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RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA SP 3.2 – ACELERADO – (SÍNDROME CONSUMPITIVA DO SISTEMA ENDÓCRINO – TEREOTOXICOSE) FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA 1. FISIOLOGIA DA TIREOIDE A glândula tireoide consiste em dois lobos laterais conectados por um istmo relativamente fino, geralmente localizado abaixo e anterior à laringe. A tireoide é dividida em lóbulos, cada um composto por cerca de 20 - 40 folículos uniformemente dispersos. As células responsáveis pela produção dos hormônios da tireoide são chamadas de células foliculares, sendo elas especializadas em armazenar, sintetizar e secretar os hormônios. Os hormônios tireoidianos são derivados da tirosina e possuem em seu interior o oligoelemento iodo. Sendo assim, para compreendermos a função da tireoide temos que ter em mente o ciclo do iodo e a regulação hormonal através do eixo hipotálamo- hipófise-tiroide. O iodo é um elemento proveniente da água dos alimentos, sendo absorvido pelo TGI. A OMS determina que a ingesta de iodo deve ser de 150 micrograma/dia. Uma ingesta inferior a 50 micrograma/dia impossibilita a tiroide de produzir seus hormônios. Até o ano de 1.956 o Brasil sofria com o hipotireoidismo (endêmico – bócio), sendo erradicado com a inserção do iodo no sal de cozinha através de uma lei. O eixo que regula a ação da tiroide é o eixo hipotálamo-hipófise-tiroide. O mesmo inicia através da secreção de um peptídeo chamado TRH (hormônio liberador de tireotrofina) o qual é sintetizado pelos neurônios hipotalâmicos. Uma vez secretados, o TRH cai na circulação porta-hipofisária e estimula a hipófise a secreção do TSH (tireotrofina) pela sua interação com receptor na membrana do tireotrofo. O TSH é uma glicoproteína liberada de forma pulsátil (não relacionada com o ciclo circadiano, mas apresentando um pico entre 00h e 04h). A concentração de TSH varia de 0,5-5 um /L. O TSH realiza algumas funções importantes: (1) efeito trófico na tiroide , causando uma hipertrofia e aumento da vascularização da glândula; (2) aumento da produção de hormônios tiroidianos (T3 e T4) pelo estímulo enzimático; (3) maior estímulo na liberação desses hormônios. Cabe ressaltar que na regulação do eixo hipotálamo- hipófise-tiroide há uma retroalimentação negativa na qual os hormônios tiroidianos apresentam a capacidade de suprimir a secreção do TSH. A compressão dessa retroalimentação é fundamental para classificarmos os distúrbios como primários (tiroide) e secundários/terciários (hipófise e hipotálamo). A dosagem do TSH é determinante para tal classificação, sendo que nos distúrbios primários o TSH SEMPRE varia de forma inversa, devido ao feedback negativo. Por exemplo, em uma situação de hipertireoidismo primário teremos hormônios tiroidianos T3 e T4 aumentados e TSH suprimido. Os hormônios tiroidianos (T3 e T 4) são transportados na circulação sanguínea através de carreadores (proteínas plasmáticas), são eles: TGB (globulina ligadora de tiroxina 70%), TBPA (pré- albumina ligadora de tiroxina, ou transtirretina 10%) e albumina (15%). As concentrações plasmáticas desses hormônios refletem muito mais a fração ligada a essas proteínas. Apesar de representar uma pequena concentração a fração livre é a que possui maior importância clínica e fisiológica, pois é esse quantitativo que penetra nos órgãos-alvo e que regulam o eixo hipotálamo-hipófise-tiroide. Mesmo em um estado normal ou eutireoideo certas condições podem interferir nos níveis plasmáticos das proteínas carreadoras e interferir na concentração de T4 e T3 totais. Por exemplo, o aumento da concentração de proteínas carreadoras, RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA TGB, aumentam a concentração plasmática dos hormônios, enquanto reduz a sua fração livre . Por outro lado, algumas condições permitem a redução da afinidade dos hormônios com essas proteínas carreadoras, provocando queda dos níveis plasmáticos. O metabolismo dos hormônios tiroidianos ocorre de forma desigual, sendo que a glândula produz 20x mais o T4 em relação ao T3, correspondendo uma proporção de 95% para 5%. Como sabemos, o hormônio ativo da tiroide é o T3, sendo uma grande parte desse T4 é convertido pelos tecidos periféricos (fígado e rins) através da ação de enzimas (neste caso a desiodase tipo 01). Sendo assim, a maior parte do T3 circulante não vem diretamente da tiroide, mas em grande parte dessa conversão periférica. Por exemplo, a inibição dessa enzima produz um quadro de hipotireoidismo com queda imediata dos níveis de T3. Por outro lado, no hipertiroidismo essa enzima é estimulada, justificando o aumento significativo do T3. Outra enzima importante que atua nessa conversão é a desiodase tipo 02 presente no SNC, sendo relacionada com a regulação do eixo. Desse modo, o T4 é convertido em T3, a nível central, e regula o eixo através do feedback negativo como descrevemos acima. Lembrando que a desiodase tipo 02 apresenta ação apenas a nível central. Além disso, como nem todo T4 é convertido em T3 (apenas 35%) o restante (65%) é convertido em T3 reverso pela desiodase tipo 03. O T3 reverso é um composto inativo o qual é degradado posteriormente pela desiodase tipo 01. Homeostasia do eixo hipotálamo-hipófise-tireoide e mecanismo de ação dos hormônios tireoidianos. A secreção dos hormônios tireoidianos (T 3 e T4) é controlada por fatores tróficos secretados pelo hipotálamo e pela hipófise anterior. Os níveis reduzidos de T3 e T4 estimulam a liberação do hormônio de liberação da tireotrofina (TRH) pelo hipotálamo e do hormônio estimulador da tireoide (TSH) pela hipófise anterior, fazendo com que os níveis de T3 e T4 se elevem. Os níveis elevados de T3 e T4, por sua vez, suprimem a secreção tanto do TRH quanto do TSH. Essa relação é denominada alça de feedback negativo. O TSH se liga ao receptor do TSH sobre o epitélio folicular tireoidiano, o que provoca a ativação das proteínas G , a liberação de AMP cíclico (cAMP ) e a síntese e liberação de hormônio tireoidiano (isto é, T3 e T4) mediadas pelo cAMP. Na periferia, T3 e T4 interagem com o receptor do hormônio tireoidiano (TR) e formam um complexo que se transloca para o núcleo e se liga aos assim denominados elementos de resposta tireoidianos (TREs) em genes-alvo, iniciando, assim, a transcrição. ---------------------------------------------------------------------- MECANISMO DE AÇÃO HORMONAL O mecanismo de ação dos hormônios tereoidianos é semelhante ao que ocorre com os esteroides e vitaminas D e A. O T4 apresenta um papel de pró- hormônio no qual é convertido em T3 o qual penetra no núcleo da célula e interage com o receptor TR. Uma vez que essa ligação se estabelece uma região do DNA nuclear é nomeada de elemento de resposta do hormônio tireoidiano (TRE) a qual promove um aumento ou diminuição da RNA polimerase, resultando em interferência na síntese de RNA e proteínas na célula (efeito hormonal). Sobre os efeitosdos hormônios tiroidianos: → Eles atuam no desenvolvimento fetal a partir da 11ª semana de gestação participando do desenvolvimento e crescimento cerebral e maturação óssea. → Sua influência no metabolismo é mais conhecida através do consumo de oxigênio e RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA produção de calor em todos os tecidos, exceto no cérebro, baço e testículos. → Sua influência no sistema cardiovascular desencadeia produção de miosina, melhorando a contratibilidade miocárdica, além de melhorar o relaxamento miocárdico diastólico. Além disso, permite o aumento dos receptores beta- adrenérgicos no coração. Em síntese, apresentam importantes efeitos ionotrópicos e cronotrópicos positivos (maior débito e maior frequência). → Os efeitos nos outros sistemas: na função cerebral causa maior estímulo no raciocínio e maior capacidade de concentração; neuromuscular permite maior contratibilidade e aumento dos reflexos tedinosos (lembrar da situação problema); aumento na produção de eritropoietina; no TGI aumenta a motilidade da musculatura lisa, aumento da reabsorção óssea, catabol ismo proteico, glicogenólise, lipólise e gliconeogênese; auxilia na degradação de colesterol e atua na função ovariana. ----------------------------------------------------------------------- MÉTODOS DE DOSAGEM HORMONAL E SUA INTERPRETAÇÃO Quanto a dosagem sérica de T3 e T4 ela pode ser realizada por radioimunoensaio. Cabe lembrar que a concentração plasmática de T3 e T4 não dependem somente da função tireoidiana, mas também da sua relação com a concentração plasmática das proteínas carreadoras e de sua afinidade. Desse modo, a dosagem de T3 e T4 total não reflete a função tireoidiana. A função tireoidiana é avaliada através da dosagem das frações livres de T3 e T4, sendo que são as formas que penetram nas células-alvo e regulam o eixo hipotálamo-hipófise-tiroide. Na prática, podemos dosar o T3 total já que não sofre tanta in fluência das proteínas carreadoras quanto o T4. Entretanto, no hipotireoidismo o aumento de TSH aumenta a produção mais de T3 do que de T4. Portanto, o T3 não é um bom marcador para ser dosado nesta situação. Quanto a dosagem do TSH sabemos que é fundamental para estabelecermos a causa dos distúrbios tiroidianos. Sendo assim, não basta saber os níveis de T3 e T4, o nível sérico de TSH é fundamental para estabelecer se o distúrbio é primário, secundário ou terciário. No hipertireoidismo primário o aumento dos hormônios tiroidianos suprime os níveis plasmáticos de TSH. Com menos TSH os níveis de T4 livre e T3 livre pode se apresentar normal. 2. DIFERENCIAR HIPERTIREOIDISMO, HIPOTIREOIDISMO E TIREOTOXICOSE TIREOTOXICOSE E HIPERTIREOIDISMO Tireotoxicose é definida como a síndrome clínica de hipermetabolismo resultante do aumento dos níveis séricos de tiroxina (T4) e/ou tri-iodotironina (T3) totais ou livres. O termo tireotoxicose não é sinônimo de hipertireoidismo, que corresponde à elevação dos níveis de hormônios da tireoide causado por aumento na sua biossíntese e secreção pela glândula tireoide. Mas por ser mais comumente provocada pela hiperfunção da glândula tireoide, a tireotoxicose é frequentemente conhecida como hipertireoidismo. Embora, muitas vezes são usadas como sinônimos, esses dois termos não possuem o mesmo significado, já que existem causas de tireotoxicose sem hipertireoidismo , quando, por exemplo, a fonte dos hormônios tireoide em excesso não é a hiperprodução pela tireoide, como ocorre na tireotoxicose factícia (causa pelo uso abusivo de hormônio tireoidiano exógeno), nas tireoidites (em que a lesão tecidual libera os hormônios tireoidianos previamente estocados). Em determinadas condições, contudo, o excesso de oferta está relacionado à liberação excessiva de hormônio tireoidiano pré-formado (p. ex., na tireoidite) ou provém de uma fonte extraordinária, que não a glândula tireoide hiperfracionante. Por exemplo, a tireotoxicose pode resultar da destruição RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA dos folículos da tireoide e tireócitos em várias formas de tireoidite ou ser causada pela ingestão excessiva de hormônios tireoidianos. A forma mais comum de tireotoxicose por hipertireoidismo é a doença de Graves. A determinação da etiologia da tireotoxicose é importante a fim de estabelecer uma terapia racional. Por motivos didáticos, tireotoxicose é dividida em decorrente de hipertireoidismo e não associada a hipertireoidismo. ➢ Tireotoxicose é uma síndrome clinica decorrente do excesso de hormônios tireoidianos, por qualquer etiologia. ➢ Já o hipertireoidismo é um termo utilizado para a tireotoxicose atribuida ao excesso de produção de hormônios pela glândula tireoide, ou seja, em que há uma tireoide hiperfuncionante. Portanto, falando estritamente, o hipertireoidismo é apenas uma categoria de tireotoxicose (embora a mais comum). As manifestações clínicas da tireotoxicose são verdadeiramente multiformes e incluem alterações pertinentes ao estado hipermetabólico induzido por quantidade excessiva de hormônio tireoidiano, assim como aquelas relacionadas à hiper-reatividade do sistema nervoso simpático: • Sintomas constitucionais: A pele das pessoas tireotóxicas tende a ser macia, quente e enrubescida; a intolerância ao calor e a sudorese excessiva são comuns. O aumento da atividade simpática e o hipermetabolismo resultam em perda ponderal a despeito do aumento do apetite. • Gastrointestinal: O estímulo do intestino resulta em hipermot il idade, má absorção e diarreia. • Cardíaco: As palpitações e a taquicardia são comuns; os idosos podem desenvolver insuficiência cardíaca congestiva como consequência da agravação de doença cardíaca preexistente. • Neuromuscular: Os pacientes frequentemente experimentam nervosismo, tremor e irritabilidade. Quase 50% desenvolve fraqueza muscular proximal (miopatia tireoidiana ). • Manifestações oculares: Olhar amplo, arregalado, e atraso palpebral (lid lag) estão presentes devido à hiperestimulação simpática do elevador da pálpebra superior. No entanto, a verdadeira oftalmopatia tireoidia na associada à proptose é uma característica somente observada na doença de Graves. ____________________________________________ HIPOTIREOIDISMO O hipotireoidismo é definido como uma síndrome clínica e laboratorial decorrente de deficiência na ação periférica dos hormônios tireoidianos tri-iodoteronina [T3] e tiroxina [T4]. É a doença mais comum que acomete a glândula tireoide, podendo ser classificada em hipotireoidismo congênito ou adquirido. Além disso, existe a classificação de hipotireoidismo primário, em que há comprometimento da tireoide, levando à diminuição da produção e secreção de T3 e T4. O hipotireoidismo secundário refere-se ao acometimento da hipófise, com diminuição na secreção de hormônio estimulador da tireoide (TSH) e, RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA consequentemente, sua ação na tireoide; e o terciário, à diminuição de secreção de hormônio liberador de TSH (TRH). Os hipotireoidismos secundário e terciário podem ser chamados de hipotireoidismo central. A resistência aos hormônios tireoidianos é uma causaextremamente rara em que o hipotireoidismo pode se manifestar. 3. ENTENDER A EPIDEMIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, QUADRO CLINICO, DIAGNÓSTICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DO HIPERTIREOIDISMO CONCEITO O hipertireoidismo é uma das manifestações da tireotoxicose. O hipertireoidismo é definido como a hiperfunção da glândula tireoide, ou seja, vai ocorrer um aumento na produção e liberação de hormônios tireoidianos (levotiroxina e triiodotironina). A Doença de Graves é a principal causa de hipertireoidismo atualmente, sendo responsável por 60-90% de todos os estados de tireotoxicose na prática médica. O hipertireoidismo apresenta outras etiologias: (1) presença de nódulo tireoidiano, os quais podem estimular a síntese e secreção de hormônios; (2) a tireoidite indolor, inflamação que pode resultar no aumento da secreção de hormônios tireoidianos; (3) tireoidite pós-parto; (4 ) tireoidite subaguda (granulomatosa), causada por ação de um vírus; (5) uso de medicamento em excesso. ____________________________________________ EPIDEMIOLOGIA A incidência de hipertireoidismo é mais frequente em mulheres (cinco para cada homem) e em tabagistas. A prevalência geral, que é de aproximadamente 1%, aumenta para 4 a 5% em mulheres idosas. O hipertireoidismo subclínico ocorre em 0,3 a 1% d a população e em 2% dos idosos. Entre as diversas causas de hipertireoidismo, a doença de Graves representa a etiologia mais comum, correspondendo a 60 a 80% dos casos de tireotoxicose. O adenoma tóxico e as tireoidites são menos comuns (1%). O hipertireoidismo também pode ser induzido por uso de medicamentos, em especial por amiodarona, levotiroxina e lítio. A prevalência do bócio nodular tóxico é, em geral, maior em áreas com carência de iodo na alimentação, podendo corresponder a mais de 30% dos casos de hipertireoidismo, ao contrário das regiões. ____________________________________________ ETIOLOGIAS ➔ DOENÇA DE GRAVES A doença de graves é uma desordem autoimune, que apresenta como características uma síntese e secreção excessiva de hormônios da tireoide e achados clínicos muito típicos. É uma síndrome caracterizada por hipertireoidismo, oftalmopatia, dermopatia localizada (mixedema pré- tibial) e, raramente, acropaquia. Em geral, o bócio e o excesso de hormônio tireoidiano são os aspectos predominantes. ____________________________________________ RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA EPIDEMIOLOGIA: Etiologia mais comum de hipertireoidismo: 60 a 80% dos casos de tireotoxicose. Sua prevalência é incerta, mas estima-se que afete 0,4 a 1% da população. Essa doença é 10 vezes mais frequente em pacientes do sexo feminino, talvez, em parte pelos efeitos moduladores dos estrógenos no sistema imunitário. A incidência anual em mulheres é de 0,5 a cada mil, com maior risco de ocorrência entre 40 a 60 anos; é 8 a 10 vezes menos frequente em homens e incomum em crianças. Seu pico de incidência é entre os 20 e os 40 anos. A doença de Graves é seguida por bócio multilocular (10 a 30 %), que é mais comum em idosos. Sugere-se que alguns efeitos emocionais possam desencadear a doença, principalmente sobre situações de estresse, visto que esse estado induz uma imunodepressão, por mecanismos talvez mediados pelo cortisol. Além disso, o tabagismo tem sido bastante relacionado à ocorrência de oftalmopatia e ao hipertireoidismo. Em ambientes iodo-deficientes , a exposição ao iodo suplementar pode precipitar a doença de graves em alguns indivíduos. Existe, na doença de graves, uma predisposição familiar importante, com cerca de 15% dos pacientes apresentando um parente com a mesma desordem. Além disso, há uma maior predisposição do aparecimento desse distúrbio na gravidez, quando a tolerância imunológica é baixa. É importante também, termos em mente a associação de doença de Graves com outras desordens autoimunes como o DM tipo 1, a doença de Addison, miastenia gravis, lúpus eritematoso e vitiligo. Há evidências substanciais ligando a doença de Graves à tireoidite de Hashimoto. ____________________________________________ FATORES DE RISCO → Suscetibilidade genética. → Infecções, pode haver algum mimetismo elevar a produção de autoanticorpos. → Estresse pode levar a uma imunodepressão e desencadear a doença. → Gênero: as mulheres apresentam maior incidência em relação aos homens. → Gravidez: pode resultar em imunodepressão e desencadear a doença. → Iodo e medicamentos: a presença de elevadas concentrações de iodo pode causar a liberação de antígenos, servindo de estímulos para a formação de anticorpos. → Radiação: pode resulTar em formação de nódulos, m as ainda não tem os evidências da sua relação com a doença de graves. ____________________________________________ FISIOPATOLOGIA O principal fator causal de hipertireoidismo é de natureza autoimune, por produção de imunoglobulinas ou anticorpos estimuladores da tireoide (TSI) dirigidos diretamente ao TSHR, o receptor de hormônio estimulador da tireoide (TSH) nos tirócitos. A produção das TSI é dependente das células T, e vários epítopos no domínio extracelular do TSHR são por elas reconhecidos. Essas TSI mimetizam a ação do TSH, ativando a proteína G (Gsα) acoplada ao receptor, o sistema adenilciclase e, consequentemente, a produção de monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) provocando excesso de produção de hormônio tireoidiano, hiperplasia e hipertrofia dos folículos tireóideos. Ao contrário do que se observa com o TSH, o efeito causado por esses autoanticorpos não é bloqueado por concentrações elevadas de hormônio tireoidiano, levando a hiperprodução hormonal crônica. Na fase ativa da doença, concentrações elevadas de TRAb (anticorpo antirreceptor de TSH) podem ser RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA observadas em cerca de 99% dos pacientes afetados, sendo ele o marcador patognomônico da doença de Graves. A importância da imunidade ao TRAb, como base efetiva na doença de Graves, é fortemente apoiada pelo desenvolvimento de modelos animais. Ludgate imunizou camundongos com injeção de um plasmídeo, expressando TSHR em seu músculo, e eles desenvolveram elevação na concentração de T4, infiltração tireoidiana de células T e mudanças na órbita, típicas da oftalmopatia de Graves. Não está determinado se a doença de Graves é iniciada por clones anormais de linfócitos T auxiliares autorreativos (produzidos por ausência genética clonal de linfócitos T supressores) ou pela apresentação de antígeno anormal às células foliculares tireoidianas, independentemente ou em resposta a citocinas (interleucina 1, interferon gama e fator de necrose tumoral alfa) liberadas por células T ou pelas células dendríticas ou macrófagos infiltrados na glândula. Fatores genéticos, Tireotoxicose ambiente induzida por amiodaronas e constitucionais interagem, por mecanismos desconhecidos, para provocar a doença autoimune. Não parece haver envolvimento de um gene específico, e a concordância em gêmeos idênticos ocorre em apenas 20% dos casos. ------------------------------------------------------------------------ PATOGÊNESE A principal característica a ser lembrada dessa doença é que é uma doença autoimune. Sabem os que nesses pacientes, os linfócitos B sintetizam anticorpos contra receptores TSH localizados nasuperfície da membrana da célula folicular da tireoide. Estes anticorpos são capazes de produzir um aumento no volume e função da glândula. Denominamos essa imunoglobulina de imunoglobulina estimuladora da tireoide ou anticorpo antireceptor de TSH estimulante (TRAb). No caso desses anticorpos estimuladores, eles se ligam ao receptor, ativam a produção de AMPciclíco, provocando o excesso de produção de hormônio tireoidiano e desempenhando as funções do TSH, como hipertrofia glandular. Ao contrario do que se observa com o TSH, o efeito causado por esses auto anticorpos não é bloqueado por concentrações elevadas de hormônios tireoidiano, levando à hiperprodução hormonal crônica. Na fase ativa da doença, concentrações elevadas de TRAb podem ser observadas ao redor de 99% dos pacientes afetados, sendo esse o marcador patognomonico da doença de Graves. ----------------------------------------------------------------------- PATOLOGIA A glândula tireoidiana encontra-se simetricamente aumentada, devido à hipertrofia e hiperplasia das células foliculares. A macroscopia, a tireoide apresenta-se macia e lisa, com a capsula intacta e com peso aumentado , podendo chegar a 80 gramas (sendo o normal até 20g). Já do ponto de vista histológico, existe uma superpopulação de células foliculares e um aumento significativo de tecido linfoide. ____________________________________________ QUADRO CLÍNICO Usualmente, a doença de Graves inclui duas categorias principais de manifestações clínicas: as específicas da doença de Graves, causadas pela autoimunidade (exoftalmo, estimulação e aumento da tireoide e alterações dermatológicas), e as provocadas pelo hipertireoidismo. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA TIREOTOXICOSE EM GERAL Essas manifestações de correm da estimulação do metabolismo dos tecidos pelo excesso de hormônios tireoidianos. O quadro clinico mais comum é a associação de vários sinais e sintomas, alguns mais clássicos e outros mais inespecíficos. O paciente, que geralmente é uma mulher jovem ou de meia-idade, relata uma história (geralmente de longa data) de insônia, cansaço extremo, agitação psicomotor , incapacidade de concentração, nervosismo, sudorese excessiva, intolerância ao calor, perda ponderal, hiperdefecação e amenorreia ou oligomenorreia. Os achados oftalmológicos, com o retração palpebral, olhar fixo e brilhante e o piscar frequente, representam uma exacerbação simpática. As manifestações cardiovasculares incluem hipertensão sistólica, pressão de pulso alargada (maior diferença entre PA sistólica e diastólica – PA divergente) e taquicardia sinusal. Essa hipertensão com PA divergente pode ser explicada pelo aumento dos receptores beta- adrenérgicos que no coração determinam efeito cronotrópico e ionotrópico positivo (força e velocidade) e na periferia, exerce ação nos vasos promovendo vasodilatação, determinando redução da resistência periférica (o que diminui a PA diastólica). Além isso, a fibrilação atrial pode surgir a qualquer momento. A fibrilação atrial é rara em pacientes com menos de 50 anos, mas ocorre em cerca de 20% dos idosos. O quadro clinico com põe-se ainda de atrofia e fraqueza muscular e desmineralização óssea, algumas vezes acompanhada de hipercalcemia, hiperalciúria e elevação da fosfatase alcalina. Cerca de 90% dos pacientes com idade inferior a 50 anos exibem bócio difuso, de consistência firme e elástica, com tamanho variável. A intensidade, a duração da doença de Graves e a idade do paciente determinam a apresentação do distúrbio. Em indivíduos mais jovens (20 a 50 anos), manifestações clínicas como nervosismo, fatigabilidade fácil, palpitações, hipercinesia, diarreia, intolerância ao calor, sudorese e perda de peso estão presentes em mais da metade dos pacientes com a doença; sinais de comprometimento exoftálmico (proptose, retração palpebral ou exoftalmopatia) podem estar presentes). Em pacientes pré-adolescentes existe crescimento linear rápido, com aceleração da maturação óssea. Com o aumento da idade, a perda de peso e de apetite está menos exacerbada, enquanto a irritabilidade e a intolerância ao calor ficam menos frequentes, a miopatia é bastante grave, com perda de massa muscular, impedindo a deambulação. A presença de comorbidades pode também afetar a queixa principal. A piora da labilidade emocional em portador de doença psiquiátrica preexistente ou a piora da angina ou insuficiência cardíaca em individuo com doença coronariana pode ser a pista para a ocorrência de hipertireoidismo sobreposto. O hipertireoidismo pode piorar a intolerância à glicose em paciente diabético insulinodependente, por aumentar a necessidade de insulina, e raramente pode provocar hipoglicemia. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA O hipertireoidismo pode precipitar crise adrenal em indivíduos predispostos. A ocorrência de outras doenças autoimunes no paciente ou em familiares pode sugerir o diagnóstico. O diagnóstico de paralisia periódica hipopotassêmica (especialmente em orientais) indica a necessidade de excluir a existência de doença de Graves precipitante. ____________________________________________ MANIFESTAÇÕES EXTRATIREÓIDEAS - NA DOENÇA DE GRAVES Um achado característico da doença é o bócio difuso e simétrico à palpação estando presente em 97% dos casos. Em alguns pacientes, pode ocorrer sopro e frêmito sobre a glândula, de vido ao aumento da vascularização local. A oftalmopatia infiltrativa está clinicamente presente em m ais de 50% dos pacientes com doença de graves. Ela se manifesta por exoftalmia ou proptose bilateral, olhar fixo, edema periorbitrário. Isso ocorre porque o TRAb se liga aos fibroblastos da orbita, desencadeando uma resposta inflamatória, gerando uma proptose. Além disso, temos a presença da dermopatia ou mixedema pré-tibial que tem como localização a área pré-tibial e o dorso dos pés. Ela decorre devido a deposição de glicosaminoglicanos na derme dessa região e pode promover prurido e às vezes dor. Isso porque a pele é infiltrada pelos linfócitos T, onde os fibroblastos que possuem receptores de TSH irá iniciar a produção de citocinas que estimulam a produção do ácido hialurônico causando edema e raramente o linfedema. A lesão é caracterizada pelo espessamento da pele com pápulas ou placas com aspecto de “casca de laranja” elevadas hiperpigmentadas violáceas. Os pacientes com dermopatia tireóidea exibem níveis elevados de TRAb. Na doença de Graves existe associação de baqueteamento e osteoartropatia dos dedos das mãos e dos pés, constituindo a acropaquia da doença de Graves. As lesões afetam predominantemente a porção distal dos ossos, e a reação dos tecidos moles é firme, indolor e sem rubor e calor locais. A dermopatia tireóidea é sugestiva de doença tireóidea autoimune grave, enquanto a acropaquia sugere forma ainda mais séria. Assim como as demais manifestações extratireóideas da doença de Graves, parece que a mesma está patogenicamente relacionada com aumento da síntese e deposição de glicosaminoglicanos por fibroblastos locais estimulados pelo processo autoimune. O antígeno comum pode ser o TSHR. ____________________________________________ DIAGNÓSTICO O hipertireoidismoda doença de Graves pode ser clínico e laboratorialmente estabelecido, bem como apresentar-se de maneira subclínica. LABORATÓRIO: Todos os pacientes apresentam níveis de TSH diminuídos ou suprimidos associados a níveis elevados de T4 livre. Se o TSH estiver baixo e T4 livre encontrar-se normal, recomenda-se medir T3 livre, pois 10% dos pacientes podem apresentar elevação dos níveis de T3 total e livre, concentração sérica normal de T4 livre seguida de nível de TSH suprimido, condição chamada de “tireotoxicose por T3”. Em aproximadamente 75% dos pacientes com doença de Graves, encontramos anticorpos antiTPO ou anti-Tg, que confirmam a presença de doença tireóidea autoimune. A detecção de TRAb no soro de pacientes com doença de Graves chega a 99%, porém sua aplicação clínica apresenta limitações, pois 25% dos pacientes com tireoidite de Hashimoto apresentam TRAb circulante. A realização da medida para TRAb também tem importância em situações especiais, como avaliar mulheres grávidas com história passada ou presente de doença de Graves, avaliar o risco de disfunção tireóidea fetal ou neonatal, ou investigar a etiologia do hipertireoidismo quando o diagnóstico não é clinicamente óbvio. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA OUTROS EXAMES: O cintilograma e a captação de 24 h com 131I não são importantes para o diagnóstico da doença de Graves e devem ser solicitados apenas quando se planeja o tratamento com iodo radioativo e se suspeita de outras causas de tireotoxicose, como nódulo autônomo ou ingestão de hormônios tireoidianos. Em pacientes cujo cintilograma revela captação irregular comáreas autônomas (“quentes”) e áreas “frias”, a presença de títulos elevados de TRAb pode ser a única evidência de coexistência de doença de Graves (em bócio multinodular preexistente) em oposição ao bócio multinodular tóxico, especialmente em pacientes idosos. CAPTAÇÃO DE IODO RADIOATIVO NAS 24 HORAS Esse método tem como base a captação de iodo radioativo e outros isótopos pela s células foliculares. Os isótopos mais empregados são o I131 e o I123. O princípio do exame consiste em identificar uma captação excessiva destas substâncias por um tecido tireoidiano hiperfuncionante. A indicação principal da RAIU na doença de Graves tem como objetivo a diferenciação desta condição com a tireotoxicose das tireoidites subagudas, que apresentam uma captação de iodo radioativo baixa a desprezível. A captação e levada e difusa que ocorre em indivíduos com Graves praticamente sela o diagnóstico em casos duvidosos. ULTRASSONOGRAFIA A ultrassonografia (USG) da tireoide não está indicada rotineiramente na avaliação do hipertireoidismo e está reservada somente nos casos de nódulo tireoidiano pela palpação. No entanto, quando o exame da captação de iodo não pode ser realizado ou é contraindicado (gestação e amamentação), ou ainda não for elucidativo no diagnóstico (exposição recente ao iodo), a USG da tireoide com Doppler pode ser útil no diagnóstico etiológico ____________________________________________ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 1. BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO O bócio multinodular é caracterizado pela formação de múltiplos nódulos de tamanhos variados e que são responsáveis pelo crescimento da glândula. Existem dois tipos: o bócio multinodular atóxico e o bócio multinodular tóxico, que é definido pelos exames laboratoriais e mostra sinais de hipertireoidismo primário, sendo a segunda causa mais frequente de hipertireoidismo. O BMT predomina em idosos, e é mais comum em mulheres. Essa condição quase nunca se acompanha de oftalmopatia. O paciente se apresenta com bócio e sinais de tireotoxicose leve, com palpitações, taquicardia, nervosismo, tremor, per da de peso e fibrilação atrial. O laboratório demonstra sempre um TSH suprimido, com T4 livre e T3 elevados em boa parte dos casos, por em o T3 está bem m ais elevado do que o T4. A exposição a iodo ou ao antiarrítmico amiodarona pode agravar ou precipitar os sintomas (fenômeno de Jod-Basedow). RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA Lembre-se de que frequentemente a amiodarona é dada a pacientes com fibrilação atrial – se houver um BMT não reconhecido, o médico pode se surpreender com a piora do quadro arrítmico. 2. ADENOMA TÓXICO É um nódulo tireoidiano autônomo hiperfuncionante que produz quantidades suprafisiologicas de hormônios tireoidianos. O paciente apresenta um nódulo tireoidiano solitário, associado à hipertireoidismo leve a moderado ou subclínico. O TSH está sempre suprimido, e o T4 livre e o T3 podem estar elevados. O diagnóstico deve ser confirmado pela realização de uma cintilografia tireoidiana. Este exame irá mostrar um nódulo hipercaptante ou hiperfuncionante (nódulo “quente”) e o restante da glândula com captação bastante reduzida (pela supressão do estímulo do TSH). 3. TIREOIDITES As tireoidites começam com uma inflamação e destruição glandular, o que pode liberar subitamente os hormônios previamente armazenados na tireoglobulina do coloide folicular. Assim, os pacientes desenvolvem uma tireotoxicose transitória (T4 livre elevado e TSH suprimido), quase sempre sucedida pelo hipotireoidismo, já que a glândula foi lesada. A captação de 24h com I-131 está caracteristicamente reduzida ou nula, pois, na verdade, não há hipertireoidismo (hiper função). Os níveis séricos de tireoglobulina estão elevados. 4. TIREOTOXICOSE FACTÍCIA (HORMÔNIO EXÓGENO) Hormônios tireoidianos (T3 e T4) estão presentes em muitas fórmulas para emagrecer, vendidas sem ou com prescrição médica. Muitas vezes, a pessoa que toma tais fórmulas não sabe que um dos ingredientes é o hormônio tireoidiano e se apresentam subitamente com tireotoxicose , inclusive com arritmias cardíacas do tipo fibrilação atrial aguda. O TSH está sempre suprimido, já o T3 e o T4L variam: se o hormônio administrado for a levotiroxina, teremos níveis elevados de T4L e níveis baixos de T3; já se o hormônio administrado for o T3, encontraremos níveis baixos de T4L e níveis elevados de T3. A ausência de bócio e oftalmopatia, uma captação de 24h com I-131 reduzida ou nula, e uma tireoglobulina sérica baixa (ao contrário das tireoidites) fecham o diagnóstico. 3. ESTUDAR O TRATAMENTO CLÍNICO E CIRÚRGICO DO HIPERTIRECIDISMO E DA TIREOTOXICOSE Todas as modalidades terapêuticas são orientadas à tireoide ou às manifestações da produção excessiva de hormônio tireoidiano. Os recursos utilizados internacionalmente são: 1. Fármacos antitireoidianos 2. Iodo radioativo 3. Cirurgia FÁRMACOS ANTITIREOIDIANOS As tionamidas METIMAZOL e PROPILTIOURACIL são os fármacos de escolha para o tratamento da doença de Graves e outras formas de tireotoxicose. O metimazol age inibindo a organificação do iodeto na glândula tireoide, e o propiltiouracil inibe a captação do iodeto pela glândula. Ambos agem inibindo a síntese de hormônio tireoidiano, e o propiltiouracil, em concentrações elevadas, bloqueia a enzima 5′- desiodase, que converte T4 em T3 perifericamente. Esse efeito pode ser vantajoso em pacientes muito tóxicos, porém a meia-vida mais longa do metimazol permite utilizar doses menores, favorecendo a aderência, com consequente melhora da eficácia do tratamento. RENATA LIMA – MEDICINA– 6º SEMESTRE – TUTORIA Os antitireoidianos têm efeitos imunossupressivos desejáveis no tratamento da doença de Graves, promovendo diminuição dos títulos de TRAb e de moléculas imunologicamente importantes (moléculas de adesão, receptores de interleucinas-2 [IL-2] e 6 [IL- 6], antígeno leucocetário humano [HLA] classe II, entre outras), bem como diminuição da infiltração linfocítica tireoidiana, porém sua ação molecular ainda não está bem esclarecida. Os indivíduos previamente tratados com propiltiouracil, quando submetidos ao radioiodo, exibem radiorresistência maior que aqueles medicados com metimazol. Cerca de 30% a 40% dos pacientes tratados com antitireoidianos apresentam remissão prolongada, mas não permanente. → Os aspectos considerados favoráveis ao uso de fármacos antitireoidianos são: sexo feminino, idade entre 20 e 40 anos, títulos elevados de anti-TPO, bócio pequeno, hipertireoidismo em grau moderado e TRAb < 30 U/L. → Os desfavoráveis são: presença de oftalmopatia, bócio volumoso e paciente jovem. Raramente são necessárias doses iniciais elevadas de antitireoidiano. → O propiltiouracil é, habitualmente, introduzido com dose de 100 mg a 150 mg a cada 8 horas, e a dose é reduzida a 50 mg, 2 ou 3 vezes ao dia, quando é atingido o eutireoidismo. → O metimazol é usualmente iniciado com 5 mg a 15 mg, 2 vezes ao dia, podendo atingir 20 mg, 2 vezes ao dia, em pacientes muito tóxicos; a dose de manutenção varia entre 5 mg e 10 mg/dia. Alguns autores admitem que doses mais altas (60 mg/dia) estariam associadas a maior efeito imunossupressivo e maior taxa de remissão, porém com maior risco de efeitos colaterais. Em até 13% dos usuários, os antitireoidianos podem provocar efeitos colaterais, como prurido, reações urticariformes, artralgias, febre, aftas, náusea e icterícia, que desaparecem com sua suspensão. Em0,2% a 0,5% dos usuários ocorrem reações graves, como agranulocitose, anemia aplástica, vasculite e hepatotoxicidade, principalmente com o propiltiouracil. Pode haver reação cruzada entre os antitireoidianos em cerca de 50% dos indivíduos. ____________________________________________ BETABLOQUEADORES O propranolol (20-40mg a cada 6 a 8h) e o atenolol (50-200mg/dia) podem ser utilizados, pois são úteis nas fases iniciais do tratamento com as drogas antitireoidianas devido ao seu rápido efeito sobre as manifestações adrenérgicas da tireotoxicose. Além disso, o propranolol inibe a conversão periférica de T4 em T3. ____________________________________________ RADIOABLAÇÃO COM IODO-131 É mais indicado para pacientes idos os com hipertireoidismo moderado e aumento da glândula, pacientes com reações toxicas as drogas antitireoidianas, e nos pacientes com recidiva. A dose recomendada varia de acordo com a gravidade da tireotoxicose, o tamanho do bócio e a captação de iodo-131 em 24h. Existe um risco de desenvolvimento de crise tireotóxica após o tratamento. E também o hipotireoidismo pós-radioablação é uma consequência quase inevitável da terapia com radiodo. Além disso, é contraindicado durante a gravidez e amamentação. ____________________________________________ TRATAMENTO CIRÚRGICO A cirurgia é uma modalidade de tratamento definitivo para a doença de Graves muito pouco indicada. Uma grande vantagem do procedimento é a melhora rápida e efetiva da tireotoxicose, sem efeitos colaterais da medicação. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA A tireoidectomia subtotal ou quase total são os procedimentos mais empregados. A hipocalcemia secundária ao hipopartireoidismo pós-operatório (por remoção inadvertida de uma paratireoide) pode ser grave e cursar com convulsões e tetania. A cirurgia é indicada para pacientes que não controlam a doença com as tionamidas e que recusam o iodo-131; suspeita de neoplasia tireoidiana subjacente; gravidas com hipertireoidismo grave não controlado com drogas antitireoidianas.
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