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Alfabetização e Letramento segundo a BNCC

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Núcleo de Educação a Distância
GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO
Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino
Revisão Ortográfica: Águyda Beatriz Teles
PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.
O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para 
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por 
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.
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Prezado(a) Pós-Graduando(a),
Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!
Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança 
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se 
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as 
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma 
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a 
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. 
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas 
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são 
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver 
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo 
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de 
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) 
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. 
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos 
conhecimentos.
Um abraço,
Grupo Prominas - Educação e Tecnologia
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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!
É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha 
é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é 
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização. 
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como 
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua 
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo 
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de 
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.
Estude bastante e um grande abraço!
Professora: Raquel Henrique
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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao 
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela 
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes 
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao 
seu sucesso profisisional.
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Esta unidade analisará o processo de aprendizagem da lín-
gua escrita por meio dos estudos sobre Alfabetização e Letramento e 
ainda, o que a Base Nacional Curricular Comum homologada em 2018 
traz de contribuições e mudanças para esta fase tão importante da 
vida escolar das crianças. Especificamente, foram enfocadas: a) re-
flexão sobre o conceito de alfabetização e letramento, b) métodos de 
alfabetização no Brasil, c) o processo de construção da escrita segun-
do Emília Ferreiro, d) contribuições de Magda Soares, e) mudanças no 
processo de alfabetização e letramento segundo a BNCC, f) práticas 
de alfabetização e letramento e, g) formação de professores. Trata-se 
de um módulo voltado para formação e atualização de professores que 
estão atuando no ciclo de alfabetização e também, àqueles professo-
res que não estão atuando diretamente no ciclo, mas que compreen-
dem a importância de se entender o processo para o desenvolvimento 
de habilidades subsequentes ao processo ou habilidades prévias para 
o desenvolvimento da escrita. Justifica-se por causa da sua real e 
persistente relevância, dado que o contexto social e educacional que 
a sociedade brasileira tem enfrentado, nos últimos anos, claramente 
impacta nas relações de ensino. Os resultados revelam que o desen-
volvimento da alfabetização se apresenta ainda nos dias de hoje com 
resultados que preocuparam a todos os envolvidos em educação. Eles 
mostram também que somente por meio de estudo, planejamento e 
políticas públicas que esta realidade pode ser alterada.
Alfabetização. Letramento. Base Nacional Curricular.
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 CAPÍTULO 01
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Apresentação do Módulo ______________________________________ 11
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Reflexões sobre os Conceitos de Alfabetização e Letramento ____
Contribuições de Magda Soares ________________________________
Breve Histórico dos Métodos de Alfabetização no Brasil ___________
 CAPÍTULO 02
O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA ESCRITA
Contribuições de Emília Ferreiro ________________________________ 30
25Recapitulando ________________________________________________
21Qual o melhor Método de Alfabetização para as Crianças? _______
Recapitulando _________________________________________________ 41
 CAPÍTULO 03
BNCC O QUE MUDA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRA-
MENTO
Alfabetização e Letramento segundo a BNCC __________________ 47
Práticas de Alfabetização e Letramento _________________________ 53
Refletindo sobre a Formação de Professores ____________________ 59
Recapitulando _________________________________________________ 65
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Considerações Finais ____________________________________________ 70
Fechando a Unidade ____________________________________________ 71
Referências _____________________________________________________ 74
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Nos últimos anos vivenciamos inúmeros desafios na busca da 
garantia de uma escola democrática, na qual todos os alunos tenham 
acesso a uma educação de qualidade, que perpasse o desafio da de-
codificação de letras e símbolos, mas que seja capaz de formar alunos 
leitores, críticos e conscientes de seu papel como cidadão.
Aprender a ler e escrever é um direito de todos e necessita ser 
garantido por meio de uma prática educativa baseada em princípios re-
lacionados a uma escola inclusiva, que esteja preparada paratraçar um 
plano individual de ensino que atenda a especificidade de cada educando.
Muito embora há inúmeras pesquisas e discussões acerca do 
processo de alfabetização, é de conhecimento de todos que temos muito 
a caminhar para que consigamos atingir índices de maior notoriedade e 
respeito quando se refere a alfabetização, as avaliações externas realiza-
das apontam que o Brasil ainda produz nos dias de hoje analfabetos fun-
cionais, pessoas capazes de decodificarem o sistema de escrita por meio 
da leitura, todavia, não compreendem o que leem e portanto, não pos-
suem a habilidade de interpretar e usar a língua de maneira consciente. 
A implantação da BNCC - Base Nacional Curricular Comum – 
nos permite perceber que o processo de alfabetização nos dois primei-
ros anos do Ensino Fundamental deve ser o foco da ação pedagógica 
docente em todo o país. 
Aprender a ler e escrever oferece aos estudantes algo novo e surpreendente: 
amplia suas possibilidades de construir conhecimentos nos diferentes com-
ponentes, por sua inserção na cultura letrada, e de participar com maior au-
tonomia e protagonismo na vida social (BRASIL, 2018, p. 63)
Dentro deste paradigma é de extrema importância a formação 
continuada do professor alfabetizador, pois, somente investindo no de-
senvolvimento profissional do docente juntamente com ações de políti-
cas públicas, o cenário descrito e vivido até o presente momento poderá 
ser alterado visando melhorias. Este módulo busca dialogar com o pro-
fessor alfabetizador trazendo um pouco do conhecimento da alfabetiza-
ção em nosso país e ainda, o conhecimento teórico de pesquisadoras 
renomadas na área da alfabetização e por fim, a contribuição que a 
BNCC propõe ao educador.
Compreender conceitos como alfabetização e letramento, tão 
comuns ao meio do educador, tão próximos e, ao mesmo tempo impreg-
nados de concepções, que embora caminhem lado a lado se distanciam 
ao ser definidas é necessário para se apropriar da compreensão do 
processo de aquisição da língua escrita pelas crianças. Assim como é 
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fundamental para o educador se ater a história do processo de alfabeti-
zação no Brasil. Por meio da história, quatro grandes momentos foram 
divididos didaticamente para apresentar os métodos em vigor durante 
cada período e suas implicações para os dias atuais.
Cabe ao educador também, conhecer um pouco das pesquisas 
de Emília Ferreiro e sua contribuição sobre o processo de construção 
da escrita, pois, a partir dos estudos da Psicogênese da Língua Escrita 
são desvendados os mecanismos pelos quais as crianças aprendem a 
ler e a escrever. Assim, as contribuições de Magda Soares vêm promo-
ver a importância de o letramento acontecer concomitante ao processo 
de aquisição da língua escrita.
Em seguida, será discutido o que muda no processo de alfa-
betização e letramento após a implementação da Base Nacional Co-
mum Curricular e quais são as diretrizes que o professor alfabetizador 
precisa se apoiar ao desenvolver seu trabalho pedagógico: práticas de 
alfabetização e letramento, e também, considerações sobre a rotina pe-
dagógica para garantir boas situações de aprendizagem, contribuindo 
assim no processo de aquisição da língua escrita pela criança. Por fim, 
o módulo faz uma reflexão sobre a formação inicial e contínua dos pro-
fessores, bem como as consequências diretas deste mecanismo para 
a sala de aula. É importante frisar que este assunto não se esgota nas 
páginas deste trabalho e há muito o que pesquisar e produzir de conhe-
cimento sobre esta área tão importante aos educadores.
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O primeiro capítulo deste módulo busca elucidar aos profissio-
nais da área da Educação conceitos tão repetidos e difundidos atual-
mente, e que ao mesmo tempo, são tão complexos pelas semelhanças 
que possuem. 
Pesquisadores e teóricos como Emília Ferreiro e Magda Soares 
se apropriaram destes conceitos numa tentativa de esclarecer o processo 
de aquisição da língua escrita pelas crianças. Distinguindo cada um dos 
termos, o professor é capaz de compreender a importância de cada um no 
desenvolvimento do processo de escrita pelo qual as crianças perpassam.
Dando seguimento aos estudos sobre o tema, este capítulo 
abordará um breve histórico do processo de alfabetização no Brasil. Ao 
se apropriar da história, nos deparamos com quatro grandes momentos 
que retratam didaticamente os métodos em vigor durante cada período 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
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e suas implicações para os dias atuais.
Conhecer os métodos utilizados ao longo da história da alfabe-
tização no Brasil colabora com o entendimento de que algumas práticas 
antigas, mecânicas, voltadas para o exercício repetitivo e o treino cons-
tante são tão presentes na atual educação brasileira.
REFLEXÕES SOBRE OS CONCEITOS DE ALFABETIZAÇÃO E LE-
TRAMENTO
Considera-se a alfabetização como um dos temas mais polê-
micos no Brasil. De um lado por uma interminável guerra de métodos: 
fônico x construtivista que veremos mais à frente uma definição para 
cada um, do outro lado, a luta incansável de alguns teóricos em contri-
buir com a educação no sentido de conciliar a reflexão sobre o sistema 
alfabético, não descartando o caminhar das crianças ao aprender sons 
e letras, mas inserindo-as no mundo letrado.
Aprender um sistema de representação bastante abstrato é um 
desafio para criança, transformar os sons em letras, é um processo que 
o professor precisa conhecer como se dá em cada aluno. Para isso, o 
professor precisa entender fundamentos e conceitos diversificados, tais 
como, os psicológicos, fonológicos, linguísticos e sociolinguísticos que a 
formação inicial do professor infelizmente ainda não contempla e quando 
contempla não é suficiente e adequada para preparar o professor.
É preciso atentar-se que para se ter a aprendizagem inicial da 
língua escrita é necessário ter clareza sobre dois conceitos: alfabetiza-
ção e letramento. Alfabetização é o processo de aprendizagem do siste-
ma de representação dos sons da fala, ou seja, como transformamos os 
sons (fonemas) em letras (grafemas). É a aquisição de uma ferramenta, 
o sistema alfabético e ortográfico, é ainda, deixar de operar com repre-
sentações simbólicas e fazer o registro silábico das palavras. Para isso, 
a criança se apropria de processos próprios, tais como, entender que 
escrevemos da esquerda para a direita de cima para baixo, que utiliza-
mos letras e não números e assim, por diante.
Quando o ensino das primeiras letras é muito dissociado dos usos da leitura 
na vida social, muitas vezes o aluno conclui que se aprende ler e a escrever 
para passar de ano e para copiar os exercícios dados pela professora. No 
entanto, se a alfabetização for conduzida de forma a demonstrar que a leitu-
ra e a escrita tem função aqui e agora, e não apenas num futuro distante, é 
provável que o indivíduo se sinta mais motivado para o esforço que a apren-
dizagem exige. (CARVALHO, 2010, p. 14)
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Por outro aspecto, como aponta Marlene Carvalho, não basta 
a criança aprender a decodificar as letras que a levará dominar a língua 
escrita no seu uso social, é esse o desafio do processo, levar a criança 
a desenvolver habilidades do uso da ferramenta escrita no contexto so-
cial e cultural de que as pessoas vivem, que vai muito além da simples 
identificação e decodificação simbólica. A esse recurso dá-se o nome de 
letramento, habilidadeque a criança adquire de saber o que escrever, 
para quem escrever, em que contexto escrever, identificando e lidando 
com os mais variados tipos de gêneros e suas práticas sociais.
Embora sejam processos distintos para se definir, na apren-
dizagem inicial da língua escrita eles devem caminhar lado a lado de 
forma simultânea, a criança deve ser alfabetizada dentro de um contex-
to de letramento. Por isso, é importante que o professor alfabetizador 
reconheça esses processos para possibilitar que a criança esteja num 
contexto de alfabetização e letramento que ocorrem ao mesmo tempo. 
O letramento se dá a partir da experiência da criança com o uso 
social, algo que ela convive vai tomando um status diferente. Alfabetizar 
letrando ou letrar alfabetizando vai se entretecendo de modo que um 
não pode caminhar sem o outro. Diz respeito, a exposição das crianças 
a sociedade letrada, pois, a criança anda nas ruas, vê televisão e rece-
be diversos estímulos que a ajudam no processo do letramento e que 
não podem ser deixados de lado pelo professor. Para Magda Soares:
é necessário reconhecer que alfabetização – entendida como a aquisição 
do sistema convencional de escrita – distingue-se de letramento – entendi-
do como o desenvolvimento de comportamentos e habilidades de uso com-
petente da leitura e da escrita em práticas sociais: distinguem-se tanto em 
relação aos objetos de conhecimento quanto em relação aos processos cog-
nitivos e linguísticos de aprendizagem e, portanto, também de ensino desses 
diferentes objetos. Tal fato explica por que é conveniente a distinção entre os 
dois processos. (SOARES, p. 97, 2004)
O conceito de letramento vai além da alfabetização, ou seja, da-
quilo que a gente entende como apropriação do sistema de escrita para 
tratar dos usos sociais da escrita na sociedade. A ideia de letramento veio 
no sentido de enriquecer o uso social da alfabetização, é alfabetizar-se 
pensando no horizonte de uso social para a esta tecnologia. Não basta 
uma condição alfabetizada do ponto de vista tradicional, quer era aprender 
a ler e escrever, aprender a decodificar e a codificar, embora essa condição 
seja fundamental ela não é suficiente para formar sujeitos letrados.
É interessante perceber que o conceito de letramento surge no 
Brasil, a partir de 1980, inclusive observa-se em dicionários anteriores a dé-
cada de 80 que a acepção do verbete letrando passou por uma transforma-
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ção, anteriormente indicava a pessoa que era erudita, versada em letras, 
um literato. E mais recentemente, indica também, a pessoa que é capaz de 
se inserir em eventos de letramento, de usos da escrita, com autonomia. 
É nesse sentido que a escola deve pensar em letramento, oportunizando 
momentos de inserção de práticas letradas, de práticas de uso da escrita. 
Assim, se inicia a discussão sobre letramento, diante das práti-
cas de leitura e escrita na sociedade contemporânea que leva os estu-
diosos a elaborarem novos conceitos que colaborem com a prática do 
professor em sala de aula. Numa sociedade urbana, onde a escrita é 
cada vez mais presente, é impossível pensar em pessoas que não façam 
uso da escrita, sejam elas alfabetizadas ou não. As pessoas estão a todo 
momento tendo contato com materiais escritos, as pessoas leem placas 
de ônibus, leem nomes de produtos nos supermercados, leem placas, 
faixas, enfim, a escrita é totalmente presente em nossa sociedade. 
No entanto, o fundamental é o olhar do professor para essas 
questões de maneira perspicaz, entendendo que a fundamentação te-
órica que o professor adquirir deve ser traduzida numa prática pedagó-
gica adequada.
O processo de letramento escolar se inicia a partir do primeiro 
ano, de maneira sistematizada, mas ele acontece muito antes da entra-
da da criança na escola, antes mesmo da educação infantil, por meio 
do contato e estímulo familiar, a criança ao chegar na escola já carrega 
consigo um conhecimento sobre esse processo. Segundo Telma Weisz:
perdemos de vista o aprendiz. Estávamos tão ocupados com a mão, o olho, 
os ouvidos que esquecemos que no comando há sempre um ser pensante. 
Alguém que diante da escrita se pergunta: a) Para que serve? b) O que re-
presenta? c) Quais as propriedades observáveis deste objeto? d) Todas as 
palavras escritas são iguais? e) O que determina a diferença entre elas? f) E 
as semelhanças? (WEISZ, p. 116, 1985)
Ser letrado é ser capaz de participar das situações de intera-
ção na sociedade em que os textos de diversos gêneros estão presen-
tes, neste sentido, não é preciso que a criança seja alfabetizada para 
que ela seja letrada, as crianças desde muito cedo podem participar de 
eventos de letramento diversos. 
Salienta-se aqui que os termos: letramento e alfabetização, são 
separados para fins didáticos, mas isso não pode dar margem ao que 
ocorria anteriormente aos estudos da psicogênese, onde se acreditava 
que os anos iniciais do ensino fundamental eram para aprender sobre 
o sistema de escrita e que somente após essa sistematização a criança 
avançaria uma etapa e estaria pronta para ter contato com o texto.
Por algum tempo, os conceitos de alfabetização e letramento 
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foram vistos como se um não dependesse do outro, hoje cada vez mais 
essa percepção vem sendo rediscutida. No Brasil, uma das maiores 
pesquisadoras sobre o tema é Magda Soares que afirma
O que se propõe é, em primeiro lugar, a necessidade de reconhecimento 
da especificidade da alfabetização, entendida como processo de aquisição 
e apropriação do sistema da escrita, alfabético e ortográfico; em segundo 
lugar, e como decorrência, a importância de que a alfabetização se desen-
volva num contexto de letramento – entendido este, no que se refere à etapa 
inicial da aprendizagem da escrita, como a participação em eventos variados 
de leitura e de escrita, e o consequente desenvolvimento de habilidades de 
uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua escrita, 
e de atitudes positivas em relação a essas práticas. (SOARES, 2004, p.12)
Alfabetização e letramento são conceitos que, na prática 
se apresentam de formas indissociáveis e que possuem o mesmo 
propósito. No final, o que se deseja é que essas crianças estejam 
alfabetizadas para participar de uma forma mais íntegra na vida 
social. Então, esse é o objetivo maior.
Quando se pensa nos conceitos apresentados, é necessário re-
fletir também sobre articulação. A articulação entre alfabetização e letra-
mento está posta independente dos professores terem ou não este con-
ceito pedagogicamente resolvido, porque a cultura escrita está presente 
na escola, pois, a criança vai para a escola independentemente do lugar 
que se origina com representações do que e de onde se usa a escrita. 
Estes processos geram atividades didáticas diferenciadas em 
sala de aula, atividades mais voltadas para o processo de alfabetiza-
ção e atividades mais voltadas para o processo de letramento, por isso, 
é tão importante que o professor consiga articular e tenha clareza de 
como usar essas práticas em sala de aula. Estes conceitos precisam 
ser complementares em sala de aula, a escola deve se preocupar tanto 
em levar a criança a compreender o valor da escrita e a cultura escrita 
em suas mais variadas formas, como fazer o investimento grande para 
a compreensão do funcionamento do sistema alfabético.
As atividades de alfabetização nos primeiros anos do ensino 
fundamental, devem se pautar, primeiramente, por estimular os alunos 
a usar a língua escrita na sala de aula. Atividades que estimulam a leitu-
ra, escrita, tanto de palavras, frases e textos, atividades que serão mais 
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efetivas didaticamente se articularem o uso, com a reflexão e análise 
dos elementos que compõem o sistema de escrita. Do ponto de vista 
mais estrito, tem que ser atividades que desafiem a criança a pensar 
sobre o sistema de escrita, sobre textos escritos, pensar sobre o uso 
destes textos e funcionamento da escrita de modo geral.
É possível alfabetizar aos seis anos, muitos trabalhos nos mos-
tram isso, que as crianças muito cedo têm condição de organizar textos 
com as possibilidades que elas têm naquele momento, ainda com lacu-
nas, mas já pensarem sobre a organização da linguagem escrita e não 
só da língua escrita. Sabe-se que com o letramento e com a difusão da 
escrita no contexto social, a criança é capaz de se alfabetizar bem antes 
dos seis anos de idade. 
Ao participar de situações de leitura e escrita, a criança vai 
compreendendo o sistema de escrita, e cabe a escola sistematizar esse 
conhecimento que ela já vem ao longo de sua infância construindo no 
contexto social.
BREVE HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRA-
SIL
A alfabetização passou a ser estudada no Brasil em suas múlti-
plas facetas, sendo uma delas, a histórica. Estudar alfabetização pelo viés 
da história permite entender os problemas das dificuldades de as crianças 
aprenderem a ler e escrever, bem como do professor ensinar as crianças. 
A história da alfabetização do Brasil pode ser dividida em qua-
tro grandes momentos que se baseiam conforme os métodos em vigor 
durante o período. Maria Rosário Longo Mortatti afirma que:
Em nosso país, a história da alfabetização tem sua face mais visível na histó-
ria dos métodos de alfabetização, em torno dos quais, especialmente desde 
o final do século XIX, vêm-se gerando tensas disputas relacionadas com 
"antigas" e "novas" explicações para um mesmo problema: a dificuldade de 
nossas crianças em aprender a ler e a escrever, especialmente na escola 
pública. (MORTATTI, p. 1, 2006).
O primeiro momento da história da alfabetização no Brasil se 
dá do descobrimento do Brasil até 1890. Este período é marcado pelas 
características que se tinha da escola. A escola ainda não era a que 
conhecemos nos dias atuais, esse espaço ainda não organizado era 
chamado de casa escola. Às vezes pago pela administração da época, 
mas muitas vezes essa casa era paga pelo professor que desejava ter 
seu espaço, tinha somente um professor (unidocente) e não tinha as ca-
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racterísticas de mobiliário que conhecemos hoje em dia. Nesse período 
ainda estávamos organizando o sistema escolar que só vai se concreti-
zar depois do momento da primeira república. De acordo com Mortatti: 
Para o ensino da leitura, utilizavam-se, nessa época, métodos de marcha 
sintética (da "parte" para o "todo"): da soletração (alfabético), partindo do 
nome das letras; fônico (partindo dos sons correspondentes às letras); e da 
silabação (emissão de sons), partindo das sílabas. Dever-se-ia, assim, iniciar 
o ensino da leitura com a apresentação das letras e seus nomes (método da 
soletração/alfabético), ou de seus sons (método fônico), ou das famílias silá-
bicas (método da silabação), sempre de acordo com certa ordem crescente 
de dificuldade. Posteriormente, reunidas as letras ou os sons em sílabas, ou 
conhecidas as famílias silábicas, ensinava-se a ler palavras formadas com 
essas letras e/ou sons e/ou sílabas e, por fim, ensinavam-se frases isoladas 
ou agrupadas. Quanto à escrita, esta se restringia à caligrafia e ortografia, e 
seu ensino, à cópia, ditados e formação de frases, enfatizando-se o desenho 
correto das letras. (MORTATTI, p. 5, 2006).
Em 1876, foi publicada em Portugal a Cartilha Maternal, escrita 
pelo poeta português João de Deus, assim como outros pensadores 
portugueses também fizeram. Essa cartilha foi um marco por coincidir 
com a Proclamação da República. O positivista Silvio Jardim, professor, 
advogado da escola normal de São Paulo foi o grande defensor e res-
ponsável por propagar esse novo método aqui no Brasil, que foi chama-
do de Palavração, classificado como analítico, trazia a palavra como um 
ponto de partida para o aprendizado, do todo para a parte, contrariando 
o que acontecia antes com a soletração, que era um método sintético, 
pois começava pela parte para chegar ao todo, da letra até a palavra.
O segundo momento da história da alfabetização se deu em 
meados dos anos 1890 até 1920. Este momento teve início com a Re-
forma da Instrução Pública no estado de São Paulo que reorganizou o 
currículo dos grupos escolares. Alterando horário tornando-o mais rígi-
do, currículo programático definido, fiscalização por parte do diretor do 
grupo mais intensa, racionalidade da distribuição das matérias. Organi-
zações que faziam sentido a adoção de um método. 
Sob forte influência da Pedagogia norte-americana, o que se dis-
cute nesta época é o ensino da leitura e escrita pelo método analítico, con-
trariando o sintético, este método tinha por característica o ensino da leitura 
pelo todo, para somente depois esmiuçar suas partes constitutivas. O todo 
refere-se a palavra, sentença ou historieta que era o conjunto de frases 
relacionadas entre si por meio de associações lógicas. Mortatti aponta que:
a ênfase da discussão sobre métodos continuou incidindo no ensino inicial 
da leitura, já que o ensino inicial da escrita era entendido como uma questão 
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de caligrafia (vertical ou horizontal) e de tipo de letra a ser usada (manuscrita 
ou de imprensa, maiúscula ou minúscula), o que demandava especialmente 
treino, mediante exercícios de cópia e ditado. (MORTATTI, p. 8, 2006).
O terceiro momento da história da alfabetização, se dá no perío-
do de 1920 a 1980 e fica marcado com o decreto de Antônio de Sampaio 
Dória, que pressupõe a autonomia didática, a partir daí surge o relativis-
mo pedagógico e então, o método deixa de ser obrigatório, oficializado 
e determinado e passa ser algo a critério do professor e de sua didática. 
A tendência de relativização do método decorreu especialmen-
te dos estudos de Lourenço Filho, grande pensador brasileiro, desfoca, 
descentraliza a questão da alfabetização, tendo como necessário um 
método rigoroso que necessite ser seguido com rigidez, pois, ele traz 
como contribuição da área da Psicologia a questão da maturidade ne-
cessária para aprender a ler e a escrever. E então ele apresenta oito 
tipos diferenciados de testes que as crianças deviam se submeter, com 
o objetivo de homogeneizar a salas de aula para alfabetização.
Nesta época, o que acontecia nos ambientes escolares eram 
os conhecidos períodos preparatórios, onde as crianças se submetiam 
a atividades de coordenação motora, acuidade visual e auditiva, esque-
ma corporal e lateralidade que denominavam como atividades de pron-
tidão. Os alunos cujo desenvolvimento era melhor iam para a primeira 
classe e assim sucessivamente, até chegar as crianças que tiveram um 
resultado insatisfatório, de modo que os alunos da sala tivessem mes-
mo desenvolvimento, tornando dessa forma, a sala homogênea. 
Esse período ficou marcado pela publicação de muitas carti-
lhas. O ensino era centralizado no professor e na cartilha. Após a reali-
zação das atividades da cartilha entendia-se que o aluno estava apto a 
partir de então, manusear o livro didático e outros instrumentos gráficos.
O quarto momento da história da alfabetização no Brasil se dá 
a partir de 1980 até os dias atuais. Inicia-se no final da década de 70 e 
início de 80, um movimento muito importante pela democratização da 
escola, e ainda, um movimento de crítica ao livro didático. Concomitante 
a isso, começam a surgir as ideias de Emília Ferreiro que propaga que 
o importante não é o método, mas o que a criança já construiu e está 
disposta a construir.
O trabalhopedagógico inicia-se então com o aluno sendo o 
ponto de partida e cabe ao professor, conhecer o que seu aluno já sabe 
para realizar o seu planejamento e avançar os saberes deste aluno re-
alizando a mediação. Nesta visão, a sala heterogênea é essencial para 
o desenvolvimento de todos. 
Como os métodos deixaram de ser importante, alguns equí-
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vocos marcaram esse período, por exemplo, muitos pensaram que o 
alfabeto não tinha mais importância, que dividir palavras em sílabas não 
ajudaria o aluno a aprender a escrita. E os estudos na contramão vieram 
para desmistificar essas crenças e fazer com que o educador entendes-
se que decorar alfabeto como no século XIX se fazia não acrescenta 
em nada, se feita para classificar, segregar, assim como, decorar as 
famílias silábicas sem estabelecer relações, mas o ensino do alfabeto, 
a relação grafemas e fonemas é importante para que a criança entenda 
como se constitui uma linguagem escrita da sociedade letrada. 
Desde a Proclamação da República, há mais ou menos 120 anos, 
que se nota um discurso reafirmado na necessidade de combater o tradi-
cional e antigo como a causa dos males do presente e difundir o novo. 
Ao longo dos quatro momentos cruciais da história da al-
fabetização, é possível perceber que a disputa entre o novo e o an-
tigo, que até hoje se manifesta entre o novo e o tradicional, indica 
que o tradicional tem que ser constantemente identificado como 
antigo, vazio de sentido, homogêneo, origem dos males do presen-
te para que o discurso novo e revolucionário possa se sobrepor e 
ganhar hegemonia. 
Nessa disputa, na luta por enfrentar o fracasso da esco-
la brasileira no processo de alfabetização, um dos elementos que 
mudou consideravelmente o entendimento, foi a divulgação da te-
oria da psicogênese da escrita, a partir de 1980. E o que sobressai 
disso em todos os momentos é a questão dos métodos de alfabe-
tização, com a seguinte reflexão: de como ensinar a criança a ler e 
escrever. Trataremos deste tema mais adiante.
QUAL O MELHOR MÉTODO DE ALFABETIZAÇÃO PARA AS CRIAN-
ÇAS?
Desde muito tempo existe uma discussão sobre qual é o me-
lhor método para alfabetizar as crianças: método fonético ou métodos 
ligados ao construtivismo. Para uns a garantia é o foco no ensino nas 
relações entre sons e letras, para outros a abordagem deve se dar a 
partir de textos reais para que as crianças possam desenvolver seu 
conhecimento sobre a escrita. É importante dizer que essas questões 
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nunca foram esgotadas e muitas pesquisas são realizadas sobre as 
diferenças entre os métodos e sua melhor eficácia. Mortatti afirma que
Grandes são os riscos de abordar o presente. Maior, porém, é a responsabilida-
de de fazê-lo, quando se considera que a história não é caracterizada nem por 
ciclos de apogeu e decadência, nem por “eternos retornos”, nem por trajetória 
lineares de progresso em direção ao fim da evolução, e que a abordagem his-
tórica, no âmbito científico, visa primordialmente a compreender, sem disputar 
julgamentos de valor apriorísticos. E muito maior, ainda, é a responsabilidade de 
fazê-lo com o objetivo de oferecer uma parcela de contribuição para um debate 
que deve ser sobretudo rigoroso e consequente. (MORTATTI, p. 109, 2009)
Nenhuma pesquisa em seu fim determina o melhor método de 
ensino, o que essas pesquisas normalmente apontam é que qualquer mé-
todo de alfabetização pode ser importante para um determinado momento 
da vida da criança ou um determinado tipo de aprendizagem da criança.
O processo de alfabetização acontece a partir da formação da 
consciência linguística que dá origem à oralidade, à tentativa espon-
tânea de escrita e que dá origem a uma ampliação de vocabulário, no 
entanto, qualquer que seja o início do processo de alfabetização, vai 
se cristalizar quando a criança pode fazer uso de um vocabulário muito 
mais amplo para expressar uma ideia. 
Quando a criança for capaz de usar um vocabulário muito mais 
amplo para emitir uma ideia, essa ampliação de vocabulário para produ-
zir uma frase, ou um texto, é o tão esperado momento que se dá a alfa-
betização com critérios de crítica, de discernimento, de posicionamento 
de ideias, portanto, quando a criança amplia um vocabulário ela usou 
uma metodologia para chegar a essa ampliação. 
Se a ampliação do vocabulário é um critério utilizado para en-
tender que a criança está alfabetizada, é necessário compreender como 
se dá este processo de ampliação. E neste ponto que se dá a resposta 
para criança, pois cada uma tem a ampliação do vocabulário a partir de 
uma metodologia, de um material, de um condutor, de um professor e 
de um educador. 
Muitas crianças, sobretudo aquelas que apresentam muitas difi-
culdades no processo de alfabetização tendem a ter resultados melhores 
no processo fonético de alfabetização. Pois, se a ampliação de vocabulário 
é um dos critérios de alfabetização, imagine que se a criança tem a consci-
ência de uma palavra, de um som fonético e busca-se a rima ou a alitera-
ção (repetição de fonemas idênticos) deste som, é mais fácil por aproxima-
ção para a criança construir relações que ampliem seu vocabulário.
Todavia, essa condição não é igual para todas as crianças. Cada 
criança tem resultados diferentes a partir do uso de métodos diferentes. 
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Há crianças que, durante o processo de alfabetização por métodos globais 
e mais psicodinâmicos, apresentam resultados extraordinariamente bons, 
em comparação com métodos fonéticos e até mesmo silábicos. Por isso, é 
que se diz que não há um melhor método, pois, o adequado é aquele em 
que a criança e seu potencial se associam a um método e o materiais e os 
recursos que esse método se apresenta. Segundo a BNCC.
Assim, alfabetizar é trabalhar com a apropriação pelo aluno da ortografia do por-
tuguês do Brasil escrito, compreendendo como se dá este processo (longo) de 
construção de um conjunto de conhecimentos sobre o funcionamento fonológico 
da língua pelo estudante. Para isso, é preciso conhecer as relações fono-orto-
gráficas, isto é, as relações entre sons (fonemas) do português oral do Brasil 
em suas variedades e as letras (grafemas) do português brasileiro escrito. Dito 
de outro modo, conhecer a “mecânica” ou o funcionamento da escrita alfabética 
para ler e escrever significa, principalmente, perceber as relações bastante com-
plexas que se estabelecem entre os sons da fala (fonemas) e as letras da escrita 
(grafemas), o que envolve consciência fonológica da linguagem: perceber seus 
sons, como se separam e se juntam em novas palavras etc. Ocorre que essas 
relações não são tão simples quanto as cartilhas ou livros de alfabetização fa-
zem parecer. Não há uma regularidade nessas relações e elas são construídas 
por convenção. Não há, como diria Saussure, “motivação” nessas relações, ou 
seja, diferente dos desenhos, as letras da escrita não representam propriedades 
concretas desses sons. (BRASIL, p. 92, 2008)
Sendo assim, o professor alfabetizador deve ter clareza que 
para cada criança um método terá um efeito melhor, por isso, conhecer 
todos eles e utilizar diferentes possibilidades com as crianças que apre-
sentam uma determinada dificuldade é possibilitar que elas avancem no 
processo de escrita dando condições para isso, de nada adianta insistir 
no método “mais moderno” ou “mais eficiente” se ele não apresenta 
resultado com determinada criança.
A criança é um ser plural e em cada uma o desenvolvimento 
se dá de uma determinada maneira. É importante refletir que isto não 
significa caminhar entre os métodos de forma desenfreada, o professor 
alfabetizador precisa ter uma linha detrabalho que faça uma previsão 
consistente do que se deseja que a criança alcance, para garantir seu 
desenvolvimento e avanço no processo de escrita.
Isso não significa, porém, que se deva ensinar a ler e escrever “de qualquer 
jeito”. Por ser um processo escolarizado, sistemático e intencional, esse ensino 
(como o de todas as matérias escolares) não pode prescindir de método, ou 
seja, de uma sequência de passos planejados e organizados para o professor 
ensinar e as crianças conseguirem aprender a ler e escrever. Se a questão 
dos métodos é importante, não é, porém, a única, nem a mais importante, e 
não pode ser tratada com efeitos pirotécnicos, desviando a atenção do que é 
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essencial: o fato de que um método de ensino é apenas um dos aspectos de 
uma teoria educacional relacionada com uma teoria do conhecimento e com 
um projeto político e social. Trata-se, assim, de pensar mais seriamente em 
todos os aspectos envolvidos nesse processo complexo e multifacetado que é 
a alfabetização e nesse que continua sendo nosso maior desafio: a busca de 
soluções rigorosas, consequentes e relativamente duradouras para se enfren-
tarem as dificuldades de nossas crianças em aprender a ler e escrever e de 
nossos professores em ensiná-las. (MORTATTI, p.112, 2009)
Ao pensar no enfoque de alfabetização construtivista e na pers-
pectiva do letramento que possuem ideais baseados aos estudos da psi-
cogênese da língua, observa-se que estes se divergem em um ponto em 
comum que é a relação entre a fala e a escrita. O que ocorre é que para 
os estudiosos do construtivismo, a língua escrita possui um sistema de 
representação que é paralelo e independente ao sistema de represen-
tação da fala, a partir disso, que defendem a ideia de que ao ensinar as 
crianças não é necessário apenas estudar as relações de sons e letras.
Por outro lado, os estudiosos e adeptos do letramento, ressal-
tam a importância do ensino sistemático dessas relações entre sons e 
letras. Fazer com que a criança se atente aos sons, sílabas, segmenta-
ções e, consequentemente, em fonemas representados por letras, pro-
move o desenvolvimento da consciência fonológica tão essencial para 
garantir os avanços da criança no processo. Observa-se que o enfoque 
desta perspectiva está na leitura, enquanto a ênfase do outro se dá no 
processo de escrita.
Um professor que tenha clareza sobre as diferentes perspec-
tivas, sobre os diferentes métodos e sobre os estudos em torno desta 
temática é capaz de utilizar toda essa variedade como mecanismos de 
opções para garantir o processo de ensino. É essencial que os professo-
res conheçam profundamente as diferentes ideias e teorias sobre alfabe-
tização, pois, somente assim, terão capacidade de analisar cada uma e 
utilizar o que for pertinente para seu dia a dia, descartando o que for velho 
e ultrapassado para sua sala de aula. Desta forma, o professor consegue 
determinar quais práticas são mais efetivas a seus alunos e quais devem 
acontecer em cada momento, direcionando o que de fato é viável.
Somente com esses cuidados e esses rigores que o professor 
alfabetizador garantirá a seus alunos que o direito de aprender esteja 
acima de qualquer método, modismo e práticas contaminadas por falta 
de conhecimento.
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
(ANO: 2021 BANCA: FEPESE ÓRGÃO: PREFEITURA DE ARARAN-
GUÁ - SC PROVA: FEPESE - 2021 - PREFEITURA DE ARARANGUÁ 
- SC - PROFESSOR III - ENSINO FUNDAMENTAL E INFANTIL)
Algumas teorias contemporâneas sobre alfabetização e letramento 
passaram a problematizar questões linguísticas ainda pouco de-
batidas e/ou ignoradas nos processos de ensino e aprendizagem, 
trazendo o conceito “preconceito linguístico” aos diálogos atuais.
Sobre esse novo paradigma, é correto afirmar:
1. As regras que aprendemos na escola em boa parte não correspon-
dem à língua que realmente falamos e escrevemos no Brasil. Por isso 
achamos que “o português é uma língua difícil”: porque temos que 
decorar conceitos e fixar regras que não significam nada para nós.
2. Está provado e comprovado para algumas correntes de pensa-
mento que uma criança normotípica de 5-6 anos de idade já domi-
na as regras gramaticais de sua língua e possui os recursos neces-
sários para se exprimir. O que ela não conhece são as sutilezas, 
sofisticações e irregularidades no uso dessas regras.
3. A Língua Portuguesa no Brasil possui uma unidade surpreen-
dente e essa constatação torna-se significativa para a imposição 
de uma norma linguística única, que congrega oralidade e escrita 
de maneira homogênea e natural.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) É correta apenas a afirmativa 3.
b) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
c) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
e) São corretas as afirmativas 1, 2 e 3.
QUESTÃO 2
(ANO: 2021 BANCA: AMAUC ÓRGÃO: PREFEITURA DE ALTO BELA 
VISTA - SC PROVA: AMAUC - 2021 - PREFEITURA DE ALTO BELA 
VISTA - SC - PROFESSOR SÉRIES INICIAIS)
Ao realizar uma atividade proposta por sua professora, a aluna Car-
la escreveu BUNECA (boneca), ao ser indagada sobre a escrita da 
palavra, a professora também reflete sobre o processo de alfabetiza-
ção e letramento. Assinale a alternativa CORRETA sobre este tema: 
a) Para não errar a escrita desta palavra a criança deve aprender meca-
nicamente a recitar a família BA-BE-BI-BO-BU percebendo as diferen-
ças de cada sílaba. 
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b) A professora percebe que deve investir sistematicamente em atividades 
de ditado para forçar as crianças a fixarem a escrita correta das palavras.
c) A professora percebe que a aluna faz uma transcrição de sua fala e 
isto é comum no processo de construção da base alfabética. Por isso 
jogos, brincadeiras com letras e palavras e utilização de diversos supor-
tes auxiliam a avançar na escrita correta durante este período. 
d) A professora apaga a escrita da aluna e solicita que a criança escreva 
corretamente, pois palavras erradas devem ser corrigidas desde o início do 
processo de alfabetização e letramento para não serem fixadas erradas.
e) A professora compreende que a aluna estava desatenta e discute com 
a mesma, pois já explicou em sala muitas vezes que várias palavras da 
Língua Portuguesa são faladas de uma forma e escritas de outra.
QUESTÃO 3
(ANO: 2018 BANCA: EDUCA ÓRGÃO: PREFEITURA DE PATOS - PB 
PROVA: EDUCA - 2018 - PREFEITURA DE PATOS - PB - PROFES-
SOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA II - LÍNGUA INGLESA)
“É uma palavra que tem conceito recente, introduzido na lingua-
gem da educação e das ciências linguísticas há pouco mais de 
duas décadas. Seu surgimento pode ser interpretado como decor-
rência da necessidade de configurar e nomear comportamentos e 
práticas sociais na área da leitura e da escrita que ultrapassem o 
domínio do sistema alfabético e ortográfico, nível de aprendizagem 
da língua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo processo de 
alfabetização”. A concepção faz referência à(ao):
a) Aprendizagem significativa.
b) Alfabetização.
c) Linguagem.
d) Letramento.
e) Expressividade.
QUESTÃO 4
(ANO: 2018 BANCA: FUNDEP (GESTÃO DE CONCURSOS) ÓR-
GÃO: PREFEITURA DE ERVÁLIA - MG PROVA: FUNDEP (GESTÃO 
DE CONCURSOS) - 2018 - PREFEITURA DE ERVÁLIA - MG - PRO-
FESSOR EDUCAÇÃO INFANTIL)
Analise as afirmativas acerca dos processos de alfabetização e le-
tramento. 
I. Alfabetização e letramento, embora sendo conceitos distintos, 
cada um com suas especificidades, são processos complementa-
res e inseparáveis. 
II. A alfabetização não é dependente do letramento; é impossível alfa-
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betizar letrando, pois se alfabetiza primeiramente, para se letrar depois.
III. À medida que se apropria do sistema linguístico em situações 
contextualizadas, a criança percebe que a língua escrita tem uma 
função social.
Estão corretas as afirmativas
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III.
QUESTÃO 5
(ANO: 2021 BANCA: PREFEITURA DE FORTALEZA - CE ÓRGÃO: 
PREFEITURA DE FORTALEZA - CE PROVA: PREFEITURA DE FOR-
TALEZA - CE - 2021 - PREFEITURA DE FORTALEZA - CE - GESTOR 
ESCOLAR)
Lerner (2002) apresenta alguns desafios para transformar o ensino 
da leitura e da escrita na Escola. Sobre isso, marque a opção correta.
a) Em relação aos processos de leitura e escrita, o desafio da Escola é 
formar praticantes da leitura e da escrita, e não apenas “decifradores” 
do sistema de escrita.
b) Para transformar o ensino da leitura e da escrita na Escola, não se 
configura um desafio a superação das atividades mecânicas e despro-
vidas de sentido.
c) Para transformar o ensino da leitura e da escrita na Escola, não se 
constitui um desafio investir na formação continuada de professores e 
professoras.
d) Em relação aos processos de leitura e escrita, é preciso considerar 
a escrita apenas como objeto de avaliação, sem que se constitua como 
objeto de ensino.
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
Nessa disputa de métodos, na luta por enfrentar o fracasso da esco-
la brasileira no processo de alfabetização, um dos elementos que mu-
dou consideravelmente o entendimento, foi a divulgação da Teoria da 
Psicogênese da Escrita, a partir de 1980. E o que sobressai disso em 
todos os momentos é a questão dos métodos de alfabetização, com a 
seguinte reflexão: de como ensinar a criança a ler e escrever. Sobre o 
enunciado, comente acerca da Teoria da Psicogênese da Escrita e a 
sua aplicação processo de alfabetização da criança.
TREINO INÉDITO
Sobre as atividades de alfabetização nos primeiros anos do ensino 
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fundamental, deve se primeiramente:
a) Estimular os alunos a usar a língua escrita na sala de aula.
b) Levar o aluno a diferenciar a língua escrita dos desenhos e garatujas.
c) Fazer o aluno decorar as letras do alfabeto.
d) Estimular os alunos a usarem as sílabas para escrever.
e) Intensificar o trabalho com o silabário.
NA MÍDIA
ALFABETIZAÇÃO ESTÁ ENTRE AS AÇÕES PRIORITÁRIAS DOS 
CEM DIAS DE GOVERNO
O Ministério da Educação (MEC) incluiu no pacote de projetos priori-
tários para os cem dias de governo Bolsonaro uma ação específica na 
área de alfabetização. A ideia é banir métodos globais de ensinar a ler 
e escrever, que costumam ser associadas à teoria construtivista de de-
senvolvimento cognitivo, para promover o método fônico.
No fônico, a aprendizagem começa das letras e sílabas até chegar às 
palavras. Nos métodos globais, o caminho costuma ser inverso, par-
tindo de textos e experiências sobre as funções da linguagem para se 
chegar às letras e sons, mas focando na compreensão da leitura.
No Brasil, em geral, se adota a abordagem construtivista, mas não há 
regra única. Especialistas divergem sobre a eficácia da medida plane-
jada pelo governo e apontam que a combinação de diferentes técnicas 
com alfabetizadores bem formados é o mais importante.
Fonte: (O GLOBO, 2019). Disponível em: https://oglobo.globo.com/so-
ciedade/educacao/alfabetizacao-esta-entre-as-acoes-prioritarias-dos-
-cem-dias-de-governo-23347807
NA PRÁTICA
É com grande preocupação que esta notícia vinculada na mídia chega 
aos profissionais da educação. É preciso se atentar que todas às vezes 
que se deseja inovar apagando tudo que foi feito durante o passado 
está fadado ao erro. É preciso que as mudanças considerem o que já foi 
estudado, feito e desenvolvido e, a partir disso, trace novos horizontes 
de experiência e prática.
Quando se contrapõe métodos, um versus o outro, cria-se uma distân-
cia muito grande, na qual se intensifica uma rivalidade. O importante é 
que o professor saiba quais ações praticadas dentro de cada método é 
eficiente para levar o aluno à reflexão. Há de se considerar que a crian-
ça precisa aprender a palavra, e que associar esta aprendizagem a lei-
tura de textos, ao uso social, a práticas da linguagem é a maneira mais 
funcional de se alfabetizar, principalmente, nas camadas mais baixas 
onde as crianças não possuem contato com o mundo letrado.
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Este capítulo traz ao leitor, um recorte das pesquisas de Emília 
Ferreiro e sua contribuição sobre o processo de construção da escrita. A 
partir dos estudos da Psicogênese da Língua Escrita são desvendados 
os mecanismos pelos quais as crianças aprendem a ler e a escrever. Ao 
mudar a ótica condutora da aprendizagem, as ideias da pesquisadora 
argentina trouxeram muitas implicações nas práticas dos professores 
alfabetizadores.
 Posteriormente, o capítulo abordará as contribuições de Mag-
da Soares sobre alfabetização e letramento, por meio de sua prática 
e de suas pesquisas é possível compreender a importância de o le-
tramento acontecer concomitante ao processo de aquisição da língua 
escrita de forma a garantir que as crianças desenvolvam a habilidade 
de leitura e escrita com competência para o uso social.
O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DA ESCRITA
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CONTRIBUIÇÕES DE EMÍLIA FERREIRO
Inicialmente, é necessário apresentar a autora que este capítu-
lo abordará. Emília Ferreiro, argentina, nascida em 1936, psicolinguísti-
ca, pedagoga, pesquisadora, doutorou-se na Universidade de Genebra 
sobre orientação de Jean Piaget. Na sua trajetória profissional publicou 
vários livros. Dedicou-se à educação e hoje ainda atua como professora 
titular do Centro de Investigação e Estudos Avançados do Instituto Po-
litécnico Nacional, na Cidade do México. Considera-se mais relevante 
em suas pesquisas, o fato dela descobrir como a criança pensa no pro-
cesso de alfabetização.
Em suas pesquisas, ela descobriu e descreveu a Psicogênese 
da Língua Escrita que mostra como em um processo evolutivo a criança 
constrói o conhecimento da escrita e assim, desvendou os mecanismos 
pelos quais as crianças aprendem a ler e a escrever. 
Suas descobertas trouxeram um novo olhar para o fazer peda-
gógico em sala de aula. Se antes da psicogênese, o foco do processo de 
ensino aprendizagem se dava em torno do “como se ensina?”, após a Psi-
cogênese o foco passa para o “como se aprende?”. Essa reflexão levou os 
educadores a repensarem drasticamente seus métodos de ensino.
As investigações evidenciam que o processo de alfabetização 
nada tem de mecânico do ponto de vista da criança que aprende. A autora, 
chama a atenção para a forma de se alfabetizar que se perpetuou por lon-
gos anos dentro das escolas e nos diz que, tradicionalmente, a alfabetiza-
ção é considerada em função da relação entre o método e o estado de ma-
turidade ou prontidão da criança. Isso significa que a ênfase do processo 
de ensino aprendizagem está no método do professor e que a maturidade 
da criança não é pré-requisito para aprendizagem. Nas palavras de Morais:
[...] não existe “prontidão” para a alfabetização. Em lugar de excluir alunos por-
que não apresentariam habilidades não essências para o aprendizado da es-
crita [...], passamos a entender que todos têm direito a se alfabetizar, que pre-
cisamos partir do ponto em que as crianças se encontram (um belo princípio 
construtivista que se aplica a todas as áreas do conhecimento), mesmo que 
haja muita heterogeneidade dentro do grupo/classe. (MORAIS, 2012,p. 75)
Nesta forma de pensar a alfabetização os dois polos: quem en-
sina e quem aprende, têm sido caracterizados, mas só esses elementos 
não são suficientes, falta um terceiro elemento nesta relação, que é a 
natureza do objeto do conhecimento, a natureza da escrita.
Segundo Emília, a escrita pode ser concebida de duas formas 
muito distintas. A primeira como um código de transcrição gráfica das 
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unidades sonoras e a segunda como um sistema de representação da 
linguagem e a forma que o professor alfabetizador a considera implica 
diretamente em sua prática de sala de aula. 
Ao concebermos a escrita como um código de transcrição grá-
fica, que converte os sons das letras em escrita das letras, coloca-se em 
primeiro plano a descriminação visual e auditiva como pré-requisito para 
alfabetização. Isso acontece porque se acredita que se a criança não 
tem dificuldade para discriminar entre duas formas visuais próximas, 
as letras, entre duas formas auditivas próximas, sons e não apresenta 
nenhuma dificuldade para desenhá-las, não deveria existir dificuldade 
para aprender a ler. Visto que, escrever se trata de uma simples trans-
crição do som para um código visual. Essa forma de conceber a escrita, 
está inserida na concepção tradicional de alfabetização, cujo modo de 
considerar a escrita consiste em prestar atenção apenas nos aspec-
tos gráficos das produções das crianças. Esses aspectos se referem à 
qualidade dos traçados das letras, orientações do tipo: escreve-se da 
esquerda para a direita, de cima para baixo etc., ignorando os aspectos 
construtivos no processo de aquisição da escrita.
Por um outro lado, ao concebermos a escrita como um sistema de 
representação, o problema se coloca em termos completamente diferen-
tes. Embora a criança saiba falar adequadamente e faça todas as discrimi-
nações perceptivas isso não resolve o problema central da língua escrita. 
O problema consiste em compreender a natureza do sistema de represen-
tação da escrita, entender que alguns elementos essenciais da língua oral 
não estão presentes na representação escrita, por exemplo, a entonação 
da voz, isso acontece porque todas as palavras são tratadas como equiva-
lentes na representação, apesar de pertencerem a classes distintas. 
A consequência dessa dicotomia, em relação à forma de conce-
ber a escrita se expressa de maneira muito mais profundo. Se a escrita é 
concebida como código de transcrição, sua aprendizagem é compreendi-
da apenas como aquisição de uma técnica de memorização, nesse caso, 
a criança precisa apenas memorizar o alfabeto, as sílabas e as palavras.
Se a escrita é concebida como um sistema de representação, 
sua aprendizagem se converte em apropriação de um novo objeto do 
conhecimento, ou seja, numa aprendizagem conceitual. Nessa forma 
de pensar a escrita, levam-se em consideração os aspectos construti-
vos, esses têm a ver com o que se quis representar e os meios utiliza-
dos para criar diferenciações entre as apresentações. Neste caso, as 
crianças realizam explorações para compreender a natureza da escrita 
e durante todo o processo de evolução produzem escritas a partir da 
elaboração de suas hipóteses. Os indicadores mais claros dessas ex-
plorações são as suas produções espontâneas. 
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Do ponto de vista construtivo, segundo a Emília, a escrita in-
fantil segue uma linha de evolução extremamente regular e podem ser 
distinguidos três grandes períodos de evolução. É importante observar 
como aponta Russo que:
Cada nível tem características que o definem. Contudo, mesmo atendendo 
às características principais, diferentes crianças em determinado nível tam-
bém ser mostram de muitas outras maneiras, fazendo representações muito 
particulares, de acordo com seus próprios saberes e concepções resultantes 
de um percurso interno e pessoal. (RUSSO, 2012, p. 32)
De acordo com as características que o definem, o primeiro 
período a criança faz distinção entre o modo de representação icônico 
(desenho) e não icônico (escrita). O segundo período há uma constru-
ção de formas de diferenciação que se caracteriza pelo aparecimento 
de controle progressivo das variações sobre os eixos quantitativos e 
qualitativos. E o terceiro período há a “fonetização” da escrita que se 
inicia pelo período silábico e termina pelo período alfabético.
No primeiro período, aparecem duas distinções básicas, sendo 
a primeira que a criança distingue o desenhar e o escrever. A segunda, a 
criança concebem a escrita como um conjunto de formas linear e arbitrária. 
No segundo período de evolução da escrita, Emília aponta a bus-
ca de diferenciações entre as escritas produzidas para dizer coisas dife-
rentes. Neste período, a criança pensa que palavras diferentes escreve de 
formas diferentes. Começa então, uma busca difícil e muito elaborada de 
modos de diferenciação da escrita, é um período de grande esforço intelec-
tual, pois, a criança estabelece critérios de diferenciação entre as escritas. 
Esses critérios se expressam sobre dois eixos: o quantitativo e o 
qualitativo. No eixo quantitativo, a criança apresenta variações da quanti-
dade de letras de uma escrita para a outra, para obter escritas diferentes 
também estabelece a quantidade mínima de letras que a escrita deve ter 
para que se diga algo. No eixo qualitativo, a criança busca a qualidade da 
escrita, por isso, varia o repertório de letras de uma escrita para a outra, 
varia também a posição das mesmas letras sem modificar a quantidade.
No terceiro período, a criança começa por descobrir que a quan-
tidade de letras que irá escrever uma palavra pode ter correspondência 
com a quantidade de parte que se reconhece na emissão oral, essas 
partes da palavra são as suas sílabas, iniciando assim, o período silábico.
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Nesse período, a criança escreve uma letra para representar 
cada sílaba da palavra, essa hipótese silábica é de maior importância 
por duas razões. A primeira permite que a criança obtenha um critério 
geral para regular as variações da quantidade de letra que devem ser 
escritas, uma letra para cada sílaba da palavra. A segunda razão, a 
criança centra sua atenção nas variações sonoras entre as palavras, no 
entanto, a hipótese silábica cria condições de contradição. 
A primeira contradição aparece entre o controle silábico e a 
quantidade mínima de letras para ser interpretável, por exemplo, as pa-
lavras monossílabas deveriam se escrever com uma única letra, mas se 
colocar uma letra só o escrito não se pode ler, essa contradição ocorre 
porque a criança acredita que, para ler palavras escritas tem que ter no 
mínimo três letras.
A segunda contradição refere-se à interpretação silábica e as 
escritas produzidas pelos adultos que sempre terão mais letras que a 
hipótese silábica permite antecipar. 
Quando a criança descobre que a sílaba não pode ser con-
siderada como uma unidade ingressa no último passo do sistema da 
compreensão do sistema socialmente estabelecido. A partir daí a crian-
ça descobre novos desafios, pelo lado quantitativo, não basta uma le-
tra por sílaba, também não se pode estabelecer nenhuma regularidade 
duplicando a quantidade de letras por sílabas, já que há sílabas que 
se escreve com uma, duas, três ou mais letras. Pelo lado qualitativo a 
criança enfrentará os problemas ortográficos que surgem, a identidade 
de som não garante a quantidade de letras e nem vice-versa, por exem-
plo, a palavra casa escrita com z, garante a identidade de som, mas não 
a identidade da letra, o que se constitui um erro ortográfico. 
Dentre as contribuições de Emília Ferreiro, foi possível com-
preender que não é necessário sequenciaro ensino da alfabetização, 
controlando ferozmente o que os alunos aprendem passo a passo den-
tro dos conteúdos. Segundo Morais:
Na hora de sequenciar o ensino da alfabetização, passamos a ver que é com-
pletamente inadequado “ensinar primeiro as vogais, depois os ditongos, depois 
sílabas simples”, para só um dia deixar o aluno se deparar com irregularida-
des ortográficas ou silábicas que não são compostas por consoante ou vogal. 
Aprendemos que não é preciso controlar as palavras com que a criança se 
defronta, porque isso em nada assegura seu avanço. (MORAIS, 2012, p. 74)
E também, precisa-se compreender que o erro faz parte do 
processo de construção da língua escrita. Que escrever omitindo letra é 
característica de determinado nível hipotético e que é necessário levar 
a criança à reflexão para que possa evoluir no processo. Assim como, 
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repetir exaustivamente a forma de falar fonemas não é a forma adequa-
da para que a criança sane as dificuldades ortográficas.
Os inúmeros avanços e contribuições que o estudo da Psico-
gênese da Língua Escrita trouxe aos educadores, permitiu também al-
gumas ideias fossem distorcidas e revelando assim, problemas graves 
que precisam de atenção e cuidado por parte do educador.
Outrora não foi incomum ouvir e talvez, esteja ainda presente 
em alguns educadores a ideia equivocada de que para alguns não é ne-
cessário sistematizar a aprendizagem de palavras porque as crianças 
aprendem sozinhas cada qual ao seu ritmo. É evidente que o papel da 
escola está justamente neste ponto, de ser um espaço de reflexão para 
que a criança possa evoluir em seus saberes. 
Outra ideia que é necessária completa compreensão é em re-
lação ao domínio da correspondência letra-som. É preciso oportunizar 
para que a criança tenha evolução no processo de escrita, atividades 
que evidenciem as correspondências de grafema-fonema, principal-
mente, nos dois primeiros anos de alfabetização.
A caligrafia dos alunos, é mais um ponto que merece destaque. 
Escrever em caixa alta facilita no processo de leitura no início da alfa-
betização, todavia, é necessário que haja evolução nesta forma de es-
crever. Não há nenhum ganho em manter a escrita da letra de imprensa 
em caixa alta até o terceiro, quarto ano do Ensino Fundamental de nove 
anos. É necessário que haja transição e evolução da letra de imprensa 
em caixa alta para a escrita com letra cursiva, que deve sim ser ensi-
nada com o traçado de forma correta, pois, além dela ser escrita com 
maior velocidade, ela implica em uma maior persuasão de seus leitores 
quando não encontrada dificuldade para ler.
Nessa linha de questões que se tornaram polêmicas pelo não 
entendimento dos educadores, está a ortografia que para muitos foi as-
sociada a atividades tradicionais, com caráter de repressão e humilha-
ção daqueles que cometem desvios. É importante dizer, que o trabalho 
com ortografia deve ser feito ao longo dos anos escolares, levando o 
aluno a compreender as regularidades e irregularidades da Língua Por-
tuguesa de maneira reflexiva.
CONTRIBUIÇÕES DE MAGDA SOARES 
Magda Becker Soares foi uma educadora, linguística, pesqui-
sadora e professora universitária brasileira. Referência em alfabetiza-
ção no Brasil, cavaleira e comendadora da Ordem Nacional do Mérito 
Educativo. Era professora emérita aposentada da Faculdade de Educa-
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ção da Universidade Federal de Minas Gerais. Nasceu em 7 de setem-
bro de 1932 e faleceu em 1 de janeiro em Belo Horizonte, Minas Gerais
Um dos maiores nomes na área da alfabetização e letramento 
com ênfase em ensino-aprendizagem, Magda Soares, professora emérita 
da Faculdade de Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas Ge-
rais (UFMG), pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita 
(Ceale). Além de ter uma inquestionável importância no cenário acadêmi-
co, a especialista atuava como consultora da rede municipal de educação 
da cidade mineira de Lagoa Santa, onde desenvolvia um trabalho ligado à 
formação de professores da rede pública. Magda Soares deixou um legado 
memorável para a alfabetização e o letramento no Brasil. Foi responsável 
pelo projeto Alfaletrar, em Lagoa Santa (MG). Produziu uma extensa lista 
de livros acadêmicos e didáticos, em 2017 recebeu o Prêmio Jabuti pela 
obra, Alfabetização: a questão dos métodos. em 2020 publicou sua última 
obra, Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a escrever.
Com uma vasta publicação na área de alfabetização, as ideias de 
Magda Soares são essenciais para a prática na sala de aula já que a for-
mação inicial não prepara as professoras para a grande responsabilidade 
de alfabetizar. É sempre um impacto muito grande fazer alunos de uma 
sala de aula tornar-se leitores. Para tanto, é necessário que os professores 
invistam em sua formação contínua, pois, a alfabetização se constitui de fa-
ces multifacetadas que para entender o processo é necessário se apropriar 
de diferentes conhecimentos e áreas. Para Magda Soares:
Pode-se concluir da discussão a respeito do conceito de alfabetização, que 
essa não é uma habilidade, é um conjunto de habilidades, o que a caracteriza 
como um fenômeno de natureza complexa, multifacetado. Essa complexida-
de e multiplicidade de facetas explicam por que o processo de alfabetização 
tem sido estudado por diferentes profissionais, que privilegiam ora estas ora 
aquelas habilidades, segundo a área de conhecimento a que pertencem. 
Resulta daí uma visão fragmentária do processo e, muitas vezes, uma apa-
rente incoerência entre as análises e interpretações propostas. Uma teoria 
coerente da alfabetização exigiria uma articulação e integração dos estudos 
e pesquisas a respeito de suas diferentes facetas. (SOARES, p. 21, 1985).
Nas pesquisas e estudos da autora, os conceitos de alfabe-
tização e letramento são os pontos centrais, que o professor precisa 
compreender para garantir o desenvolvimento do processo de aprendi-
zagem nas crianças e aquisição da língua escrita. Para ela, ao colocar a 
criança num ambiente de convívio com a escrita que possua portadores 
reais e uma circulação máxima de textos de uso social garante-se os 
princípios adequados para o acesso da criança a leitura e a escrita.
No que diz respeito à alfabetização e ao letramento, cada qual 
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possui suas particularidades. A alfabetização no sentido específico, pro-
porciona à criança aprender as relações da escrita, torna a criança capaz 
de ler palavras, escrever palavras, ler sentenças e escrever sentenças 
até chegar a escrever um texto. Tem fundamentos próprios e metodologia 
próprias que são fundamentos linguísticos, fonológicos e cognitivos.
Por outro lado, ao desenvolver na criança as estratégias de lei-
tura e escrita, gosto pela leitura, a compreensão de que existem vários 
gêneros que circulam na sociedade, vários portadores que nos rodeiam, 
são competências que o letramento dá conta de realizar.
Ao fazer parte do processo de alfabetizar letrando é necessário 
garantir que a criança compreenda que a escrita é a representação do 
som, assim como se faz necessário que ela compreenda também, que a 
escrita é usada para várias finalidades: que ela varia conforme o interlo-
cutor, para quem você escreve, que a leitura possui diferentes objetivos 
etc. Para alcançar esses objetivos, é necessário pensar nesse processo 
e fazer a aprendizagem de forma sistemática, sequencial, de modo que 
o professor compreenda a necessidade de trabalhar integradamente as 
duas coisas, sem desassociá-la. 
O emprego dos verbos integrar e articular retoma a afirmação anterior de 
que os dois processos – alfabetização e letramento – são, noestado atual do 
conhecimento sobre a aprendizagem inicial da língua escrita, indissociáveis, 
simultâneos e interdependentes [...]. Esse alfabetizar letrando, ou letrar alfa-
betizando, pela integração e pela articulação das várias facetas do processo 
de aprendizagem inicial da língua escrita, é, sem dúvida, o caminho para a 
superação dos problemas que vimos enfrentando nesta etapa da escolari-
zação; descaminhos serão tentativas de voltar a privilegiar esta ou aquela 
faceta, como se fez no passado, como se faz hoje, sempre resultando em 
fracasso, esse reiterado fracasso da escola brasileira em dar às crianças 
acesso efetivo e competente ao mundo da escrita. (SOARES, 2004, p. 100) 
Constitui-se como objeto de conhecimento para Magda So-
ares, a consideração referente a três desenvolvimentos que ocor-
rem simultaneamente no processo de alfabetização e letramento: 
o desenvolvimento psicogenético, o desenvolvimento da consci-
ência fonológica e o desenvolvimento do conhecimento das letras.
Detalhando esses desenvolvimentos, entende-se que a criança 
na fase de alfabetização perpassa pelo desenvolvimento psicogenético, no 
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qual, ela vai aos poucos descobrindo e se apropriando do que a língua es-
crita representa socialmente. Concomitante a este processo, um aspecto 
que desenvolve é a descoberta das letras que caminha junto ao desenvol-
vimento da consciência fonológica, que é a criança ser capaz de compre-
ender que é o som das palavras que é registrado pelos grafemas. E então, 
adicionado a essas etapas, a criança aprende sobre o conhecimento das 
letras que é de caráter arbitrário, criado a partir de uma convenção.
Compreender o processo e saber como agir e atuar neste pro-
cesso é a alternativa adequada para os alfabetizadores atuarem em 
sala de aula. A psicogênese trouxe uma enorme colaboração ao apre-
sentar o estudo das hipóteses silábicas que são as fases que as crian-
ças perpassam para aprender a língua escrita.
A contribuição de Emília Ferreiro com a Psicogênese da Escrita 
se associada com os conceitos da Psicologia sociocultural de Vygotsky que 
traz a ideia da zona de desenvolvimento proximal, corrobora na compreen-
são da necessidade de as crianças frequentarem o ambiente escolar.
As pesquisas da psicogênese da língua escrita mostraram que 
as crianças passam por fases bem definidas neste processo de aprendi-
zagem. Isso não significa que todos passam por todas as fases de ma-
neira uniforme, o processo é dinâmico, ocorrem saltos e as crianças es-
tão sempre em transição exigindo do educador atenção e sensibilidade. 
Pois, por meio do estudo das hipóteses silábicas que mapeia o processo 
pelo qual as crianças aprendem a língua escrita nos diz que a distância 
entre o nível de desenvolvimento atual, determinado pela capacidade 
de resolver um problema sem ajuda, e suas possibilidades, determina-
do através de resolução de um problema sob a orientação do professor, 
basicamente é o caminhar dos alunos entre as hipóteses. Cada avanço 
rumo a alfabetização da criança se justifica por diversas intervenções e 
orientações do professor capazes de fazê-la refletir, saindo de sua zona 
de conforto e alcançando um novo nível de conhecimento.
A criança quando na fase pré-silábica não se deu conta ainda 
que ao escrevermos registramos o som das palavras e não significado 
das palavras. Fazer as crianças entenderem isso é permitir que elas 
deixem a fase icônica, possibilitando que a criança inicie o processo de 
desenvolvimento da consciência fonológica, por meio de um trabalho 
com parlendas, rimas, com enfoque no som.
Já os alunos quando na fase silábica, passam por uma signi-
ficativa evolução. A criança quando silábica sem valor, entende que a 
consciência é marcada por uma letra para cada sílaba, ela percebeu o 
segmento, mas ainda não percebeu a natureza deste segmento. Além 
disso, ela precisa entender que essa cadeia sonora que é a palavra 
é segmentável. O mais fácil para a criança num primeiro momento é 
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segmentar em sílabas, entender que a palavra pode ser dividida em sí-
labas. É avançar da consciência silábica (silábico sem valor) para cons-
ciência fonêmica (silábico com valor). 
Quando a criança alcança a hipótese de escrita silábica com va-
lor é necessário reformular a forma de trabalhar com essa criança, pois, 
ela já é capaz de entender a representação silábica das palavras, mas 
ainda não adquiriu a consciência fonética pois, não somos capazes de 
pronunciar os fonemas. Para que haja evolução nesta fase, o aluno preci-
sa ter seus saberes confrontados, questionar a criança sobre as diversas 
possibilidades que se pode escrever ao alternar as letras. Sempre com-
parar o aspecto sonoro ao da língua escrita aumentando sua consciência 
fonológica. É possível ainda, explorar os saberes da turma dividindo os 
alunos em duplas produtivas, onde os alunos poderão colaborar um com 
a aprendizagem do outro a partir dos saberes que possuem.
Nesta fase ao comparar as possibilidades de escrita e que as 
trocas de letras permitem escrever, possibilita a criança a compreender e 
adquirir a consciência fonética. Por exemplo, comparar a escrita da palavra 
boneca com a escrita da palavra soneca, faz com que a criança avance na 
construção do sistema de escrita. A passagem de uma hipótese da outra é 
feita com a explicitação da sonoridade da língua e da segmentação. 
Magda Soares destaca a influência da psicogênese da língua 
escrita, cujas pesquisas apontam a necessidade de a criança aprender 
a ler e escrever por meio de práticas e materiais reais de leitura e es-
crita. A especialista defende que alfabetização e letramento envolvem 
duas aprendizagens distintas, mas que devem ocorrer de forma articu-
lada, o que denomina como alfabetizar letrando.
Segundo Magda Soares, essa ideia também é uma contribui-
ção da Psicogênese, pois, Emília Ferreiro sempre insistiu que a criança 
aprenda a ler e escrever em situações reais de leitura e escrita com ma-
teriais próprios de leitura e escrita com uso social, isto é letramento. Não 
se trata apenas de aprender a tecnologia da escrita, discute-se como 
as crianças vão passando pelas etapas psicogenéticas e, ao mesmo 
tempo desenvolvendo a consciência fonologia para aprender o sistema 
de representação. Sistema esse que serve para alguma coisa. Por isso, 
não se pode deixar para depois. A criança não aprende o sistema para 
depois estar apta a ler e escrever nos usos sociais a leitura e escrita.
A definição de letramento apresentada por Magda Soares é 
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para Emília Ferreiro uma definição inadequada. A pensadora discorda 
dessa denominação e para ela a coexistência dos dois termos não 
funciona, pois, letramento e alfabetização estão em consonância e 
ocorrem interligados. Já Magda Soares, defende essa terminologia 
porque para ela a definição de alfabetização define o aspecto do sis-
tema de escrita. Já o letramento engloba os usos da língua escrita.
Embora defina os dois conceitos em suas particularidades, 
Magda Soares defende a ideia de que é importante que as duas coisas 
ocorram de maneira simultânea sem desassociação.
Tem-se tentado, ultimamente, atribuir um significado demasiado abrangente a 
alfabetização, considerando-a um processo permanente, que se estenderia por 
toda vida, que não se esgotaria na aprendizagem da leitura e da escrita. É ver-
dade que, de certa forma, a aprendizagem da língua materna, quer escrita, quer 
oral, é um processo permanente, nunca interrompido. (SOARES, p. 15, 2012)
O processo de alfabetização e letramento ocorre desde a educa-
ção infantil, e o que cabe a escola fazer é sistematizar um processo que já

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