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Conheça Lima por meio da rica e variada gastronomia

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Conheça Lima por meio da rica e variada gastronomia
Confira um roteiro pela capital do Peru e descubra as delícias desse país sul-
americano
Lima possui um polo gastronômico atrativo 
Imagem: Christian Vinces | ShutterStock
Lima é uma cidade costeira, emoldurada pelo Oceano Pacífico, na região central do Peru. Sua geografia
se traduz na culinária, com opções quase infinitas de peixes frescos, milhos coloridos e batatas nativas.
Esta viagem se inicia pelos principais bairros da capital, que conseguiu se modernizar sem perder suas
raízes. Com paradas estratégicas em restaurantes com propostas inovadoras e seus chefs, que cultivam
um profundo respeito com os ingredientes locais.
Herança da cozinha Nikkei
A comida criolla peruana pode ser comparada com a nossa culinária caipira. Repleta de preparos
cozidos por longas horas, guisados suculentos e sopas nutritivas. Em contraponto, temos a acidez do
ceviche, que nasce de técnicas trazidas por imigrantes japoneses no século XX.
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Por mais diferentes que sejam, estes contrastes gastronômicos não apenas coexistem em Lima – se
transformaram nas bases da cozinha Nikkei. Um exemplo clássico é o prato combinado, que pode ser
encontrado em quase todos os restaurantes da cidade. Servido em trio, o combinado leva ceviche,
arroz de marisco e chicharrón de pota – similar a nossa lula frita.
Restaurante Al Toke Pez
O melhor lugar para comer o combinado em Lima, fica em um restaurante ordinário, no pouco
interessante bairro de Surquillo. Mas a personalidade do chef e o sabor da comida valem a viagem.
Tomas Matsufuji é doutor em química, e entende os processos orgânicos da cozinha como poucos.
Mesmo nos dias mais quentes, é possível encontrar Toshi entre altas labaredas, com um sorriso no
rosto, atendendo um limitado número de pessoas por vez.
Ele foi protagonista da série “Street Food” da Netflix, mas mesmo com as vendas aumentando em 50%,
segue se importando mais com o conteúdo do prato do que com o ambiente do restaurante. Seu pai,
Darío, foi um grande nome da cozinha Nikkei em Lima. E criar o Al Toke Pez foi a maneira que
encontrou de honrar seu legado, sem se perder.
Central: melhor restaurante da América Latina
Todas as manhãs, pescadores enchem os mercados de Lima com frescos frutos do mar. As mais
diversas batatas nativas chegam das cordilheiras em caminhões lotados; e os aromáticos preparos
amazônicos invadem as ruas. Esta abundância de ingredientes é o cenário perfeito para chefs criativos
que valorizam seu entorno.
Um grande exemplo é o Virgilio Martínez, que comanda o Central – eleito pelo ranking 50 Best como o
melhor restaurante da América Latina. O fio condutor do restaurante é o de transformar produtos locais
em pratos estrelas, trazendo os diferentes biomas peruanos para o cardápio.
O Central fica no charmoso bairro de Barranco, que é também nossa próxima parada. Neste local,
mansões de veraneio se misturam com refúgios de artistas e casas puídas de antigos moradores. Suas
ruas, desiguais, são repletas de cores – e feirinhas de artesanato. Aqui, música, arte e gastronomia se
misturam em um mesmo ambiente.
Restaurante Taberna Isolina
Boêmio é a palavra mais utilizada para descrever Barranco, mas o bairro realmente ganha vida ao
entardecer. Os restaurantes que nasceram e resistem nesta região carregam parte da história da cidade.
E seus clientes, fiéis, acabam levando seus filhos e netos aos domingos.
A Taberna Isolina é uma das mais emblemáticas nesta categoria. O restaurante de comida criolla oferece
o melhor da culinária tradicional do Peru, em porções generosas. O local é comandado pelo chef José
del Castillo, filho da Dona Isolina.
Ele cresceu entre as mesas da cevicheria de sua mãe, que até hoje cuida das sobremesas do
restaurante. Autodidata, Isolina criou um cardápio autoral e teve um caminho árduo de muita luta para
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sustentar os filhos. O chef abriu o restaurante com a vontade de seguir as receitas de sucesso da
matriarca. Comer no Isolina é, de fato, uma experiência bem próxima do conforto de um almoço de
família sem conflitos.
Além da batata recheada com ragu – a tradicional papa rellena, e do Lomo saltado – preparado com
carnes e vegetais, o Isolina serve alguns dos melhores coquetéis da cidade. O pisco sour do Isolina leva
o pisco Huamaní, destilado da uva. E além do limão, gelo e açúcar, o drink peruano é finalizado com
uma espuma suave de clara de ovo e gotas levemente amargas de angostura.
BLU: il gelato del barrio
Para a sobremesa, o ideal é seguir explorando as ruas de Barranco, e os ingredientes locais de Lima,
como a lúcuma – fruta com casca verde-escura e polpa amarelada. Seu sabor doce e aveludado lembra
baunilha, mas ela não pode ser consumida in natura. A lúcuma é muito utilizada em vitaminas, tortas e
sorvetes. Como nesta sorveteria ítalo-peruana que acabamos de chegar.
A BLU: il gelato del barrio – o sorvete do bairro, tem como conceito utilizar técnicas da Itália com os
ingredientes locais da temporada. A gelateria foi uma das primeiras propostas artesanais em Lima que,
no início dos anos 2000, sobrevivia de sorvetes industrializados.
Laura Lucangeli, sócia da BLU, é nascida no Peru, mas passou grande parte de sua vida na Itália. Foi lá
que ela aprendeu as diferenças entre um sorvete e um gelato, assim como a importância dos
ingredientes, sempre frescos, para um resultado perfeito. A sorveteria leva ‘do bairro’ no nome, pela
proximidade com a comunidade.
O local recebe exposições itinerantes de artistas e músicos nascidos em Barranco. Chegar na BLU é
fácil, basta seguir o grande movimento de pessoas com casquinhas coloridas. Sorvete (ou gelato) na
mão, hora de visitar o charmoso bairro vizinho de Miraflores.
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Região de Miraflores é conhecida pela natureza 
(Imagem: Christian Vinces | ShutterStock)
Sanduicheria ‘La Lucha’
Além de uma das melhores localizações para se hospedar, a região de Miraflores é perfeita para
explorar a gastronomia de Lima. O coração do bairro é o Parque Kennedy, uma grande área verde no
meio de avenidas com lojas, banquinhos, letreiros e bares.
Este é o endereço também da famosa sanduicheria ‘La Lucha’, que serve comida peruana rápida, sem
medo de competir com o McDonald’s. La Lucha nasceu em Miraflores, como um espaço pequeno que
atraia os trabalhadores do bairro pelo cheiro de carne na brasa.
Os leitões são assados por mais de 15 horas antes de se transformarem em deliciosos sanduíches. A
rede cresceu, e hoje conta com mais de 14 lojas no Peru, além de unidades na Colômbia e no Chile. O
que não mudou foi sua essência, de utilizar ingredientes frescos, e locais, como a batata huayro. Este
tesouro culinário do país é cultivado nas terras altas dos andes, e apresenta uma variedade imensa de
tonalidades e texturas.
Resistente por natureza, estas batatas não precisam de tantos aditivos, como as amarelas comerciais
que conhecemos. Só em Lima, são vendidas mais de duas toneladas diárias da batata frita huayro,
conta o chef executivo Miguel Huaman. E nesta rede que conseguiu transformar o local em lucro, os
clientes preferem tomar chicha morada, feita de milho-roxo, que Coca-Cola.
Picarones da Mary
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As tardes no parque Kennedy se tornam mais doces com os Picarones da Mary. A partir de uma da
tarde, ela começa a fritar as rosquinhas feitas com massa de abóbora e mergulhadas em calda de
rapadura. Na fila da barraquinha vermelha, é possível ver tanto moradores locais como viajantes
esperando sua vez.
Depois dos clássicos Picarones, seguimos até a costa para visitar um pedaço de Barcelona em Lima. Se
trata do Parque do Amor, com bancos de mosaico colorido inspirados no Parque Güell, de Gaudí. A
parte do ‘amor’, nesta praça, se completa com os poemas de diferentes escritores incrustados na obra
com vista para o mar. Mas não é só a Espanha que ganhou uma homenagem na cidade.
Os pãezinhos chineses fazem sucesso na capital peruana 
(Imagem: Reprodução Digital | Raquel Cintra Pryzant)
Espaço do chef Javier Miyasato
Nossa próxima parada é em um restauranteque trouxe pela primeira vez os baos – pãezinhos chineses
cozidos no vapor, até Lima. O espaço do chef Javier Miyasato foi construído para transportar os clientes
diretamente para Ásia. O grafite nas paredes e luzes neon terminam de decorar o espaço, que serve
pequenos bocados com sabores potentes.
Segundo o chef, a ideia sempre foi oferecer uma comida divertida, e os baos funcionam como um ‘luva’,
para transportar recheios agridoces e apimentados. Além dos baos, o restaurante também serve sushis
e guiozas, acompanhados de cervejas asiáticas.
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A capital do Peru se tornou uma meca para os foodies. Entre as ruas com vista para a orla, estão
surgindo novos restaurantes, e também cozinheiros, a cada dia. Viajantes de todo o mundo
desembarcam com fome na cidade. Sempre é tempo de visitar Lima, mas para viver esta atmosfera
criativa, e, por que não, rebelde – agora é o melhor momento. Realizamos esta viagem com a agência
Sky Travel – Viagens e Turismo, que trabalha com atendimento personalizado ao cliente.
Por Raquel Cintra Pryzant
Jornalista de viagem com mais de seis anos de experiência na criação de conteúdo multiplataforma,
produção audiovisual e coordenação de colaboradores. Graduada em São Paulo com mestrado em
Barcelona. Compartilho o mundo em publicações internacionais com minhas raízes brasileiras como
elemento distintivo. Fundadora também do projeto Sola no mundo, que desde 2017 difunde reportagens
e documentários sobre destinos e cultura latino-americana.

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