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A RELAÇÃO TERAPÊUTICA EM TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL Profa. Juliana B. Sbicigo Disciplina: Teorias cognitivo-comportamentais INTRODUÇÃO ❑ Inúmeros estudos clínicos randomizados evidências de eficácia de psicoterapias (Cuijpers et al., 2018; Kazdin 2007) ❑ Quais são os mecanismos de mudança das terapias? COMO as terapias operam? ❑ Fatores específicos • Ingredientes dos #s tipos de tratamento • Ex.: Foco em pensamentos disfuncionais em TCC ❑ Fatores comuns 1. Aliança terapêutica 2. Expectativas 3. Empatia e outras habilidades FATORES COMUNS “Um bom relacionamento entre cliente e terapeuta é, no mínimo, considerada a base a partir da qual todo trabalho terapêutico ocorre (Hardy et al., 2007). 1. Aliança/Relação Terapêutica FATORES COMUNS ❑ TRÊS COMPONENTES (Bordin, 1979; Wampold, 2015): 1. Aliança/Relação Terapêutica VÍNCULO entre paciente e terapeuta Acordo sobre os OBJETIVOS da terapia Acordo sobre as TAREFAS da terapia FATORES COMUNS - TCC 1. Aliança terapêutica a) Vínculo – crucial nos estágios iniciais da terapia “Algum nível básico de confiança certamente marca todas as variedades de relacionamentos terapêuticos, mas quando a atenção é direcionada para os recantos mais protegidos da experiência interior, são necessários e desenvolvidos laços mais profundos de confiança e apego” (Bordin, 1979, p. 254). • O terapeuta é verdadeiro? Confiável? • O terapeuta é competente? Tem a expertise necessária para resolver o meu problema? • Quanto o tempo o terapeuta dedica para compreender eu e meu problema? FATORES COMUNS - TCC 1. Aliança terapêutica a) Vínculo – transferência • Conceitos psicanalítico, revisitados pela TCC • Como em todas as terapias, os fenômenos de transferência são vistos como uma reedição, na relação terapêutica, de elementos-chave de relacionamentos prévios importantes (p. ex. pais, avós, professores, chefes, amigos) • O foco na TCC é verificar modos habituais de pensar e agir (ex.: necessidade de controle tanto na vida pessoal como no setting terapêutico) • Na TCC, é importante que o paciente entenda a reedição para melhorar a relação terapêutica • Há uma reação transferencial que exige atenção agora? Está impedindo o progresso da relação terapêutica e da terapia? ▪ Terapeuta deve fornecer consequências diferenciais na terapia FATORES COMUNS - TCC 1. Aliança terapêutica a) Vínculo – resistência • Indicadores de resistência no paciente: focar muito pouco ou excessivamente nas emoções, falar pouco ou excessivamente sobre o passado, não se lembrar de eventos importantes, não comparecer, chegar atrasado, recusar-se a pagar a sessão, desvalorizar o terapeuta e o tratamento, terminar o tratamento prematuramente • RESISTÊNCIA em TCC: demandas da terapia + falhas do terapeuta + dificuldades do paciente FATORES COMUNS - TCC 1. Aliança terapêutica a) Vínculo – contratransferência • Ocorre na TCC quando a relação com o paciente ativa no terapeuta PAs automáticos e esquemas, e essas cognições têm o potencial de influenciar o processo de terapia •Ex.: paciente resistente (rever abordagem de pensamentos “errados”) • Indicadores: ficar com raiva, tenso ou frustrado com o paciente; sentir-se entediado no atendimento; aliviado quando o paciente se atrasa ou cancela a sessão; repetidamente encontra dificuldades para trabalhar com um determinado tipo de doença, conjunto de sintomas ou dimensão de personalidade, ou começa a se sentir especialmente atraído ou inclinado por um determinado paciente • O que o terapeuta deve fazer diante da contratransferência? Esquemas do terapeuta: ✓ Abandono ✓ Necessidade de aprovação ✓ Perfeccionismo ✓ Autonomia Autoavaliação de erros cognitivos ou encaminhar dependendo do caso FATORES COMUNS 1. Aliança terapêutica b) Objetivos • TCC focaliza no objetivo • Consenso entre terapeuta e paciente • O paciente entende a natureza da tarefa que ele precisa fazer? • Ele percebe o valor de realizar essa tarefa? • Ele tem confiança para realizar tarefa? • Ele precisa de ajuda para realizá-la? c) Tarefas FATORES COMUNS 2. Empatia ▪ Deixar ser afetado pelo estado emocional do paciente (ex.: rir, emocionar-se) ▪ Tomar a perspectiva do paciente, “colocar-se no lugar” ▪ Avaliar as razões para tal estado emocional ▪ Evitar suposições sobre como o cliente está se sentindo (falar pelo paciente) ▪ É crucial para cooperação + compartilhamento de objetivos + expectativas ▪ Não significa ter “pena” do paciente ▪ Não ignorar sinal de dor emocional do paciente ▪ Não demonstrar julgamento, mas aceitação do relato do paciente FATORES COMUNS - TCC 2. Empatia A empatia envolve a capacidade de colocar-se no lugar do paciente de modo a ser capaz de intuir o que ele está sentindo e pensando e, ao mesmo tempo, manter a objetividade para discernir possíveis distorções, raciocínio ilógico ou comportamento desadaptativo que possam estar contribuindo para o problema ▪ Não exagerar nas demonstrações verbais e não-verbais de empatia ▪ Não se apressar em ser empático antes que o paciente perceba que você entendeu ▪ Empatia + autenticidade + otimismo ▪ Empatia + busca de soluções (utilizar questionamento socrático que encoraje ações) FATORES COMUNS 2. Empatia expressa na TCC Aspectos verbais e não-verbais que apoiam a empatia: ▪ Contato visual ▪ Aceno com a cabeça ▪ Confirmações ▪ Parafrasear o paciente ▪ Resumir o conteúdo relatado FATORES COMUNS 3. Expectativas ▪ “Remoralização” (Frank & Frank, 1991) ▪ Expectativa de ser ajudado ▪ Explicação + ações de tratamento convincentes ▪ Acordo sobre objetivos + tarefas FATORES ESPECÍFICOS 1. Empirismo colaborativo 2. Grau de atividade do terapeuta 3. Terapeuta professor-orientador 4. Flexibilidade e sensibilidade FATORES ESPECÍFICOS TCC 4. Flexibilidade e Sensibilidade ▪ Evitar um tipo de relação terapêutica monolítica, que se encaixa a qualquer situação, em favor de um estilo flexível e personalizado sensível às características únicas de cada paciente ▪ CONSIDERAR: 4.1 Questões situacionais: Luto, conflitos conjugais, divórcio, desemprego, enfermidades [usar - questionamento de evidências + empatia e busca da funcionalidade] Excesso de ligações, maior tempo de consulta, excesso de intimidade ou amizade FATORES ESPECÍFICOS TCC 4. Flexibilidade e Sensibilidade 4.2 Questões socioculturais: sexo, etnia, a idade, nível socioeconômico, religião, orientação sexual, identidade de gênero e escolaridade ESTRATÉGIAS Ser reflexivo em seu trabalho com pacientes com diversas histórias de vida (Você está tendo dificuldades para expressar empatia com um dado paciente? Você se sente “duro” e artificial nas sessões? Está temendo o atendimento com esse paciente? Essas reações podem estar relacionadas a suas tendências e atitudes pessoais?) Aprofundar os conhecimentos nos temas socioculturais FATORES ESPECÍFICOS TCC 4. Flexibilidade e Sensibilidade 4.2 Diagnóstico e sintomas: A doença, o tipo de personalidade e o conjunto de sintomas de cada paciente podem ter uma influência substancial no relacionamento terapêutico. Personalidade dependente dependência do terapeuta Transtorno alimentar esforço para validar as crenças e atitudes disfuncionais Personalidade borderline poderá trazer o caos e a instabilidade das relações prévias Personalidade paranóide defensivo e problemas para confiar no terapeuta ESTRATÉGIAS ▪ Identificar problemas e usar estratégias (ex.: esclarecer em caso de desconfiança, usar humor em caso de rigidez) ▪ Evitar ROTULAR o paciente ▪ Empenhar-se com serenidade diante da transferência/constratransferência É POSSÍVEL MEDIR A ASPECTOS DA ALIANÇA TERAPÊUTICA? 1. Vínculo: 3,5,7,9. 2. Objetivo: 4,6,8,11. 3. Tarefa: 1,2,10,12. COMPORTAMENTOS QUE INTERFEREM NA TERAPIA CONSIDERAÇÕESFINAIS ▪ A qualidade da relação terapêutica, avaliada nas primeiras fases da terapia, constitui um bom prognóstico de resultados em diferentes abordagens de tratamento ▪ As falhas empáticas do terapeuta e o estilo defensivo do terapeuta para lidar com situações difíceis na interação com o paciente prejudicam a aliança terapêutica, impedindo o progresso de tratamento e favorecendo sentimentos nocivos no paciente A RELAÇÃO TERAPÊUTICA EM TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL Profa. Juliana B. Sbicigo Disciplina: Teorias cognitivo-comportamentais Slide 1: A relação Terapêutica em Terapia Cognitivo-Comportamental Slide 2: Introdução Slide 3 Slide 4: Fatores comuns Slide 5: Fatores comuns Slide 6: Fatores comuns - TCC Slide 7: Fatores comuns - TCC Slide 8: Fatores comuns - TCC Slide 9: Fatores comuns - TCC Slide 10: Fatores comuns Slide 11: Fatores comuns Slide 12: Fatores comuns - TCC Slide 13: Fatores comuns Slide 14: FATORES COMUNS Slide 15: FATORES ESPECÍFICOS Slide 16: Fatores específicos TCC Slide 17: Fatores específicos TCC Slide 18: Fatores específicos TCC Slide 19: É possível medir a aspectos da aliança terapêutica? Slide 20: Comportamentos que interferem na terapia Slide 21: Considerações finais Slide 22: A relação Terapêutica em Terapia Cognitivo-Comportamental