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Afogament� Definição: submersão em um meio líquido resultando em dificuldade respiratória ou asfixia. A maioria dos casos de afogamento acontece pela incapacidade da vítima de manter a sua via aérea acima da superfície da água. Pontos importantes: Em pacientes assintomáticos, exames complementares são desnecessários. Em pacientes com sintomas pulmonares ou que apresentaram parada cardiorrespiratória, são realizados radiografia de tórax, gasometria arterial e outros exames conforme necessidade. A abordagem deve seguir o atendimento baseado no ABCDE, como o ATLS PHTLS sugere ou outra abordagem semelhante. A prevenção é reconhecidamente a forma mais eficaz de reduzir a mortalidade por afogamento. A incidência de afogamento é trimodal. O maior pico é em crianças com menos de 5 anos, o segundo pico é naquelas com idade entre 15 e 24 anos e o terceiro pico está em idosos. Fisiopatologia: A maioria dos casos de afogamento acontece pela incapacidade da vítima de manter a sua via aérea acima da superfície da água, mas outras condições que podem ter levado a vítima a afogar-se devem ser ativamente pesquisadas: ● Incapacidade de nadar. ● Comportamento de risco. ● Hiperventilação: a necessidade urgente de respirar é devida principalmente ao aumento da PaCO2. A hiperventilação diminui a PaCO2, mas não aumenta a PaO2. Portanto, a hiperventilação pré-mergulho leva a diminuição da necessidade de respirar, mas com o consumo de oxigênio a hipóxia cerebral pode levar a perda de consciência e afogamento. ● Falta de supervisão adulta. ● Hipotermia. ● Intoxicação alcoólica (observada em até 70% dos casos). ● Infarto agudo do miocárdio. ● Arritmia. ● Hemorragia subaracnóidea. ● Acidente vascular cerebral (AVC). ● Epilepsia (15 a 20 vezes maior risco de afogamento). ● Trauma (principalmente se associado a história de mergulho em águas rasas). ● Suicídio (adolescentes e adultos) e homicídio (crianças). Quando uma pessoa que está se afogando não consegue manter as vias aéreas livres de líquido, a água que entra na boca é voluntariamente cuspida ou engolida. A resposta imediata é tentar segurar a respiração, mas após um minuto a água é aspirada para as vias aéreas e a tosse ocorre como uma resposta reflexa. Em raras situações pode ocorrer laringoespasmo, mas o principal dano ocorre por asfixia com hipoxia do sistema nervoso central. A grande maioria dos pacientes que chegam ao hospital com sinais cardiovasculares estáveis e função neurológica alerta, desperta e sobrevive com incapacidade mínima. Aqueles que chegam com função cardiovascular e coma apresentam desfechos ruins por causa da provável lesão hipóxico-isquêmica. A aspiração de substâncias como material estranho contaminado, bactérias, vômitos ou irritantes químicos pode afetar a eventual recuperação pulmonar. A água nos alvéolos provoca a inativação do surfactante. O volume aspirado de vítimas não fatais é, em geral, de 3 a 4 mL/kg. A aspiração de água salgada e água doce causa graus similares de lesão. Em ambos os tipos de afogamento o efeito osmótico na membrana alvéolo-capilar rompe parcialmente a sua integridade, aumenta a sua permeabilidade e por consequência a sua função. As alterações na membrana alveolar-capilar cursam com edema pulmonar, que diminui principalmente a troca de oxigênio. É necessária a aspiração de mais de 22 mL/kg para que haja alterações de eletrólitos. As anormalidades eletrolíticas raramente são significativas e geralmente são transitórias, exceto se houver hipóxia significativa, depressão do sistema nervoso central, lesão renal por hemoglobinúria e mioglobinúria. Os valores hematimétricos são normalmente normais, a menos que haja hemólise maciça, que é mais comum nos afogamentos em água doce. A coagulação intravascular disseminada pode ser um fator de complicação no resultado de afogamento, mas geralmente ocorre após lesão hipóxica grave. Achados clínicos: ● Pode haver síncope antes do afogamento; ● Lesões pulmonares: taquipneia, desconforto respiratório, hipoxemia, cianose ou parada cardiorrespiratória. Aumento da FR, roncos audíveis, estertores ou sibilos são sintomas que podem indicar lesão pulmonar; ● Vômitos e possibilidade de broncoaspiração causando a síndrome do desconforto respiratório agudo e risco de obstrução pulmonar e infecção; ● Lesão do sistema nervoso central pode apresentar desde letargia até coma com pupilas fixas e/ou dilatadas; ● Edema cerebral citotóxico, comprometimento da barreira hematoencefálica e aumento da pressão intracraniana; ● A hipoxemia, a acidose, a hipotermia e os distúrbios eletrolíticos são os principais responsáveis pelas arritmias; ● Pode haver como sequela insuficiência renal aguda, coagulopatia ou coagulação intravascular disseminada. Classificação e Tratamento: Se a ausculta pulmonar é normal e o paciente não apresenta tosse, este não é sequer classificado. A prioridade no tratamento deve ser as vias aéreas. A temperatura do paciente deve ser mantida acima de 34,9 °C. Grau 1: Achados clínicos: ausculta normal e tosse. Tratamento: ao melhorar da tosse, liberação no local. Grau 2: Achados clínicos: tosse, estertores crepitantes esparsos (sinal de congestão pulmonar) e pequena quantidade de espuma em boca e nariz. Tratamento: ● O2 15 L/min; ● Monitorização de SpO2 (manter acima de 90%); ● Monitorização com ECG; ● Acesso venoso; ● Encaminhamento ao setor de emergência; ● Observação por até 24h; ● Investigar tempo de imersão. Grau 3: Achados clínicos: tosse, estertores crepitantes difusos (edema agudo de pulmão). Tratamento: ● O2 15 L/min; ● Monitorização de SpO2 (manter acima de 90%); ● Monitorização com ECG; ● Acesso venoso; ● Intubação orotraqueal e ventilação mecânica; ● Prioridade é corrigir a hipoxemia e a acidose respiratória; ● Solicitar: gasometria, eletrólitos, função renal e raio x de tórax; ● Encaminhar paciente para a UTI. Grau 4: Achados clínicos: tosse, estertores crepitantes difusos (edema agudo de pulmão) e sinais de choque. Sinais de choque: ➔ Tempo de enchimento capilar aumentado; ➔ Pulso periférico diminuído; ➔ Diminuição do nível de consciência; ➔ HIpotensão arterial; ➔ Diminuição da diurese. Tratamento: ● O2 15 L/min; ● Monitorização de SpO2 (manter acima de 90%); ● Monitorização com ECG - risco de parada respiratória; ● Intubação orotraqueal e ventilação mecânica; ● Prioridade é corrigir a hipoxemia e a acidose respiratória; ● Reposição volêmica; ● Droga vasoativa. Grau 5: Achados clínicos: parada respiratória e pulso presente. Tratamento: ● Ventilação de resgate (5 a 10 ventilações); ● Intubação orotraqueal e ventilação mecânica; ● Prioridade é corrigir a hipoxemia e a acidose respiratória; ● Reposição volêmica; ● Droga vasoativa. Grau 6: Achados clínicos: parada respiratória por afogamento. Paciente em parada cardiorrespiratória é grau 6 desde que o tempo de submersão seja ≤ 1 hora ou o paciente não tenha sinais evidentes de óbito. Se o paciente tem tempo de submersão maior que 1 hora (ou o paciente tenha sinais evidentes de óbito) é considerado óbito. Tratamento: ● Ventilação de resgate (5 ventilações); ● Compressões torácicas intercaladas com ventilação 30:2; ● Avaliar o ritmo da PCR; ● Seguir o algoritmo ACLS; ● Afogamento segue a ordem ABC. ● Intubação orotraqueal precoce (garante ventilação e previne aspiração).
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