de Waldeyer ● Anel de Waldeyer: anel linfático ● Tonsilas Palatinas - amígdalas ● Tonsilas Faríngeas - adenóides ● Tonsilas linguais ● Tecido Linfático peritubário ● Granulações parafaríngeas ● As tonsilas palatinas e adenóides são órgãos linfóides periféricos ou secundários que se encontram na entrada dos sistemas respiratório e digestivo, sendo, portanto os primeiros tecidos imunocompetentes a entrarem em contato com microorganismos exógenos e outros antígenos presentes no fluxo aéreo-digestivo. ● Sua função primária seria coletar informação antigênica, havendo evidências também da sua participação nos mecanismos envolvidos na indução de produção e secreção de imunoglobulinas. ● As tonsilas palatinas são mais ativas entre o 4º e o 10° anos de vida e involuem depois da puberdade, e o tecido adenoideano é normalmente mais volumoso entre os 3° e 7° anos de idade. ● As tonsilas faríngeas e palatinas se situam estrategicamente na entrada dos tratos aéreo e digestivo e são sede de uma grande variedade de processos virais e bacterianos. ○ São os maiores componentes do anel linfático de Waldeyer Tonsilas palatinas: ● Inervação: é dada por ramos do glossofaríngeo, no pólo inferior, e de ramos descendentes do nervo palatino. ○ Quando inflamação -> processo inflamatório doloroso para o paciente ● Irrigação: artéria tonsilar (ramo da a. palatina ascendente, ramo da a. facial), que penetra na amígdala pelo pólo inferior. ○ ramo calibroso, devido as inervações a amigdalectomia sangra muito ● A musculatura é extremamente fina e encontra-se externamente ao nervo glossofaríngeo. ● Este nervo pode ser facilmente lesado se houver lesão do leito amigdaliano ou edema temporário pós-amigdalectomia. ○ Nestes casos o paciente poderá apresentar perda temporária da sensibilidade gustatória do terço posterior da língua e otalgia referida. ○ A causa de otalgia após amigdalectomia ou em vigência de amigdalites deve-se ao ramo timpânico do glossofaríngeo. ● Lateralmente, a cápsula amigdaliana é separada do músculo constritor superior por tecido conectivo frouxo. ● A veia palatina externa desce do palato mole neste tecido conectivo frouxo para se unir ao plexo venoso faríngeo. ● Lateral ao músculo constritor superior se situa o músculo estiloglosso e a alça da artéria facial. ● A artéria carótida interna se situa a 2,5 cm atrás e lateral à tonsila palatina. Classificação das tonsilas palatinas ● Classificação de Brodsky: tamanho das amígdalas segundo a distância ocupada por elas entre o pilar amigdaliano anterior e a linha média: ● Grau I: amígdala ocupa menos de 25% da distância ● Grau II: amígdala ocupa entre 25 e 50% da distância ● Grau III: amígdala ocupa entre 50 e 75% da distância ● Grau IV: amígdala ocupa mais de 75% da distância Imunologia Principais funções: ● Barreira imunológica ○ Defende de microrganismos que entram em contato com a via aérea ● Processamento de material infeccioso ● Produção local de imunoglobulinas ● IgA - imunoglobulina que defende as mucosas ● Dentro do tecido linfóide, o antígeno entra em contato com as células apresentadoras de antígenos (APCs), responsáveis por apresentá-lo aos linfócitos T (LT). ● Quando há uma concentração suficiente de um antígeno, é estimulada a diferenciação de linfócitos B (LB) em plasmócitos e sua expansão clonal. ● Isso resulta na produção de imunoglobulinas, notadamente IgA, que é transportada à superfície mucosa, fornecendo proteção imunológica local. ● Mecanismos de defesa no interior da tonsila palatina eliminam os estímulos antigênicos mais fracos. Por isso, CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III apenas altas concentrações antigênicas induzem a proliferação de LB nos centros germinativos. ● As tonsilas são imunologicamente ativas entre os 4 e 10 anos de idade, e diminuem após os 20 anos, mostrando um decréscimo de sua importância após essa idade. ● Em pacientes com infecções recorrentes, há inflamação do epitélio das criptas resultando em diminuição do transporte de antígenos e diminuição da função imunológica dos LB, com conseqüente redução da produção de anticorpos e da população de linfócitos nos centros germinativos. Porém, em alguns casos pode haver um incremento da reposta imune Th2, com aumento da ativação de LB. Sendo assim, tonsilas cronicamente infectadas e com volume aumentado frequentemente têm sua função imunológica alterada. Classificação das faringotonsilites Tonsilas Faríngeas Adenoidite Aguda: ● Quadro muito difícil de diferenciar de IVAS generalizada, ou mesmo de rinossinusite bacteriana. ● Apresenta-se com febre, rinorréia, obstrução nasal e roncos, que desaparecem com o término do processo. ● Adenoidite aguda -> processo viral de inflamação da adenoide = rinorreia, febre, roncos Adenoidite Aguda Recorrente: ● 4 ou mais episódios de adenoidite aguda em 6 meses. ● Pode ser muito difícil de diferenciar de sinusite aguda recorrente. Adenoidite crônica: ● rinorréia constante, secreção em orofaringe, halitose, obstrução nasal crônica. ● rinorréia constante, halitose, secreção em orofaringe e congestão/ obstrução nasal crônica ○ congestão nasal = nariz entupido ● Uma das causas da adenoidite crônica é o refluxo faringo-laríngeo, que deve ser investigado nos quadros de tosse noturna, disfonia, asma e eructação associados à inflamação da faringe e edema de palato. Hiperplasia adenoideana: ● Obstrução nasal crônica (com roncos e respiração bucal), rinorréia e voz hiponasal. ● OBS.: padrão ouro para diagnóstico de hipertrofia de adenoide = rx de cavum ○ seios da face = tomografia Tonsilas palatinas Amigdalite aguda: ● Febre, dor de garganta, disfagia, adenomegalia cervical, hiperemia de amígdalas, com ou sem exsudato. Amigdalite aguda recorrente: ● Critérios de Paradise: são usados para indicação de amigdalectomia em casos de faringoamigdalite recorrentes: ○ 7 episódios/ano em 1 ano ○ 5 episódios/ano em 2 anos consecutivos ○ 3 episódios/ano em 3 anos consecutivos Amigdalite crônica: ● Dor de garganta crônica, halitose, caseum, edema, adenopatia persistente. ● dor de garganta crônica, halitose, cálculos amigdalianos excessivos (caseum), edema periamigdaliano e adenopatia cervical amolecida persistente. ○ Caseum = bolinhas brancas na garganta. Hiperplasia amigdaliana: ● Roncos, apnéia obstrutiva do sono (SAHOS), disfagia, voz hipernasal. ○ SAHOS = é caracterizada por episódios recorrentes de obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores (VAS) durante o sono ● Em casos extremos, se associada com obstrução nasal e muito intensa (quadro agudo), pode causar insuficiência respiratória aguda. Formas Clínicas das Faringotonsilites Agudas ● As tonsilites faríngeas são de difícil diagnóstico e diferenciação com IVAS e/ou sinusites aguda ou crônica. ● As tonsilites palatinas, pelo contrário, são facilmente visualizadas à oroscopia e devem ser diferenciadas de acordo com sua forma clínica para realização de diagnóstico correto e tratamento adequado. ● Paciente com queixas clínicas (odinofagia) -> fazer oroscopia ● Acometimento agudo da orofaringe e das amígdalas = angina → podem ser divididas nas seguintes formas clínicas: ○ Eritematosas: hiperemia difusa e aspecto congesto de toda a mucosa faríngea, principalmente das tonsilas palatinas, podendo ou não estar presente exsudato esbranquiçado. ○ Eritêmato-pultáceas: presença de exsudato esbranquiçado ou purulento, localizado nas criptas e na superfície das tonsilas palatinas. Este revestimento pultáceo forma manchas puntiformes ou confluentes que se desprendem facilmente da mucosa com o abaixador de língua. ■ hiperemia associada a placas de pus ○ Pseudomembranosas: formação de placas mais ou menos aderentes as amígdalas, que frequentemente invadem o palato mole e úvula. ■ filme recobrindo toda a amígdala CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III ○ Úlcero-necróticas: presença de formação de úlceras profundas, comnecrose de tecido. ■ presença de ulcerações e de debris de necrose nas amígdalas ○ Vesiculosas: presença de vesículas ou de úlceras superficiais que ocorrem devido a erupção das vesículas Anginas Eritematosas e Eritemato-pultáceas ● São as mais frequentes, correspondendo a 90% dos casos. ● Podem ser de origem viral ou bacteriana. ● Anginas eritematosas: mucosa orofaríngea de coloração arroxeada, com amígdalas edemaciadas e frequentemente aumentadas de volume ● Faringoamigdalites eritêmato-pultáceas: além do arroxeamento inflamatório das estruturas da orofaringe, apresentam exsudato esbranquiçado sobre as amígdalas. Este revestimento pultáceo forma manchas puntiformes ou confluentes que se desprendem facilmente da mucosa com o abaixador de língua. Origem viral: ● 75% casos. ● Principalmente em crianças até 3 anos. ○ Importante lembrar da epidemiologia ● Curso limitado e melhora espontânea. ○ Ciclo de duração de 7 dias (inapetência, odinofagia) ● Agentes: Adenovírus (~20%), rinovírus, Coronavírus, Herpes simplex, influenza, coxsackie A, EBV, vírus sincicial respiratório. ● Quadro clínico: dor de garganta e disfagia. ○ Mialgia e febre baixa, associadas a coriza hialina e espirros. ○ O exame físico mostra eritema da mucosa faríngea. As tonsilas podem estar aumentadas, mas frequentemente não há exsudato. ○ Características que sugerem etiologia viral: febre moderada, tosse, coriza e obstrução nasal, ausência de adenopatia ou adenopatia difusa. ● Tratamento de suporte: tratamento sintomático (analgésicos e antiinflamatórios) Mononucleose infecciosa ● Doença sistêmica que acomete principalmente adolescentes e adultos jovens (15 a 25 anos). ● Agente: vírus Epstein-Barr ● Síndrome mono-like: citomegalovírus (CMV), Rubéola, Escarlatina, Toxoplasma gondii, HIV, Trypanosoma cruzi, HIV, entre outros. ○ Existem outros agentes infecciosos que podem simular um quadro de mononucleose infecciosa (síndrome mononucleose-like) ● Transmissão: saliva→ “doença do beijo” ● Quadro clínico: ○ Tríade: febre, angina (dor) e poliadenopatia; ○ Pode ter febre alta e astenia intensa ○ Hepatoesplenomegalia e rash cutâneo. ■ Fazer exame físico gastrointestinal ■ Rash cutâneo: irritação que deixa a pele de cor avermelhada, com consistência de uma lixa ● Esse sintoma pode aumentar quando o doente recebe atb (ampicilina ou penicilina) → é importante o diagnóstico correto ● Pode ser angina eritematosa, eritêmato-exsudativa ou pseudomembranosa. ● Edema de úvula e de palato são sinais característicos da mononucleose infecciosa ● Diagnóstico: ○ Quadro clínico ○ Exames laboratoriais: ■ Hemograma: ● linfocitose linfócitos > 50% da população de leucócitos, linfócitos atípicos (10% ou mais do total) ● Linfocitose = padrão viral ● discreto aumento de transaminases ■ Teste sorológico de Paul-Bunnel-Davidson: pesquisa de anticorpos heterófilos de classe IgM, (positivo após 10-20 dias de doença, com sensibilidade de 90% e especificidade de 98%) ■ Pesquisa de anticorpos IgM e IgG anti-capsídeo viral – padrão ouro (pesquisa de anticorpos heterólogos) ● Ac IgM ou IgG contra antígenos do capsídeo viral (anti-VCA) = ouro ● Os níveis de anticorpos IgM anti-VCA >1:10 e IgG anti-VCA >1:320 evidenciam infecção aguda ou recorrente ● Tratamento: ○ Suporte clínico: hidratação e analgésicos ○ Repouso pelo risco de rotura esplênica ○ Atentar para infecção bacteriana secundária -> necessitam de antibioticoterapia. ● OBS.: Se errar diagnóstico e entrar com atb para doença viral pode dar rash cutâneo Origem bacteriana: ● 20-40% casos. ● Agentes: Streptococcus pyogenes (estreptococo beta-hemolítico do grupo A) (15%), Mycoplasma pneumoniae (adulto jovem), Chlamydia trachomatis. ○ Papel de outras bactérias: Staphylococcus aureus, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis → beta-lactamase. ■ São responsáveis por recaídas de infecções estreptocócicas e atuariam produzindo CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III beta-lactamase, enzimas inativadoras de penicilinas, o que pode dificultar a erradicação dos estreptococos piogênicos durante a terapêutica com beta-lactâmicos. Faringotonsilite estreptocócica ● Causa bacteriana mais comum em crianças de 5 a 15 anos. ○ Usualmente ocorrem após os 3 anos de idade ● Importância: ↑ frequência e risco de complicações tardias. ● Quadro clínico: ○ Início abrupto; ■ Paciente dorme bem e acorda mal - súbito ○ Febre alta; ○ Dor intensa; ○ Adenopatia limitada em cadeia jugular-digástrica; ○ Petéquias em palato ○ Ausência de sintomatologia nasal ou laringo-traqueal ● faringotonsilite eritematosa ou eritemato pultácea, > 3 anos ● Diagnóstico: ○ É clínico!! ■ Exame físico: hiperemia, aumento de tonsilas e exsudato purulento e adenomegalia em cadeia jugulo-digástrica ○ Confirmação laboratorial ■ Padrão-ouro: cultura de material de orofaringe (sensibilidade 90-95%). ● Desvantagem: tempo para resultado ■ Testes de detecção rápida: não fazem parte da rotina médica (custo alto) ● Sensibilidade: 70-95% ● Especificidade: 95% ■ Exames sorológicos: pouca utilidade (↑ Ac em 2-3 semanas). Complicações não supurativas: ● Só a faringoamigdalite bacteriana pelo streptococcus B hemolítico que pode dar! ● Escarlatina: é quando a angina estreptocócica se associa a presença de eritema cutâneo. Decorre da produção da exotoxina pirogênica. Manifestações incluem: ○ Exantema generalizado, constituído por micropápulas róseas confluentes, inicialmente na parte ântero-superior do tórax, se estendendo rapidamente ao restante do tronco e aos membros. ■ Rash cutâneo importante, pele com aspecto de lixa ○ Sinal de Filatov: palidez perioral ○ Sinal de Pastia: surgimento, em linhas de flexão, de petéquias e hiperpigmentação (em região antecubital) ○ Língua em framboesa: papilas linguais hipertrofiadas, salientes sobre fundo intensamente eritematoso ○ O diagnóstico é clínico, mas o ideal é que a suspeita seja confirmada por teste laboratorial. ○ Droga de escolha: penicilina benzatina ○ Questionar história clínica de infecção prévia de faringoamigdalite estreptocócica ● Febre Reumática: principal causa de cardiopatia, adquirida na infância e na adolescência. ○ Pode ocorrer 2-3 semanas após uma infecção de orofaringe causada pelo estreptococos beta-hemolítico do grupo A, ○ Acometendo, preferencialmente a faixa etária de 5 a 15 anos. ○ Apenas 0,3-3% dos pacientes com angina estreptocócica desenvolvem essa complicação ■ Predisposição genética ○ História social: baixo nível socioeconômico ○ Mecanismo patogenético ligado a uma reação cruzada de anticorpos, produzidos contra produtos do estreptococo com estruturas do indivíduo afetado CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III (mimetismo molecular), desencadeando todo o processo inflamatório. ○ Sofre influência de diagnóstico e tratamento corretivo e precoce → influencia diretamente se vai desenvolver febre reumática ou não ○ estrepto atinge as válvulas cardíacas, principalmente mitral e aórtica e pode ○ Diagnóstico: Critérios de Jones modificado ■ 2 critérios maiores ou 1 critério maior e 2 menores, associados a evidência de infecção estreptocócica Critérios maiores Critérios menores Evidências de infecção - Cardite - Poliartrite -Eritema marginado - Coréia - Nódulos - Subcutâneos - Febre - Artralgia - Antecedente de FR - ↑VHS -↑Proteína C reativa - ↑Intervalo PR - Escarlatina recente - Presença de anticorpos (ASLO, anti estreptoquinase, anti-DNAse B) - Cultura positiva ● GNDA (Glomerulonefrite Difusa Aguda) pós-estreptocócica: ocorre após infecção faríngea ou de pele. ○ Cepas nefritogênicas, após infecção faríngea ou de pele; ○ Incidência: 24% dos pacientes expostos às cepas nefritogênicas (1% do total); ○ Síndrome nefrítica (oligúria, hematúria, edema e hipertensão arterial) após 1 a 2 semanas da infecção de orofaringe. ○ Atb não altera taxa de ataque e história natural ■ Não há evidência que a administração de penicilina diminua a taxa de ataque ou altere a história natural da glomerulonefrite. ● Síndrome do Choque Tóxico: ○ Ocorre após infecção ou colonizaçãoestreptocócica de qualquer sítio (pele, mucosas e tecidos moles) ○ Hipotensão associada a pelo menos 2 dos seguintes: ■ Insuficiência renal ou hepática ■ Coagulopatia ■ Síndrome da angústia respiratória do adulto (SARA) ■ Necrose tecidual extensa ■ Rash eritemato-macular/ exantema macular generalizado. Complicações supurativas: ● Conduta: punção e drenagem do espaço comprometido ● Dos demais atb endovenoso e cirurgia ● Abscesso periamigdaliano: ○ Complicação mais frequente de amigdalite aguda. ■ Abscesso mais comum ○ Causado pela extensão do processo infeccioso, surgindo coleção purulenta entre a cápsula da amígdala e a fáscia do músculo constritor superior da faringe ○ Piora unilateral de odinofagia e disfagia, halitose, ↑salivação, mudança da voz (voz de “batata quente”), trismo (paciente não consegue abrir a boca) ○ Eritema e edema periamigdaliano, deslocamento da amígdala em direção da linha média e deslocamento da úvula o sentido contrário ao do lado comprometido ○ Abaulamento unilateral entre o pilar anterior e o posterior ○ Conduta: punção e drenagem do abscesso e ordenha para sair pus→ antibioticoterapia ■ aspiração do material purulento com agulha, em seguida higiene oral, antibioticoterapia e dieta leve. ● Abscesso parafaríngeo: ○ Trismo, limitação dos movimentos cervicais, meningismo, ○ Desvio da parede lateral da faringe e da amígdala em direção à linha média e endurecimento dos tecidos moles cervicais ○ Evolução para abscesso em outro local se não for drenado ○ Dissemina a infecção para o mediastino ○ Grave ○ internação, leucograma, VHS ● Infecções do espaço retrofaríngeo ○ grave ○ Se origina do comprometimento dos linfonodos do espaço retrofaríngeo, por parte de bactérias que infectam primariamente nariz, faringe e seios paranasais (disseminação linfática). ○ Tendência à atrofia desses linfonodos = maior incidência em crianças. ○ Dor, febre, leucocitose, odinofagia e disfagia são freqüentes ○ Deslocamento anterior da parede posterior da faringe, assimetria da faringe ○ A inflamação dos músculos paraespinhais pode provocar o opistótono. Esquema de corte sagital mediano do pescoço Tratamento das Faringotonsilites Bacterianas: ● Uso de penicilina e derivados são primeira escolha no tratamento de amigdalites não complicadas: ○ penicilina G benzatina pode ser usada em dose única de 600.000 UI (peso< 27 kg) a 1.200.000 UI (peso > 27 kg). ○ amoxicilina é a droga mais usada por VO, na dose de 50mg/kg/dia por 10 dias. ● Em caso de suspeita de germes produtores de beta-lactamase preconiza-se o uso de cefadroxil, cefuroxima, azitromicina, clindamicina ou amoxicilina/ácido clavulânico. ● Complicações supurativas: terapêutica é inicialmente clínica, com introdução de antibioticoterapia de amplo espectro, se não se observa melhora nas primeiras 24 ou CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III 48 horas, indica-se a cirurgia para drenagem do espaço comprometido. ● Antibioticoterapia realizada nas primeiras 48 horas dos sintomas está associada a melhora precoce dos sintomas como dor, febre e adenopatia, de 12 a 24 horas antes se comparado ao não uso de antibióticos. ○ Além disso, o uso de antibióticos minimiza a incidência das complicações supurativas. ○ Antibioticoterapia deve ser utilizada de 7 a 10 dias para completa erradicação dos estreptococos. ○ Medidas de suporte incluem: hidratação oral, analgésicos, antitérmicos e o uso de antiinflamatórios não-hormonais e corticóides. Infecção Viral Infecção Bacteriana - Febre - Odinofagia - Hipertrofia ou hiperemia tonsilar com ou sem exsudato - Coriza - Obstrução nasal - Espirros - Tosse e rouquidão - Aftas - Sintomas gastrointestinais - Febre - Odinofagia - Hipertrofia ou hiperemia tonsilar com ou sem exsudato Petéquias palato Adenopatia cervical dolorosa à palpação Tratamento Sintomático: Analgésicos e antitérmicos Penicilina ou Amoxicilina - Alergia: Macrolídeos - Se tto prévio < 30 dias: Amoxicilina-Clavulanato Axetil-cefuroxima Clindamicina Anginas úlcera-necróticas Angina de Plaut-Vincent: ● Simbiose entre Fusobacterium plautvincenti e Spirochaeta dentium ● Essa condição se deve a um conjunto de fatores, como má higiene bucal e mau estado de dentes e gengiva, desnutrição, fumo, outras infecções e estresse. ● QC: Área necrótica recoberta por exsudato pseudomembranoso, geralmente com disfagia e odinofagia unilateral associadas a intensa halitose, porém sem elevação da temperatura. ○ pacientes: moradores de rua, cavidade oral não tratada ● Lesão úlcero necrótica unilateral. exsudato pseudomembranoso. ● Diagnóstico: ○ QC: unilateralidade das lesões e na presença de lesões gengivais concomitantes próximas ao terceiro molar superior ○ O exame bacteriológico auxiliará a evidenciar a natureza fuso-espiralar da angina nos casos de dúvida. ● Complicações ○ Tromboflebite jugular com risco de embolização séptica = Síndrome angina-infarto pulmonar de Lemierre ● Tratamento: ○ Melhora da higiene bucal: escovação de dentes, soluções anti-sépticas bucais; gargarejos ○ Antibioticoterapia: penicilinas ou cefalosporinas, metronidazol ○ Uso de analgésicos sintomáticos. ● Diagnóstico diferencial: sífilis Sífilis: ● Etiologia: Treponema pallidum ● Quadro Clínico: lesão unilateral ulcerada de contornos elevados e endurecidos. ● Cancro sifilítico: ulceração é menos profunda e endurada com consistência lenhosa à palpação protegida. ● Diagnóstico: coleta de amostras e visualização pela microscopia de campo escuro, ou provas sorológicas. ○ raspado da lesão com visualização direta do agente em campo escuro; ○ Sorológico: ■ FTA-abs: mais sensível e específica e a primeira a positivar, porém permanece positiva após a cura ■ VDRL: positivo 1 semana após o surgimento do cancro, mas negativa 9-12 meses após tratamento e deve ser utilizado para o controle de tratamento ● Tratamento: ○ Penicilina Benzatina: 2.400.000 UI – dose única. Câncer de amígdala ● Pacientes com história de tabagismo e etilismo em amígdala ulcerada que não melhora após tratamento clínico, devendo ser biopsiada. ● Diagnóstico: anátomo-patológico. ● Ulceração bilateral de amígdala → pensar em leucemia aguda ou agranulocitose e solicitar um hemograma com urgência ● odinofagia, inapetência, sialorréia, tabagista, perda ponderal ● Comum CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III Anginas vesiculosas ● Vesículas que se rompem ● Acometimento envolve a faringe e mucosa oral ● As vesículas são vistas no início da afecção ○ Podem ser múltiplas e disseminadas. ● Na mucosa buco-faríngea, as vesículas se rompem facilmente e dão lugar a ulcerações pouco profundas recobertas por exsudato esbranquiçado, disseminado ou confluente. ● São principalmente de origem viral. Faringite herpética: ● Herpes simples pode atingir a faringe ● Vírus Herpes Simplex (HSV): gengivoestomatite ou faringite aguda ● Infecta células ectodérmicas na pele e mucosas ● Acomete crianças entre 10 meses (anticorpos maternos) e 3 anos de idade ● Em adolescentes pode manifestar-se como uma faringite exsudativa posterior aguda. ● O vírus é transmitido por perdigotos e contato com lesões ativas. ● O período de incubação é curto ● Quadro sistêmico ● Evolui com lesões vesiculosas que sangram facilmente. ● Pode ser encontrada linfonodomegalia cervical e submental. ● O quadro agudo regride após 7 a 10 dias ● Após a infecção primária, o vírus pode permanecer latente, aparentemente em gânglios nervosos sensitivos por longos períodos, voltando em situações de estresse. ● Tratamento dos sintomáticos: Aciclovir, 200 mg, 5x/dia por 7-10 dias Herpangina: ● Vírus Coxsackie A ● Mesmo vírus da síndrome mão-pé-boca ● Vesículas apenas na região do palato mole ● QC: angina eritematosa com erupção vesiculosa (vesículas pequenas em palato mole, úvula e pilares amigdalianos). ● Ao se romperem, as vesículas deixam ulcerações esbranquiçadas circundadas por halo eritematoso espalhadas por toda orofaringe, poupando a região da mucosa jugal. ● Comum em crianças, principalmente no verão ● Pode ser acompanhada por febre alta,cefaléia, micropoliadenopatia cervical, disfagia e vômitos. ● Resolução espontânea em 5 a 10 dias. ● Tratamento: sintomático → analgésico e hidratação via oral. Síndrome mão-pé-boca ● Vírus Coxsackie A ● As lesões orais que se assemelham às da herpangina, ○ Mais numerosas ○ Não são confinadas às áreas posteriores da boca. ● Dor de garganta e febre leves ● As lesões vesiculares ulceram-se rapidamente e regridem em um período de uma semana. ● A presença de lesões cutâneas é variável, e aparecem principalmente nas bordas das palmas das mãos e plantas dos pés, bem como nas superfícies ventrais e laterais dos dedos. Faringotonsilites crônicas Amigdalites de repetição ● Causadas por bactérias, vírus ou fungos ● Ocorre a prevalência de microrganismos produtores de ß-lactamase. ● Avaliação laboratorial: hemograma completo, dosagem de ferro e zinco séricos, dosagem de IgG, IgM, IgA séricos → investigar possíveis deficiências imunológicas, carenciais e leucoses ● Tratamento: ○ Amigdalectomia: menores taxas de tonsilites, menor uso de antibióticos e melhora na qualidade do sono em crianças submetidas à cirurgia. Tonsilite crônica caseosa ● Criptas ou sulcos profundos que favorecem a deposição de caseum, constituído de restos alimentares, cristais de colesterina, descamação epitelial e leucócitos degenerados. ● Sintomatologia: irritação na garganta ou halitose e saída de material branco de odor fétido das criptas. ● Tratamento: ○ higienização local com anti-sépticos em forma de gargarejos, ○ remoção do material caseoso. ○ criptólise com laser de CO2 ○ amigdalectomia. Adenoamigdalectomia Indicações: ● Obstrução alta de VAS ○ Respiração bucal ○ Malformações crânio-faciais ○ Déficit no crescimento ○ Distúrbios do sono (SAHOS) ● Abscesso periamigdaliano: controverso ● Malignidade ● Amigdalite crônica ● Portador de S. pyogenes – refratários à antibioterapia ● Sinusite crônica/ recorrente ● Otites médias de repetição ● Neoplasia ● Obstrução respiratória com tonsilas palatinas pequenas ● Infecção de repetição -> critérios de paradise: ○ 7 episódios/ano em 1 ano ○ 5 episódios/ano em 2 anos ○ 3 episódios/ano em 3 ano ○ Indicação mais liberal se: hospitalização, abscessos, comorbidades ○ A indicação de tonsilectomia é estabelecida em pacientes com 3 ou mais amigdalites por ano, independentemente de tratamento adequado ou não. OBS.: hipertrofia de adenoide -> diagnóstico por rx de cavum
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