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INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA PROFESSORAS Dra. Fabiane Castilho Teixeira Me. Isabella Caroline Belem Quando identi� car o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Acesse o seu livro também disponível na versão digital. Google Play App Store 2 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; TEIXEIRA, Fabiane Castilho; BELEM, Isabella Caroline. Intervenção Profissional em Educação Física. Fabiane Castilho Teixei- ra; Isabella Caroline Belem Maringá - PR.:Unicesumar, 2019. Reimpresso em 2023. 188 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1. Educação Física. 2. Ética 3. Avaliação . 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1858-5 CDD - 22ª Ed. 796 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo. Coordenador(a) de Conteúdo Coordenador, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Lilian Vespa, Revisão Textual Monique Coloni Boer, Ilustração Ilustrador, Fotos Shutterstock. Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pós-graduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanência autoras Dra. Fabiane Castilho Teixeira Doutora em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Física As- sociado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), e pela UniversidadeEstadual de Londrina (2018); mestre em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado UEM/UEL (2012); especialista em Prescrição Personalizada de Exercícios Físicos-Personal Training pela UEM (2010); e graduada em Educação Física pela mesma instituição (2008). É participante do Grupo de Pesquisa Gímnica: formação, intervenção e escola DEF/UEM/ CNPq, com estudos direcionados ao processo de formação inicial e continuada, à prática pedagógica docente e à intervenção profi ssional em Educação Física. Atua, sobretudo, nos seguintes temas: formação, prática pedagógica docente, educação física escolar, in- tervenção profi ssional, pós-graduação, metodologia da pesquisa. Atualmente é docente do curso de Educação Física do Centro Universitário Cesumar (Unicesumar). Link: http://lattes.cnpq.br/3494154981369079 Me. Isabella Caroline Belem Doutoranda em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado pela Univer- sidade Estadual de Maringá (UEM), e pela Universidade Estadual de Londrina (2017) na linha Trabalho e Formação em Educação Física; mestre em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Física Associado UEM/UEL (2014) na linha Fatores Psi- cossociais e Comportamentais Relacionados ao Exercício Físico e ao Esporte; especialista em Ginástica Rítmica (2015) pela Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR); e graduada em Educação Física pela UEM (2011). Atualmente é docente no Núcleo de Educação à Distância do Centro Universitário Cesumar (Unicesumar), no qual ministra a disciplina Estágio Supervisionado e Ginástica. Atuou como professora assistente do Departamento de Educação Física na Universidade Paranaense (UNIPAR), nas disciplinas: Ginástica, Es- portes Individuais, Treinamento de Esportes Individuais, Dança e Folclore, Treinamento Esportivo e Estágio Supervisionado. Link: http://lattes.cnpq.br/9338217673617968 apresentação do material INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA Caro(a) aluno(a), é com muita satisfação que apresentamos a você o livro Inter- venção Profissional em Educação Física. Este material foi construído a partir do conjunto de inquietações e de análises que desenvolvemos sobre o campo da in- tervenção profissional em Educação Física, especialmente o contexto de trabalho disponível para os profissionais que escolheram atuar em bacharelado. Portanto, para os estudos que realizaremos na disciplina, será indispensável considerarmos as significativas mudanças que ocorreram na atuação profissional da área nas últimas décadas. Mais do que isso, veremos que a consolidação de novos campos de atuação da área impactou na caracterização da sua intervenção profissional, na regulamenta- ção da profissão e, ainda, fomentou a produção de conhecimentos pertinentes ao contexto da prestação de serviços. Todo esse aparato de circunstâncias provocou, na comunidade acadêmica, debates profícuos a respeito de uma organização curricular qualificada para a formação em Educação Física. Consequentemente, tivemos importantes mudanças no seu processo formativo. Dessa forma, esperamos mostrar-lhe que, na atual configuração social, é neces- sário que o futuro profissional bacharel em Educação Física assuma papéis ativo, ético, crítico e reflexivo na prestação de serviços à sociedade. Tal profissional, ao inserir-se no mercado de trabalho que é, de fato, muito dinâmico e complexo, deve estar preparado para gerenciar o seu próprio desenvolvimento. Além disso, lembramos que é necessário ter autonomia, responsabilidade e motivação para buscar conhecimentos que o qualifiquem a lidar com as mais diversas situações demandadas pelo contexto profissional. Por isso, caro(a) aluno(a), é importante que você tenha em mente que a condição de autônomo evidencia a preocupação com a qualidade do serviço prestado, pois esse profissional deverá aprender a administrar os riscos e os desafios provocados pelas contínuas mudanças da sociedade. Em nosso entendimento, há muito o que avançarmos na forma como concebe- mos a intervenção profissional em Educação Física, pois é vestígio histórico fatídico ainda concebermos a área como desvinculada de conhecimentos acadêmicos. Esse fato se faz tão presente, que é comum as pessoas pensarem que os cursos de for- mação são conduzidos somente por disciplinas de característica prática, uma vez que a dimensão técnica do fazer ainda é concepção predominante da preparação profissional. No âmbito social, efetiva-se como se toda e qualquer ação realizada não exigisse arcabouço de conhecimentos formalizados, o que você já aprendeu, que não é verdade. Com efeito, o profissional de Educação Física é concebido como um sujeito com muitas destrezas e habilidades relativas à prática de atividades físicas, que cuida da alimentação e mantém sua estética corporal a qualquer custo. Não que essas ques- tões não sejam importantes e não façam parte do cotidiano do profissional, mas já vimos que o desempenho da profissão não se restringe a tais práticas “adequadas”. Queremos debater com você que, enquanto profissionais da área, devemos ser críticos em relação a essa imagem construída socialmente sobre a área e aquela que a desempenha. Para isso, precisamos estar munidos dos saberes e dos conhe- cimentos específicos que compõem nossa intervenção. Pensamos que a prática profissional qualificada colaborará de forma ímpar para que essa visão frágil e fragmentada não seja legitimada. Para darmos conta das discussões sobre a intervenção profissional em Educa- ção Física, estruturamos este livro em cinco unidades. Na primeira, abordaremos a formação profissional em Educação Física, momento em que destacaremos a configuração da área na sociedade vigente e algumas problemáticas pertinentes à prestação de seus serviços. A segunda unidade tem como foco discutir a expan- são dos campos de trabalho da área e indicar algumas possibilidades de inserção nesses espaços. Na terceira unidade, abordaremos a temática das competências profissionais, em que discutiremos a pertinência da competência para a qualificação do atendi- mento ofertado em diferentes contextos e realidades. A quarta unidade apresenta o planejamento e a avaliação como importantes elementos a serem considerados pelo profissional nos seus programas de intervenção. A quinta unidade finaliza o livro discutindo a relevância dos princípios éticos e das práticas morais no de- sempenho cotidiano dessa profissão. Desejamos a você uma excelente caminhada. Bons estudos! sumário UNIDADE I FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA 14 Educação Física, Área em Pleno Desenvolvimento 18 O Que é a Profi ssão e como Podemos ser Bons Profi ssionais 22 A Profi ssão em Educação Física e como Quali- fi car a Intervenção Profi ssional 25 Considerações fi nais 30 Referências 32 Gabarito UNIDADE II OS CAMPOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL 34 Expansão dos Campos de Atuação Profi ssional 38 Desafi os e Perspectivas da Profi ssão 42 Algumas Possibilidades de Inserção Profi ssional 50 Considerações fi nais 54 Referências 57 Gabarito UNIDADE III COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS 66 Dimensões da Competência Profi ssional 78 Competência Profi ssional no Âmbito da Ori- entação de Exercícios Físicos 84 Competência Profi ssional no Âmbito do Tre- inamento Esportivo 88 Considerações fi nais 97 Referências 100 Gabarito UNIDADE IV PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO E DE AVALIAÇÃO DA PRÁTICA 106 Programas de Intervenção e de Avaliação da Prática 124 Avaliando as Intervenções 143 Considerações fi nais 148 Referências 150 Gabarito UNIDADE V PREPARAÇÃO PROFISSIONAL PARA INTERVENÇÃO ÉTICA EM EDUCAÇÃO FÍSICA 156 Ética, Moral e Ética Profi ssional 164 A Ética e o Perfi l do Profi ssional de Educação Física na Sociedade Contemporânea 172 A Responsabilidade Civil e sua Importância Para o Exercício da Profi ssão 178 Considerações fi nais 184 Referências 186 Gabarito 187 CONCLUSÃO GERAL Professora Dra. Fabiane Castilho Teixeira Professora Me. Isabella Caroline Belem Planode Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Educação Física, área em pleno desenvolvimento • O que é a profi ssão e como podemos ser bons profi ssionais • A profi ssão em Educação Física e como qualifi car a intervenção profi ssional Objetivos de Aprendizagem • Evidenciar a confi guração da Educação Física na sociedade atual e os principais aspectos relacionados à inserção dessa área no mercado de trabalho. • Discutir as principais características das profi ssões, destacando as problemáticas que permeiam a prestação de serviços na área da Educação Física e que constituem o cotidiano dessa profi ssão. • Analisar a importância do processo formativo para a qualifi cação profi ssional em Educação Física. FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA unidade I INTRODUÇÃO C om a divisão do curso de Educação Física em duas graduações distintas (licenciatura e bacharelado) a partir da promulgação do Parecer do Conselho Federal de Educação (CFE) n. 215/87 e a Resolução 03/87, iniciou-se o desenvolvimento do campo de atuação de ambas as áreas. Enquanto os profissionais licenciados atu- am nas escolas com a Educação Básica e Educação Especial, os bacharéis atuam nos demais campos com o esporte, o exercício físico, a recreação e lazer, o treinamento e a saúde pública. Devemos partir desse pressuposto para entender quais são os cam- pos de atuação em Educação Física, bem como compreender o que é ser um profissional qualificado. Primeiramente é preciso entender como a expansão da área de atuação do bacharelado tem se dado e como fomos reconhecidos como profissionais, sobretudo da área da saúde. Nesse sentido, ser profissional implica em conhecimento específico inerente ao trabalho realizado. Toda profissão tem arcabouço de conhe- cimentos especializados, que é organizado e regulamentado por institui- ções, como o Conselho Federal de Educação Física e os Conselhos Regio- nais de Educação Física, além de serem seguidos pelos conselhos de ética. O(a) profissional de Educação Física, por meio de sua formação ini- cial, é qualificado(a) para trabalhar com a prevenção, a promoção e a reabilitação da saúde. Dessa forma, você, enquanto futuro(a) profissio- nal, terá como uma de suas responsabilidades a prestação de serviços à sociedade. É importante, então, que você compreenda, ao longo de sua graduação, quais as áreas de intervenção inerentes à sua profissão, a fim de tornar-se um(a) profissional capacitado(a). A partir dessas considerações, você verá como se deu a expansão da área de atuação do bacharelado e como a nossa profissão foi reconhecida. Seguem, ainda, alguns pressupostos sobre a legalidade da profissão. A partir dessa leitura, esperamos que você conheça um pouco mais sobre sua futura profissão, faça uma reflexão sobre o que é ser um(a) profissional, e mais ain- da, o que é ser um(a) profissional qualificado(a). Vamos aos estudos! 14 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA Caro(a) aluno(a), para iniciarmos os estudos que re- alizaremos neste tópico, é indispensável lembrarmos que a Educação Física se encontra em plena expan- são. As transformações sociais e os rápidos avanços da ciência e da tecnologia infl uenciaram diretamen- te nos campos de trabalho dessa área. Além disso, na década de 1980, questionamentos e debates da comunidade acadêmica em torno do processo for- mativo e da intervenção profi ssional, fortaleceram- -se e a formação se tornou uma das preocupações centrais do universo acadêmico. Ademais, no cenário de democratização das prá- ticas e das políticas sociais, o ensino da Educação Física no Brasil passou pelo processo de reestrutura- ção curricular, que redefi niu seus conteúdos e méto- dos de ensino, respaldado pelo avanço da produção do conhecimento e pela luta de alguns profi ssionais por mais autonomia da área no campo da formação profi ssional (PRONI, 2010). Aspecto relevante desse percurso histórico é que, com a Resolução CFE 03/87, a Educação Física incorporou importantes parâmetros normativos e Educação Física, Área em Pleno Desenvolvimento EDUCAÇÃO FÍSICA 15 deu um salto de qualidade, sobretudo ao organizar a sua área de estudos por eixos temáticos de conhe- cimento e delimitar duas áreas acadêmico-profissio- nais – o bacharelado e a licenciatura. A aprovação das Diretrizes Curriculares Na- cionais no início do século XXI (Resolução nº 01/ CNE/2002 e Resolução nº 07/CNE/2004) trouxe propostas ajustadas à preparação de profissionais, incluindo o rol de competências para atuação no dinâmico e acelerado universo mercadológico ins- taurado, sobretudo com a criação do curso de Ba- charelado em Educação Física. Com essas resolu- ções, notamos que, aos poucos, mediante a defesa da abrangência do campo de atuação, os cursos de for- mação foram solicitados a reajustar seus currículos e incluir na listagem de componentes curriculares conhecimentos que discutam tanto o espaço escolar quanto o não escolar. Avanço importante para a qualificação dos cursos de formação inicial em Educação Física veio com a Re- solução CNE/CES n. 4/2009, que instituiu a carga horá- ria mínima de 3.200 horas e os limites da integralização e da duração do curso de bacharelado, concretizando, assim, as mudanças advindas da divisão da graduação em Educação Física em dois cursos distintos (BRASIL, 2009; BARBOSA-RINALDI; PIZANI, 2012). Atualmente, podemos mencionar os Referenciais Curriculares Nacionais dos Cursos de Bacharelado e de Licenciatura (2010, p. 30), que apresentam a ideia de sintonia da educação superior às demandas sociais e econômicas, afirmando a necessidade da identidade específica para cada formação. Essas orientações defi- nem as atuações do perfil do egresso bacharel em Edu- cação Física, que atua no planejamento, na prescrição, na supervisão e na coordenação de projetos e de pro- gramas de atividades físicas, recreativas e esportivas. Figura 1 – Treinamento esportivo 16 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA Esses documentos apresentam como principais campos de intervenção do profi ssional de Educação Física: as academias, os clubes esportivos, os hospi- tais, os parques, entre outros. O profi ssional pode prestar serviços como autônomo ou gerenciar sua própria empresa. É importante termos em mente a abrangência da área. Você deve estar se questionando: quais são os impactos que a sociedade apresenta para a confi gu- ração da Educação Física no mercado de trabalho atualmente? Resposta possível pode ser encontrada a partir dos estudos de Oliveira (2000), em que o autor destaca que a dinâmica social e seus avan- ços tecnológicos exigem que as áreas responsáveis pelo preparo de profi ssionais se ajustem a ela, ofe- recendo outro perfi l de profi ssional, que seja capaz de atender às suas necessidades. Como a escola já não é mais o único locus de atuação da área, no- vas possibilidades emergiram vinculadas ao campo não formal. Na prática, isso signifi cou que, à medida que a escola deixa o locus quase exclusivo da atuação profi ssional em Educação Física, surgem organi- zações para regulamentar a profi ssão, momento em que passa a ser utilizado o termo “profi ssional de educação física” (PRONI, 2010). Veremos com mais detalhes neste livro o reconhecimento da pro- fi ssão nessa área. É oportuno mencionar que, na década de 1990, foi sancionada a Lei Federal N.º 9.696, de 1.º de setembro de 1998, a qual indica que o profi ssional de Educação Física deve estar apto a planejar e a executar programas, bem como ofertar atendimento especializado nas áreas de atividades físicas e de desporto. Essa lei instituiu o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e os conse- lhos regionais. Portanto, caro(a) aluno(a), até este momento é fundamental que você saiba que a sua preparação profi ssional não se restringe à organização curri- cular do seu curso. Além do perfi l do egresso que a instituição de ensino superior pretendeformar, do ensino ofertado por ela, da articulação com o mer- cado de trabalho, das propostas de ensino desen- volvidas pelos docentes vinculados, dentre outros aspectos, a formação qualifi cada apresenta íntima relação com a maturidade acadêmica que o gradu- ando em Educação Física precisa desenvolver ao longo do curso. Você sabia que o dia do Profi ssional de Educa- ção Física é comemorado no dia primeiro de setembro? Nessa data foi publicada a Lei Nº 9.696, de primeiro de setembro de 1998, que estabelece a regulamentação da Profi ssão de Educação Física e cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Educação Física. Fonte: as autoras. REFLITA Figura 2 – Qualifi cação profi ssional EDUCAÇÃO FÍSICA 17 Evidentemente, as instituições formadoras não de- vem pautar-se somente nas necessidades do merca- do para defi nir suas propostas curriculares. Porém, as demandas advindas do campo de trabalho não podem ser desconsideradas na defi nição do perfi l do profi ssional que as instituições se responsabilizam a formar. Formação profi ssional e mercado de traba- lho são elementos que apresentam vínculos impor- tantes, assim, continuaremos com afi nco nossos es- tudos sobre a intervenção profi ssional na área. 18 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA Entendemos aqui que discutir o campo das profi s- sões e o domínio da profi ssão em Educação Física é, de fato, válido para o percurso que percorreremos na disciplina. Sendo assim, para iniciarmos nossos estudos, é oportuno você saber que a preocupação em caracte- rizar a profi ssão como atividade desenvolvida a par- tir da apropriação de conhecimentos sistematizados, distinta das atividades que não abrangem conheci- mentos específi cos é percebida, sobretudo, com o intenso processo de industrialização ocasionado no século XIX. Nesse período, surgiu a área de estudos da Sociologia das Profi ssões, que se preocupa em defi nir critérios para classifi car as atividades profi s- sionais (VERENGUER, 2004). O interesse pelo campo de estudos das profi ssões tem aumentado nas últimas décadas e se tornado foco de atenção de historiadores, de cientistas de po- líticos e de sociólogos de diversas partes do mundo, o que fomentou a produção de material e de conhe- cimento sobre essa temática (FREIDSON, 1996). O Que é a Profi ssãoO Que é a Profi ssãoO Que é a Profi ssãoO Que é a Profi ssãoO Que é a Profi ssãoO Que é a Profi ssãoO Que é a Profi ssãoO Que é a Profi ssãoO Que é a Profi ssãoO Que é a Profi ssãoO Que é a Profi ssãoO Que é a Profi ssão e como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionaise como Podemos ser Bons Profi ssionais Figura 3 – As profi ssões enquanto tarefas especializadas O exercício da profi ssão exige determinada predisposição de caráter, pendor ou vocação, que não se restringe apenas a possíveis qua- lidades técnicas, mas às convicções pessoal e social de quem atuará. Fonte: adaptado de Drumond (2004, p. 53). REFLITA EDUCAÇÃO FÍSICA 19 Sendo assim, pensemos no conceito de profissão. Verenguer (2004) nos lembra que, ao tentarmos defini-lo, lidaremos com terreno movediço e mui- to complexo. Nas palavras da autora, profissão é, na perspectiva do senso comum, toda atividade remu- nerada, empregada para o sustento diário das pesso- as ao contribuir para os aprimoramentos artístico, sociais e econômicos da sociedade. Importante autor e pesquisador desses estudos é Freidson (1996). Para ele, uma atividade pode ser reconhecida como profissão se apresentar al- gumas características específicas. Nesse sentido, o conceito de profissão remete a um tipo específico de trabalho especializado, que apresenta bases te- óricas definidas. Por isso mesmo, a profissão apre- senta conhecimentos especializados e institucio- nalizados e se organiza a partir de interesses de associações profissionais que buscam padronizar e autorregular a conduta dos pares a partir de dis- positivos formais, entre os quais se destacam os códigos de ética. As profissões são ofícios reconhecidos oficial- mente e se distinguem pela posição relativamente elevada que ocupam nas classificações da força de trabalho. Elemento importante da profissão é o tipo de conhecimento e de habilidade considerados re- quisitos para o desempenho do trabalho. Sendo as- sim, uma profissão é uma especialização, que abar- ca o conjunto de tarefas desempenhadas de forma satisfatória e qualificada por membros do mesmo ofício (FREIDSON, 1996). O autor destaca que a es- pecialização é relativa, pois as tarefas consideradas indispensáveis em determinado ambiente são dife- rentes das exigidas em outro local. Nas palavras do pesquisador: Um conjunto de tarefas – por exemplo, diri- gir um automóvel – pode ser uma atividade especializada em uma sociedade, sem sê-lo necessariamente em outra. Isso significa que a concepção social de uma série de tarefas, ou de um trabalho, é tão importante para sua clas- sificação como seu conteúdo. Embora seja, lo- gicamente, especializado, o amplo conjunto de tarefas que qualquer membro normal de uma sociedade industrial pode executar, sem ins- trução ou preparo suplementar, é considerado como não-especializado, pois se baseia apenas no conhecimento e na perícia cotidianos que crianças e jovens aprendem em casa, na comu- nidade, e em qualquer escola que frequentem durante sua preparação para a idade adulta (FREIDSON, 1996, p. 3). Na tentativa de delimitar a abrangência de uma profissão, Freidson (1998) apresenta três elemen- tos característicos dessa prática: a autonomia, que significa ter autoridade para decidir sobre as problemáticas pertinentes ao seu trabalho e defi- nir quais serão os procedimentos adotados em sua execução; a expertise, que significa dominar um conhecimento específico, ou seja, ser perito em de- terminado assunto, o que diferencia o profissional das demais pessoas; e o credencialismo, que signi- fica ter condições de credenciar-se a uma categoria profissional,condições dadas, primeiramente, pela formação profissional. O credencialismo possibi- lita proteção para o trabalho, cria órgãos e insti- tuições vinculados ao Estado, que avaliam quem são as pessoas aptas ao exercício de uma profissão (FREIDSON, 1998). De forma adicional, podemos pensar que as profissões são atividades que buscam soluções ade- quadas para problemas específicos da sociedade. 20 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA Por isso, elas surgem a partir de problemas ou de questões sociais que precisam ser resolvidas. Ca- zelato (2006) observa que, de um lado, há pessoas leigas que buscam resolver esses problemas, indi- víduos que até podem compreender alguns aspec- tos da atividade desenvolvida, mas não receberam formação específica que os capacite para tal. Assim, pode ser que resolvam com certa presteza, mas atu- am de forma intuitiva e sem critérios definidos. Por conseguinte, como salienta a autora, há as pessoas que se enquadram na categoria de profissionais, que buscam solucionar os problemas amparadas na for- mação que receberam, com base em conhecimentos científicos e capazes de oferecer soluções qualifica- das e competentes. nharia, dentre tantas outras, há problemáticas que permeiam a prestação de serviços na área da Edu- cação Física e acabam por fazer parte do cotidiano dessa profissão. Tais problemáticas se relacionam, especialmente, à qualidade do serviço ofertado à sociedade. Sobre isso, analisemos duas situações específicas: A primeira remete ao fato de que é possível ob- servar, em alguns espaços de intervenção profissio- nal, como academias e centros de treinamento es- portivo, pessoas que não apresentam qualificação na área oferecendo serviços à sociedade. A segunda re- mete à condição de graduandos estagiários de Edu- cação Física, que em alguns ambientes de trabalho, orientam a prática de exercícios físicos sem a super- visão de pessoas formadas. Essa realidade compro- mete sobremaneira o serviço prestado e, inclusive, impacta o reconhecimento que a sociedade faz da nossa área. Verenguer (2004, p. 126), nos ajuda a pensar essa importante questão: A Educação Física talvez seja uma das pou- cas áreas que, apesar de ter uma estrutura de curso de graduação consolidada, ainda admi- te que pessoas que não tenham participado de um destes cursos prestem serviços à sociedade. Mais grave ainda, e curiosamente, essa realida- de é defendida inclusive por graduandos que precocemente se aventuram na área. Sabemos que a inserção no mercado de trabalho é mais uma fase de transição na vida de qualquer pes- soa e tem múltiplos significados (acesso aos bens de consumo, autonomia em relação aos pais, entrada ao mundo dos adultos). Mas sabe- mos, também, que a qualidade desta inserção pode determinar a qualidade da carreira a ser construída. O termo correto designado para o bacharel em Educação Física é Profissional de Educação Física, e não educador físico, pois não edu- camos os corpos, mas trabalhamos com as- pectos relacionados ao movimento humano. Fonte: as autoras. REFLITA Vale mencionar que a Educação Física foi regula- mentada como profissão pela Lei Nº 9.696/1998, a qual criou os sistemas CONFEF (Conselho Fe- deral de Educação Física) e CREF’s (Conselhos Regionais de Educação Física), com o objetivo de organizar a profissão e monitorar a prestação de serviços na área. Nesse sentido, é importante você saber que, semelhante a outras profissões legiti- madas socialmente, como medicina, direito, enge- EDUCAÇÃO FÍSICA 21 Contribuindo com essa discussão, Nascimento, So- riano e Fávaro (2007) afirmam que os graduandos se inserem precocemente no campo de trabalho porque enxergam ser esta uma via privilegiada para adquirir experiência e domínio sobre as tarefas profissionais. No entanto, as autoras alertam sobre o emprego de estagiários como mão-de-obra barata, que são ab- sorvidos muito cedo pelo campo de trabalho e, por isso, podem não estar suficientemente capacitados para tomar decisões e desempenhar com maestria suas intervenções. Devemos lembrar que o estágio se constitui como espaço no qual, você, acadêmico(a), pode se deparar com a realidade do exercício profissional. Portanto, os estágios devem ser vistos como momento privile- giado em que o discente estará à frente dos desafios de sua profissão e terá a oportunidade de aprender como ser bom profissional por meio da observação e da orientação de profissionais qualificados e expe- rientes. Durante essa prática, os estagiários podem estabelecer links entre os diferentes conhecimentos já adquiridos em sua formação inicial e os novos, de modo a melhorar sua intervenção e conhecimento (REZER; MADELA; DAL-CIN, 2016). Não podemos deixar de considerar que a Edu- cação Física foi apresentada oficialmente por meio da Resolução Nº 218 de 06 de março de 1997 como uma das treze profissões da área da Saúde (CAZE- LATO, 2006). Dessa forma, a partir do momento que a área passa a abranger a qualidade de vida e a manutenção da saúde das pessoas, aumenta-se a responsabilidade dos cursos, que formam os profis- sionais tendo em vista a realidade social, bem como se ampliam as incumbências daquele que atuará nos espaços de trabalho. Pelos aspectos expostos, queremos chamar a sua atenção, pois entendemos que a graduação é mo- mento ímpar de aquisição de conhecimentos e de instrumentalização de procedimentos interventivos específicos da profissão de Educação Física. A for- mação ocupa lugar relevante na identidade da pro- fissão, pois trata do momento em que o(a) futuro(a) profissional apresenta as primeiras aproximações efetivas com as tarefas demandadas pela área. Figura 4 – Atendimento personalizado de idosos 22 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA Já sabemos que a graduação contempla o conjunto de atividades que tem papel fundamental no processo de qualifi cação dos futuros profi ssionais. Por isso, o(a) graduando(a) deve olhar para o processo formativo como o momento para adquirir conhecimentos e de- senvolver as competências necessárias à prática pro- fi ssional. Nascimento, Soriano e Fávaro (2007) apre- sentam importantes contribuições às nossas refl exões: A Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação FísicaA Profi ssão em Educação Física e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção e como Qualifi car a Intervenção Profi ssionalProfi ssionalProfi ssional Figura 5 – A formação e o aprendizado permanente EDUCAÇÃO FÍSICA 23 A formação acadêmico-profissional, portan- to, configura-se como o espaço inicial, para o exercício das primeiras avaliações das consequ- ências da intervenção profissional, pois é nesse espaço que se possibilita o contato com o co- nhecimento sistematizado de mecanismos que compõem a intervenção profissional. Sobre- tudo, porque é nesse ambiente onde se revelao grau de responsabilidade e de comprometi- mento do profissional com a área, com a produ- ção de conhecimento, e principalmente com o cliente (NASCIMENTO; SORIANO; FÁVARO, 2007, p. 394). Será que após finalizar o curso de graduação em Educação Física, estaremos preparados para resol- ver todas as problemáticas pertinentes ao nosso con- texto de trabalho? A formação ocorre em período determinado, que contempla somente os anos dedi- cados à nossa graduação? Para refletir sobre essas questões, é necessário pensar que o(a) futuro(a) profissional deve ter cons- ciência de que a formação é processo permanente, que se inicia na graduação e deve ser levado adian- te, ou seja, a disposição para aprender fará a dife- rença na qualificação para o exercício da profissão, ou, conforme as palavras de Antunes (2007), com a rápida disseminação de conhecimentos e a acele- rada superação por novos conhecimentos, a prepa- ração profissional tem que ser vista como processo de constante aprendizado. De tal modo, a concepção de formação profissional como processo completo e acabado perde seu sentido. Ao mesmo tempo é indispensável você saber que grupos específicos de pessoas buscam apoio na preparação profissional, para que tenham condições de identificar, de analisar e de desenvolver conhe- cimentos científicos, que favoreçam a resolução de problemas de sua prática cotidiana. O processo de constituição do grupo profissional é efetivado a par- tir do momento em que se consolida a representação entre os membros do mesmo grupo, da ideologia que deve orientá-los, para que se fortaleça o senti- mento de pertencimento a esse grupo. Para que isso aconteça, o conteúdo da intervenção profissional precisa ser reconhecido como qualificado (NASCI- MENTO; SORIANO; FÁVARO, 2007). As categorias profissionais se organizam somen- te a partir da condição de profissional graduado. Com o reconhecimento legal da profissão em Educa- ção Física, os graduados devem apresentar domínio sobre os conhecimentos científicos específicos, que abrangem essa área de formação. Sendo assim, será a condição de graduado que dará o suporte necessá- rio para que os profissionais estejam capacitados à intervenção qualificada, competente e responsável, demonstrando comprometimento ético na presta- ção de seus serviços (CAZELATO, 2006). Ao dispor sobre a intervenção e o perfil do pro- fissional de Educação Física, a Lei Nº 9.696/98 em seu artigo 3º, sinaliza que: Compete ao Profissional de Educação Física coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializa- dos, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto (LEI FEDERAL Nº 9.696/98). Como vemos, a condição de profissão reconhecida socialmente solicita a competência profissional no mercado de trabalho. No entanto, essa competência será completa se estiver alicerçada pelo corpo de co- 24 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA nhecimentos científicos específicos, que dê suporte teórico e prático ao profissional que está no mercado (ANTUNES, 2007). Sendo assim, combinar o rol de saberes, que incluam os acadêmicos e a experiência profissional, pode dar importante suporte para a es- colha da melhor resposta ao profissional, ao depa- rar-se com uma situação problema em sua interven- ção (FONSECA et al., 2009). Logo, é fundamental que os profissionais de Educação Física sigam rigorosa sequência de pro- cedimentos em suas intervenções, as quais incluem, dentre outros aspectos, o diagnóstico e a avaliação do contexto de trabalho; a identificação das especi- ficidades do problema a ser resolvido; a análise das competências que possui para resolver o problema; e a decisão dos procedimentos mais adequados a se- rem utilizados na prestação de serviços. Com esse aparato, o profissional poderá desenvolver sua inter- venção e avaliar em que medida os resultados foram alcançados (CAZELATO, 2006). Alguns aspectos relevantes para a legitimidade pro- fissional e o desenvolvimento de carreira profissio- nal promissora na área da Educação Física foram considerados por Verenguer (2004, p. 129): Seria desejável que o cotidiano da intervenção profissional pudesse ser desafiador e enrique- cedor para aqueles que se dedicam a prestar serviços na área e, ao fazerem, estabelecessem com a sociedade relações e condutas inspiradas em valores universais, através da capacidade de discernimento e julgamento adquiridos ao longo da vida acadêmica e profissional, tornan- do-se, assim, os porta-vozes da área. Estamos falando em legitimidade profissional. Seria de- sejável que intervenção profissional fosse sinô- nimo de ação responsável, na medida em que o profissional fizesse uso dos seus conhecimen- tos, assumisse a tarefa de mudar o contexto so- cial em que intervém, beneficiando aqueles que o procuram. Sua intervenção vai muito além do domínio do saber-fazer, ou melhor, ao saber- -fazer profissional em Educação Física devem estar incorporados atitudes e valores. Caro(a) aluno(a), de acordo com os aspectos expos- tos, é essencial que você reflita sobre o seu processo formativo. Cumpre observar que este lhe oferecerá condições de analisar, de forma crítica, as estratégias mais adequadas para a tomada de decisão, em situ- ações que envolvam a resolução de problemas, que dependerão das exigências específicas do seu futuro contexto profissional. A experiência prática é fundamental para a atu- ação na área. O profissional de Educação Física também constrói seu próprio conhecimento, denominado “conhecimento de trabalho” ou “operacional”. Tal conhecimento é tácito, a par- tir do qual aprendem com outros colegas, por ensaio e erro, adaptam suas ações de acordo com o contexto e utilizam os conhecimentos aprendidos na sua formação acadêmica. Fonte: adaptado de Antunes (2007, p. 146-147). SAIBA MAIS 25 considerações finais Ao longo desta unidade, apresentamos discussões acerca de diversos conceitos e temas pertinentes à intervenção do profissional na Educação Física, tais como a evolução e o crescimento da área de atuação desde sua divisão em dois cursos distintos e o impacto que essas mudanças tiveram na formação inicial e no exer- cício da profissão. Ademais, discutimos e refletimos sobre o que constitui uma profissão, sendo esta um tipo específico de trabalho, que requer conhecimentos próprios, e pos- sui organização. Tratamos sobre o fato do reconhecimento da Educação Física enquanto profissão, sobretudo ligada à área da saúde, em que a atuação pode ocorrer em ambientes diversos com a promoção e a prevenção. A legalização da profissão e seu reconhecimento na área da saúde abriu novos horizontes para o exercício profissional. Observamos ainda que, com a regulamentação da profissão, surgiram os con- selhos federal e regionais, a fim de normatizar e de fiscalizar a atividade profissio- nal. A normatização e as mudanças nas matrizes curriculares buscaram atender a uma nova demanda de mercado e formar profissionais qualificados para satisfa- zer as áreas emergentes. Nesse sentido, é preciso que, durante a formação inicial, o(a) aluno(a) tenha contato com o corpo de conhecimentos específicos da área, que dê suportes teórico e prático das atividades a serem desenvolvidas no exer- cício profissional. É necessário, portanto, que os futuros profissionais se sintam competentes e capacitados para trabalhar. A partir do entendimento desses pressupostos, esperamos que, ao final desta unidade, você tenha compreendido que a formação inicial é o primeiro passo para tornar-se um profissional qualificado e que é preciso estar sempre atento e buscar novos conhecimentos específicos, de modo a melhorar sua atuação. Sendo assim, esperamosque você, caro(a) aluno(a), tenha adquirido o máxi- mo de conhecimento e de informações possíveis. Até a próxima unidade! 26 atividades de estudo 1. Estudamos que, desde a década de 1980, a Educação Física passa pelo impor- tante processo de reestruturação curricular, que apresentou uma série de pro- posições para a organização dos conteúdos e dos métodos de ensino da área. Considerando a aprovação das diretrizes curriculares nacionais – Resolução Nº 01/CNE/2002 e Resolução Nº 07/CNE/2004 –, descreva as principais propostas apresentadas para a Educação Física. 2. Há problemáticas que permeiam a prestação de serviços na área da Educação Física e impactam o cotidiano da profissão. São questões vinculadas, sobretudo, à qualidade do serviço ofertado à sociedade. Com base nas discussões apresen- tadas por Nascimento, Soriano e Fávaro (2007), apresente argumentos sobre a inserção precoce de graduandos no campo de trabalho. 3. Na década de 1990 foi sancionada a Lei Federal Nº 9.696, de 1º de setembro de 1998, que reconhece e regulamenta a Educação Física enquanto profissão. Esta lei criou ainda alguns órgãos, com objetivo de organizar e monitorar a prestação de serviços. Estes órgãos são: a) Conselho Federal de Educação Física e Conselho Regional de Educação Física. b) Conselho Nacional de Educação Física e Conselho Regional de Educação Física. c) Conselho Federal de Educação Física e Conselho Nacional de Educação Física. d) Conselho Brasileiro de Educação Física e Conselho Federal de Educação Física. e) Conselho Federal de Educação Física e Conselho Estadual de Educação Física 4. Uma profissão está relacionada a conhecimentos e a atividades específicas, que se organizam a partir de associações, que buscam padronizar e regulamentar a conduta dos profissionais. Com relação à profissão de Educação Física, verifique as proposições a seguir e responda: I - Ainda é possível encontrar leigos, pessoas que não têm qualificação profis- sional para tal, trabalhando em academias e com treinamento. II - Em alguns locais, encontram-se estagiários orientando a prática de exercí- cios físicos sem a supervisão de pessoas formadas para acompanhá-los, o que, muitas vezes, torna-se um problema. III - Como profissão da área da saúde, a Educação Física só foi reconhecida por meio da Resolução Nº 218, de 06 de março de 1997, que a expandiu para a atuação com qualidade de vida e manutenção da saúde. 27 atividades de estudo Estão corretas as alternativas: a) I. b) II. c) I e II. d) II e III. e) I, II e III. 5. A qualificação profissional se inicia com a graduação, no entanto, esse processo deve ser continuado para que o(a) futuro(a) profissional adquira os conhecimen- tos e as competências necessárias ao exercício da profissão. O profissional deve sentir-se preparado e competente para que suas ações levem ao resultado es- perado, por meio de intervenção adequada. Quanto à qualificação profissional para o exercício da profissão, analise as afirmações abaixo e assinale com V, as verdadeiras, e com F, as falsas: ( ) As categorias profissionais são formadas somente por profissionais gra- duados e estes devem apresentar domínio sobre os conhecimentos cien- tíficos específicos que abrangem sua área de formação. Dessa forma, os profissionais formados estarão capacitados para intervenção qualificada, competente e responsável, demonstrando comprometimento ético na prestação de seus serviços. ( ) É essencial que os profissionais de Educação Física sigam sequência de procedimentos rigorosa em suas intervenções, desde o diagnóstico, a ava- liação, a análise das competências que possui para resolver o problema e até a decisão dos procedimentos mais adequados a serem utilizados. ( ) Dentre as atividades que o profissional de Educação Física deve estar ca- pacitado para realizar em suas intervenções, incluem-se o planejamento e a organização de programas de exercícios físicos/treinamento esportivo, a supervisão e a avaliação de programas e projetos relativos à área, o traba- lho em equipes multiprofissionais, dentre outros. Assinale a alternativa correta: a) V; V; F. b) F; F; V. c) V; F; V. d) F; F; F. e) V; V; V. 28 LEITURA COMPLEMENTAR A universidade tem como uma de suas principais funções a formação de recursos hu- manos, que possibilitarão o atendimento às necessidades da sociedade em alguma área específi ca. Isso quer dizer que a sociedade demanda diferentes tipos de serviços, cada qual com o seu grau de especifi cidade, e o profi ssional deve, fundamentado num co- nhecimento específi co, oferecer programas e projetos que possam solucionar problemas existentes. Verifi camos, então, que uma profi ssão só existe porque há uma necessidade de prestar serviços específi cos às comunidades. Quando transportamos essa ideia para a Educação Física, admitimos que as pessoas, em geral, necessitam de programas de ativi- dades físicas ou motoras, seja para alcançar melhores níveis de qualidade de vida, atingir maiores performances ou para ampliar o seu repertório motor. Necessita-se, portanto, de profi ssionais especializados em motricidade humana e que ofereçam tais programas. Entretanto, há alguns critérios que ajudam a defi nir e a caracterizar uma profi ssão que, na verdade, diferenciarão uma profi ssão de uma ocupação, baseados nos estudos de Flexner, citados por Barros (1993). Em primeiro lugar, é fundamental que as ativi- dades desenvolvidas numa profi ssão sejam essencialmente de natureza intelectual, na qual as decisões e as opções de atividades são pautadas por um conjunto de conheci- mentos. Em seguida, temos que toda profi ssão é prática, ou seja, é prestadora de servi- ços à sociedade. Além disso é dinâmica, estando aberta continuamente a novas ideias e conhecimentos, assim como é organizada, ou seja, deve possuir uma instituição que a represente, que discuta a qualidade dos serviços prestados, criando códigos e normas de conduta. Além disso, é preciso comunicabilidade, ou seja, os conhecimentos e as ha- bilidades desenvolvidos na profi ssão precisam ser comunicados e ensinados. E, por fi m, a característica altruísta, isto é, existir para prestar sempre o melhor serviço. A partir desses critérios, podemos dizer que a Educação Física é uma profi ssão e sua presença na universidade se justifi ca à medida em que atende às necessidades básicas que caracterizam uma profi ssão, ou seja, possui corpo de conhecimento ou objeto de investi- gação, que é o movimento humano, podendo este conhecimento ser aplicado na atuação profi ssional por meio de programas de atividade física para o público em particular. Fonte: Ghilardi (1998). 29 material complementar O Conselho Regional de Educação Física (CREF) publica boletins eletrônicos com temas pertinentes à área. Recomendamos que leia o artigo do Boletim CREF9/PR - Nº 38, que trata da reforma trabalhista e sua influência para nossa profissão. Web: http://www.crefpr.org.br/publicacoes?p=2 Fabio Saba é palestrante, autor de livros e artigos científicos sobre atividade fí- sica, qualidade de vida, gestão de carreira e de academias. Recomendamos que assista seus vídeos e leia suas publicações acadêmicas. Web: https://www.youtube.com/watch?v=IxHlIjeUwEE Indicação para Acessar 30 referências ANTUNES, A. C. Mercado de trabalho e educação física: aspectos da preparação profissional. Revista de Educação, Anhanguera, v. 10, n. 10, p. 141-149. 2007. BARBOSA-RINALDI, I. P; PIZANI, J. Desafios dos estágios nos cursos de bacha- relado em Educação Física. In: NASCIMENTO, J. V. do; FARIAS, G. O. Constru- ção da identidade profissional em Educação Física: da formação à intervenção. Florianópolis: Ed. da UDESC, 2012. BRASIL. Conselho Federal de Educação. Resolução n. 03, de 16 de junho de 1987. Fixa os mínimos de conteúdo e duração a serem observados nos cursos de graduação em Educação Física (Bacharelado e/ou Licenciatura Plena). Brasília: MEC, 1987. BRASIL. Conselho Nacional de Educação/Câmara deEducação Superior. Reso- lução n. 04, de 06 de abril de 2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dm- documents/rces004_09.pdf. Acesso em: 16 abr. 2019. BRASIL. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior. Reso- lução n. 07, de 31 de março de 2004. Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física. Brasília: D.O.U., 2004. BRASIL. Lei n. 9.696, de 01 de setembro de 1998. Dispõe sobre a regulamenta- ção da Profissão de Educação Física e cria os respectivos Conselho Federal e Con- selhos Regionais de Educação Física. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/Leis/L9696.htm. Acesso em: 16 abr. 2019. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Superior, Referenciais Curriculares Nacionais dos Cursos de Bacharelado e Licenciatura/Secretaria de Educação Superior. Brasília: Ministério da Educação; Secretaria de Educação Superior, 2010. Disponível emhttp://www.dca.ufrn.br/~adelardo/PAP/Referen- ciaisGraduacao.pdf. Acesso em: 16 abr. 2019. CAZELATO, J. A. M. Preparação Profissional para uma intervenção Ética. In: TOJAL, J. B.; BARBOSA, A. P. (orgs.). A Ética e a bioética na preparação e na intervenção do Profissional de Educação Física. Belo Horizonte: Casa da Edu- cação Física, 2006. DRUMOND, J. G. F. A ética do profissional de saúde e a Educação Física. In: TOJAL, J. B. (org.). Ética profissional na Educação Física. Rio de Janeiro: Shape, 2004. 31 referências FONSECA, R. G. et al. O conhecimento profissional na intervenção em educação física: um estudo de caso etnográfico. Revista da Educação Física/UEM, Marin- gá, v. 20, n. 3, p. 367-380. 2009. FREIDSON, E. Para uma análise comparada das profissões: a institucionalização do discurso e do conhecimento formais. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, ano 11, n. 31, p. 141-155, jun. 1996. FREIDSON, E. Renascimento do Profissionalismo: teoria, profecia e política. São Paulo: EDUSP, 1998. GHILARDI, R. Formação profissional em educação física: a relação teoria e prá- tica. Revista Motriz, Rio Claro, v. 4, n. 1, jun. 1998. Disponível em: https://www. rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/04n1/4n1_ART01.pdf. Acesso em: 16 abr. 2019. NASCIMENTO, G. Y.; SORIANO, J. B.; FÁVARO, P. E. A perspectiva do erro e a avaliação das consequências da intervenção profissional em educação física: uma análise de conteúdo. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v. 9, n. 4, p. 393-400. 2007. OLIVEIRA, A. A. B. Mercado de trabalho em educação física e a formação pro- fissional: breves reflexões. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 8, n. 4, p. 45-50, set. 2000. PRONI, M. W. Universidade, profissão Educação Física e o mercado de trabalho. Motriz, Rio Claro, v.16, n.3, p. 788-798, jul./set. 2010. REZER, R.; MADELA, A.; DAL-CIN, J. Apontamentos sobre o ingresso na car- reira docente: possibilidades para o campo da educação física. In: CONCEIÇÃO, V. J. S.; FRASSON, J. S. Textos e contextos sobre o trabalho do professor de edu- cação física no início da docência. Porto Alegre: Sulina, 2016. VERENGUER, R. C. Intervenção profissional em Educação Física: expertise, cre- dencialismo e autonomia. Revista Motriz, Rio Claro, v. 10, n. 2, p. 123-134, mai./ ago. 2004. 32 gabarito 1. As diretrizes curriculares nacionais – Resolução Nº 01/CNE/2002 e Resolu- ção Nº 07/CNE/2004 – apresentaram propostas ajustadas à preparação de profi ssionais, incluindo o rol de competências para atuação no dinâmico e acelerado universo mercadológico instaurado. Com as referidas resoluções, os cursos de formação foram incumbidos de reajustar suas propostas forma- tivas, necessitando incorporar conhecimentos que discutam tanto o espaço escolar, quanto o não escolar. 2. Embora a inserção no campo de trabalho se constitua como importante meio para ganhar experiência das ações demandadas pela prática profi ssional, a inserção precoce dos graduandos leva ao emprego de estagiários como mão- -de-obra barata, que podem não estar sufi cientemente capacitados para to- mar decisões e desempenhar suas ações de forma qualifi cada. 3. A. 4. E. 5. E. UNIDADEUNIDADE II Professora Dra. Fabiane Castilho Teixeira Professora Me. Isabella Caroline Belem Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Expansão dos campos de atuação profi ssional • Desafi os e perspectivas da profi ssão • Algumas possibilidades de inserção profi ssional Objetivos de Aprendizagem • Demonstrar a expansão dos campos de atuação da Educação Física e os seus impactos para a intervenção profi ssional. • Discutir os principais desafi os e perspectivas da profi ssão, destacando a importância da intervenção qualifi cada para o reconhecimento da Educação Física na sociedade. • Apresentar alguns campos de inserção no mercado de trabalho em Educação Física e as demandas pertinentes a cada um deles. OS CAMPOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL unidade II INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), com a expansão dos campos de atuação da Educação Física, os espaços de inserção profissional se amplia- ram, apresentando novas oportunidades de inserção no merca- do de trabalho para os profissionais da área. Assim, a busca pela prestação de serviço qualificado tem crescido exponencialmente. Uma das razões para tal procura se deve ao destaque recebido em vários seto- res da sociedade acerca de temas relacionados à saúde, à atividade física, ao exercício físico e à qualidade de vida. A demanda de trabalho requer que os cursos de formação ofereçam conhecimentos referentes às áreas já consagradas, como os esportes e ati- vidades físicas, além dos novos conhecimentos voltados a métodos de treinamento diferenciados, novas modalidades de ginásticas de condicio- namento, entre outros. Por esses aspectos, é fundamental que os futuros profissionais estejam preparados para atuar nos diversos campos, sejam: clubes, academias, centros de treinamento, hotéis e demais espaços pri- vados ou públicos. Para que haja reconhecimento social da prestação de serviços na área da Educação Física é imprescindível que, no processo formativo, você, graduando(a), obtenha conhecimentos profissionais, científicos, técnicos, competências e habilidades, sobretudo específicos da área que subsidiará sua futura intervenção profissional. Obviamente, todos esses conheci- mentos não são adquiridos somente na formação inicial, mas também a partir da experiência profissional obtida por meio dos estágios, do traba- lho efetivo e de pós-graduações. Devemos ressaltar que cada campo de atuação profissional necessita de um conjunto variado de conhecimentos, de experiências prévias e de perfil profissional. Nesse sentido, apresentaremos a você, ao longo desta unidade, algumas possibilidades de inserção no mercado de trabalho. Esperamos que aproveite e lhe desejamos bons estudos! 38 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA Estudamos, na unidade anterior, que a Educação Física é uma área que se encontra em notória ex- pansão. Tal realidade pode ser empiricamente cons- tatada quando observamos a crescente procura de pessoas que buscam fazer dela sua profi ssão e cons- truir uma carreira. Em decorrência disso, notamos a ampliação dos cursos de formação profi ssional ofer- tados em nosso país. Além disso, temos assistido ao destaque que a mídia televisiva tem dado aos profi ssionais e aos ser- viços prestados no âmbito dessa profi ssão, a exem- plo de programas que chamam a atenção para a prá- tica de exercícios físicos e a relação com a saúde e a qualidade de vida, e ainda a velocidade com que os conhecimentos da área são produzidos e disse- minados, que também acarretam em novas frentes e demandas de trabalho. Contudo, para além dessas constatações empíri- cas, que são, de fato, relevantes para pensarmos so- bre a atual confi guração da nossa área, é indispensá- vel pontuar que a notoriedade da Educação Física na realidade brasileira apresenta estreita relação coma expansão dos seus campos de atuação profi ssional, desencadeada, sobretudo, nas últimas décadas. As perspectivas favoráveis do mercado de traba- lho em expansão, concretizada pela ampliação das Expansão dos Campos de Atuação Profi ssional EDUCAÇÃO FÍSICA 39 De acordo com Anzolin (2012), foi na transição do século XX para o século XXI que o vertiginoso pro- cesso de expansão e de diversificação dos campos de atuação do profissional da Educação Física impac- tou as perspectivas profissionais daqueles que atu- am nessa área e o seu papel perante à sociedade. As realidades econômica, política e social vividas pelo Brasil têm exigido esforços coletivos, no sentido de buscar qualificação profissional que se apresente condizente com as novas aspirações daqueles que buscam acompanhamento profissional para a práti- ca de esportes e de exercícios físicos. atividades desenvolvidas em clubes, academias e ou- tros espaços privados – que são foco dos bacharéis em Educação Física – tem motivado mais pessoas, a cada ano, a buscarem essa formação. À medida que se expandiram a mercantilização das práticas esportivas e o consumo de bens e servi- ços relacionados ao corpo e à forma física, os cam- pos de atuação profissional se desenvolveram e apre- sentaram, como compensação, expectativas mais ampliadas do mercado de trabalho para os egressos dos cursos de Educação Física (PRONI, 2010). Em contrapartida, essa realidade apresenta mercado de trabalho mais dinâmico e competitivo aos profissio- nais da área. Anzolin (2012, p. 28) destaca que, [...] é notável e crescente o interesse demonstra- do por todos os segmentos sociais com relação aos benefícios advindos da prática de ativida- des físicas, seja na perspectiva do desempenho, da promoção da saúde, da qualidade de vida, da educação ou lazer. Com isso, novas demandas passaram a ser exigi- das do profissional, que necessita compor amplo e diversificado rol de competências e o assegurem de que está desenvolvendo bom trabalho. A autora discute a ampliação dos locais que ofertam a prá- tica de atividades físicas, juntamente com a maior diversidade de práticas corporais oferecidas por es- ses ambientes: Mesmo com a ampliação da formação profissional no País, ainda é possível encon- trar pessoas que não estão preparadas para exercer a profissão atuando nos campos de trabalho da área, como academias e clubes. Fonte: as autoras. REFLITA Figura 1 – Desenvolvimento da Educação Física 40 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA Assim, o bacharelado em educação física deve ter por objetivo a formação de profissionais qualifi- cados para o exercício da área, entendida como um campo de estudo multidisciplinar e de inter- venção profissional através das diferentes mani- festações e expressões do movimento humano. O profissional de educação física deve ser apto a atuar como autônomo e/ou em Instituições e Ór- gãos Públicos e Privados de prestação de serviços em atividade física, desportiva e/ou recreativa e outros na natureza, além de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a prática dessas atividades, em ambientes diferenciados da rede escolar formal (ANZOLIN, 2012, p. 25). Com diagnóstico semelhante acerca da expansão dos campos de trabalho no âmbito do bacharelado em Educação Física, Antunes (2007, p. 141) assinala que Na área da saúde surgem maiores possibilida- des de trabalho com equipes multiprofissionais em hospitais, clínicas e centros de tratamento. No lazer, podem ser desenvolvidos trabalhos em prefeituras, clubes hotéis, entre outros locais que oferecem atividades de lazer. No esporte, as ações do profissional de Educação Física po- dem ocorrer no contexto profissional, amador e de iniciação. Ainda, surgem oportunidades em empresas, principalmente em academias e em escolas de iniciação esportiva. A medida que os campos de atuação dos bacharéis se ampliaram, a intervenção profissional se confi- gurou mais dinâmica e complexa, tornando-se foco de preocupações de importantes instituições sociais do país, a exemplo das políticas educacionais. Nas orientações para a elaboração dos currículos das instituições de Ensino Superior preconizadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de gra- duação em Educação Física (DCNs em Educação Física), mediante o parecer CNE/CES 584/2018, é possível constatar tais preocupações. O documento recomenda que a graduação deverá qualificar o bacharel em Educação Física, para que possa atuar na área do treinamento esportivo, do lazer e da recreação, da orientação de exercícios fí- sicos, da gestão, da avaliação física, dentre outros es- paços. Em seguida, indica o agrupamento de aspec- tos relacionados à aquisição e ao desenvolvimento dos conhecimentos, das atitudes e das habilidades dos profissionais de Educação Física. Os aspectos incluem o domínio de conheci- mentos conceituais, procedimentais e atitudinais, orientados por valores éticos e morais; o diagnós- tico eficaz da realidade de intervenção profissional; a importância da intervenção qualificada, teorica- mente orientada para a atuação em diferentes cam- pos de trabalho, sejam da saúde, do lazer ou das atividades esportivas, considerando o esporte de alto rendimento; a possibilidade de compor equipes multiprofissionais; a colaboração na operacionali- zação de políticas públicas para os campos da saú- de, do lazer, do esporte, da educação não escolar, da segurança, do trabalho, dentre outros; o diagnósti- Figura 2 – Aula de natação para crianças EDUCAÇÃO FÍSICA 41 co das expectativas do público atendido; o domínio sobre os procedimentos e as técnicas empregados na intervenção profissional da área, exceto no magistério da Educação Básica; o acompanhamento das transformações acadêmico-científicas da área e de áreas afins; e, ainda, a interação com a produção e a disseminação de conhecimentos da Educação Física e de áreas correlatas, com a contínua atuali- zação profissional. Vale frisar que o trabalho faz parte da vida hu- mana, visto que, desde muito cedo, o homem se viu repleto de necessidades de sobrevivência, de desen- volvimento, de relacionamento e de socialização, e essas aspirações foram supridas pelo trabalho. Diferentemente de outros animais, o homem potencializa seu trabalho, utilizando-se de fer- ramentas [...] mudando, se desejar, o curso de sua atividade e, principalmente, dando-lhe um significado pessoal e social (VERENGUER, 2003, p.11). Sendo assim, devemos lembrar que, na trajetória construída pela humanidade, o homem passou por diversas transformações no mundo do tra- balho, as quais modificaram intensamente sua forma de relacionar com esse contexto. Por isso, determinantes sociais, econômicos e técnicos impulsionaram as formas de compreender o tra- balho e o capital humano, em diferentes épocas e contextos vividos pela humanidade (VEREN- GUER, 2003). No caso específico da Educação Fí- sica, cada vez mais o profissional precisa estabe- lecer uma dinâmica com o seu campo de atuação, como trabalhar em mais de um local e desempe- nhar mais de uma função. Além disso, deverá es- tar preparado para modificar suas estratégias de ação, tendo em vista a colocação e a estabilidade no contexto dessa profissão. Portanto, caro(a) aluno(a), fecharemos este tópi- co destacando que nosso objetivo é que você amplie os saberes que já possui da área, adquira conheci- mentos especializados da Educação Física enquanto campo de intervenção profissional e concretize uma relação mais elaborada com esses conhecimentos. Figura 3 – Aula de dança para adultos É provável que, com esse mapeamento dos campos de atuação profissional, você esteja refletindo sobre os espaços em que poderá inserir-se no mercado de trabalho, quais tipos de intervenção tem mais afini- dade, com quais públicos gostaria de trabalhar ou, até mesmo, em qual área gostaria de especializar-se. São questionamentos importantes que você deverá fazer ao longodo processo formativo e considera- mos indispensáveis aos estudos que estamos desen- volvendo nessa disciplina. 42 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA Para darmos continuidade aos nossos estudos sobre a intervenção profi ssional em Educação Física, queremos chamar sua atenção para o de- senvolvimento da área nos campos da saúde e da qualidade de vida, os quais apresentaram novas oportunidades de trabalho para o profi ssional. Fato é que, enquanto profi ssionais, somos cons- tantemente desafi ados a garantir nosso espaço nessa ocupação. Além do mais, devemos estar cientes da nossa parcela de responsabilidade, para que a Educação Física se legitime no meio social, pois uma área com tal abrangência carece de ser melhor reconhecida por aqueles que usufruem dos seus serviços. Desafi os e Perspectivas da Profi ssão EDUCAÇÃO FÍSICA 43 Para darmos continuidade, é válido pensarmos em como se configura a intervenção profissional. Para Soriano (2003), ela pode ser pensada como situa- ção de trabalho determinada como “combinação parcialmente inédita”, cada situação apresenta par- ticularidades e reúne combinação de procedimentos técnicos profissionais com relacionamentos inter- pessoais experienciados pelas pessoas. Tais combi- nações formam situações únicas e não idênticas. A intervenção profissional pode ser pensada como circunstância vivida na realidade de trabalho que apresenta combinação parcialmente inédita de diversos elementos, os quais influenciarão decisões e estratégias de ação do profissional, ao deparar-se com as problemáticas da atuação. Isto é, para resol- ver os novos desafios da realidade interventiva, será necessário mobilizar um conjunto de elementos já mobilizados em outro momento, e podem ser consi- derados parcialmente inéditos, uma vez que deverão ser readequados às particularidades do mais novo contexto. Nessa direção, convém assinalar que um aspecto convergente entre os estudiosos que se empenham em discutir a preparação profissional, enfatiza a re- levância da intervenção qualificada dos bacharéis em Educação Física. Ademais, a autora alerta que não podemos perder de vista a forma como a área é avaliada pelos profissionais, pelo meio acadêmico e pelas pessoas que não têm conhecimento específico do tema, pois isso impacta na sua evolução no mundo trabalho (SORIANO, 2003). Figura 4 – Profissional de Educação Física A intervenção qualificada em Educação Física requer formação continuada, especialmente quando temos a intenção de colaborar com o bem-estar e a qualidade de vida da população. Fonte: as autoras. REFLITA Não obstante, a educação profissional precisa contar com a aproximação entre os conhecimentos profis- sionais, advindos da prática cotidiana e o científi- co, resultado de pesquisas específicas na área, para que possa, de fato, apresentar possibilidades de res- postas às demandas e às problemáticas inerentes à profissão, pois é fundamental ampliar a qualidade das respostas empenhadas pelos profissionais de Educação Física em seu cotidiano de trabalho (SO- RIANO, 2003). Corroborando, Freire, Verenguer e Reis (2002) enfatizam que os conhecimentos empregados pelo profissional de Educação Física precisam ser condi- zentes com o espaço de intervenção do trabalho. Isso será possível se o especialista conseguir mobilizar os conhecimentos acadêmico-científicos e os adqui- ridos com a experiência na área para definir estra- tégias acertadas de ação na sua realidade cotidiana (NASCIMENTO; SORIANO; FÁVARO; 2007). Por exemplo, quando o profissional tem o pri- meiro contato com seu aluno/cliente, precisa mo- bilizar conhecimentos adquiridos pela experiência 44 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA profissional, como ter sensibilidade para perceber qual é o perfil do indivíduo e como deverá comuni- car-se com esse aluno/cliente (de forma mais formal ou informal), e aliar esses saberes aos conhecimen- tos acadêmico-científicos conquistados na formação inicial e continuada. Tal alinhamento será funda- mental para que possa, posteriormente, prescrever um programa de intervenção que seja adequado ao perfil, às necessidades, às potencialidades e às limi- tações do indivíduo que está atendendo. É a partir dessa complexa teia de construção de conhecimentos que o profissional poderá organi- zar satisfatoriamente seu trabalho. Por isso mesmo, de acordo com Soriano e Winterstein (2004), não podemos desconsiderar que o especialista poderá lançar mão do amplo conjunto de combinações e de conexões para desenvolver seu trabalho. Assim, é bastante válido compreendermos como podemos articular os diferentes elementos presentes em nos- sa realidade de atuação para construir nossas ações interventivas. Assim, especificidades relacionadas ao estilo de vida adotado pela pessoa ou pelo gru- po de pessoas atendidas, as normas, as condutas, os procedimentos técnicos empregados, os referenciais teóricos mobilizados pelo profissional e as norma- tizações que balizam a profissão na sociedade são elementos importantes para entendermos a cons- trução e a efetivação da sua proposta interventiva (DIMENSTEIN, 2000; FONSECA et al., 2009). Nosso objetivo é que você aproveite este pri- meiro e importante passo do seu processo formati- vo – o curso de graduação – para qualificar-se e in- tervir de forma satisfatória e coerente na realidade profissional. Sendo assim, compreendemos que as atividades que constituem seu curso deverão dis- ponibilizar saberes especializados da área com o intuito de garantir [...] o aprimoramento das rotinas, procedimen- tos e condutas profissionais e, sobretudo, da realidade na qual o profissional está inserido, ou seja, enquanto profissional-cidadão, este deve atuar como agente de mudança (VEREN- GUER, 2003, p. 4). Na atual conjuntura, o mercado de trabalho se ca- racteriza por ser um ambiente dinâmico, instável e imprevisível. Por isso mesmo, requer cada vez mais profissionais amplamente qualificados, eficientes e readaptáveis, que apresentem aptidão para resolver as problemáticas que surgem na ação profissional. Ao tratar do assunto, Antunes (2007) ressalta que a polivalência, a agilidade e a flexibilidade profissional são requisitos a serem desenvolvidos no paradigma de formação profissional vigente. Figura 5 – Conhecimento científico na Educação Física Com a nova configuração dos campos de traba- lho, tornou-se mais rentável, para alguns, deixar a posição de assalariado para assumir a posição de profissional liberal, tornando-se empreendedor e ofertando serviços especializados. Nessa nova re- alidade, iniciativa, criatividade, liderança, apren- dizado contínuo, agilidade e flexibilidade se torna- ram importantes atributos a serem contemplados (ANVERSA, 2011). EDUCAÇÃO FÍSICA 45 Conforme vimos no tópico anterior, são inúmeras as atribuições e as responsabilidades do profissional de Educação Física no momen- to histórico em que vivemos. Aliás, caro(a) alu- no(a), convém enfatizar que as transformações no mundo do trabalho impactaram em mudanças expressivas nas complexas atividades da vida in- dividual, social e cultural. Com isso, a competiti- vidade e a produtividade se tornaram paradigmas do mercado de trabalho, em que a tecnologia, o conhecimento científico e a qualificação de recur- sos humanos se expressam cada vez mais basilares (ANTUNES, 2007). Não podemos deixar de analisar que as mudan- ças sofridas pelo contexto profissional nas últimas décadas, em maior ou menor grau de intensidade, afetam as relações de trabalho instituídas no mundo inteiro. Tais mudanças acarretaram em transforma- ções que beneficiam, sobretudo, o capital financeiro, em detrimento do trabalhador. Logo, é importante deixar claro que, a inserção no mundo do trabalho não se apresenta no âmbito exclusivo do esforço pes- soal, mas estabelece estreita relação com o modelo econômico e a política de desenvolvimento adotada pelo país (VERENGUER, 2003).
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