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Concepção e Desenvolvimento: Sebrae/RJ SENSIBILIZAÇÃO: POR QUE E COMO ENSINAR EMPREENDEDORISMO? Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? ©2022. Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Rio de Janeiro – Sebrae/RJ Rua Santa Luzia, 685, 7º andar, Centro, Rio de Janeiro /RJ. Telefone: (21) 2212-7700. Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610/1998). PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO ESTADUAL Antônio Florêncio de Queiroz Junior DIRETOR-SUPERINTENDENTE Antônio Alvarenga Neto DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO Sergio Malta DIRETOR DE PRODUTO E ATENDIMENTO Júlio Cezar Rezende de Freitas GERÊNCIA DE EDUCAÇÃO Antonio Carlos Kronemberger – Gerente COORDENAÇÃO DA ESCOLA DE NEGÓCIOS Patrícia Moreira Soares – Coordenadora Priscila Cardoso de Correa Marques – Analista Caio Moniz de Almeida – Analista Ingrid Balbino Areias – Analista CONSULTORA Flora Pachalski – Conteudista Bibliotecário catalogador – Leandro Pacheco de Melo – CRB 7ª 5471 P116 Pachalski, Flora. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedo- rismo / Flora Pachalski. - Rio de janeiro : Sebrae/RJ, 2021. 82 p. ISBN 978-65-5818-157-6 1. Empreendedorismo. 2. Ensino. 3. Comportamento. I. Sebrae/RJ. II. Título. CDD 658 CDU 658 Sumário Apresentação ..........................................................................................................................05 Avaliação diagnóstica .......................................................................................................05 Gabarito das atividades ...................................................................................................08 Unidade 1: A era do empreendedorismo ..................................................................09 Como começou a história do empreendedorismo? ..........................................11 Quais as características do empreendedor? .........................................................15 Você sabe o que é MEI? .........................................................................................................21 Empreendedorismo e startups ......................................................................................23 Qual a relação entre empreendedorismo e startup? .......................................25 Introduzindo o empreendedorismo no ensino formal ....................................26 Unidade 2: Um sobrevoo pelo empreendedorismo no Brasil ......................29 Desafios e barreiras para empreender no Brasil .......................................................35 Impacto econômico e social ................................................................................................37 Mudança de visão e o educador contemporâneo como agente de mudança ................................................................................................39 Unidade 3: Plantando a semente da cultura empreendedora .............44 Importância e internalização da cultura empreendedora ...................................45 Fazendo e aprendendo ..........................................................................................................48 Ferramentas para o ensino do empreendedorismo ...............................................52 Experiências reais .....................................................................................................................58 Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? Atividade de conclusão ...................................................................................................61 Gabarito das atividades ...................................................................................................63 Encerramento ..........................................................................................................................65 Indicações de materiais ...................................................................................................66 Livros ..............................................................................................................................................66 Filmes .............................................................................................................................................67 Referências bibliográficas .............................................................................................68 Transcrições dos podcasts ............................................................................................73 Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 5 Apresentação Bem-vindo(a) ao curso Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? Aqui, você conhecerá a história e os conceitos sobre empreendedorismo no mundo, a sua importância e como orientar e sensibilizar os alunos sobre esse tema cada dia mais relevante na nossa sociedade. No vídeo Apresentação do curso abordaremos mais sobre. Atividade diagnóstica Antes de começar, que tal testar seu conhecimento sobre o tema sensibilização ao ensinar empreendedorismo? Responda a essas questões e reflita sobre o que você já sabe do assunto! Apresentação do curso Para vê-lo na íntegra, acesse o curso online.Vídeo Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 6 (clique no campo abaixo para escrever) Atividade 1 Em que reside a importância do empreendedorismo em um momento de transformações tão rápidas? (clique no campo abaixo para escrever) Atividade 2 Por que o processo de mudança é tão complexo para o ser humano? Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 7 (clique no campo abaixo para escrever) Atividade 3 Como a cultura empreendedora pode ser internalizada? Neste momento, não se preocupe se suas respostas não foram as mais adequadas ou se não tiver certeza de que sua experiência foi a mais eficaz. Esta disciplina vai ajudá-lo(a) a aprimorar seus conhecimentos! Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 8 Gabarito das atividades Confira agora as respostas das atividades desta jornada. Atividade 1 Feedback: A atual realidade exige muita resiliência e agilidade de todos que nela estão inseridos. O empreendedor possui características que o diferenciam da grande maioria das pessoas na medida em que são observadores, questionadores, ousados, criativos e proativos. Enquanto a grande maioria das pessoas estão pensando, o empreendedor faz acontecer. Atividade 2 Feedback: A complexidade do processo de mudança é influenciada pelo grau de flexibilidade e abertura do ser humano a algo diferente. Quanto mais a pessoa se comporta como “dona da verdade”, menos aberta a ouvir ela será, e assim terá maior resistência ao que é novo. Atividade 3 Feedback: A internalização de uma cultura ocorre a partir de um processo contínuo de práticas e experiências que resultam na construção de conhecimentos e de uma nova forma de ser. Por exemplo: participar de cursos, aprimorar ou adquirir habilidades técnicas, desenvolver, aprender e aplicar características e comportamentos empreendedores. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 9 Unidade 1: A era do empreendedorismo Para começar nosso aprendizado sobre o tema, vamos conhecer alguns conceitos de empreendedorismo. Quando você ouve a palavra “empreendedorismo”, o que vem à mente? São diversas as definições para esse termo. Porém, de forma geral, empreendedorismo é um processo criativo em que são encontradas soluções para aspectos até então não resolvidos ou identificadas novas possibilidades para o que já havia sido solucionado. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 10 Normalmente, essas novas soluções buscam eficiência, praticidade e rapidez, e são trazidas por pessoas com características diferenciadas que se destacam pela determinação e pela flexibilidade.Agregam valor com suas ações, assumem riscos e se satisfazem através do que realizam. Mas o que é empreender? É ter a capacidade de transformar uma simples ideia em uma oportunidade lucrativa. O empreendedor precisa funcionar como um radar, sempre buscando identificar oportunidades. Transcende qualquer aptidão ou característica pessoal. É um “estado de espírito”, algo intrínseco ao seu modo de ser e viver. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 11 Como começou a história do empreendedorismo? Você acabou de conferir, de modo geral, o que é empreendedorismo. Mas de onde ele veio? Qual sua história? Desde os tempos mais antigos da civilização humana, estamos envolvidos com a gestão de recursos. Por exemplo: os que sobreviviam da caça tiveram que buscar formas de armazenar e conservar seus alimentos. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 12 Ou quando passamos a utilizar o escambo com outros povos e logo sentimos a necessidade de criar o dinheiro. As conquistas de novas terras e novos povos são atribuídas a empreendedores que, por iniciativa, curiosidade e necessidade, saíram em busca de soluções mundo afora. Em nosso país, a história do empreendedorismo é feita por alguns nomes de destaque. Vamos conhecer alguns deles. Século XIX No século XIX, Irineu Evangelista de Souza, conhecido como o Barão de Mauá, um gaúcho, natural da cidade de Arroio Grande, foi tido como um dos primeiros empreendedores bem-sucedidos do Brasil. Foi ele quem fabricou as primeiras caldeiras de máquinas a vapor, assim como construiu os engenhos de açúcar, entre outros empreendimentos. Foi também responsável por diversas obras públicas. Destacou-se nesse século ainda Francesco Matarazzo, italiano naturalizado no Brasil que criou o maior grupo industrial da América Latina. Escambo: troca de mercadorias ou serviços sem o uso de moedas. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 13 Século XX Já no século XX destacaram-se Jorge Gerdau (Grupo Gerdau), José Ermínio de Moraes (Grupo Votorantim), Amador Aguiar (Bradesco), Attílio Fontana (Sadia), Valentim dos Santos Diniz (Grupo Pão de Açúcar), entre muitos outros empreendedores. Empreendedorismo no Brasil Nos últimos 20 anos, o empreendedorismo no Brasil evoluiu cada vez mais, e o termo começou a ganhar força acadêmica, levando à criação de uma base curricular que pudesse acompanhar e ampliar o pensamento empreendedor no país. Isso porque a globalização proporcionou uma grande abertura às importações, e passou a ser necessário que o Brasil adotasse uma postura mais competitiva através de novos negócios, para conseguir se manter no mercado. O empreendedorismo, como o conhecemos hoje, ganhou mais força nos anos 1990, período em que começou uma estruturação de teorias específicas e surgiram também cursos profissionalizantes, técnicos e pós-graduações que objetivavam o preparo de empreendedores, pois o mercado, em função da globalização, tornou-se muito mais competitivo e desafiador. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 14 Empreendedor inicial No Brasil, compreendem os empreendedores nascentes, aqueles que são proprietários de negócios novos, mas que ainda não foram remunerados por esse empreendimento por mais de três meses. Ao começar a empreender, podemos dividir os empreendedores em duas categorias: iniciais e novos. Empreendedores novos Já os proprietários de um novo negócio, que pagou salários ou qualquer outra forma de remuneração aos proprietários por mais de três meses e menos de 42 meses (3,5 anos), são os chamados empreendedores novos. Estudos apontam que, em 2019, o Brasil atingiu a maior marca, até aquela data de taxa de empreendedorismo inicial, 23,3%. Atualmente, acredita-se que 53,5 milhões de pessoas estão criando novos negócios ou gerindo um negócio já existente. Isso equivale a 38,7% da população adulta brasileira, sendo uma das maiores taxas do mundo (AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS, 2020). Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 15 Um fato bastante relevante para os empreendedores atuais é a necessidade de o negócio gerar valor sustentável. Existe, ao empreender, a preocupação com o futuro, o impacto das decisões no que se refere à sustentabilidade, não só sob o aspecto econômico, mas também empresarial, social, ambiental e ecológico. Quais as características do empreendedor? Ser empreendedor não é um dom natural. É preciso estar preparado, ter coragem e muita motivação para partir para a ação, fazer acontecer. Existem muitas diferenças entre os verdadeiros empreendedores e as demais pessoas. Os empreendedores são curiosos, observadores, inquietos, criativos e ousados, características cada vez mais necessárias em um mundo tão dinâmico e competitivo. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 16 Cada vez mais, pessoas com capacidade de resolução de problemas e geradoras de ideias são bem-vindas no mundo atual, tão carente e volátil em termos de necessidades. Intraempreendedorismo Intraempreendedorismo é a prática de comportamentos e atitudes empreendedoras de um colaborador dentro da empresa ou instituição em que atua. Qualquer pessoa, em todo e qualquer momento de sua vida, pode pensar, agir e obter resultados positivos através da identificação de soluções criativas para situações que podem beneficiar a um ou mais indivíduos. O intraempreendedor faz diferença no seu ambiente formal de trabalho. Embora o termo empreendedor venha do francês – Entreprendre –, cujo significado em português é “começar um negócio próprio”, hoje esse termo vai muito além de ter simplesmente um negócio. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 17 Na década de 1950, a ONU (Organização das Nações Unidas) realizou pesquisas que lhe dessem sustentação no fomento a empreendedores das economias mais carentes. A partir dessas pesquisas, foram identificadas as dez características comuns aos empreendedores. Elas traduzem a forma como os empreendedores de sucesso agem no dia a dia. As dez características e seus respectivos comportamentos empreendedores são hoje utilizados na grande maioria dos treinamentos de empreendedorismo no Brasil e no mundo. Cada uma das dez características comuns aos empreendedores de sucesso foram traduzidas, posteriormente, em três comportamentos empreendedores. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 18 Busca de oportunidade e iniciativa ∙ Faz as coisas antes de solicitado ou antes de forçado pelas circunstâncias. ∙ Age para expandir o negócio para novas áreas, produtos ou serviços. ∙ Aproveita oportunidades fora do comum para começar um negócio, obter financiamentos, equipamentos, terrenos, local de trabalho ou assistência. Busca de informações ∙ Dedica-se pessoalmente a obter informações de clientes, fornecedores ou concorrentes. ∙ Investiga pessoalmente como fabricar um produto ou fornecer um serviço. ∙ Consulta especialistas para obter assistência técnica ou comercial. Planejamento e monitoramento sistemático ∙ Planeja, dividindo tarefas de grande porte em subtarefas com prazos definidos. ∙ Constantemente revisa seus planos, levando em conta os resultados obtidos e as mudanças circunstanciais. ∙ Mantém registros financeiros e utiliza-os para tomar decisões. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 19 Correr riscos calculados ∙ Avalia alternativas e calcula os riscos. ∙ Age para reduzir os riscos ou controlar os resultados. ∙ Coloca-se em situações que implicam desafios ou riscos moderados. Estabelecimento de metas ∙ Estabelece metas e objetivos que são desaf iadores e que têm signif icado pessoal. ∙ Tem visão de longo prazo, clara e específ ica. ∙ Estabelece objetivos de curto prazo, mensuráveis. Exigência de qualidade e eficiência ∙ Busca alternativas que sejam melhores,mais rápidas ou mais baratas. ∙ Age de maneira a fazer coisas que satisfaçam ou excedam padrões de excelência. ∙ Desenvolve ou utiliza procedimentos para assegurar que o trabalho seja terminado a tempo. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 20 Persistência ∙ Age diante de um obstáculo significativo. ∙ Age repetidamente ou muda de estratégia a fim de enfrentar um desafio ou superar um obstáculo. ∙ Faz um sacrif ício pessoal ou despende um esforço extraordinário para completar uma tarefa. Compromisso ∙ Assume responsabilidade pessoal por solucionar situações que possam prejudicar a conclusão de um trabalho nas condições estipuladas. ∙ Apoia seus colaboradores ou coloca-se no lugar deles, se necessário, para terminar uma tarefa. ∙ Esforça-se por manter os clientes satisfeitos e coloca a boa vontade a longo prazo acima do lucro a curto prazo. Independência e autoconfiança ∙ Busca autonomia em relação às normas e aos controles de outros. ∙ Mantém seu ponto de vista, mesmo diante da oposição ou de resultados inicialmente desanimadores. ∙ Expressa confiança na sua própria capacidade de completar uma tarefa difícil ou de enfrentar um desafio. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 21 Persuasão e rede de contatos ∙ Utiliza estratégias deliberadas para influenciar ou persuadir os outros. ∙ Utiliza pessoas-chave como agentes para atingir seus próprios objetivos. ∙ Age para desenvolver e manter relações comerciais. Você sabe o que é MEI? Adaptado de: PÔNCIO, Rafael. As 10 CCEs – Características comportamentais do empreen- dedor. Administradores, 8 nov. 2016. Disponível em: https://administradores.com.br/artigos/ as-10-cces-caracteristicas-comportamentais-do-empreendedor. Acesso em: 20 mar. 2021. Existem diferentes tipos de empreendedores. O Microempreendedor Individual, também conhecido como MEI, é atualmente um dos tipos mais comuns de registro de empreendedores no Brasil, já que se trata de uma opção simplificada de abertura de empresa, criada pela Lei Complementar 128/2008. Com isso, é possível observar o grande crescimento de autônomos que se legalizam. A seguir veja algumas informações importantes sobre ser um MEI. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 22 Critérios Existem alguns critérios para se enquadrar como um microempreendedor individual, como a necessidade de ter um limite de faturamento por ano, a restrição para contratação de apenas um empregado e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular. Funcionários Segundo a legislação, o MEI pode ter um empregado contratado que receba um salário mínimo. Você sabia que o MEI se tornou um dos maiores programas de inclusão social do país? Isso porque ajudou o trabalhador informal a se regularizar mais facilmente e, além disso, foram criadas diversas vantagens para os profissionais que aderiram a essa categoria. Benefícios Entre os benefícios oferecidos por essa lei está o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), o que possibilita a abertura de conta bancária, o pedido de empréstimos e a emissão de notas fiscais. Concede ainda acesso a benefícios como salário-maternidade, auxílio-doença, aposentadoria, entre outros. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 23 Diante de todos os conceitos e definições que vimos até este momento, cabe ressaltar que “o empreendedorismo é uma revolução silenciosa que será, para o século XXI, mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX”. Essa frase é de Jeffry Timmons (1985), professor da Babson College, uma das mais tradicionais escolas de negócios do mundo. Empreendedorismo e startups Adotado por muitos jovens como um caminho diferente das empresas tradicionais, o modelo de negócio das startups está ganhando cada vez mais a atenção dos jovens empreendedores. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 24 O que são startups? Uma startup é “um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extre- ma incerteza” (SEBRAE, 2014). Ou seja, de forma geral, podemos considerar que startups são negócios em fase inicial, com grande potencial de crescimento. Qual o diferencial de uma startup? Empresas que foram gigantes no passado, como Kodak e Blockbuster, com o tempo foram substituídas por negócios que começaram como startups e hoje dominam o mercado, como Instagram e Netflix. Alguns requisitos caracterizam uma startup, como oferecer ao mercado soluções inovadoras, oferecer um produto repetível (produção ilimitada) e escalável (crescimento rápido). Exemplos Alguns exemplos de startups: Hotmart, Buscapé, Easy Táxi, Click Bus, Kekanto, Tripda, Yellow, Quinto Andar, Guia Bolso, Buser, Nubank, CargoX, iFood, Loggi, Uber, Netflix, Google, Airbnb e Spotify. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 25 Não só as startups necessitam de pessoas empreendedoras, mas também todos os empreendimentos que pretendem conquistar e se manter no mercado. Qual a relação entre empreendedorismo e startup? Para que uma startup gere valor, é necessário que a gestão seja feita por pessoas com perfil e características empreendedoras: criativas, comprometidas e ousadas. O sucesso de uma empresa é consequência de como se conduz um empreendimento. Mais importante do que aquilo que se faz, é como se faz. É dessa maneira que se consegue realizar uma leitura correta do mercado e entregar valor através de soluções. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 26 Introduzindo o empreendedorismo no ensino formal O mercado brasileiro vem passando por fortes e significativas mudanças, oriundas da nova mentalidade dos jovens e da reforma trabalhista, que estabeleceu outros padrões nas relações de trabalho. Essas mudanças também são impulsionadas por fatores como: as mudanças constantes no cenário mundial, as ondulações no mercado e o cenário resultante da pandemia da covid-19 em 2020, como o desemprego. O mundo está em constante transformação e as mudanças ocorrem cada vez mais rapidamente, impactando diretamente no modo como os novos profissionais terão de se preparar para adentrar o mercado de trabalho e se manterem competitivos. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 27 Assim, a contribuição do empreendedorismo no ensino formal de nível superior é fundamental para o desenvolvimento da capacidade empreendedora dos estudantes e para sua efetiva inserção no novo modelo de mercado de trabalho. Atualmente, a inclusão de disciplinas de empreendedorismo no nível superior é comum em cursos de graduação relacionados à área de gestão – como Administração. Contudo, isso não é suficiente, afinal, a necessidade de empreender não se limita aos profissionais dessa área específica, precisamos considerar o leque de possibilidades e formações existentes. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 28 Cada estudante, independentemente da área de formação, quando terminar sua graduação se encontrará frente a duas escolhas principais: O empreendedorismo será o norte para ambas as situações, afinal, você já sabe da importância do intraempreendedorismo. gerenciar seu próprio negócio (autônomo ou empresário). trabalhar para uma empresa; ou Ao contar com uma educação empreendedora, os profissionais poderão se inserir no mercado de trabalho com uma atitude empreendedora e com maior desenvolvimento das características do comportamento empreendedor. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 29 Para isso, o empreendedorismo não precisaria ser abordado em uma disciplina específica, mas representar uma temática a ser inserida nos mais diferentes momentos ao longo da formação superior. Dessa forma, passam a ser formados profissionais capacitados e competentes em suas respectivas áreas deatuação, porém com uma formação empreendedora. O docente de ensino superior tem um importante papel nesse contexto, sendo convidado a explorar caminhos que propiciem maior integração entre as teorias com a prática e situações reais do mercado de trabalho. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 30 E assim passa a ser responsável pela formação de profissionais não apenas competentes em suas áreas técnicas, mas empreendedores e preparados para lidar com o cenário atual de mudanças aceleradas e transformações contínuas. A seguir, você verá sobre as motivações para empreender, os desafios e obstáculos do empreendedor no Brasil e seu impacto econômico e social. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 31 Unidade 2: Um sobrevoo pelo empreendedorismo no Brasil Uma das características do brasileiro é buscar alternativas para o sustento e a geração de renda. Assim, muitas vezes, o empreendedor brasileiro empreende por necessidade, como uma opção para sua subsistência. Em comparação aos outros 54 países que participaram da pesquisa do GEM (Global Entrepreneurship Monitor/2020), o Brasil está entre os 10 países que mais consideram a escassez de emprego como fator motivador para empreender, junto com África do Sul e Índia. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 32 Motivação O termo motivação vem do latim movere (mover) e indica um motivo para a ação, algo que faça sentido, um propósito que impulsione a busca e o alcance de algo. A motivação consiste em um fator variável, de pessoa para pessoa, de acordo com uma escala de necessidades próprias e circunstanciais. Somente após terem sido atendidas as necessidades de um determinado nível de motivação em que a pessoa se encontra se torna possível ela passar a ser motivada pelo nível seguinte. O que destaca bem esses diferentes níveis de motivação é a pirâmide da Teoria de Motivação de Maslow (1954). Conheça a seguir. Diante desse cenário, como encontrar outro incentivo para o empreendedorismo, além da necessidade? E, como educadores, de que maneira podemos estimular o pensamento empreendedor em nossos alunos para que isso seja possível? Para responder a essa pergunta, precisamos entender um pouco sobre motivação. Motivação para empreender Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 33 Outra linha de pensamento é a teoria de motivação de Frederick Herzberg. Segundo ela, a motivação pode acontecer por dois fatores. Fatores higiênicos Têm origem no ambiente externo e não geram motivação, mas, sim, melhoria de desempenho e da ação. Respiração, comida, água, sexo, sono, homeostase, excreção Segurança do corpo, do emprego, de recursos, da moralidade da família, da saúde, da propriedade Autoestima, confiança, conquista, respeito dos outros, respeito aos outros Moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceito, aceitação dos fatos Amizade, família, intimidade sexual Realização Pessoal Estima Amor/Relacionamento Segurança Fisiologia Fatores motivacionais Geram motivação, estão relacionados aos sentimentos e às sensações que temos a partir daquilo que realizamos. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 34 Segundo Herzberg (1959), “fatores de higiene operam independentemente dos fatores de motivação. Um indivíduo pode ser altamente motivado em seu trabalho e estar insatisfeito com seu ambiente de trabalho.” Oriunda da área da administração, a teoria de Herzberg buscava entender os fatores que levam a insatisfação e satisfação no ambiente de trabalho. Assim, para compreender um pouco mais da teoria, confira, a seguir, alguns exemplos dos fatores higiênicos e motivacionais relacionados a esse cenário. Política da empresa Condições do ambiente de trabalho Relacionamento com outros funcionários Segurança Salário Crescimento Desenvolvimento Responsabilidade Reconhecimento Realização Fatores que levam à insatisfação (Fatores higiênicos) Fatores que levam à satisfação (Fatores motivacionais) Com base nessas informações e reflexões, confira a seguir a correlação entre as teorias de Maslow e Herzberg. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 35 Já o psicólogo David McClelland identificou três tipos de motivação: pelo poder, por afiliação e por realização. A seguir, vamos conhecer cada um deles. Motivação pelo poder Pessoas motivadas pelo poder motivam-se por conseguir que os outros façam aquilo que elas desejam. Motivação por afiliação A característica que define essa motivação é uma forte necessidade de pertencimento ao grupo, de aceitação por parte do grupo e por sentir que seus integrantes estão confortáveis e se sentindo bem. Realização Pessoal Estima Amor/Relacionamento Segurança Fisiologia Fatores Motivacionais Fatores Higiênicos Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 36 Motivação por realização Sua origem é na própria realização ou na conquista realizada. Segundo pesquisas realizadas na década de 1950, por encomenda da ONU (Organização das Nações Unidas) a várias fontes pesquisadoras, inclusive a David McClelland, esee é o tipo de motivação que predomina nos empreendedores de sucesso. Saiba mais! Você se lembra que na Unidade 1 conheceu as 10 características comportamentais empreendedoras? Pois bem, elas são fruto da pesquisa de David McClelland! Como você viu, elas são utilizadas na grande maioria dos treinamentos de empreendedorismo. E entre eles, podemos citar o Empretec, tido como o maior programa de desenvolvimento em empreendedorismo do mundo, e que no Brasil está sob a responsabilidade do Sebrae. A motivação para empreender pode se dar por dois motivos distintos: necessidade ou oportunidade. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 37 Empreendedores por necessidade empreendem por falta de opção, por não terem outra fonte de renda. Se fôssemos enquadrar esse grupo na Teoria de Maslow, certamente eles seriam alocados na base da pirâmide, pois os fatores capazes de os motivar são aqueles referentes ao atendimento de necessidades fisiológicas e de segurança. Já os empreendedores por oportunidade são aqueles que empreendem por identificar no ambiente oportunidades que lhes oferecem a possibilidade de ofertar soluções novas ou significativamente melhoradas para aquele cenário. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 38 Por fim, podemos dizer que entender sobre motivação e sobre o que leva as pessoas a empreenderem pode nos ajudar a orientar e estimular nossos alunos sobre o empreendedorismo, pois, mesmo que eles não tenham interesse em ser empreendedores, as habilidades e características empreendedoras são importantes em qualquer ambiente e forma de trabalho. Desafios e barreiras para empreender no Brasil No Brasil, existem inúmeras barreiras e obstáculos que fazem da ação empreendedora um grande desafio, hoje potencializado pelo momento de insegurança e incerteza em relação ao futuro. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 39 #1 - Quais são os desafios enfrentados pelos empreendedores brasileiros? Clique aqui para acessar a transcrição. Podcast Mas quais são os desafios enfrentados pelos empreendedores brasileiros? Ouça o podcast e conheça mais sobre o assunto! E como vencer os desafios de empreender no Brasil? A todos que pretendem empreender no nosso país, frente a esse cenário tão incerto, faz-se necessário definir, o mais claramente possível, o modelo do negócio, planejar detalhadamente o passo a passo e monitorar sistematicamente o que foi planejado. Esse é o caminho a ser seguido para minimizar os riscos e maximizar suas chances de ser bem- sucedido. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 40 Além das dif iculdades f inanceiras que levam o brasileiro a empreender, o empreendedorismo tem outros impactosna nossa sociedade. Veja a seguir alguns deles. Mais de 1,1 milhão de registros formais entre fevereiro e setembro de 2020, o que gerou empregos (30 milhões de empreendedores em estágio inicial geraram ocupação para, aproximadamente, 18 milhões de pessoas) e, junto a, aproximadamente, 7,5 milhões de micro e pequenas empresas existentes, consiste em 30% do PIB brasileiro e em 99% das empresas privadas. Impacto econômico e social Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 41 O Brasil é um país em desenvolvimento, com grandes fragilidades sociais. A distribuição de renda, o saneamento básico, a miséria, a falta de oportunidades, entre outros problemas, afetam a todos. Isso transformou o povo brasileiro em pessoas empreendedoras e em busca de soluções e inovações para enfrentar seus problemas sociais. Esse mesmo relatório de 2020, realizado no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, com o apoio do Sebrae, indica que o país atingirá a sua maior taxa de empreendedores iniciais ou donos de negócios com 3,5 anos de atividade, com 25% da população adulta nacional, empreendendo. Segundo relatório do GEM (Global Entrepreneurship Monitor), o empreendedorismo representa uma das maiores fontes para o desenvolvimento econômico e social. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 42 O resultado dessas situações gerou o empreendedorismo social Mas o que é isso? O empreendedorismo social tem início com a observação de uma determinada situação-problema local ou fragilidade social e, em seguida, parte em busca de uma alternativa para enfrentar essa situação, como a possibilidade de geração de novos negócios. Ele é um processo de gestão social, já não mais assistencialista e mantenedora, mas empreendedora, emancipadora e transformadora. Mudança de visão e o educador contemporâneo como agente de mudança Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 43 O processo de mudança A mudança sempre fez parte da história da humanidade. “Se existe algo que é certo em nossas vidas, é que as coisas irão se transformar, sofrer alterações”. Esse é um dito popular que ilustra a dinâmica da vida, do próprio universo, que, segundo estudiosos, está em transformação e exigindo de todos uma constante adequação. Como você percebe o processo de mudança? Como algo simples ou complexo? Mudar tem vários significados como alteração, transformação, modificação, renovação, entre outros. Essas diversas definições atribuídas ao verbo mudar nos levam a refletir sobre o grau de complexidade e de exigência, em termos pessoais, envolvidos nesse processo. Individualmente Você sabia que mudança é um processo pessoal, que cabe a cada um, individualmente? Como se dá o processo de mudança? Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 44 De forma processual Ninguém muda ninguém. Mudança, num primeiro momento, nos remete a transformação, a um modo diferente de agir. Em vários níveis A mudança que acontece pode ser perceptível, mas superficial. Para que seja profunda, existem várias outras etapas a serem percorridas. No dia a dia, a maioria das pessoas utiliza os termos “atitude” e “comportamento” como sinônimos, mas eles possuem significados diferentes. A atitude está relacionada à percepção, a maneira com que vemos, percebemos algo. A atitude é intenção. O comportamento está relacionado à forma de portar-se. Portanto, o comportamento é ação. É nesse que a mudança ocorre efetivamente. Torna-se visível. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 45 E por que estamos falando de mudança? Porque, para que o empreendedor obtenha sucesso na sua jornada ou mesmo para desenvolver características empreendedoras, ele precisa estar preparado para mudanças e entender os seus diferentes tipos. Como a atitude que desenvolvemos a respeito de tudo que nos rodeia requer conhecimento de diferentes níveis, mudar nos demanda esforço e tempo proporcionais às circunstâncias referentes àquilo que queremos mudar. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 46 Além disso, como educadores, é importante que a nossa visão sobre o tema seja abrangente. Para que o ensino do empreendedorismo seja relevante e expressivo para a realidade dos alunos e para que consigamos contribuir com o melhor preparo deles para o mercado de trabalho. Além de envolver nossos alunos, será que nós também podemos desenvolver características de um intraempreendedor? Confira no podcast a seguir! #2 - Características de um intraempreendedor Clique aqui para acessar a transcrição. Podcast A seguir, você verá a importância da cultura empreendedora, de praticar a teoria, da neurociência na educação e do crescimento ao empreender. Vamos lá? Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 47 A cultura é um conjunto de crenças, moral, costumes, arte e tradições que guia a conduta de determinado grupo. Nesse sentido, vamos saber mais sobre a cultura empreendedora. Confira! Unidade 3: Plantando a semente da cultura empreendedora Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 48 Você já parou para pensar no significado da expressão “cultura empreendedora”? Esse termo se refere a comportamentos empreendedores, como autoconfiança, independência e ousadia. Com as condições do meio que favorecem a geração de ações, eles proporcionam resultados positivos para individuais e coletivos. Importância e internalização da cultura empreendedora Mas como adquirir esta “cultura empreendedora”? A internalização de uma cultura (chamada de endoculturação) se dá por meio de um processo contínuo de práticas e experiências que resultam na construção de conhecimentos e de uma nova forma de ser. Há várias formas de internalizar a cultura empreendedora, como participar de cursos, aprimorar ou adquirir habilidades técnicas, desenvolver, aprender e aplicar características e comportamentos empreendedores. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 49 E como essa aprendizagem acontece? Pelas diversas áreas O empreendedorismo é bastante abrangente, podendo estar presente em qualquer área de ensino. O empreendedorismo é uma forma de ser, de pensar, de agir, de sentir, de viver. Pela valorização do saber Cabe ao educador conhecer e valorizar o saber de seus alunos para que se tornem mais eficientes no papel de multiplicadores da cultura empreendedora. Pela prática A prática sistemática e a experimentação de saberes contribuem para que o cérebro humano priorize o que já foi assimilado, tornando-o mais saudável e mais predisposto a aprender o novo. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 50 E como podemos ensinar nossos alunos a terem uma visão do empreendedorismo como forma de ser, sentir, pensar, agir e viver? Não é uma tarefa fácil, mas pode ser feita. Ouça o podcast a seguir e saiba mais! #3 - Os referenciais para educação da Unesco Clique aqui para acessar a transcrição. Podcast A educação empreendedora, nessa dimensão, tem o objetivo de buscar o desenvolvimento pleno da pessoa: corpo, mente, espírito, inteligência e responsabilidade pessoal. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 51 Fazendo e aprendendo Antes de conferirmos como é possível estimular o aprendizado a partir da prática, é necessário compreendermos dois aspectos fundamentais para a educação empreendedora no ensino superior: andragogia e neuroeducação. Por isso, é muito importante a internalização da cultura empreendedora. Empreendedores agregam valor ao meio em que estão inseridos, são autoconfiantes, independentes, seguros do que querem, lidam bem com mudanças, cenários de profunda incerteza e situações de fracasso propondo alternativas de soluções. Para estimular a cultura empreendedora no ensino formal de nível superior e tornar a educação empreendedora umarealidade, as instituições de ensino e os professores têm uma missão: incentivar os estudantes a aprenderem fazendo. Afinal, o empreendedorismo requer uma dose de “mão na massa”. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 52 Ele possui uma história de vida, uma caminhada, cujas situações vivenciadas, associadas ao seu autoconhecimento, determinam um arcabouço de experiências e percepções que definem a sua visão de mundo. Essa experiência acumulada que o adulto possui é determinante nas condições de aprendizagem e de desenvolvimento, já que a andragogia propõe a utilização de acontecimentos do cotidiano como forma de educação. A andragogia tem como premissa básica o fato de o adulto não ser inexperiente. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 53 Para reforçar os princípios da andragogia, a neurociência vem ganhando cada vez mais espaço na educação com a chamada: neuroeducação. Mas onde a neurociência entra na educação? Cabe, então, ao educador propor uma forma de ensino que se baseie na prática, de forma a gerar soluções para problemas reais, utilizando o conhecimento e a experiência que o educando carrega consigo. Aprender a partir de um referencial consiste em um grande diferencial no aprendizado de adultos. Aprender envolve emoção, motivação, formações do meio e identificação pessoal com aquilo que está sendo ensinado. Nesse sentido é que a neuroeducação (ramo da neurociência focado no ensino) se torna um segmento importante nos dias de hoje. Cada um aprende a partir das suas experiências e visão própria. Aprender deixou de ser uma simples obtenção de conhecimentos. Se assim fosse, atualmente, com o advento da internet, disponibilizando um volume imenso de informação, em muitos casos nem haveria a necessidade de um educador. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 54 E o que a neuroeducação propõe? Ela propõe que o aprendizado deve ocorrer por meio de uma forma de mudança de comportamento, objetivando que o educador coloque o foco do aprendizado na vida prática do educando. Isso envolve a questão emocional e, para tanto, é necessário que se crie vínculos. Sendo os estudantes de cursos de graduação adultos ou jovens adultos, compreendê-los, assim como entender a forma como aprendem, contribui para que os docentes possam buscar as melhores estratégias e ferramentas para tornar a educação empreendedora uma realidade e propiciá-la a partir do “fazer e aprender”. O empreendedorismo pode ser trabalhado em sala de aula de inúmeras maneiras, confira duas delas: Casos práticos Os casos podem ser apresentados pelo professor, mas também podem ser trazidos pelos estudantes. A criação de vínculo com os casos, com a visualização prática do conteúdo que está sendo estudado, possibilita, além da aprendizagem, o desenvolvimento de características empreendedoras. Situações-problemas Outra possibilidade é a aplicação de situações-problemas, em que os alunos precisam aplicar seus conhecimentos, aprendizados e vivências para resolver as situações apresentadas. Além disso, durante a realização dos desafios e atividades, é criado um ambiente que propicia o fomento à cultura empreendedora e ao desenvolvimento das características do comportamento empreendedor. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 55 Ferramentas para o ensino do empreendedorismo Existem inúmeros recursos a serem utilizados no ensino do empreendedorismo. Conheça, agora, algumas ferramentas que podem auxiliar no desenvolvimento de competências e habilidades empreendedoras. Técnicas de relaxamento e reflexão São técnicas que trabalham o corpo e a mente para que ocorra a eliminação de tensões e preocupações, visando o melhor aproveitamento das experiências. São utilizadas quando se busca a preparação e a sensibilização para a introdução de um determinado tema ou para quebra de crenças, introdução de novas visões e posturas. Agora, que já temos o contexto, podemos conferir algumas das ferramentas que podem contribuir para o ensino do empreendedorismo. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 56 Mapa dos sonhos Instrumento que possibilita a reflexão e o estabelecimento de objetivos nas diversas áreas da vida. Utilizado para a reflexão e preparação para o estabelecimento de objetivos, desafios e metas. Círculo Dourado É uma metodologia de construção de propósito do negócio, objetivando criar uma forma própria de pensar, agir e comunicar. Trata-se de um gráfico, que indica, do centro para fora: por que, como e o quê. Utilizado na inspiração de equipes para a criação de propósitos diversos. Ikigai É um método de origem japonesa que objetiva a definição de propósito (de vida ou do negócio) por meio da autoavaliação, da reflexão e do autoconhecimento. Instrumento de avaliação O instrumento de avaliação do perfil empreendedor possibilita a autoavaliação em relação às diversas características empreendedoras. Utilizado na introdução de treinamentos e desenvolvimentos em empreendedorismo por meio de autoavaliação da prática dos comportamentos empreendedores. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 57 Design Thinking É uma técnica que objetiva a construção estruturada de uma ideia de negócio para o estudo de sua viabilidade. É utilizada na busca da solução de problemas e de inovações a serem implementadas. Mapa de empatia É um instrumento que possibilita um maior conhecimento dos clientes, buscando entender como eles pensam, suas dores e o que os fará felizes. Utilizado, por meio da busca de informações, em planejamentos, definição de produtos e serviços, inovações, estratégia de marketing, etc. Modelo de Negócio O Modelo de Negócio (Canvas ou Business Model Canvas) é um método simples, visual e flexível, em forma de quadro, que possibilita visualizar o negócio todo em apenas uma página. É utilizado na fase de planejamento de um novo negócio ou novo produto ou serviço. Outras ferramentas podem ser vistas a seguir. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 58 Brainstorming É uma técnica grupal de geração de ideias que objetiva a busca de sugestões e de soluções. É utilizada em situações que necessitam de sugestões para a resolução de um problema ou melhorias em um produto ou serviço. Plano de Negócio É um documento de definição de objetivos e de como atingi-los. Utilizado para planejar detalhadamente, avaliar e validar a viabilidade ou o andamento de um negócio. Além das ferramentas apresentadas, ainda podemos usar as que constam a seguir. Pitch É uma apresentação resumida e consistente que objetiva a venda de uma ideia ou produto. É muito utilizada para captação de investimentos em pequenos intervalos de tempo. Prática comum das startups em busca de investimentos e investidores. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 59 Matriz de Negociação Matriz utilizada para obter e organizar todas as informações necessárias e possíveis variáveis envolvidas em um processo de negociação, visando uma preparação prévia adequada e abrangente. Mapa do Poder Ferramenta utilizada para definir uma estratégia e as pessoas da sua rede de contatos que podem auxiliar no alcance de algo que necessita. Mapa Mental Ferramenta aplicável na identificação de oportunidades e no planejamento do negócio. Permite organizar ideias de forma visual e ordenada. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 60 Podemos também utilizar as ferramentas a seguir: Jogos Existem diversos jogos com mecanismos vivenciais que permitem aos participantes extrapolarem suas diversas características pessoais, favorecendo, através da fase de processamento, o autoconhecimento e a mudança de comportamento. Podem ser utilizados no treinamento e desenvolvimento de pessoas e em vários segmentos referentes à gestão de pessoas (seleção, integração,motivação, identificação de habilidades etc.) Estudos de Casos É uma metodologia de leitura e análise de casos de sucesso, utilizados na reflexão, inspiração e aprendizado a partir de experiências bem-sucedidas. Filmes e vídeos Quando bem usados, podem ser ótimos instrumentos de aprendizado por meio de experiências e vivências de terceiros (reais ou fictícios) que abordem temas específicos. Muito utilizados para reflexão, inspiração, exemplificação e desenvolvimento de competências comportamentais. Podcasts É uma gravação de áudio que pode ser ouvida a qualquer momento e que objetiva a comunicação de um assunto direcionado a um público específico. Utilizados como instrumento de informação, introdução de assunto, sensibilização a um determinado tema, etc. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 61 O relato de histórias de empreendedores que buscaram soluções e inovações também é uma ferramenta bastante útil e eficaz nas práticas de ensino do empreendedorismo. Vamos conhecer algumas delas? Ouça o podcast e confira! Estamos nos aproximando da etapa final dessa jornada de aprendizagem. Que tal fixar os conteúdos visitados até aqui? Experiências reais #4 - História de empreendedores Clique aqui para acessar a transcrição. Podcast Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 62 Atividade de conclusão Estamos nos aproximando da etapa final dessa jornada de aprendizagem. Que tal fixar os conteúdos visitados até aqui? Atividade 1 No que se refere ao ensino do empreendedorismo no ensino superior, qual desafio tem sido proposto às instituições brasileiras diante da atual realidade? Assinale a alternativa correta. a. Introduzir o ensino do empreendedorismo em todos os cursos superiores oferecidos, independentemente da área de conhecimento. b. Serem as primeiras instituições de ensino superior no mundo a voltarem-se para o tema empreendedorismo. c. Encontrar informações, conhecimento profundo sobre o funcionamento das startups. Atividade 2 Qual é o papel do educador neste novo cenário? a. Ensinar de forma lúdica para que possamos priorizar a imaginação em vez da realidade. b. Conectar os alunos entre si para que cooperem e sejam mais amigos do que colegas. c. Transformar alunos em cidadãos preparados para uma realidade muito mais complexa. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 63 Atividade 3 Qual a influência da neuroeducação no ensino do empreendedorismo? a. A neuroeducação baseia-se no fato de que, para a pessoa aprender, é necessário, acima de tudo, estar muito motivada, pois todo o resto acontecerá naturalmente. b. A neuroeducação fundamenta-se na ideia de que a passagem de conhecimentos, no processo de aprendizagem, é tão importante quanto a experiência pessoal. c. A neuroeducação propõe o advento de uma nova forma de ensinar, que extrapola a mera passagem de conhecimentos. Entende o aprender como uma forma de mudança de comportamento. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 64 Gabarito das atividades Confira agora as respostas das atividades desta jornada. Atividade 1 Resposta: letra A. Feedback: É necessário preparar os estudantes para a nova realidade de mercado. Nas universidades brasileiras, a adesão a essa nova visão ainda é muito incipiente, estando presente em apenas 6,2% das instituições de ensino superior. Atividade 2 Resposta: letra C. Feedback: Segundo David Epstein, atualmente, o educador eficiente deve ser percebido por seus alunos como um facilitador nos grupos, como um garantidor de que o processo de aprendizagem ocorra com o foco mais amplo, formando generalistas em suas respectivas especializações. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 65 Atividade 3 Resposta: letra C. Feedback: A neuroeducação fundamenta-se em um princípio básico da vida quando reconhece que o conhecimento pelo conhecimento não tem nenhuma utilidade nem proporciona qualquer contribuição. O conhecimento somente tem e passa a agregar valor quando gera algum resultado, e isso só é possível quando colocado em prática. A teoria dá sustentação à ação, que, por sua vez, é a única forma de se obter algum resultado. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 66 Desejamos a você um ótimo trabalho! Até a próxima! Apresentamos, ainda, a importância de a cultura empreendedora ser um fator internalizado e a complexidade envolvida nesse processo de fusão da emoção com a ação, todos esses aspectos sustentados pela neurociência e apoiados em ferramentas didáticas e nas características e comportamentos identificados nos empreendedores de sucesso. Encerramento Chegamos ao final da disciplina Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? Nessa disciplina, apresentamos a você uma visão ampla sobre empreendedorismo em virtude de sua contemporaneidade e importância no desenvolvimento sustentável da sociedade. Você agora conhece seus diversos conceitos, os agentes envolvidos no processo, como é o empreendedorismo no nosso país e a importância desse tema vir a fazer parte da grade de ensino das instituições de formação superior. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 67 Indicações de materiais Livros ∙ Inovação em modelos de negócios: business model generation – Alexander Osterwalder. ∙ A decolagem de um grande sonho – Ozires Silva. ∙ Vai Que Dá – Joaquim Castanheira. ∙ Startup Enxuta – Eric Ries e Carlos Szlak. ∙ De zero a um – Peter Thiel. ∙ A Estratégia do Oceano Azul – Chan Kim e Renée Mauborgne. ∙ Poder do Hábito – Charles Duhigg. ∙ Subliminar - Como o inconsciente influencia nossas vidas – Leonard Mlodinow. ∙ Liderança – Daniel Goleman. ∙ Sonho Grande – Cristiane Correa. ∙ O jeito Disney de encantar os clientes – Disney Institute. ∙ Normose: a patologia da normalidade – Jean-Yves Leloup, Pierre Weil e Roberto Crema. ∙ Criação de novos negócios – José Dornelas e Stephen Spinelli. ∙ Foco: a atenção e seu papel fundamental para o sucesso – Daniel Goleman. ∙ O segredo de Luísa – Fernando Dolabela. ∙ Elon Musk: como o CEO bilionário da Spacex e da Tesla está moldando nosso futuro – Ashlee Vance. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 68 ∙ Inteligência Emocional – Daniel Goleman. ∙ O lado difícil das situações difíceis: como construir um negócio quando não existem respostas prontas – Ben Horowitz. ∙ Elástico: Como o pensamento flexível pode mudar nossas vidas – Leonard Mlodinow. ∙ Oportunidades Disfarçadas: Histórias reais de empresas que transformaram problemas em grandes oportunidades – Carlos Domingos. ∙ Empreendedorismo Corporativo – José Dornelas. ∙ Por que os generalistas vencem num mundo de especialistas – David Epstein. Filmes ∙ Joy: o nome do sucesso ∙ Erin Brockovich – uma mulher de talento ∙ Estrelas além do tempo ∙ Fome de Poder ∙ Coco, antes de Chanel ∙ Mauá, o imperador e o rei ∙ Walt antes do Mickey ∙ O menino que descobriu o vento ∙ Madame J. C. Walker ∙ A Teoria de tudo Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 69 Referências bibliográficas AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS. Brasil deve atingir marca histórica de empreendedorismo em 2020. 2020. Disponível em: https://www.agenciasebrae.com.br/sites/asn/uf/NA/brasil-deve- atingirmarca-historica-de-empreendedorismo-em-2020,d9c76d10f 3e92710VgnVCM1000004c00210aRCRD Acesso em: 15 mar. 2021. ASHOKA EMPREENDEDORES SOCIAIS. Empreendimentos sociais sustentáveis: como elaborar planos de negócios para organizações sociais. 1. ed. Peirópolis-SP: McKinsey & Company, 2001. ASSIS, C. L., NEPOMUCENO, C. M. Processos culturais: endocultu- ração e aculturação. 21. ed. Campina Grande-RN: Programa Univer- didade a distância/Unidis Grad., 2007. Apostila da disciplina “Estu- dos Contemporâneos da Cultura”. AVENI, A. Empreendedorismo contemporâneo. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2012. AVENI, A. Empreendedorismo contemporâneo: teorias e tipologias.1. ed. São Paulo: Atlas, 2014. ÁVILA, F. B. de S. J. Pequena enciclopédia de moral e civismo. Rio de Janeiro: M.E.C, 1967. BARRETT, L. 7 lições sobre o cérebro. 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Empreendedorismo: matéria eletiva – reflexões sobre a experiência em uma universidade. 1. ed. Rio de Janeiro: Publit, 2006. MASLOW, A. Motivation and Personality. 2. ed. Nova Iorque-EUA: Harper, 1954. MCCRAW, T. O profeta da inovação. 9. ed. Rio de Janeiro: Record, 2012. MELO, P.; MELO, F. P.; FROES, C. Gestão da responsabilidade social corporativa: o caso brasileiro – da filantropia tradicional à filantro- pia de alto rendimento e ao empreendedorismo social. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. MELO, P.; MELO, F. P.; FROES, C. Empreendedorismo social: a transição para a sociedade sustentável. 1. ed. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2002. MLODINOW, L. Elástico: como o pensamento flexível pode mudar nossas vidas. 1. ed. São Paulo: Zahar, 2018. MÜLLER, M. As vantagens de uma mente flexível em um mundo dinâmico. Michele Müller, 2020. Disponível em: https:// michelemuller.com.br/flexibilidade-2/. Acesso em: 30 mar. 2021. O QUE É UMA STARTUP? Sebrae, 2014. 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Tereza – No caso da carga tributária, é preciso entender que, no Brasil, o sistema tributário é muito complexo e exige de todo empreende- dor definir o melhor regime tributário para a sua empresa (Simples Nacional, Lucro Real e o Lucro Presumido). No Brasil, para formalizar uma empresa, em média, são necessários mais de cem dias para a obtenção de todos os registros, alvarás e licenças. Para tanto, é de ex- trema importância contar com um serviço especializado. Além dos custos desse serviço, o tempo para formalização pode, inclusive, de- sestimular o empreendedor menos obstinado. Leonardo – A obtenção de crédito para empresa também é um de- safio certo? Tereza – Muito! Isso é porque, dentre os empreendedores brasileiros, há uma predominância de empreendedorismo por necessidade. A recomendação é ter em mãos um projeto consistente do negócio e buscar um investidor ou financiamento com amigos próximos e familiares. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 74 Tereza – Posso citar também a falta de capacitação profissional, é bastante comum encontrar um médico dirigindo a sua clínica e um engenheiro, a sua construtora. Por não possuírem a qualificação ne- cessária, cuidam de seus negócios com pouca estratégia, com foco em atingir seus objetivos com mais facilidade. Leonardo – E a política econômica brasileira é propícia para o em- preendedor? Tereza – Infelizmente, não; ainda falta ao Brasil uma política econô- mica claramente definida e que contemple o incentivo e a valoriza- ção de quem busca empreender. Isso prejudica muito nossos em- preendedores, é preciso ter uma mudança nessa situação para que possamos empreender com alta qualidade e dessa forma, aproveitar todo o potencial existente em nosso país para a geração de riqueza. Leonardo – Esse é o tempo que temos por hoje. Obrigado Tereza, e a você, ouvinte, até a próxima! Clique aqui para voltar ao conteúdo. #2. Características de um intraempreendedor Leonardo – Olá, sejam bem-vindos ao nosso podcast “Pílulas do Co- nhecimento”. Eu sou o Leonardo, e vamos a mais uma conversa com a especialista e empreendedora Tereza Martins, CEO da Empresa Flauta Mágica. Leonardo – Tereza, além de empreendedora, você também dá aula no ensino superior sobre empreendedorismo, certo? Tereza – Isso mesmo, Leonardo. Leonardo – Qual o maior desafio de se ensinar empreendedorismo para a nova geração? Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 75 Tereza – Prender a atenção. Aspectos teóricos não despertam mais a atenção dessa geração tecnológica que possui um montante infin- dável de informações à sua disposição. Leonardo – E como podemos fazer isso? Tereza – O melhor caminho a adotar em sala de aula é a prática, a verdadeira base da andragogia. É fazendo que o adulto aprende. Di- ferente das crianças, o adulto carrega consigo uma bagagem base- ada na sua experiência de vida. Leonardo – Isso é um grande desafio para os professores hoje... Tereza – Sim, o grande desafio é essa mudançade cultura, em que o foco sai do educador para o aluno, o qual irá colocar o seu saber em conjunto com o saber dos outros colegas, para uma construção coletiva de aprendizagem. Leonardo – Mas será que é possível? Como professores adquirem características empreendedoras? Tereza – Claro! Podemos todos ser intraempreendedores na nossa prática. Posso até dar um exemplo, tenho uma amiga docente na uni- versidade, chamada Juliana, o bairro onde ela morava possuía uma grande escola pública. O marido dela, que era professor desta esco- la, relatou que eles estavam enfrentando um problema com alunos pré-adolescentes na escola. Uma determinada turma apresentava um nível de rebeldia que estava impossibilitando as aulas de serem ministradas. A Juliana, então, procurou a reitoria da universidade em que atuava, relatou o problema e propôs uma ação de apoio e de solução, com ajuda dos graduandos do curso de Psicologia. Ela, in- clusive, apresentou ao reitor um miniprojeto, apresentando os be- nefícios para comunidade e para a universidade, proporcionando uma experiência prática real aos seus formandos, contribuindo de forma significativa com o aprendizado deste grupo. O projeto ga- nhou tamanha proporção que vários professores se voluntariaram para supervisionar o trabalho. O trabalho dos estudantes buscou identificar os assuntos de interesse da turma e tratá-los em sala de Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 76 aula, por meio de práticas e vivências. Durante todo um semestre, os estudantes monitorados por um grupo de supervisão assistiram e acompanharam os adolescentes, tornando-os mais cientes e re- silientes. O trabalho foi considerado como uma experiência muito bem-sucedida. E a Juliana, conseguiu conectar a universidade e a comunidade. Ela é um exemplo de intraempreendedora. E, assim como ela, temos tantos outros professores e professoras. Leonardo – O educador, então, pode ser um agente de mudança? Tereza – Assim como todos nós, que neste mundo de mudanças constantes assumimos papel relevante e transformamos situações e ambientes. Pessoas com esse perfil podem ser chamadas facil- mente de agentes de mudanças. Leonardo – Hoje, como você disse, o mundo está sempre mudando. Qual o papel, então, do educador? Tereza – É entender e atuar como um facilitador nos grupos e ga- rantir que o processo de aprendizagem ocorra. É transformar alunos em cidadãos preparados para uma realidade muito mais complexa, que lhes exigirá uma visão e uma atuação baseada numa formação multidisciplinar. Daqui há 10 anos, talvez estejamos atuando em al- guma atividade/profissão que hoje ainda nem exista e precisamos preparar nossos alunos para isso. Leonardo – Podemos falar que a mudança está conectada a ser em- preendedor? Tereza – Claro, nós, seres humanos, temos essa capacidade de mu- dar, de se adaptar, de lidar com circunstâncias imprevisíveis de for- ma rápida e criativa, e é essa flexibilidade cognitiva que nos permite estar em um processo de aprendizado contínuo, questionando e, assim, evoluindo. Leonardo – Tereza, antes de encerrarmos, você tem alguma dica para os professores e as professoras? Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 77 Tereza – Não acreditem em fórmula mágica! Eu diria que o primei- ro passo é conseguir inspirar como educador. Mostrar as inovações daqueles que ousaram mudar, e lembrar que você também precisa ser um agente da mudança! Busquem inspiração em si mesmos. Leonardo – Belas palavras, Tereza! E esse é o tempo que temos por hoje, pessoal. Clique aqui para voltar ao conteúdo. #3. Os referenciais para educação da Unesco Você já ouviu sobre os referenciais para educação da Unesco? Os referenciais para educação no século XXI, baseados no Relatório da Unesco, são quatro: saber conhecer, saber fazer, saber conviver e saber ser. Cada um desses referenciais deverá ser explorado para vir a incorporar-se ao jeito de ser e agir dos futuros empreendedores. O saber conhecer está relacionado aos aspectos que se referem a aprender a pensar, privilegiando o desenvolvimento do raciocínio próprio com base em uma análise da realidade e do contexto em que a pessoa está inserida. A aprendizagem se dá num âmbito global, e de forma multidisciplinar. Uma característica comum, ainda presen- te no ensino brasileiro, consiste em apresentar premissas, conceitos prontos e definidos, que sempre inibiram a criatividade, a liberdade e a vontade de imaginar e inventar do aluno. O educador deve então ser um mediador entre o ensino estruturado e uma aprendizagem sustentável, unindo as condições oferecidas pelo ambiente ao saber existente em cada pessoa. O saber fazer está relacionado com a capacidade de desempenho da pessoa. Diz respeito à migração da noção de qualificação para a noção de competência. Quando o intelecto se sobrepõe à técnica, o processo de aprendizagem evolui e deixa de ser considerado uma simples transmissão de práticas rotineiras. Foram identificadas ca- racterísticas com fortes traços de subjetividade nos empreendedo- Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 78 res bem-sucedidos, tais como a capacidade de relacionar-se, de per- suadir e de utilizar pessoas para atingir seus objetivos, assim como a ousadia para correr riscos e a proatividade. Sendo assim, uma postu- ra de observação, identificação e aproveitamento de características individuais a serem exploradas e aproveitadas na consolidação da aprendizagem torna-se cada vez mais necessária ao educador. Já o saber conviver deve buscar utilizar a educação como ferramen- ta para desconstruir uma cultura de individualismo, exclusão de in- divíduos e falta de ética. E o que fazer para melhorar esta situação? Os métodos de ensino devem focar na descoberta do outro e na participação de projetos com objetivos comuns que levem, desde a mais tenra idade, os seres humanos a praticar a cooperação. A edu- cação deve, primeiramente, proporcionar ao aluno a descoberta de si mesmo para, só depois então, ele conseguir colocar-se no lugar do outro e compreendê-lo. Uma alternativa que gera bons resultados é inserir o educando em projetos de cunho social. Saber ser está rela- cionado ao se sentir importante como pessoa. E como fazer com que uma pessoa se perceba importante? Princi- palmente ouvindo, dando espaço para que coloque seus pensamen- tos e opiniões. Dando oportunidades de entendimento do mundo e das coisas por meio de ferramentas e vivências. Ter em mente esses quatro referenciais, Saber Conhecer, Saber Fa- zer, Saber Conviver E Saber Ser, irá auxiliar você no desenvolvimento de seus alunos no caminho do empreendedorismo. Até a próxima. Clique aqui para voltar ao conteúdo. #4. História de empreendedores Vamos conhecer algumas histórias de empreendedores em busca do sucesso? Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 79 Começando pela história da Marlene, professora e coordenadora do curso de graduação em psicologia de uma universidade privada, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Ao longo dos anos, Marlene percebeu que havia uma necessi- dade latente no mercado em relação à inserção dos estudantes recém-formados. Por mais que a competitividade seja grande, que o mundo esteja passando por inúmeras transformações no que tange ao mercado de trabalho, Marlene acreditava que a universidade poderia contribuir para tornar a transição dos estudantes em profis- sionais mais tranquila. Percebendo essa possibilidade no processo de ensino, ela fez uma proposta para complementar o currículo do curso de psicologia, inserindo palestras com profissionais formados e atuantes nas mais diferentes áreas de atuação – de modo a evidenciar o leque de possi- bilidades de atuação dos profissionais – aproximando os estudantes da realidade profissional. Além disso, os professores, independentemente da disciplina, tinham a missão de propor um desafio que envolvesse aspectos do empreendedorismo durante o semestre– poderia ser uma atividade isolada ou interdisciplinar. Além de levar o empreendedorismo para dentro da sala de aula, Marlene evidenciou o intraempreendedorismo, não é mesmo? Enquanto isso, no Rio de Janeiro, João Alfredo estava desempregado e passando por dificuldades. Sentado em um banco, João observou que muitas pessoas estavam andando e se movimentando sob o sol, e que elas, provavelmente, sentiam sede. Então teve uma ideia e decidiu vender água. Pegou emprestados 10 reais, para comprar água e vender na praia. Passados alguns dias, João percebeu o lucro e decidiu incrementar seu produto com gelo, e vender água bem gelada na praia. Com muito carisma e simpatia ele se destacava dos outros vendedores. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 80 O negócio deu tão certo, que, em pouco tempo, ele já estava lucrando, por dia, 200 reais. Ele decidiu postar um vídeo no YouTube para compartilhar com outras pessoas necessitadas como ele conseguia se destacar em um mercado tão competitivo. O compartilhamento do vídeo foi tão amplo que Alfredo foi convi- dado para dar uma palestra em um importante congresso sobre empreendedorismo. Alfredo deixou de ser vendedor ambulante e, atualmente, tornou-se influenciador digital, garoto-propaganda, consultor e escritor, já tendo publicado seu primeiro livro. Outro exemplo é o de Rômulo, que era tido por seus amigos e familiares como um especialista no preparo de açaí. Sempre gostou muito dessa fruta e começou a buscar informações e dicas para um preparo de maior qualidade. Uma ocasião, passando um tempo na praia com amigos, percebeu que havia uma grande variedade de vendedores ambulantes, mas nenhum oferecendo açaí na praia que frequentava, apenas vende- dores de coco verde e sorvete. Ali mesmo, na beira da praia, começou a verificar junto às pessoas, de maneira informal, se existia algum interesse em consumir açaí. Em pouco tempo, montou em sua garagem uma produção de açaí e, utilizando sua própria bicicleta, passou a oferecer o produto na beira da praia, seguindo todas as exigências legais e os protocolos de higiene e segurança. O sucesso foi tamanho, que logo abriu o primeiro quiosque da marca, em um pequeno espaço de um centro comercial. Hoje, Rômulo possui uma franquia com mais de 15 unidades na capital de Santa Catarina e já tem um projeto de expansão para todo o Estado e outras praias do país. Em pouco menos de dois anos, Rômulo transformou uma fruta que apreciava e consumia em um negócio reconhecido e muito lucrativo. Sensibilização: por que e como ensinar empreendedorismo? 81 Embora essas histórias sejam de empreendimentos comuns, essas pessoas transformaram ideias simples e encontraram uma maneira diferente de empreender! Até a próxima! Clique aqui para voltar ao conteúdo. Concepção e Desenvolvimento: Sebrae/RJ Text Field 8: Text Field 9: Text Field 10:
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