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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 101 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO I PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA ANTIGUIDADE CLÁSSICA Cidades na Grécia Região montanhosa e desigual que não se adéqua a formação de um grande estado. Principados independentes (cidades-estados): chefiados por uma família guerreira em uma fortaleza localizada em um ponto elevado, que dominava pequeno território. Acumulação de riquezas através de intenso comércio marítimo durante o II milênio. As invasões bárbaras (1100 – 750 a.C.) estagnam o desenvolvimento da civilização grega e fazem as cidades regredirem quase ao neolítico. Desenvolvimento posterior beneficiado pelas inovações, como o ferro, o alfabeto e a moeda cunhada, e por sua estratégica posição geográfica que favorece o comércio marítimo. As cidades principescas se transformam em pólis aristocráticas ou democráticas. Economia monetária: esta se estenderá a todo lado oriental do Mediterrâneo, após o século IV a.C. Cada cidade domina um pequeno território de onde retira seus meios de sobrevivência. Cidade: tem a função de unificar serviços diferenciados, é o centro político, comercial, religioso e local de refúgio para a população dispersa no território. É nesse ambiente que se forma a cultura grega. Pólis: origina-se nas colinas, onde os camponeses se refugiavam para se defenderem dos inimigos. Com o crescimento do povoado, esta se estende pelas planícies. Estrutura fortificada por um cinturão de muros. Cidade alta (Acrópole): onde se localizam os templos e local de último refúgio para os habitantes. Cidade baixa (Astu): local do comércio e das relações civis. Ambas fazem parte de um organismo único e indissociável. Órgãos necessários ao funcionamento da cidade: - Lar comum: local consagrado ao deus protetor da cidade onde realizavam-se sacrifícios e banquetes rituais; alem de servir de abrigo para hóspedes estrangeiros. Em sua origem se localizava no palácio real, depois passou a ser anexo ao edifício onde residiam os principais dignitários da cidade, chamados pritanes, passando, então, a ser conhecido como pritaneu. É formado por um altar com um fosso cheio de brasa, cozinha e sala de refeição. Seu fogo deveria ser mantido aceso o tempo todo e quando parte da população UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 101 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO I PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA emigrava para formar novas colônias, o fogo do Lar da Pátria era levado para o pritaneu da nova cidade. - Conselho (bulé): formado por nobres ou funcionários que representavam a assembleia dos cidadãos. A sala onde se reuniam era chamada de buleutérion. - Assembleia dos cidadãos: se reuniam para ouvir as decisões do chefe ou para deliberar. O local de reunião era, normalmente, a praça do mercado (ágora) ou em locais ao ar livre que tinham essa função nas grandes cidades. Em Atenas as reuniões aconteciam na colina de Pnice ou Pnix. O pritaneu e o buleutérion normalmente se localizam próximos à ágora. Cidades menores poderiam possuir certa autonomia, mas, em geral, pritaneu e o buleutérion ficavam em uma cidade maior. Os territórios são delimitados pelas montanhas e, normalmente, cada cidade possuía seu próprio porto, que ficava distante da cidade, pois ela se localizava longe do litoral por motivos de segurança. Stoa: construção sempre presente na ágora. Sua função primordial era oferecer abrigo contra a chuva e o sol, mas também era usada como local de reuniões com fins comerciais. Podem apresentar compartimentos na parte de trás onde funcionavam lojas e escritórios. Esses territórios poderiam ser ampliados de duas maneiras: pela conquista ou por acordos entre cidades próximas. Esparta chegou a dominar quase metade do Peloponeso. A população é sempre pequena tanto pela falta de recursos quanto pela opção política. Atenas, na época de Péricles, tinha 40.000 habitantes. Esparta, no tempo das Guerras Persas, tinha 8.000 habitantes. Quando a população crescia e atingia um determinado número, eram organizadas expedições para formação de uma nova cidade em uma colônia. 10.000 habitantes é um número considerado ideal. Surgiu da necessidade das cidades não serem tão pequenas que não pudessem formar um exército, e nem grandes demais, a fim de que os cidadãos pudessem se conhecer para melhor escolher seus representantes. Os gregos entendem sua civilização como um todo, mas não tendem à unificação política porque sua superioridade depende do conceito de pólis: liberdade coletiva do corpo social. Sentimento de patriotismo intenso, pois seu objeto é limitado e concreto e vem da pátria: lar comum, descendentes com a mesma origem. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 101 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO I PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA Características da cidade grega que a faz ser considerada um modelo universal: UNIDADE, ARTICULAÇÃO, EQUILÍBRIO COM A NATUREZA E LIMITE DE CRESCIMENTO UNIDADE: As cidades formam um todo único, sem zonas restritas ou independentes. São muradas, mas não divididas em recintos internos, como as cidades orientais. As casas têm o mesmo tipo e só se diferem pelo tamanho. Não formam bairros de classes determinadas. Existem áreas, como a ágora e o teatro, onde a população pode se reunir. ARTICULAÇÃO: A cidade é dividida em três zonas: áreas privadas (onde se encontram as habitações), áreas sagradas (templos e santuários) e áreas públicas (destinadas às reuniões públicas, ao comércio, ao teatro e ao esporte). O Estado administra as áreas públicas e intervém nas áreas sagradas e particulares. EQUILÍBRIO COM A NATUREZA: Cuidado com a relação entre ambiente natural e ambiente construído. Máximo respeito à paisagem natural. REGULAR X IRREGULAR Os templos são extremamente regulares, com plantas simétricas e acabamento igual em todas as fachadas. Mas sua implantação é feita de maneira irregular. LIMITE DE CRESCIMENTO: O aumento da população não implicava no aumento da cidade, mas no surgimento de outra, de tamanho equivalente ou maior que a primeira. A cidade velha se chamava paleópolis e a nova neápolis. Quando a Grécia foi invadida por Felipe II e unificada ao Império Macedônio, perdeu uma de suas características mais importantes: a independência das cidades-estados. Assim, as cidades fundadas por Alexandre, o Grande, mesmo seguindo os preceitos gregos, atingem tamanhos nunca atingidos na Grécia. Estima-se que Alexandria chegou a ter um milhão de habitantes. A área construída é tão grande que nenhuma edificação domina a paisagem. As ruas se tornam mais grandiosas e surgem algumas obras excepcionais, como o Farol de Alexandria (talvez tivesse 180 metros) são a imagem da grandeza da cidade. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 101 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO I PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA HIPÓDAMO DE MILETO É considerado o criador dos planos regulares gregos que foram muito utilizados na construção de novas cidades ou na transferência de cidades existentes para outros locais, como Priene, em meados do século IV a.C. Segundo Aristóteles, Hipódamo criou um plano de cidade ideal. Esta deveria ter 10.000 habitantes, divididos em 3 classes sociais: artesãos, agricultores e guerreiros. Seu território também deveria ser dividido em 3 partes: sagrada, pública e privada. Foi o autor do projeto da nova distribuição do Pireu em Atenas e, talvez, das cidades de Mileto, Rhodes e Olinto. Estas e outras cidades do período (século V a.C.), foram traçadas seguindo regras geométricas. Ruas emângulo reto com algumas vias principais no sentido do comprimento, que dividem a cidade em faixas paralelas. As ruas possuíam largura modesta, sem pretensões monumentais. Esse traçado forma uma grelha de quarteirões retangulares e uniformes, que podem se adaptar ao terreno ou a outras necessidades. A menor dimensão dos quarteirões era a necessária para duas casas e a maior para uma fileira de casas. A regularidade da grade é ditada pelas exigências das unidades habitacionais. Unidade e uniformidade das propriedades particulares. As áreas civis e militares se adaptavam a grade, sem alterá-la, ocupando um quarteirão ou dois. O perímetro da cidade não possui desenho regular, assim, os lotes terminam de forma irregular próximos aos obstáculos limítrofes, como montes e costas. A irregularidade do perímetro e a distância dos muros em relação aos quarteirões respeitam o equilíbrio entre natureza e a obra do homem. As cidades que seguiam este traçado regular são conhecidas como hipodâmicas. Apesar das regras, não há um modelo único. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 101 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO I PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA Planta da cidade de Mileto organizada por Hipódamo, no século V. Os quarteirões medem cerca de 30x52 metros. Planta da cidade de Olinto após a ampliação feita por Hipódamo, em 432 a.C. A área pontilhada corresponde ao núcleo mais antigo (paleópole) UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 101 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO I PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA ATENAS Localização: planície central da Ática. Rodeada pelos montes Aigaleos, Parnaso e Pentélico e Himeto e por uma costa recortada ao sul. Entre os montes existem planícies que permitem a comunicação com outras partes da região e pelo mar é fácil o contato com as ilhas vizinhas. A planície é cortada por dois rios: o Cefiso e o Ilissos. Entre os quais encontram-se várias colinas (Licabeto, Acrópole, Aerópago, das Ninfas, Pnice, Museu). Acrópole: 156 metros de altura. Única colina que oferece segurança por seu contorno íngreme e por seu espaço no topo. Foi sede dos primeiros habitantes da região. Área sagrada local da construção dos principais templos da cidade Atenas se formou quando os habitantes dos pequenos povoados da área se concentraram em torno da Acrópole. O centro do novo aglomerado se desenvolveu na planície ao norte da Acrópole, onde surgiu a Ágora. Foram construídos o tribunal e santuários nas proximidades. Cidade murada: construção de cinturões de muros. Várias construções importantes foram realizadas antes do século V a.C.: via sacra, muralha, edifícios monumentais no entorno da ágora, aqueduto, teatro de Dionísio, buleutérion e assembleia. Em 479 a.C., Atenas já era uma cidade rica e equipada, mas foi destruída nesse ano por invasores persas. Logo depois um novo cinturão de muros foi construído, dessa vez englobando uma área maior. Na Idade de Ouro de Atenas (461 e 404 a.C), sob o governo de Péricles, a Acrópole foi, praticamente, reconstruída. Foram construídos o Partenon (447 – 438 a.C.), os Propileus (437 – 432 a.C.), o templo de Atena Niké ( por volta de 430 – 420 a.C.) e o Erecteu (421 – 405 a.C.) Nessa época, a cidade cresceu e se expandiu para fora da nova muralha e se tornou um organismo mais complexo. Hipódamo desenhou e construiu os longos muros que ligam a cidade ao porto do Pireu com traçado regular. Algum tempo depois, os muros foram novamente ampliados. O teatro de Dionísio ganhou nova forma arquitetônica para receber a população. Essas modificações não seguiram um plano regular e definido, são, na verdade, uma série de obras que alteraram a paisagem original e tinham o objetivo de atender algumas necessidades de Atenas. Mantendo a unidade e a coerência. As ruas, os muros, os edifícios monumentais não escondem o relevo natural. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 101 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO I PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA Edifícios antigos são, muitas vezes, incorporados aos novos. Assim, natureza e história se mantêm presentes formando a cidade. Sobre essa base surgiram estátuas gigantescas, como a Atena Prómakos (feita de bronze, ficava sobre a acrópole e seu brilho poderia ser visto do mar), edifícios de vários tamanhos construídos de mármore com acabamento de escultura e coloridos como pinturas. Ornamentos e arquitetura se misturam nos edifícios monumentais da Acrópole. Não é possível separar arquitetura, escultura, pintura e decoração. Todas as peças eram feitas em oficinas e depois montadas no local com precisão. No entorno da Acrópole e das áreas públicas ficavam as habitações. As casas, por serem construções modestas deixaram poucos vestígios. Ruas com traçado irregular. A riqueza de Atenas era voltada para o consumo público e não para os luxos particulares. A cidade continuou se expandindo, mas a Acrópole se mantém no centro do tecido urbano. No fim da Idade Clássica, Atenas ficou em ruínas e a área ocupada se restringia ao entorno da Acrópole e da Ágora romana. PARTENON: templo dórico inteiramente de mármore dedicado a deusa Atena, padroeira da cidade. A obra foi iniciado em 447 a.C. e ficou pronta em 438 a.C., mas as esculturas só foram acabadas em 432 a.C. A edificação foi alterada para abrigar uma igreja bizantina, uma catedral católica e uma mesquita. Apesar das mudanças de função, o prédio permaneceu em bom estado até 1687, quando o centro foi destruído por uma explosão causada pela pólvora armazenada em seu interior. No século XIX, foram retiradas várias esculturas do Partenon e levadas para Londres. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 101 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO I PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA PROPILEU: segunda edificação construída por Péricles. Construção toda em mármore, iniciada em 437 a.C., um ano após a conclusão do Partenon. Planta e seção do Partenon Planta do Propileu UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 101 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO I PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA ERECTEU: templo jônico, iniciado em 421 a.C. e finalizado em 405 a.C. Sua função era substituir o Velho Templo e abrigar a antiga imagem. Localizado próximo ao Partenon, mas em terreno mais baixo para não rivalizar com esse. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BENEVOLO, Leonardo. História da Cidade. São Paulo: Perspectiva, 2003. MUMFORD, Lewis. A Cidade na História: suas origens, transformações e perspectivas. São Paulo: Martins Fontes, 2004. ROBERTSON, D.S. Arquitetura Grega e Romana. São Paulo: Martins Fontes, 1997. SUMMERSON, John. A Linguagem Clássica da Arquitetura. São Paulo: Editora Martins Fontes,1994. Elevação do Erecteu
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