Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III Laringites Introdução ● Laringite = processo inflamatório envolvendo a laringe, agudo ou crônico, infeccioso ou não, localizado ou sistêmico. ● Processo inflamatório atinge a laringe em porção supraglótica, glótica e subglótica Sintomas: ● Principal sintoma: Disfonia (+ frequente) ○ disfonia = rouquidão ● Odinofonia: dor para deglutir ● Disfagia; ● Odinofagia; ● Tosse; ● Dispnéia; ● Estridor. Particularidades em crianças: ● Pode ter complicações maiores: estridor, cianose, obstrução de via aérea ● Devido ao tamanho reduzido da via aérea e da cartilagem aritenóide, grau de edema de mucosa e exsudato formado (obstrui passagem de ar), a evolução da doença costuma ser bem mais rápida Avaliação do paciente ● História: ○ Doenças agudas geralmente precedidas por IVAS; ○ Perfil imune: SIDA, QT, imunossupressores; ○ Tabagismo e etilismo; ○ Exposição à fumaça ou irritantes químicos; ○ Antecedente de IOT; ○ Sintomas de RGE; ○ Manifestações em outros sistemas. ● Exame físico: ○ Exame detalhado da cabeça e pescoço; ○ Laringoscopia indireta e se possível fibroscopia. ● TC em casos selecionados. Laringites infecciosas agudas Laringite viral ● Geralmente associada a infecções virais do trato respiratório superior. ○ Acomete a glote ● Sintomas de resfriado comum: ○ Coriza, tosse, febre baixa, cefaléia e disfonia. ● Agentes: Rinovírus (mais frequente), adenovírus (geralmente com maior dificuldade respiratória), picornavirus, outros. ○ Entrou em contato com rinovírus e causar IVAS -> pode atingir a laringe ● Mucosa laríngea difusamente eritematosa e edemaciada, especialmente acima das PPVV. ● Doença auto-limitada. ● Tratamento: ○ Sintomáticos; ○ Hidratação e repouso vocal. 1- hiperemia de corda vocal; 2- mucosa de coloração normal pós tratamento mucosa hiperemiada, edemaciada, autolimitada Laringotraqueíte Aguda (Crupe) ● Agentes: Parainfluenza tipo 1 e 2, influenza tipo A ● Epidemiologia: ○ Crianças menores 5 anos, sexo masculino; ○ Outono e inverno. ● Quadro Clínico: ○ Duração 3 a 7 dias com início de rinorréia, congestão nasal, febrícula (IVAS) e depois disfonia , estridor, tosse seca (“latido de cachorro”), pior à noite. ● Patogenia: Edema de laringe (subglote) e traquéia. ○ Edema na região subglótica = Sinal da Torre ● Em geral auto-limitado. ● Diagnóstico diferencial: ○ Idade < 1 ano - corpo estranho ○ Duração > 7 dias - estenose subglótica ○ Ausência de resposta ao tratamento - traqueíte bacteriana ● Rx cervical: ○ Estreitamento subglótico (sinal da torre de igreja). ● Tratamento: ○ Umidificação e hidratação. ○ Casos graves: ○ Adrenalina; ○ Corticóide; ○ IOT: pode precisar de via aérea acessória a qualquer momento ○ Evitar insufiência respiratória por edema = ventilar o pacinete Epiglotite ou Supraglotite ● Infecção aguda das estruturas acima das pregas vocais: ○ Epiglote, aritenóides e pregas ariepiglóticas. ● Agentes: bacterianos ○ Haemophilus influenzae tipo B ○ Outros: S. pneumoniae, S. aureus, Estreptococos β-hemolíticos e Klebsiella pneumoniae. CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III ● Vacinação HiB→ diminuição incidência ● Quadro clínico: ○ Início súbito e rapidamente progressivo (2-6 horas); ○ Febre alta, voz abafada, odinofagia intensa, disfagia, evoluindo para um quadro de dispnéia grave com o aparecimento de estridor inspiratório; ○ Posição sentada, com pescoço estendido e boca aberta. ○ Em crianças o quadro clínico é mais grave devido às diferenças anatômicas. ● Diagnóstico: ○ Trata-se de emergência clínica: o diagnóstico deve ser presuntivo! -> geralmente não dá tempo de pedir exames ○ Rx lateral de pescoço ou laringoscopia direta. ○ Laringoscopia indireta não deve ser realizada: pode causar laringoespasmo reflexo seguido de parada cardiorespiratória. epiglote edemaciada -> pode ser necessária via aérea cirúrgica ● Conduta: ○ Internação hospitalar; ○ Suplementação de O2, umidificação, hidratação, corticosteróides sistêmicose antibioticoterapia endovenosa. ○ Evitar posição supina ○ Pacientes menos graves: ■ Observação clínica e fibroscopias seriadas - ↓ n° de intervenção de via aérea, sem ↑mortalidade. ○ Pacientes graves: ■ Intervenção para o estabelecimento de via aérea. ● Complicação: Abscesso epiglótico ○ Raro ○ Tratamento: traqueostomia + drenagem do abscesso. Difteria ● Agente: Corynebacterium diphteriae (toxina) ● Rara (imunização), maiores 6 anos. ● Quadro clínico: ○ Pródromos: febre baixa, tosse, angina, rouquidão com evolução para obstrução respiratória. ○ Edema e eritema de mucosa laríngea com exsudato em placa pseudo-membranoso, difícil de descolar. ○ Toxina pode causar paralisia de PV sem envolvimento laríngeo. ● Diagnóstico: cultura ● Tratamento: ○ Toxina anti-diftérica; ○ Antibioticoterapia (penicilina ou eritromicina); ○ Traqueostomia se necessário para manutenção das vias aéreas (IOT pode descolar placas). Coqueluche ● Agente: Bordetella pertussis ● Mais frequente em crianças abaixo de 6 meses de idade e adultos. ● Diminuiu com a vacinação ● Quadro clínico: ○ Tosse paroxística, dispneia ○ Febre e leucocitose (em geral, acima de 20.000 leucócitos). ● Tratamento: ○ Suporte clínico; ○ Embora não altere o curso clínico da doença, a antibioticoterapia com eritromicina é recomendada. Laringites infecciosas crônicas Considerações iniciais ● Quadro clínico semelhante ao de neoplasia maligna de laringe ○ Sempre afastar es hipótese diagnóstica. ○ quadro clínico difícil de diferenciar ● História e exame físico detalhados são fundamentais. ○ Perguntar histórico de doenças recentes ○ Rouquidão e odinofagia crônica -> perguntar se tratamento anterior de tuberculose, hanseníase, paracoccidioidomicose (se mora em meio rural) ● Biópsia, cultura de fungos e BAAR. ● Saber conduzir laringite crônica ○ Conduta -> diagnóstico por meio de biópsia da laringe, pedir sorologia, pesquisa de baar, vhs, hemograma, fta-abs e vdrl Tuberculose ● Agente: Mycobacterium tuberculosis ● Está entre as principais causas de doença granulomatosa laríngea. ● Quadro clínico: disfonia, odinofagia, dispnéia e odinofonia progressivos. ● Manifestação ORL mais comum é em laringe: ○ A glote é a região mais acometida, seguida pela epiglote, falsa prega vocal, aritenóide e subglote. ● Suspeita: ○ TB no passado, história familiar, e fatores de risco (alcoolismo crônico, imunodepressão, contactantes, tratamento incompleto, diabetes), achados radiológicos pulmonares (em até 80%). ● Laringoscopia: ○ Edema e hiperemia difusa da mucosa, lesões ulceradas ou lesões exofíticas que podem lembrar carcinoma. tecidos de granulação, edema, hiperemia granuloma de corpo estranho após extubar o paciente CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III estenose subglótica - destridor, disfonia, dispneia ● Diagnóstico: Anatomopatológico e cultura. ● Diagnóstico diferencial: Carcinoma. ● Tratamento: ○ Esquema tríplice (rifampicina, isoniazida e pirazinamida); ○ Corticóide: casos potencial para sinéquia. ● Sequelas: Progressão para fibrose e estenose laríngea. Sífilis ● Agente: Treponema pallidum ● Sífilis secundária: ○ Pápulas eritematosas difusas, edema e úlceras, geralmente supra glóticas e freqüentemente apresentam linfoadenopatia cervical. ○ Desaparecem em semanas, mesmo sem tratamento. ● Sífilis terciária (goma): ○ Úlceras, condrite, fibrose e deformidades cicatriciais. ● Diagnóstico: ○ Microscopia de fundo escuro; ○ VDRL e FTA-abs. ■ VDRL a cada 6-12 meses para detectar possível recidiva. ● Tratamento: ○ Penicilina benzatina. ● faz acometimento de laringe posteriormente Hanseníase ● Agente: Bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae). ● Forma Virchowiana é a mais debilitante e mais comum na laringe. ● Locais de acometimento ORL: ○ Nariz (“hansenomas”, perfuração septal, rinite atrófica), lóbulo orelha e laringe. ○ Difícil acometimento apenas na laringe, primeiro acomete outras regiões, como nariz ● Acometimento laríngeo: ○ Mais comum em epiglote, seguida pela prega ariepiglótica e a cartilagem aritenóide. Causam cicatrizes retráteis que alteram a fonação ea respiração. ○ Lesão granulomatosa na laringe é posterior aos outros sintomas ● Quadro clínico: ○ Voz abafada, podendo ocorrer disfonia com a evolução da doença (acometimento da glote). ○ Odinofagia, otalgia referida e odinofonia são queixas incomuns. ○ EF: lesões nodulares ou ulceração, que se não tratadas podem evoluir para estenose laríngea. ● Diagnóstico: ○ Biópsia: infiltrado celular inflamatório crônico com células contendo os bacilos de Hansen. ● Tratamento: ○ Dapsona, associada a outras drogas, como a rifampicina (resistência bacteriana é frequente). ■ Paucibacilares: 6 meses a 3 anos. ■ Multibacilares: mínimo de 2 anos. Histoplasmose ● Agente: Histoplasma capsulatum ● Quadro clínico: ○ Forma pulmonar aguda: ■ Tosse e dor→ cura. ○ Em imunossuprimidos: ■ Disseminação hematogênica, com acometimento sistêmico, podendo ocorrer envolvimento oral ou laríngeo. ○ Forma laríngea: Granulomas superficiais que podem ulcerar epiglote, pregas ariepiglóticas e falsas cordas. ● Diagnóstico: ○ Isolamento do agente em cultura (bx). ○ Biópsia com cultura ● Tratamento: ○ Cetoconazol (imunocompetente) ou anfotericina B (imunossuprimido ou acometimento SNC). ■ antifúngico Lesões vegetantes, ulceradas Blastomicose ● Agente: Blastomyces dermatitidis ● Paciente oriundo de meio rural, tabagista ● Acometimento laríngeo (raro) ● Forma laríngea: Pequenas lesões eritematosas, abscessos e ulcerações. Fibrose pode levar à fixação PPVV. Facilmente confundido com carcinoma. ● Diagnóstico: ○ Cultura e AP (anatomo-patológico) ● Tratamento: ○ Cetoconazol ou Anfotericina B (na falha terapêutica ou intolerância aos imidazóis). CLÍNICA MÉDICA III - CICLO III Paracoccidioidomicose ● Agente: Paracoccidioides brasiliensis ● Mais comum em homens (14:1) provenientes da zona rural ○ Fazer biópsia ● Quadro clínico: ○ Tosse produtiva, dispnéia e febre. ○ Doença disseminada: (mais comum em crianças e adulto jovens) ■ Apresenta-se com úlceras orofaríngeas, adenopatia cervical e granulomatose que pode envolver a laringe e a árvore tráqueo-brônquica. ● Diagnóstico: ○ Anatomopatológico ○ Visualização do fungo birrefringente com aspecto de “roda de leme” na pesquisa direta de lesões supuradas ou escarro, ou no isolamento do agente em cultura. ● Tratamento: ○ Derivados imidazólicos por 1 a 6 meses. ○ Em lesões presentes em regiões que podem fazer sinéquias, deve-se fazer uso concomitante de corticosteróides. Candidíase ● Agente: Candida sp - Flora normal da orofaringe. ● A candidíase laríngea pode ser um achado isolado ou acompanhar um quadro de infecção sistêmica. ● Corticoide inalatória por longo tempo pode gerar candidíase ○ Bombinha de asma por longo período ● É uma doença definidora de SIDA. ● Achados clínicos: ○ Enantema, placas esbranquiçadas esparsas ou vegetantes na laringe usuário de CE via inalatória imunocompetente (forma branda) imunocompetente (forma agressiva) imunossuprimido
Compartilhar