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CLÍNICA MÉDICA - CICLO III Herpes Zoster Conceito Infecção dermatológica de etiologia viral podendo acometer qualquer região do corpo, levando a sintomas variados ● Nome popular = “cobreiro” (termo popular genérico) ● Diferente da herpes simples -> aparece em região ao redor da boca ● Agente etiológico: vírus varicela-zoster ● Na infância: causa varicela, primoinfecção do vírus varicela-zoster ● Mesmo vírus que causa varicela (vírus varicela zoster) ● Primo infecção = primeiro contato com o vírus, geralmente na infância -> causa varicela (catapora) -> é autolimitada ○ Coça -> abre porta de entrada -> entrada de bactérias no local -> pode evoluir para uma infecção bacteriana, como erisipela ○ Vírus chega aos gânglios da medula espinal -> pode acometer pares cranianos -> ficam quiescentes ■ Sara da varicela e alguns vírus permanecem dentro do organismo nos gânglios ● Doença herpes zoster: reativação do vírus ○ Se imunossupressão -> vírus varicela-zoster se multiplica e causa novo processo infeccioso, gerando a herpes zoster -> se multiplica no sentido/ trajeto de um nervo = neurotrópico (afinidade por neurônios) ■ Faixa no tórax -> vírus se multiplica em sentido do nervo, causando processo inflamatório, irritativo que causa inflamação no feixe nervoso -> pele hiperemiada, com sinais inflamatórios característicos e com formação de vesículas que formam crostas ● 70% da população teve contato com o vírus (geralmente na infância) ● Nem todos que tem o contato com o vírus varicela-zoster evoluem para o herpes-zoster -> questões genéticas Características do vírus ● Vírus neurotrópico: dissemina e adentra o gânglio nervoso, permanecendo quiescente -> quando oportunidade de se multiplicar, segue o trajeto do nervo ● Permanece latente nos neurônios e gânglios (inclusive de pares cranianos e medula espinhal) ● Vírus percorre pares cranianos e atinge novamente a pele, respeitando sempre o dermátomo ○ Lesões em faixa no trajeto do nervo -> lesões em dermátomos ○ Áreas onde os nervos espinhais saem da medula e inervam áreas específicas = dermátomo ■ Feixes têm trajetos específicos = dermátomos ■ Ex.: nervo da medula até a região cervical ● Dermátomo: área da pele que é inervada por fibras nervosas que se originam de um único gânglio nervoso central Dermátomos 3- Lesões em dermátomos ● Lesões em dermátomos (vírus segue o trajeto de um nervo, da medula até a região toracoabdominal) ● Pode ter edema na pele ● Formação de vesículas (pequenas bolhas contendo líquido seroso) -> possui vírus dentro ○ OBS.: diferente de flictena -> grande ● Com o tempo, as vesículas perdem líquido e ficam crostosas = formam crostas -> paciente apresenta prurido -> rompimento das crostas -> formação de porta de entrada = infecção bacteriana associada -> presença de pus vazando do local Quadro clínico ● 1° episódio pode ocorrer anos após primoinfecção ○ O tempo para ocorrência da herpes zoster após a primo infecção depende do organismo do indivíduo, sistema imunológico e capacidade de defesa (podendo inclusive nunca ter a herpes zóster) ● Mais comum após 40 anos, especialmente em idosos ○ 1º quadro de herpes zoster ocorre após os 40 anos, pois o organismo tem queda de metabolismo, sistema imunológico deficitário = defesas do organismo ficam mais fragilizadas -> imunidade reduzida -> facilita a disseminação do vírus ● Principal característica da doença: manifestação em um dermátomo unilateral ○ Vírus normalmente pega apenas 1 dermátomo ● Sintomas iniciais (pródromos): dor em queimação na área do dermátomo acometido e pode apresentar febre CLÍNICA MÉDICA - CICLO III ○ Processo inflamatório no nervo acometido -> inflamação é um processo irritativo para neurônios = despolarização neuronal (emite mensagem sensitiva interpretada como dor constantemente) - como não acometeu pele não tem alteração visível mas tem dor em queimação em dermátomo = PRÓDROMO (ocorre antes das lesões de pele) ■ Pode ter quadro febril (baixa) ○ Depois aparecem as lesões de pele ■ Lesões com vesículas + hiperemia local ■ Crosta = já tem processo cicatricial - gera prurido e se abrir porta de entrada pode infectar ● Após dias: aparecimento lesões vesiculares agrupadas com base eritematosa, dolorosa (inflamação do gânglio reativado) ● Acomete mais nervos intercostais (50%) seguido de trigêmeo (15%), cervical, lombar e lombo sacro Onde tem a lesão há dor ● Vesículas tornam-se crostosas e desaparecem em 2-4 semanas ● Pode ter infecção bacteriana associada 1- Pródromo Lesão inespecífica 2- Lesões com vesículas de líquido (conteúdo seroso) + hiperemia Momento que geralmente realiza o diagnóstico 4- Evolução para quadro mais grave -> infecções bacterianas associadas (formação de pus, área hiperemiada, presença de vesículas e crostas - secreção esverdeada) Complicações 1- Neuralgia pós herpética ● Principal complicação: 10-15% dos casos ● Mais comum em idosos e imunossuprimidos ○ Idoso e imunossuprimido - sistema imune tem dificuldade para destruir ● Dor em queimação e alteração de sensibilidade na área afetada após desaparecimento das lesões (hipo ou hiperestesia) ○ Alterações de sensibilidade: hipoestesia ou hiperestesia ● Trata o paciente, consegue destruir o vírus -> alguns podem ficar no gânglio e permanecem quiescentes, mesmo depois do vírus ser destruído em outras regiões do organismo ● Pode persistir por meses ou anos se não tratada ○ OBS.: Quanto mais tempo demorar para tratar maior o risco de prolongar a dor ● Trata a herpes -> melhora das lesões de pele, mas a dor em queimação persiste mesmo após o tratamento ○ Mesmo com vírus destruído, o neurônio permanece com inflamação e continua a despolarização e geração de dor em queimação (persiste) ○ Despolarizando de forma contínua por tempo prolongado e com variação individual Vírus cresce no sentido do feixe nervoso - processo irritativo local - passa perto da pele - inflamação acomete a pele e forma lesões características 2- Herpes-zóster oftálmico ● Complicação quando o vírus acomete o nervo trigêmeo ● Acometimento de ramo oftálmico do trigêmio, podendo atingir córnea, estruturas do olho -> risco de amaurose (cegueira) ● Envolvimento do ramo nasociliar formando vesículas na ponta ou lado do nariz: sinal de Hutchinson ○ Ramo nasociliar -> desce até a ponta do nariz de forma retilínea = é um ramo sensitivo que passa próximo a pele -> se acometer esse ramo -> acomete o nervo e causa inflamação na pele = risco vermelho doloroso Atingiu córnea, estruturas do olho -> risco de amaurose CLÍNICA MÉDICA - CICLO III Sinal de Hutchinson (acometimento do ramo nasociliar) + acometimento de região periorbitária Olho edemaciado (pálpebra superior principalmente), esclera hiperemiada, abertura ocular 3- Paralisia facial: lesões no ouvido externo com acometimento do gânglio geniculado e nervo facial: ● Vírus acomete o 7º par craniano (facial) -> paralisia facial ○ Processo inflamatório interfere em sua função -> perda da capacidade de contração -> plegia de hemiface ○ Acometimento de nervos motores -> lesão de pele não é visível, pois os nervos são mais profundos = paralisia facial ● Sinal de ramsay-hunt: lesão de nervo facial e vestíbulo coclear ○ Paralisia facial + vertigem + perda de audição + zumbidos ○ Associação de paralisia facial periférica e sintomas vestibulococleares (vertigem, zumbido,hipoacusia) ○ Nervo facial (7º par) e vestíbulo coclear (8º par) passam juntos pelo mesmo canal ósseo e se separam ○ Processo inflamatório do 8º par (canais semicirculares - equilíbrio e cóclea - audição): vertigem, perda da audição e zumbidos (ruído contínuo sem a presença de estímulos) ● Se vírus chega ao encéfalo -> encefalite herpética (processo inflamatório) -> crescimento do encéfalo (expansão) dentro de uma caixa fechada -> hipertensão intracraniana = complicações graves (vômito, mal estar, alteração de consciência, coma) ● Paralisia facial = herpes pode atingir pavilhão auricular ○ Hemiplegia facial (acomete apenas um dos lados) ○ OBS.: Pode acometer mucosa, porémé menos comum Hemiplegia facial, acometimento de mucosas ● Acometimento de musculatura pupilar -> perda da capacidade de reflexo pupilar -> anisocoria ○ Pupila de Argyll-Robertson: anisocoria, miose e deformidade de pupila Anisocoria (miose + midríase) Diagnóstico: Clínico!! Anamnese e exame físico ● Sinais e sintomas ● Questionar se já teve varicela na infância Método de Tzanck ● Exame padrão ouro ● Confirmação da herpes-zoster pelo método de Tzanck ○ Se dúvida diagnóstica -> método que ajuda a fechar o diagnóstico ● Amostra do tecido afetado ● Células de tzanck: células epiteliais com multinucleação no exsudato das lesões vesiculares: ○ Presença dessas células fecha o diagnóstico ○ Porém, ocorre em 50% dos casos de infecção herpética Teste de Tzanck Camada córnea (células mortas) -> epiderme -> derme -> hipoderme Célula grande e central, multinucleada (roxa) = célula de Tzanck Pequenos pontos roxos: células inflamatórias Tratamento: ● Indicado se iniciado até 72 horas após início dos sintomas ○ Reduz tempo de sinais e sintomas ○ Reduz risco de neuralgia pós herpética ● Se sintomas mais de 72 horas -> não iniciar tratamento medicamentoso ○ Vírus manifestando -> tem produção de anticorpo = com o tempo tem cessação da doença (corpo capaz de combater doença) ● Tempo de combate da infecção = 72 horas ○ Antes de 72h de sintomas -> tratamento medicamentoso auxilia o organismo (antes de produzir anticorpo, reduz carga viral com medicamento) ○ Após 72 h de sintomas -> organismo com anticorpo é capaz de combater vírus -> medicamentos tem efeitos colaterais = medicamento não vai influenciar na carga viral e gera efeitos colaterais -> iatrogenia (na teoria) ■ Porém, na prática: realiza tratamento medicamentoso para evitar complicações (principalmente em idosos e imunossuprimidos) CLÍNICA MÉDICA - CICLO III Opções: ● Aciclovir via oral 800 mg 5x/dia por 7-10 dias ○ Problema -> posologia (5x/dia) = administração do medicamento em horários noturnos dificultando adesão do paciente. ○ OBS.: Aciclovir em pomada (uso tópico) -> não tem resultado eficaz quando a região atingida é extensa ■ Não usar somente em monoterapia -> sempre associar à medicação oral ■ OBS.: uso da pomada isolado em herpes simples ● Fanciclovir via oral 800 mg 3x/dia por 7 dias, ● Valaciclovir via oral 1000 mg 3x/dia por 7 dias ● OBS: não tampar lesão = evitar produção de bactérias anaeróbicas -> risco de infecção Se neuralgia pós herpética: ● Teve infecção - tratou e melhorou o quadro infeccioso = dor permanece -> tratamento para dor crônica ○ Usar até a cessação da dor = geralmente a dor desaparece em 6 meses -> administração por 6 meses e avalia se dor cessou (realiza desmame) ->, se necessário continuar até cessação ● Anticonvulsivante: Carbamazepina 200 mg 2x/dia ○ Usar em subdose (não na dose anticonvulsivante) ○ OBS.: tricíclicos (Amitriptilina) também são bons para dor crônica (avaliar contraindicações) ○ Pregabalina também é uma opção ● Aplicação tópica de creme capsaicina 0,025-0,075% ○ Alívio dos sintomas de queimação na pele ○ Não usar em monoterapia -> associar com uso oral (ex.: carbamazepina + capsaicina) Herpes-Zoster em imunodeprimidos ● Pacientes imunodeprimidos -> toda doença é mais grave ● Comum em pacientes com HIV e transplantados ● Acometimento extenso, com mais de um dermátomo envolvido ○ Herpes não segue o trajeto do nervo somente -> tendência a seguir vários nervos -> pode acometer todo hemitórax, região cervical, face = extenso ● Quadro recorrente ● Risco de complicações Tratamento, principalmente casos graves: ● Hospitalar!!! ● Aciclovir endovenoso 10 mg/kg 8/8 h por 10-14 dias ● Corticóide: contraindicado ○ Devido à ação imunossupressora (piora do quadro) ○ Não é indicado em nenhum paciente com herpes zoster Acometimento extenso Quadro mais grave e complexo Lesões escuras = crostas
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