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GESTÃO DE CUSTOS Armindo Evangelista 1ª Edição, 2021 Fundado em 1915 — www.unasp.br Missão Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no serviço a Deus e à humanidade. Visão Ser uma instituição educacional reconhecida pela excelência nos serviços prestados, pelos seus elevados padrões éticos e pela qualidade pessoal e profissional de seus egressos. Administração da Entidade Mantenedora (IAE) Diretor-Presidente: Maurício Lima Diretor Administrativo: Edson Medeiros Diretor-Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Diretor Depto. de Educação: Ivan Góes Administração Geral do Unasp Reitor: Martin Kuhn Vice-Reitor Executivo Campus EC: Antônio Marcos da Silva Alves Vice-Reitor Executivo Campus HT: Afonso Ligório Cardoso Vice-Reitor Executivo Campus SP: Douglas Jeferson Menslin Pró-Reitor Administrativo: Telson Bombassaro Vargas Pró-Reitor Acadêmico: Afonso Ligório Cardoso Pró-Reitor de Educação à Distância: Fabiano Leichsenring Silva Pró-Reitor de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional: Allan Macedo de Novaes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual, Comunitário e Estudantil: Martin Kuhn Secretário-Geral: Marcelo Franca Alves Faculdade Adventista de Teologia Diretor: Reinaldo Wenceslau Siqueira Coordenador de Pós-Graduação: Vanderlei Dorneles da Silva Coordenador de Graduação: Adriani Milli Rodrigues Órgãos Executivos Campus Engenheiro Coelho Pró-Reitor Administrativo Associado: Murilo Marques Bezerra Pró-Reitor Acadêmico Associado: Everson Muckenberger Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Bruno de Moura Fortes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Ebenézer do Vale Oliveira Órgãos Executivos Campus Hortolândia Pró-Reitor Administrativo Associado: Claudio Valdir Knoener Pró-Reitora Acadêmica Associada: Suzete Araújo Águas Maia Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Daniel Fioramonte Costa Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Wanderson Paiva Órgãos Executivos Campus São Paulo Pró-Reitor Administrativo Associado: Flavio Knöner Pró-Reitora Acadêmica Associada: Silvia Cristina de Oliveira Quadros Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Ricardo Bertazzo Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Robson Aleixo de Souza Editor-chefe Rodrigo Follis Gerente de projetos Bruno Sales Ferreira Editor associado Alysson Huf Supervisor administrativo Werter Gouveia Gerente de vendas Francileide Santos Editores Adriane Ferrari, Gabriel Pilon Galvani, Jônathas Sant’Ana e Thamires Mattos Designers gráficos Felipe Rocha e Kenny Zukowski Imprensa Universitária Adventista 1ª Edição, 2021 GESTÃO DE CUSTOS Imprensa Universitária Adventista Engenheiro Coelho, SP Armindo Evangelista Mestre em Controladoria e Contabilidade Estratégica pela UNIFECAP Campagnoni, Mariana / dos Santos, Diego Henrique Moreira Formação da identidade profissional do contador [livro eletrônico] / Mariana Campagnoni. -- 1. ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2020. 1 Mb ; PDF ISBN 978-85-8463-172-8 1. Carreira profissional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como profissão 4. Contabilidade como profissão - Leis e legislação 5. Formação profissional 6. Negócios I. Título. 20-33026 CDD-370.113 Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índices para catálogo sistemático: 1. Contabilidade : Educação profissional 370.113 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 Gestão de custos 1ª edição – 2021 e-book (pdf) OP 00123_064 Editoração: Gabriel Pilon Preparação: Matheus Cardoso Revisão: Giovanna Sinco, Júlia Galvani Projeto gráfico: Ana Paula Pirani Capa: Jonathas Sant’Ana Diagramação: Willian Nunes Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp Engenheiro Coelho, SP CEP 13448-900 Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 www.unaspress.com.br Imprensa Universitária Adventista Validação editorial científica ad hoc: Marta Aparecida Martins Xavier Mestra em Ciências Contábeis pela FECAP Conselho editorial e artístico: Dr. Martin Kuhn, Esp. Telson Vargas, Me. Antônio Marcos, Dr. Afonso Cardoso, Dr. Douglas Menslin, Dr. Rodrigo Follis, Dr. Lélio Lellis, Dr. Allan Novaes, Esp. Jael Enéas, Esp. José Júnior, Dr. Reinaldo Siqueira, Dr. Fábio Alfieri, Dra. Gildene Lopes, Me. Edilson Valiante, Me. Diogo Cavalcante, Dr. Adolfo Suárez Editora associada: Todos os direitos reservados à Unaspress - Imprensa Universitária Adventista. Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte. SUMÁRIO FUNDAMENTAÇÃO E TERMINOLOGIA DE CUSTOS ................................... 13 Introdução ........................................................................................14 Fundamentação e terminologia de custos ......................................16 Classificações básicas de custo ...............................................20 Quanto à incidência, os custos podem ser direto ou indireto: .................................................24 Materiais e estoques ........................................................................27 Materiais ..................................................................................27 Classificação dos materiais .....................................................29 Estoques ..................................................................................31 Tipos de estoques ....................................................................32 Representação dos estoques ..................................................34 Avaliação dos estoques ..........................................................35 Mão de obra .....................................................................................39 Classificação da mão de obra .................................................40 Custos indiretos de fabricação e os critérios de rateio .....................42 Classificação dos custos indiretos de fabricação ....................43 Critérios de rateio dos custos indiretos de fabricação ............44 Custeio departamental ....................................................................48 Considerações finais ........................................................................59 Referências .......................................................................................60 SISTEMAS DE CUSTEIO .......................................... 61 Introdução ........................................................................................62 Sistemas de custeio .........................................................................64 Custeio por absorção ...............................................................65 Custeio variável .......................................................................71 Custo-padrão ..........................................................................83 Sistema de acumulação de custos por ordem ......................104 Sistema de acumulação de custos por processo ...................109 VO CÊ ES TÁ A QU I Considerações finais........................................................................119 Referências ......................................................................................120 ANÁLISE CVL:CUSTO - VOLUME - LUCRO .............. 121 Introdução .......................................................................................122 Análise de custo-volume-lucro ......................................................124 A análise CVL – Custo-Volume-Lucro ...................................126 Pressupostos da análiseCusto-Volume-Lucro .......................129 Aplicabilidade da análise CVL ................................................132 Margem de Contribuição ................................................................135Aplicabilidade da margem de contribuição ..........................139 Margem de contribuição e os gastos fixos identificados ...............141 Aplicabilidade da margem de contribuição com gastos fixos identificados ...........................................................................143 Ponto de Equilíbrio (break-even point) ..........................................148 Ponto de Equilíbrio e Gestão de Curto Prazo .........................149 Margem de Segurança ...................................................................165 Aplicabilidade da margem de segurança operacional .........168 Alavancagem Operacional ..............................................................171 Aplicabilidade do Grau de Alavancagem Operacional - GAO ..........................................173 Considerações finais........................................................................177 Referências ......................................................................................179 EMENTA Compreensão adequada e correta dos conceitos relacionados aos custos. Funcionamento dos sistemas de acumulação de custos. Análise das relações Custo‐Volume‐Lucro. A formação do preço de venda e a geração de informações para a tomada de decisões gerenciais. CONHEÇA O CONTEÚDO O conteúdo aqui apresentado constitui uma contribuição relevante para os estudos na área de gestão de custos. Os alunos que atuam e também aqueles que pretendem atuar na área de gestão de custos terão uma grande oportunidade de crescimento pro- fissional, pois estão diante de um conteúdo riquíssimo em detalhes que faz a diferença no dia a dia das empresas e, fazer parte da resolução dos problemas delas pode ser algo muito gratificante de várias maneiras. Com o objetivo de proporcionar conheci- mentos das terminologias de custo, apresen- tando os sistemas de custeio mais utilizados nas empresas, abordando as análises de precificação, o markup, a formação de preço, a margem de contribuição, o ponto de equi- líbrio entre outros assuntos relevantes ao longo das páginas deste livro, você (aluno) encontrará definições e técnicas trabalhadas de forma simples e assertiva, deixando seus estudos muito mais atraentes. O conteúdo traz ainda, de maneira explica- tiva, como deve ser a aplicabilidade de cada item trabalhado, mostrando a preocupação em fazer do processo ensino-aprendizagem uma metodologia de grande alcance. Desejamos que ao final de todo o conteúdo, você tenha o domínio sobre esses assuntos abordados e procure dar sequência e apli- cabilidade aos conhecimentos adquiridos, decidindo de maneira racional e lógica com base nos contexto e premissas da gestão de custos. Portanto, você tem uma grande opor- tunidade nesse momento, faça bom uso dela e tenha um ótimo estudo. UNIDADE 2 - Compreender o conceito, nomenclaturas e classificação da área de custos e principais sistemas de custeio; - Apresentar os elementos e formas de rateio da mão de obra e dos custos indiretos de fabricação; - Ser um profissional atento, ágil e dinâmico na definição do sistema de custeio a ser adotado dentro da atividade empresarial. SISTEMAS DE CUSTEIO OB JE TI VO S 62 GESTÃO DE CUSTOS INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao estudo da unidade “Sistemas de custeio”. Esta unidade tem por alvo fazê-lo conhecer os sistemas de custeio utilizados diariamente na gestão de custos das empresas. Dentre os processos de gestão de uma empresa, destaca-se uma área muito importante para a geração de informações e tomada de decisões: a gestão de custos, que além de ser uma área estratégica nos negócios, zela pela aplicação e o controle de gastos. Nesse sentido, é importante você saber que em uma empresa, para se obter um sistema de custeio, é sempre necessário ter em mente algumas abordagens como: • a relação custo-benefício: em que os recursos devem ser gastos a fim de contribuir para o alcance dos objetivos da empresa em relação ao custo esperado desses recursos; • os sistemas de custeio devem ser elaborados para operações básicas: deve-se elaborar um 63 SISTEMAS DE CUSTEIO estudo de como as operações são conduzidas e como as informações são coletadas e relatadas; • os sistemas de custeio acumulam os custos para facilitar as decisões: quanto determinado produto ou serviço consumiu de recursos da empresa; • os sistemas de custeio como fonte de informações: os gestores usam as informações de custos combinadas às informações das demais áreas para formar uma massa crítica que auxilia a melhor decisão estratégica da empresa. Assim, no estudo desta unidade, você perceberá que os sistemas de custeio promovem conhecimentos e técnicas voltados para a apuração dos custos de um produto, de um serviço, de um departamento, de uma unidade de negócio ou de uma empresa como um todo, visando conhecer, analisar e questionar o quanto custa manter as atividades da empresa em seu cotidiano. Você estudará nesta unidade diversos sistemas de custeio, tais como: custeio por absorção, custeio variável (ou direto), custeio padrão, sistema de acumulação de custos por ordem de produção e, por fim, o sistema de acumulação de custos por processo. 64 GESTÃO DE CUSTOS Ao final desta unidade, espera-se que você: • conheça a divergência existente entre os sistemas de custeio por absorção e o custeio variável; • se aproprie dos conceitos e técnicas de aplicabilidade dos sistemas de custeio aqui estudados; • entenda a importância de comparar os resultados padrões (custo-padrão) com os resultados reais obtidos pela empresa, bem como as suas análises; • saiba utilizar o sistema de acumulação de custos por ordem de produção; • saiba utilizar o sistema de acumulação de custos por processos. Desejo muito sucesso a você e tenha uma ótima aprendizagem. SISTEMAS DE CUSTEIO Os sistemas de custeio também são conhecidos como métodos de custeio. Segundo Wernke (2005, p. 17), “método é 65 SISTEMAS DE CUSTEIO um vocábulo de origem grega e resulta da soma das palavras meta (resultado que se deseja alcançar) e hodós (caminho)”. Ou seja, método é um caminho para se chegar ao resultado esperado. Nas palavras de Dubois, Kulpa e Souza (2019, p. 128), o método “condiciona o termo custeio a uma forma de apropriar os custos”. Assim, os sistemas ou métodos de custeio objetivam determinar o custo total e o custo unitário de cada bem produzido, seja ele produto ou serviço. CUSTEIO POR ABSORÇÃO O custeio por absorção indica o conjunto de procedimentos realizados para atribuir todos os custos fabris, sejam eles fixos ou variáveis, diretos ou indiretos, aos produtos fabricados ou serviços prestados em um determinado período. SAIBA MAIS No custeio por absorção, todos os custos fixos e variáveis fazem parte do cálculo do custo do produto, indepen- dentemente de os produtos fabricados terem sido ven- didos parcialmente ou em sua totalidade. 66 GESTÃO DE CUSTOS Esse sistema de custeio é o mais adequado para atender as finalidades e exigências da legislação brasileira e, por determinação legal, os quesitos a seguir, descritos por Wernke (2005), devem compor o custo dos bens ou serviços vendidos: • os valores gastos com matérias-primas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção; • os valores despendidos com a mão de obra utilizada, mesmo a de supervisão direta, manutenção e proteção das instalações; • o montante relativo aos custos de locação, manutenção e reparo, bem como os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção, como prédios, máquinas, equipamentos, ferramentas, entre outros. Entre as vantagens que podem ser associadas ao custeio por absorção merecem ser enfatizados os seguintes pontos: • atende à legislação fiscal e deve ser utilizado quando a empresa busca o uso de um sistema de custos que seja integrado à contabilidade. A integração do sistema de custos à contabilidade ocorre quando: 67 SISTEMASDE CUSTEIO 1. os valores apropriados de custos estão inseridos na contabilidade; 2. quando a apropriação é realizada com a observância dos princípios contábeis; e 3. os valores de custo de cada produto estão apoiados em registros, cálculos e mapas que evidenciam o trajeto desde a origem como insumo até seu destino como produto acabado. • permite a apuração dos custos por centros de custos ou departamentos; • por absorver todos os custos de produção (matéria- prima + mão de obra + custos indiretos de fabricação), permite a apuração do custo total de cada produto, bem como do custo unitário de cada produto. No que diz respeito à capacidade de oferecer informações de natureza gerencial, porém, tem sido alvo de críticas. Isso se deve ao fato de o custeio por absorção utilizar rateios para distribuir os custos entre produtos e/ou serviços. Como nem sempre os critérios de rateios são objetivos e adequados a todos os fatores de custos, 68 GESTÃO DE CUSTOS pode-se dizer que eles distorcem a rentabilidade do produto e/ou serviço, penalizando alguns e beneficiando outros. APLICABILIDADE DO CUSTEIO POR ABSORÇÃO Suponha que o Sr. Roberval, analisando os gastos do seu negócio, tenha desenvolvido a seguinte tabela (Figura 19): Figura 19 – Informações por produto. PRODUTO QUANTIDADE PRODUZIDA CUSTO DIRETO POR UNIDADE Produto AA 100 unidades R$ 10,00 Produto BB 150 unidades R$ 20,00 Produto CC 200 unidades R$ 15,00 Fonte: elaborado pelo autor Os custos diretos referem-se às matérias-primas, mão de obra aplicada, materiais de acabamento, embalagens, já considerados aí os tributos e fretes envolvidos nas aquisições. O Sr. Roberval informou também que existem os custos indiretos de fabricação, totalizando R$3.500,00 por mês, e estes são distribuídos aos produtos proporcionalmente aos seus custos diretos totais. Portanto, a Figura 20 traz a distribuição percentual proporcional destes custos. 69 SISTEMAS DE CUSTEIO Figura 20 – Distribuição percentual dos custos indiretos de fabricação. CÁLCULO DA PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DE CADA PRODUTO Produto Quantidade Custo diretopor unidade Custo direto total Participação percentual AA 100 R$10,00 R$1.000,00 0,1430 ou 14,30% BB 150 R$20,00 R$3.000,00 0,4285 ou 42,85% CC 200 R$15,00 R$3.000,00 0,4285 ou 42,85% TOTAIS = R$7.000,00 1,0000 ou 100,00% CÁLCULO DO CUSTO INDIRETO PARA CADA PRODUTO Produto 1- Participação percentual 2- Valor de custo indireto Custo indireto rateado AA 14,30% R$3.500,00 R$500,00 BB 42,85% R$1.500,00 CC 42,85% R$1.500,00 100,00% R$3.500,00 Fonte: elaborado pelo autor Os cálculos efetuados (Figura 20) foram os seguintes: • multiplicam-se as quantidades de cada produto por seus respectivos valores de custos diretos; • em seguida, divide-se cada valor de custo direto total do produto pela soma total dos custos diretos do negócio, encontrando assim a participação percentual de cada produto; 70 GESTÃO DE CUSTOS • em seguida, aplicam-se esses percentuais em cada um dos produtos para identificar quanto cada produto irá receber de custos indiretos de fabricação. Com as informações e cálculos efetuados, o Sr. Roberval já sabe quais são os custos diretos e indiretos de cada produto, bastando apenas consolidá-los e encontrar os valores de custos totais do negócio, custos totais por produto e custo unitário por produto, o que está demonstrado na Figura 21. Figura 21– Cálculo dos custos totais e unitários. CÁLCULO DOS CUSTOS TOTAIS POR PRODUTO Produto Custo direto total Custo indireto rateado Total dos custos (direto + indireto) AA R$1.000,00 R$500,00 R$1.500,00 BB R$3.000,00 R$1.500,00 R$4.500,00 CC R$3.000,00 R$1.500,00 R$4.500,00 Totais = R$7.000,00 R$3.500,00 R$10.500,00 CÁLCULO DOS CUSTOS TOTAIS POR PRODUTO Produto Total dos custos (direto + indireto) Quantidade produzidas Custo unitário por produto AA R$1.500,00 100 unidades R$ 15,00 BB R$4.500,00 150 unidades R$ 30,00 CC R$4.500,00 200 unidades R$ 22,50 Fonte: elaborado pelo autor 71 SISTEMAS DE CUSTEIO O resultado apresentado na apuração do produto AA foi de um custo total de R$1.500,00 (R$1.000,00, custo direto + R$500,00, custo indireto), os quais, divididos por 100 unidades produzidas, perfazem um custo unitário de R$15,00 (R$1.500,00 / 100). O resultado apresentado na apuração do produto BB foi de um custo total de R$4.500,00 (R$3.000,00, custo direto + R$1.500,00, custo indireto), os quais, divididos por 150 unidades produzidas, chegam ao custo unitário de R$30,00 (R$4.500,00 / 150). Por fim, o resultado apresentado na apuração do produto CC foi de um custo total de R$4.500,00 (R$3.000,00, custo direto + R$1.500,00, custo indireto), os quais, divididos por 200 unidades produzidas, resultam em um custo unitário de R$22,50 (R$4.500,00 / 200). Concluindo, o custeio por absorção é o método que considera todos os custos diretos, indiretos, fixos e variáveis em sua composição. CUSTEIO VARIÁVEL O sistema de custeio variável é aquele em que os custos fixos são alocados diretamente ao resultado do período como se fossem despesas fixas, enquanto os custos e despesas variáveis são partes integrantes da formação do custo do produto. 72 GESTÃO DE CUSTOS É um sistema que apura quanto de gastos variáveis (custos e despesas) foram devidamente aplicados à atividade laboral em função da quantidade produzida e vendida. Sabe-se que estes gastos variáveis são os responsáveis diretos pela produção e vendas dos bens e serviços vendidos e, a partir do momento em que os bens e serviços deixarem de ser produzidos e vendidos, estes gastos também deixam de existir. O sistema de custeio variável traz em sua estruturação de cálculo a figura da margem de contribuição, que conforme Dubois, Kulpa e Souza (2019, p. 133) é o resultado do valor da venda deduzindo-se os gastos variáveis de custos e despesas. Deste resultado, apurado na margem de contribuição, a empresa precisa deduzir os gastos fixos (custos e despesas) e, após isso, chegar ao resultado. Esta é uma ferramenta gerencial usada na tomada de decisão e que se aplica ao resultado do MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Segundo o autor Wernke (2005, p. 99) “margem de contribuição” pode ser considerada como o valor (em reais) que cada uni- dade comercializada contribui para, inicialmente, pagar os gastos fixos mensais da empresa e, posteriormente, gerar o resul- tado do período. 73 SISTEMAS DE CUSTEIO produto, da unidade de negócios, de uma família de produtos, entre outros. SAIBA MAIS No custeio variável, todos os gastos fixos do período são lançados na apuração de resultado, independentemen- te de a empresa vender ou não tudo que foi fabricado. Em resumo, o custeio variável é uma ferramenta gerencial que pode ser usada para demonstrar qual produto, família de produtos ou unidade de negócios está contribuindo mais na obtenção da melhor margem de contribuição. Vale lembrar ainda que os gastos fixos são lançados ao resultado, independentemente de todos os produtos produzidos terem sido vendidos ou não. VANTAGENS DO CUSTEIO VARIÁVEL • É uma ferramenta de gestão para decisão, pois possibilita visualizar os produtos com maior margem de contribuição unitária. • Os gastos variáveis podem ser controlados e seguidos pelos envolvidos na produção, servindo de avaliação do próprio desempenho dos 74 GESTÃO DE CUSTOS gestores de maneira mais significativa, pois serão cobrados somente daqueles recursos que aplicam diretamente no processo. Soma-se a isso o fato de, normalmente, os gastos fixos constituírem parte da estrutura e não da operação propriamente dita. • Identifica os produtos ou linha de produtos com maior lucratividade. • Facilita o entendimento do processo de custeio dos produtos por parte dos gestores. • Melhora a visualização para tomada de decisão e planejamento. DESVANTAGENS DO CUSTEIO VARIÁVEL • O sistema de custeio variável está em desacordo com os princípios contábeis, não sendo aceitopara fins fiscais nem mesmo pelas empresas de auditoria. • No que diz respeito ao resultado, os gastos fixos são reconhecidos como valores do período, ignorando se as quantidades produzidas foram totalmente vendidas ou não. 75 SISTEMAS DE CUSTEIO APLICABILIDADE DO CUSTEIO VARIÁVEL Dona Letícia tem uma doceria que produz e vende apenas dois itens, muito saborosos, por sinal: a tapioca e o quindim. Com as informações preliminares, ela pretende saber quanto cada um dos seus produtos traz de retorno e lucratividade ao seu estabelecimento. Que tal a ajudarmos? Vamos recorrer à Figura 22 para isso. Figura 22 – Informações da Dona Letícia. ITEM TAPIOCA QUINDIM GERAL Preço de venda R$9,00/unidade R$8,50/unidade - Custos variáveis R$2,20/unidade R$3,30/unidade - Despesas variáveis R$0,80/unidade R$1,10/unidade - Aluguel mensal - - R$5.000,00 Seguro predial - - R$550,00 Quantidade produzida 5.000 unidades/mês 6.000 unidades/mês - Quantidade vendida 4.600 unidades/mês 5.500 unidades/mês - Fonte: elaborado pelo autor Primeiramente vamos calcular a margem de contribuição unitária para cada um dos produtos feitos na doceria. Para isso, usamos os valores de venda e gastos variáveis, conforme dispostos na Figura 23. 76 GESTÃO DE CUSTOS Figura 23 – Cálculo da margem de contribuição unitária por produto. ITEM TAPIOCA QUINDIM Preço de venda R$9,00 R$8,50 (-) Custos variáveis (R$2,20) (R$3,30) (-) Despesas variáveis (R$0,80) (R$1,10) = Margem de contribuição R$6,00 R$4,10 Fonte: elaborado pelo autor Nesse momento, conseguimos identificar quanto cada um dos produtos proporciona de margem de contribuição unitária. Essa informação revela que o produto tapioca, mesmo possuindo uma margem de contribuição maior, é o produto que a doceria vende em menor quantidade. Em contrapartida, o produto quindim tem uma margem de contribuição menor, mas é o produto mais vendido. Isso pode ser um dado relevante para a tomada de decisão por parte da Dona Letícia. Agora, vamos calcular o valor do resultado mensal da doceria da Dona Letícia. Para isso, iremos usar as margens de contribuição calculadas juntamente com as demais informações que dispomos, conforme aponta a Figura 24 Figura 24 – Demonstração gerencial do resultado do período. ITEM MEMÓRIA DE CÁLCULO VALOR TOTAL Margem da tapioca R$6,00 X 4.600 R$27.600,00 Margem do quindim R$4,10 X 5.500 R$22.550,00 77 SISTEMAS DE CUSTEIO Margem de contribuição - R$50.150,00 (-) Gastos fixos (Aluguel) (R$5.000,00) (-) Gastos fixos (Seguro predial) (R$550,00) = Resultado R$44.600,00 Fonte: elaborado pelo autor Nessa demonstração, iniciamos pelos valores de margem de contribuição multiplicados pelas quantidades vendidas de cada um dos produtos. A partir daí, deduzimos os gastos fixos, chegando, por fim, ao resultado do mês. Vale dizer que, à primeira vista, esse foi um bom resultado. Devemos, todavia, lembrar à Dona Letícia que, usando o sistema de custeio variável, ela soube que um produto contribui mais do que o outro. Portanto, ela tem uma informação gerencial importante e poderá optar em mudar as relações produto/quantidade a fim de alcançar um resultado ainda melhor em sua doceria. COMPARANDO OS SISTEMAS DE CUSTEIO “POR ABSORÇÃO E VARIÁVEL” Vamos aplicar um exemplo que calcula os resultados da Cia. Decente nos dois sistemas de custeio apresentados até aqui: o custeio por absorção e o custeio variável. 78 GESTÃO DE CUSTOS A Cia. Decente produziu 3.000 unidades de computadores e, neste período, conseguiu vender apenas 2.500 unidades ao preço unitário de R$2.200,00, ficando com 500 unidades em seu estoque final. Seus custos, despesas e demais informações são as seguintes: • custos fixos = R$1.200.000,00 por ano; • custos variáveis = R$590,00 por unidade; • despesas administrativas (fixas) = R$250.000,00 por ano; • despesas com vendas (comissões) = R$110,00 por unidade; • não havia estoques iniciais e todas as unidades foram completadas no período; • sobre o preço de venda incidem tributos de 12%; • o Imposto de Renda (IR) aplicado sobre o resultado é de 25%. 79 SISTEMAS DE CUSTEIO Agora, com as informações descritas, vamos elaborar os cálculos e as demonstrações de resultado do período seguindo o roteiro: 1. custeio por absorção; 2. custeio variável; 3. calcular o valor do estoque final; e 4. apurar as divergências nos dois sistemas de custeio. RESOLVENDO A QUESTÃO “1” (CUSTEIO POR ABSORÇÃO) Primeiramente iremos apurar o custo unitário do computador: • custo fixo = R$1.200.000,00 • custo variável = R$590,00 X 3.000 = $1.770.000,00 • custo total (fixo + variável) = R$2.970,000,00 • custo unitário de produção = R$2.970.000,00 / 3.000 = R$990,00 80 GESTÃO DE CUSTOS Com esta informação de custeio por absorção, pode-se elaborar a demonstração de resultado, conforme visto na Figura 25. Figura 25 – Demonstração de resultado do período – com custeio por absorção. ITEM MEMÓRIA DE CÁLCULO VALORES EM REAIS Receita de vendas 2.500 X R$2.200,00 R$5.500.0000,00 (-) Impostos sobre as vendas 12% X R$5.500.000,00 (R$660.000,00) (-) Despesas com comissões 2.500 X R$110,00 (R$275.000,00) (-) Custo dos produtos vendidos 2.500 X R$990,00 (R$2.475.000,00) = Resultado operacional bruto - R$2.090.000,00 (-) Despesas administrativas - (R$250.000,00) = Lucro antes do IR - R$1.840.000,00 (-) IR 25% de R$1.840.000,00 (R$460.000,00) = Resultado do exercício - R$1.380.000,00 Fonte: elaborado pelo autor RESOLVENDO A QUESTÃO “2” (CUSTEIO VARIÁVEL) Primeiramente iremos apurar a margem de contribuição unitária de cada computador. • Preço de venda unitário = R$2.200,00 • Custo variável unitário = R$590,00 81 SISTEMAS DE CUSTEIO • Despesa variável unitária (comissões) = R$110,00 • Despesa variável unitária (impostos) = 12% de R$2.200,00 = R$264,00 • Margem de contribuição unitária [a (-) b (-) c (-) d] = R$1.236,00 Com esta informação de custeio variável, pode-se elaborar a demonstração de resultado, conforme visto na Figura 26. Figura 26– Demonstração de resultado do exercício – com custeio variável. ITEM MEMÓRIA DE CÁLCULO VALORES EM REAIS Margem de contribuição total 2.500 x R$1.236,00 R$3.090.000,00 (-) Custo fixo - (R$1.200.000,00) (-) Despesas administrativas - (R$250.000,00) = Lucro antes do IR - R$1.640.000,00 (-) IR 25% de R$1.640.000,00 (R$410.000,00) = Resultado do exercício R$1.230.000,00 Fonte: elaborado pelo autor RESOLVENDO A QUESTÃO “3” (VALOR DOS ESTOQUES FINAIS) Calculando o valor do estoque final, com a utilização do sistema de custeio por absorção, temos: 500 X R$990,00 = R$495.000,00. 82 GESTÃO DE CUSTOS Do mesmo modo, calculando o valor do estoque final, com a utilização do sistema de custeio variável, temos: 500 X R$590,00 = R$295.000,00. RESOLVENDO A QUESTÃO “4” (DIVERGÊNCIAS DOS SISTEMAS DE CUSTEIO) Para resolver a questão 4, temos de comparar os valores do “Lucro Antes do IR”, ou simplesmente LAIR, das duas demonstrações de resultado e os valores de estoque final nos dois sistemas de custeio. Essas diferenças de valores precisam ter o mesmo valor total, conforme aponta a Figura 27: Figura 27 – Apuração das divergências. ITEM CUSTEIO POR ABSORÇÃO (1) CUSTEIO VARIÁVEL (2) DIVERGÊNCIA [1 (-) 2] LAIR R$1.840.000,00 R$1.640.000,00 R$200.000,00 Estoque final R$495.000,00 R$295.000,00 R$200.000,00 Fonte: elaborado pelo autor Ao analisar o montante de divergência calculada (R$200.000,00), é possível perceber que este diz respeito ao custo fixo lotado nos itens de estoque final no sistema de custeio por absorção. Um pequeno exercício de memória nos lembra que o enunciado trouxe R$1.200.000,00 de custos fixos totais, os quais, divididos pela produção total de 3.000 unidades, chegam 83 SISTEMAS DE CUSTEIO ao custo fixo unitário de R$400,00. Este valor, multiplicado pelas 500 unidades remanescentes no estoque, alcança o montante de R$200.000,00. Portanto, este valor, no custeio por absorção, não apareceno resultado do período. Por outro lado, no custeio variável, todo o montante de custo fixo é alocado na demonstração de resultado, proporcionando um LAIR menor no mesmo valor. AGORA É COM VOCÊ Para aprimorar o conhecimento sobre o custeio por absorção e o custeio variável, bem como as discrepâncias de resultados apresentados em ambos, sugiro que releia o conteúdo descrito na unidade dois, e se, porventura, persistir alguma dúvida, pesquise sobre o tema nos livros de análise e gestão de custos. CUSTO-PADRÃO O custo-padrão é apontado como um objetivo a ser buscado pela empresa que opera em plena eficiência e com o nível máximo de rendimento em seu processo produtivo ou oferta de serviço. Ele se baseia na predeterminação dos custos que devem acontecer, ou seja, os custos de produção tendem a ser conhecidos antes de o processo ter o seu start (início). 84 GESTÃO DE CUSTOS O objetivo a ser atingido pela empresa é a otimização da produção, sempre buscando maior qualidade e menor custo. É importante dizer que, entre as várias finalidades existentes, o custo-padrão costuma inserir a participação dos seus colaboradores no processo produtivo. Isso pode refletir de modo positivo ou negativo nos aspectos de controle e comparação. • efeito positivo: um padrão fixado com metas difíceis, mas não impossíveis de serem alcançadas, funciona como um desafio por parte de todos os colaboradores. • efeito negativo: em um padrão fixado com metas utópicas, seja por causa do produto, da empresa ou do mercado, cada colaborador já saberá de antemão que todo e qualquer esforço feito não resultará no alcance do objetivo. Isso afetará a satisfação individual e coletiva e acarretará em um ambiente psicológico amplamente desfavorável. No que diz respeito à estrutura, o custo-padrão pode ser fundamentado nas seguintes condições: 85 SISTEMAS DE CUSTEIO • monitoramento dos custos: em que os padrões de custos incorporam os preços de aquisições dos insumos e dos recursos necessários à produção; • tempo: o padrão de tempo que é necessário para a execução das tarefas e a preservação das habilidades em competir no mercado; e • qualidade: os padrões de qualidade nos custos ajudam a mantê-los em ótimos níveis de aceitação e competitividade. Segundo Ribeiro (2009, p. 426),” o custo-padrão serve de parâmetro para o real. Enquanto o custo real representa aquele que efetivamente ocorreu, o custo-padrão representa aquele que deveria ter ocorrido”. Para que o custo-padrão seja implementado com sucesso, algumas situações devem estar presentes: • quando a empresa trabalha com grandes quantidades de produtos iguais ou lotes; e • quando a produção contratada tem grande quantidade de itens similares. 86 GESTÃO DE CUSTOS Assim, pelas características de produção repetitiva de produtos similares, o custo-padrão oferece maior utilidade quando aplicado em situação de produção com processo contínuo. Dubois et al. (2019) comenta que a administração da empresa que utiliza o custo-padrão pode servir-se dele para: 1. dispor de condições para a negociação de preços, especialmente em situações de enco- mendas, contratos, lotes etc.; 2. acompanhar os estoques de produtos acaba- dos e em elaboração, quando se tem um nível adotado como o adequado sob os padrões estabelecidos; 3. monitoramento das operações, avaliação de desempenho, identificação de gargalos ou pontos de ineficiências controláveis através das diferenças apuradas entre o custo-padrão e o custo real. Estas discrepâncias serão ob- jetos de correção por parte da administração da empresa. 87 SISTEMAS DE CUSTEIO O custo-padrão é pautado na ideia de atingir o máximo de eficiência, partindo da ausência de problemas seja com os materiais, a mão de obra e os demais recursos necessários ao processo produtivo. É a perfeição, em sua essência, na busca de redução de custos, visando sempre à melhor produtividade. Por fim, o custo-padrão é uma importante ferramenta de apoio à gestão da empresa, seja no tocante ao planejamento, execução, controle ou avaliação dos recursos aplicados no processo produtivo. FIXAÇÃO DE PADRÕES Os padrões, sempre que possível, devem ser fixados em quantidades físicas e valores monetários, pois estes dois elementos compõem o padrão de custo do produto ou serviço. No caso das quantidades de materiais, horas de mão de obra, litros de combustível, horas- máquina necessárias, quantidade de As variações devem ser verificadas periodicamente. 88 GESTÃO DE CUSTOS KWh, entre outras, seus apontamentos ficam a cargo de uma área de operações da empresa e o levantamento da parte monetária fica a cargo da área de custos, ou seja, existe uma boa parceria interna para a fixação dos padrões. Padrão de materiais: o padrão físico deve ser feito com base em estimativas e estudos minuciosos daquilo que compõe o produto, primeiramente quantificando todos os itens materiais necessários para completar uma unidade do produto e na sequência, valorando todos estes itens. Padrão de mão de obra: esse padrão é baseado em estimativas das horas de mão de obra necessárias para se produzir uma única unidade do produto e o seu respectivo custo por unidade. Padrão de custos indiretos de fabricação: esses custos normalmente são parte integrante da infraestrutura da empresa com o intuito de manter PADRÃO Segundo o dicionário Houaisss (2001, p. 2.102), “padrão” é o objeto que possui o tamanho e a forma mais comuns e usuais, em seu gênero, modelo e tipo, sendo ainda qualquer objeto que serve de modelo. 89 SISTEMAS DE CUSTEIO o processo fabril em funcionamento e não estão ligados diretamente aos produtos em si. Vale destacar que os padrões devem ser revisados e ajustados periodicamente devido às alterações de valores dos materiais aplicados, dos salários dos colaboradores e dos demais insumos e recursos necessários ao bom funcionamento do processo produtivo. ANALISANDO AS VARIAÇÕES EM RELAÇÃO AOS PADRÕES As variações representam as discrepâncias existentes entre os custos reais apurados e o custo-padrão, tanto para os materiais, quanto para a mão de obra e os custos indiretos de fabricação. Elas podem se apresentar de maneira favorável ou desfavorável no processo de análise, ou seja, tanto na apuração de quantidade ou de valor monetário, se o real for maior que o padrão, considera-se uma variação desfavorável, pois se gastou mais ou aplicou maior quantidade do que estava previsto. Inversamente, se o real for menor que o padrão, considera-se variação favorável, pois se gastou menos ou aplicou menor quantidade do que estava previsto. As variações devem ser verificadas periodicamente a fim de que a administração possa tomar a melhor decisão quanto à continuidade e manutenção do processo produtivo. 90 GESTÃO DE CUSTOS • variação dos materiais: no que diz respeito às quantidades, recebe influência da diversidade e volume de produção, além da produtividade e eficiência dos equipamentos onde os materiais são processados e, em alguns casos, do mix de materiais que compõe o produto. No que diz respeito à parte monetária, os preços sofrem influências da oferta e demanda, além das especulações efetuadas pelos fornecedores em épocas de escassez de determinada matéria-prima necessária ao processo produtivo. Veiga (2016) lista algumas razões pelas quais as variações dos materiais persistem no processo produtivo: 1. máquinas mal reguladas ou mal preparadas, que estragam as matérias-primas; 2. baixa qualidade da matéria-prima utilizada, provocando maior consumo; 3. baixa qualidade da mão de obra, aumentando o consumo; 4. compra inadequada por parte da área de compras; 91 SISTEMAS DE CUSTEIO 5. política da direção da empresa em comprar de outro fornecedor. 6. tempo utilizado para a adequação da linha de produção. Portanto, as variações que se apresentam podem ser tipificadas como: • de quantidade: podem ocorrer divergências dequantidade que necessitam ser apuradas; • de preço: podem ocorrer divergências de preço que necessitam ser apuradas; • mista (de quantidade e de preço): podem ocorrer tanto divergências de quantidade como de preço, que necessitam ser apuradas. Estas divergências são chamadas de variação mista. • variação da mão de obra: no caso da mão de obra, a variação de quantidade recebe a denominação de variação de eficiência e a variação de preço recebe a denominação de variação da taxa. 92 GESTÃO DE CUSTOS No processo de análise da variação de eficiência, avalia-se a eficiência e racionalidade no uso das horas ou, até mesmo, se o feitio dos itens foi feito em poucas horas ou se foi preciso incluir horas extras adicionais à sua produção. Já no processo de variação da taxa, percebe-se quanto a empresa pagou de custo-hora da mão de obra, observando se foi um valor maior ou menor do que aquele fixado como padrão. No caso da mão de obra, Veiga (2016) lista as seguintes razões em prol das variações de eficiência e taxa: • ineficiência da mão de obra; • inexistência de mão de obra reserva com a mesma capacidade; • acréscimos legais nas remunerações e encargos sociais; • utilização de pessoal de outro setor; e • carência de profissionais no mercado, gerando maior remuneração para poder contratar. 93 SISTEMAS DE CUSTEIO Variação do Custo Indireto de Fabricação (CIF): neste caso, a análise é mais complexa e três elementos devem ser considerados: • variação de eficiência: compara a divergência entre o padrão e o real daqueles recursos empregados no processo produtivo; • variação de volume: compara a divergência entre o volume produzido e o volume padrão esperado; • variação de custo: compara a divergência entre o CIF ajustado ao volume de produção real e o CIF ajustado ao nível de eficiência real. VANTAGENS DO CUSTO-PADRÃO Por ser uma ferramenta de controle e tomada de decisão, o custo-padrão Na análise da variação de eficiência, avalia-se a eficiência e racionalidade no uso das horas. Fonte: Shutterstock 94 GESTÃO DE CUSTOS proporciona a avaliação de desempenho das diversas áreas da empresa e faz com que os colaboradores se sintam engajados no processo produtivo de maneira ímpar, diminuindo as variações naquilo que é possível e contribuindo com os objetivos propostos pela empresa. APLICABILIDADE DO CUSTO-PADRÃO A Cia. da Terra apresentou tabelas (Figuras 28 e 29), contendo os seus dados de “quantidade e de valor” padrões e reais para um determinado período. Figura 28– Padrão de quantidade e valor monetário. PADRÃO FÍSICO MONETÁRIO Materiais 4,5 kg $6,00/kg Mão de obra 6 horas $7,50/hora CIF variável 3 horas máquina $6,00/hora máquina CIF fixo 16.700 unidades $168.670,00 Fonte: elaborado pelo autor Na tabela 10, para produzir um único produto, a Cia. da Terra utiliza quatro quilos e meio de materiais, que têm como custo-padrão o valor de R$6,00 por quilo. Ela utiliza seis horas de mão de obra, tendo como custo-padrão o valor de R$7,50 a hora, os CIF variáveis trazem três horas máquina, ao custo-padrão de R$6,00 por hora máquina, e, por fim, os CIF 95 SISTEMAS DE CUSTEIO fixos no padrão somam R$168.700,00 para uma quantidade padrão de 16.700 unidades. Figura 29 – Realizado de quantidade e valor monetário. REALIZADO FÍSICO MONETÁRIO Materiais 6 kg $7,50/kg Mão de obra 7,5 horas $10,00/hora CIF variável 4 horas máquina $7,50/hora máquina CIF fixo 16.000 unidades $195.200,00 Fonte: elaborado pelo autor Na tabela 11, para se produzir um único produto, a Cia. da Terra utilizou seis quilos de materiais, que tem como custo real o valor de R$7,50 por quilo. A empresa utilizou sete horas e meia de mão de obra, tendo como custo real o valor de R$10,00 a hora. Os CIF variáveis trazem quatro horas-máquina ao custo real de R$7,50 por hora máquina e, por fim, os CIF fixos no padrão somam R$195.200,00 para uma quantidade real de 16.000 unidades. Usando essas informações, pede-se que calcule, por unidade produzida: 1. o custo-padrão, o custo real e a variação total; 96 GESTÃO DE CUSTOS 2. a variação de quantidade, de preço e mista dos materiais; 3. a variação de eficiência, da taxa e mista da mão de obra; 4. a variação de eficiência, do custo e mista do CIF Variável; 5. a variação de eficiência, do custo e mista do CIF Fixo. Comecemos a resolução do problema pela questão “1” na Figura 30. Figura 30 – Custo-padrão, o custo real e a variação total. ITEM DE CUSTO CUSTO-PADRÃO CUSTO REAL DIFERENÇA[REAL (-) PADRÃO] Materiais R$27,00 R$45,00 R$18,00 Mão de obra R$45,00 R$75,00 R$30,00 CIF variável R$18,00 R$30,00 R$12,00 CIF fixo R$10,10 R$12,20 R$2,10 Totais R$100,10 R$162,20 R$62,10 Fonte: elaborado pelo autor Vamos demonstrar os cálculos: 97 SISTEMAS DE CUSTEIO • materiais: a. custo-padrão = 4,5 X R$6,00 = R$27,00 b. custo real = 6 X R$7,50 = R$45,00 c. variação dos materiais = R$45,00 (-) R$27,00 = R$18,00 • mão de obra: a. custo-padrão = 6 X R$7,50 = R$45,00 b. custo real = 7,5 X R$10,00 = R$75,00 c. variação da mão de obra = R$75,00 (-) R$45,00 = R$30,00 • CIF variável: a. custo-padrão = 3 X R$6,00 = R$18,00 b. custo real = 4 X R$7,50 = R$30,00 c. variação do CIF variável = R$30,00 (-) R$18,00 = R$12,00 98 GESTÃO DE CUSTOS • CIF fixo: a. custo-padrão = R$168.670 / 16.700= R$10,10 b. custo real = R$195.200 / 16.000 = R$12,20 c. variação do CIF fixo = R$12,20 (-) R$10,10 = R$2,10 Logo, o custo-padrão totalizou R$100,10 (R$27,00 + R$45,00 + R$18,00 + R$10,10) e o custo real totalizou R$162,20 (R$45,00 + R$75,00 + R$30,00 + R$12,20), refletindo uma variação total de R$62,10 [R$162,20 (-) R$100,10]. Seguindo agora com a resolução da questão “2” na Figura 31. Figura 31 – Variação de quantidade, de preço e mista dos materiais. ITEM: FÓRMULA VALOR ∆ de quantidade (QR - QP) X PP (6 – 4,5) X $6 = $9,00 ∆ de preço (PR – PP) X QP ($7,5 – $6,0) X 4,5 = $6,75 ∆ mista (QR – QP) X (PR – PP) (6 – 4,5) X ($7,5 – $6) = $2,25 ∆ total ∆Q + ∆P + ∆M $9,00 + $6,75 + $2,25 = $18,00 Fonte: elaborado pelo autor Para entender: itens das fórmulas na Figura 31: • QR = quantidade real; 99 SISTEMAS DE CUSTEIO • QP = quantidade padrão; • PP = preço padrão; • PR = preço real; • Q = quantidade; • P = preço; • M = mista. Substituindo as fórmulas pelos valores e quantidades do enunciado, chegamos ao montante de variação dos materiais por item: • variação de quantidade: (QR - QP) X PP, substituindo temos: (6 – 4,5) X R$6 = R$9,00 • variação de preço: (PR – PP) X QP, substituindo temos: (R$7,5 – R$6,0) X 4,5 = R$6,75 • variação mista: (QR – QP) X (PR – PP), substituindo temos: (6 – 4,5) X (R$7,5 – R$6) = R$2,25 • variação total: ∆Q + ∆P + ∆M, substituindo temos: R$9,00 + R$6,75 + R$2,25 = R$18,00 Concluindo a análise dos materiais, e sabendo que R$18,00 é o valor da variação total dos materiais apontada na resposta 100 GESTÃO DE CUSTOS (1) da aplicação, agora identificamos que a quantidade teve uma interferência de R$9,00, o preço teve uma interferência de R$6,75 e a variação mista teve uma interferência de R$2,25. Seguindo adiante, com a resolução do número “3”, na Figura 32: Figura 32 – Variação de eficiência, de taxa e mista da mão de obra. ITEM: FÓRMULA VALOR ∆ de eficiência (QR - QP) X PP (7,5 – 6) X R$7,5 = R$11,25 ∆ de taxa (PR – PP) X QP (R$10 – R$7,5) X 6 = R$15,00 ∆ mista (QR – QP) X (PR – PP) (7,5 – 6) X (R$10 – R$7,5) = R$3,75 ∆ total ∆E + ∆T + ∆M R$11,25 + R$15,00 + R$3,75 = R$30,00 Fonte: elaborado pelo autor Para entender: itens das fórmulas na Figura 32: • QR = quantidade real; • QP = quantidade padrão; • PP = preço padrão; • PR = preço real; • E = eficiência; • T = taxa; • M = mista. 101 SISTEMAS DE CUSTEIO Substituindo as fórmulas pelos valores e quantidades do enunciado, chegamos ao montante de variação da mão de obra por item: • variação de eficiência: (QR - QP) X PP, substituindo temos: (7,5 – 6) X R$7,5 = R$11,25 • variação de taxa: (PR –PP) X QP, substituindo temos: (R$10 – R$7,5) X 6 = R$15,00 • variação mista: (QR – QP) X (PR – PP), substituindo temos: (7,5 – 6) X (R$10 – R$7,5) = R$3,75 • variação total: ∆E + ∆T + ∆M, substituindo temos: R$11,25 + R$15,00 + R$3,75 = R$30,00 Concluindo a análise da mão de obra, e sabendo que R$30,00 é o valor da variação total da mão de obra apontada na resposta (1) da aplicação, agora identificamos que a eficiência teve uma interferência de R$11,25, a taxa teve uma interferência de R$15,00 e a variação mista teve uma interferência de R$3,75. Dando continuidade, seguimos com a resolução do item “4”, na Figura 33: 102 GESTÃO DE CUSTOS Figura 33 – Variação de eficiência, do custo e mista do CIF variável. ITEM: FÓRMULA VALOR ∆ de eficiência (QR - QP) X PP (4 – 3) X R$6,0 = R$6,00 ∆ do custo (PR – PP) X QP ($7,5 – $6,0) X 3 = R$4,50 ∆ mista (QR – QP) X (PR – PP) (4 - 3) X (R$7,5 – R$6,0) = R$1,50 ∆ total ∆E + ∆C + ∆M R$6,00 + R$4,50 + R$1,50 = R$12,00 Fonte: elaborado pelo autor Substituindo as fórmulas pelos valores e quantidades do enunciado, chegamos ao montante de variação por item: • variação de eficiência: (QR - QP) X PP, substituindo temos: (4 – 3) X R$6,0 = R$6,00 • variação do custo: (PR – PP) X QP, substituindo temos: (R$7,5 – R$6,0) X 3 = R$4,50 • variação mista: (QR – QP) X (PR – PP), substituindo temos: (4 - 3) X (R$7,5 – R$6,0) = R$1,50 • variação total: ∆E + ∆C + ∆M, substituindo temos: R$6,00 + R$4,50 + R$1,50 = R$12,00 Concluindo a análise do CIF variável, e sabendo que R$12,00 é o valor da variação total do CIF variável apontado na 103 SISTEMAS DE CUSTEIO resposta (1) da aplicação, agora identificamos que a eficiência teve uma interferência de R$6,00, o custo teve uma interferência de R$4,50 e a variação mista teve uma interferência de R$1,50. E, para finalizar, seguimos com a resolução do item “5”, na Figura 34: Figura 34 – Variação de eficiência, do custo e mista do CIF fixo ITEM: FÓRMULA VALOR ∆ de eficiência CIF padrão no nível real de produção (-) CIF padrão ao nível padrão R$0,44 ∆ do custo CIF real (-) CIF padrão no nível real de produção R$1,66 ∆ mista ∆E + ∆C R$0,44 + R$1,66 = R$2,10 Fonte: elaborado pelo autor Substituindo as fórmulas pelos valores e quantidades do enunciado, chegamos ao montante de variação por item: • variação de eficiência: CIF fixo padrão no nível real em quantidade (-) CIF fixo padrão ao nível padrão em quantidade. Substituindo, temos: [(R$168.670 / 16.000) – (R$168.670 / 16.700)] = R$0,44 • variação do custo: CIF fixo real no nível real em quantidade (-) CIF fixo padrão no nível real 104 GESTÃO DE CUSTOS em quantidade. Substituindo, temos: [(195.200 / 16.000) – (R$168.670 / 16.000)] = R$1,66 • variação mista: somatório (∆E + ∆C). Substituindo, temos: R$0,44 + R$1,66 = R$2,10 Concluindo a análise do CIF fixo, e sabendo que R$2,10 é o valor da variação total do CIF fixo apontado na resposta (1) da aplicação, agora identificamos que a eficiência teve uma interferência de R$0,44, o custo teve uma interferência de R$1,66 e a variação mista teve uma interferência de R$2,10. SISTEMA DE ACUMULAÇÃO DE CUSTOS POR ORDEM No sistema de acumulação de custos por ordem de fabricação, o objeto de custo é o produto ou serviço, representado única e exclusivamente pelo feitio de uma máquina especial, por um projeto de construção, uma campanha publicitária, um serviço de conserto em um automóvel, ou seja, algo único que a empresa se predispõe a fazer para um determinado cliente. O fato destes produtos e serviços serem distintos obriga a empresa a lançar mão do sistema de custeio por ordem para acumular os custos destes. 105 SISTEMAS DE CUSTEIO No custeio por ordem, cada produto ou serviço é elaborado seguindo as necessidades e desejos do cliente, tornando assim cada ordem de fabricação/serviço exclusiva, diferente das demais. Portanto, este sistema de custeio configura-se no somatório dos gastos envolvidos no processo produtivo como matéria- prima, material secundário, Mão de Obra Direta (MOD) e gastos indiretos de fabricação. Na prática, a cada encomenda recebida por parte dos clientes, a empresa dá início à uma nova ordem de produção (ou serviço). Cada item de custo é acumulado separadamente, conforme as necessidades e especificações do produto/serviço. ABORDAGEM GERAL DO CUSTEIO POR ORDEM A seguir, você conhecerá as etapas de atribuição de custos para uma ordem individual que se aplica igualmente à uma ordem de produção, comercialização e serviços (ver Figura 35). Para executar as etapas relacionadas na Figura 35, a utilização de um sistema de informações é de grande valia para o gestor, visto que com ele é possível acompanhar em tempo real, os gastos envolvidos em cada ordem de produção, melhorando a qualidade e eficiência de suas operações. Outro dado relevante é que a ordem de produção, em muitos casos, 106 GESTÃO DE CUSTOS serve de cotação de preços para os clientes. O trânsito rápido e preciso das informações acaba facilitando a administração, comercialização e controle. Figura 35 – Etapas do custeio por ordem. ETAPAS DO CUSTEIO POR ORDEM 1- Identi�car a ordem realizada com o objeto de custo escolhido (número, descrição, data) 2- Identi�car os custos diretos da ordem (materiais e mão de obra) 3- Selecionar as bases de alocação dos custos indiretos à ordem 4- Identi�car os custos indiretos associados a cada base de alocação dos custos 5- Calcular as taxas de alocação dos custos indiretos para cada ordem 6- Calcular os custos indiretos à cada ordem 7- Calcular o custo total da encomenda somando todos os custos diretos e indiretos atribuídos a ordem Fonte: adaptado de Horngren, Datar e Foster (2004) APLICABILIDADE DO CUSTEIO POR ORDEM A empresa Embalata trabalha com produção de embalagens especiais sob encomenda – em sua estrutura produtiva possui duas áreas: corte e montagem. Para o ano de 2020, a empresa fez o seguinte orçamento (Figura 36): 107 SISTEMAS DE CUSTEIO Figura 36 – Orçamento dos insumos para o ano de 2020. ITEM CORTE MONTAGEM Materiais diretos R$850.000,00 R$495.000,00 MOD R$330.000,00 R$955.000,00 Custos indiretos de fabricação R$990.000,00 R$573.000,00 Fonte: adaptado de Dubois et al. (2019) Em setembro, surge a Ordem de Produção (OP) 101, totalmente concluída e pronta para ser entregue ao cliente. Seus custos diretos de materiais e mão de obra estão apontados a seguir, na Figura 37: Figura 37 – Gastos diretos da OP 101. ITENS CORTE MONTAGEM TOTAIS Materiais diretos R$85.000,00 R$74.250,00 R$159.250,00 MOD R$19.800,00 R$76.400,00 R$96.200,00 Fonte: adaptado de Dubois et al. (2019) Para chegarmos ao valor total da OP 101, temos de juntar os valores diretos de materiais e mão de obra aos custos indiretos de fabricação. Para isso, consideremos que a base de alocação dos CIF são os custos de MOD. Portanto, vamos detalhar esses cálculos: 108 GESTÃO DE CUSTOS • no departamento corte: os CIF totalizam R$990.000,00 que, divididos por R$330.000,00, resultam em R$3,00, ou seja, esse é a taxa de rateio no departamento corte. Portanto, a OP 101 consumiu um CIF de R$3,00 X R$19.800,00 = R$59.400,00. • no departamento montagem: os CIF totalizam R$573.000,00 que, divididos por R$955.000,00, resultam em R$0,60, ou seja, esse é a taxa de rateio no departamento montagem. Portanto, a OP 101 consumiu um CIF de R$0,60 X R$76.400,00 = R$45.840,00. Agora sim, com os valores calculados, podemos montar e apresentar, conforme você pode ver na Figura 38, o valor de custo total da OP 101 contendo: os materiais, a mão de obra direta e os custos indiretos de fabricação. Figura 38 – Gastos totais da OP 101. ITENS CORTE MONTAGEM TOTAIS Materiais diretos R$85.000,00 R$74.250,00 R$159.250,00 MOD R$19.800,00 R$76.400,00 R$96.200,00 CIF R$59.400,00 R445.840,00 R$105.240,00 Totais R$164.200,00 R$196.490,00 R$360.690,00 Fonte: elaborado pelo autor 109 SISTEMAS DE CUSTEIO Concluindo, o valor totalde custo da OP 101 foi de R$360.690,00. Esse valor poderá ser utilizado como referência na montagem do preço de venda calculado pela empresa. SISTEMA DE ACUMULAÇÃO DE CUSTOS POR PROCESSO No sistema de acumulação de custos por processo, cada unidade produzida recebe as mesmas quantias ou similares de custo de material, custo de mão de obra e custo indireto de fabricação. Por sua vez, o custo unitário de cada unidade produzida é conhecido quando o valor total dos custos do período é dividido pela quantidade total de itens produzidos. Assim, o sistema de custos por processo se aplica quando existe a produção homogênea de produtos, desde que seja uma produção em grande escala, caso típico da fabricação de eletrodomésticos, bebidas populares, brinquedos, automóveis, motocicletas, entre outros. Normalmente para permitir o uso desse sistema de custeio, as empresas são constituídas por setores departamentais ou, simplesmente, centros de custo, onde as operações são vistas como uma sequência de fases. Em cada um destes setores, 110 GESTÃO DE CUSTOS dependendo de sua função laboral, são consumidos os materiais, mão de obra e custos indiretos, e os produtos vão passando fase por fase, até, chegarem ao final. Veja, na Figura 39, um exemplo de processo: Figura 39 – Modelo de processo industrial. Fundição Soldagem Usinagem Prensagem Metalurgia Mecânica Torneamento Montagem Polimento Fonte: elaborado pelo autor Por ser processo, e ter uma grande quantidade de produtos fabricados, nas empresas eles são normalmente alocados nos estoques à espera de suas vendas. Esta etapa fica a cargo do setor comercial, que tem a responsabilidade de vender tudo o que se produz. 111 SISTEMAS DE CUSTEIO Um detalhe marcante no custeio por processo diz respeito ao controle dos custos. Por existir em uma produção em série, o controle se dá através dos lotes de produção, grupo ou família de produtos e nunca individualmente. EQUIVALENTE DE PRODUÇÃO Como o processo produtivo está sempre em ação contínua, é comum no início e final dos períodos existirem unidades por concluir, ou seja, existirem estoques iniciais e estoques finais de produtos em elaboração. A esse fenômeno chamamos de equivalente de produção, cuja definição, segundo Ribeiro (2009, p. 457): “é a quantidade de produtos acabados que equivale à quantidade de produtos que se encontra em elaboração”. No equivalente de produção, as unidades incompletas são convertidas em termos de unidades completas a fim de que se possa obter o denominador comum do cálculo do custo unitário. Isso parece estranho, mas, com o cálculo equivalente de produção, é possível identificar aquelas unidades que ainda se encontram em elaboração e já receberam uma porcentagem de aplicação de materiais, além de apontar quantas horas de mão de obra e que parte dos custos indiretos já foram usadas. Portanto, através dos apontamentos da fábrica, as porcentagens 112 GESTÃO DE CUSTOS são levadas em consideração para o cálculo do custo unitário da produção acabada no período. Ribeiro (2009, p. 457) comenta ainda que: o equivalente de produção tem por objetivo permitir o rateio dos custos incorridos na produção do período uniformemente para todas as unidades de produtos que durante o período passaram pelo processo de fabricação, tendo ou não sido acabadas. No entanto, torna-se indispensável e de grande valia a participação da gestão de custos no controle dessas tarefas produtivas a fim de detectar as respectivas fases em que se encontram as unidades no processo produtivo. Esta ação tem impacto direto na formação do custo unitário das unidades produzidas e acabadas, além daquelas unidades que permaneceram em elaboração. APLICABILIDADE DO EQUIVALENTE DE PRODUÇÃO A empresa Um Brilho Só produz e vende massa de polimento e usa o sistema de acumulação de custos por processo, pois mantém uma produção e um estoque mínimo que vão sendo reabastecidos à medida em que seu produto é 113 SISTEMAS DE CUSTEIO vendido. No mês de agosto deste ano, a empresa informou os dados registrados na Figura 40: Figura 40 – Dados de estoques da empresa Um Brilho Só. Estoque inicial de produtos em processo Zero Quantidade acabada durante o mês 50.000 unidades Estoque final de produto em processo 15.000 unidades Estágio de acabamento do estoque final 90 % Fonte: Adaptado de Dubois et al. (2019). Por meio dos dados, percebemos que a empresa teve 50.000 unidades de seu produto “massa de polimento” plenamente concluídas e acabadas prontas para serem vendidas no período. As 15.000 unidades que ficaram em elaboração/processamento já se encontram no estágio igual a 90% semiprontas. Para que essa produção fosse possível, no mês de agosto deste ano, a empresa incorreu nos seguintes gastos: • materiais = R$96.250,00; • mão de obra direta = R$50.800,00; • CIF utilizados = R$76.200,00. Para continuar o cálculo do custo unitário, é necessário encontrar a quantidade equivalente dos produtos, usando como base as informações da Figura 41. 114 GESTÃO DE CUSTOS Figura 41 – Cálculo da quantidade equivalente. PRODUÇÃO DO PERÍODO (AGOSTO) QUANTIDADE (A) Unidades acabadas e transferidas para venda 50.000 Unidades de estoque final em elaboração 15.000 Estágio dos itens em elaboração 90% (B) Quantidade equivalente 13.500 [(C) = A + B] Produção equivalente 63.500 Fonte: elaborado pelo autor Aplicando a porcentagem de 90% no total do estoque final em elaboração, que é de 15.000 unidades, chegamos à quantidade equivalente do mês de agosto, que é de 13.500 unidades. Somam-se as unidades acabadas (50.000) com as unidades na quantidade equivalente (13.500) e obtemos 63.500 unidades, que será a referência para calcular o custo unitário de produção acabada, conforme aponta a Figura 42. Figura 42 – Cálculo do custo unitário. ITEM VALOR Materiais = R$95.250,00 / 63.500 R$1,50 Mão de obra = R$50.800,00 / 63.500 R$0,80 CIF utilizado = R$76.200,00 / 63.500 R$1,20 Total R$3,50 Fonte: adaptado de Dubois et al. (2019) Na Figura 42, usamos os gastos do mês de agosto deste ano e dividimos cada um deles para a quantidade de produção 115 SISTEMAS DE CUSTEIO equivalente demonstrada na Figura 41. Por fim, chegamos a um custo unitário de R$3,50 por item de produção acabada. A seguir, na Figura 43, vamos demonstrar os cálculos dos custos totais da produção acabada e do estoque final. Figura 43 – Cálculo do custo total de produção acabada e estoque final - agosto. ITEM VALOR Custo da produção acabada - 50.000 X R$3,50 R$175.000,00 Custo do estoque final: R$47.250,00 Materiais (15.000 X 0,90 X R$1,50) R$20.250,00 Mão de obra (15.000 X 0,90 X R$0,80) R$10.800,00 CIF utilizados (15.000 X 0,90 X R$1,20) R$16.200,00 Valores totais R$222.250,00 Fonte: adaptado de Dubois et al. (2019) Na Figura 43, usando as informações obtidas até aqui, conclui-se que o custo dos produtos acabados no mês de agosto deste ano foi de R$175.000,00 e o estoque final ficou no valor total de R$47.250,00, valor este que pode ser desmembrado em materiais de R$20.250,00 + mão de obra de R$10.800,00 + CIF utilizados de R$16.200,00. Vale dizer que, no cálculo dos itens em elaboração, 15.000 unidades representam o saldo em estoque, a equação 0,90 representa o estágio em se encontram estas unidades, ou seja, 90%, seguido do valor unitário calculado na Figura 42. 116 GESTÃO DE CUSTOS Para complementar nosso exemplo, vamos considerar que a empresa tem uma produção constante e, no mês de setembro deste ano, ela já conta com um saldo inicial em elaboração e tem as respectivas quantidades do mês. Repare na Figura 44, a seguir: Figura 44 – Cálculo da quantidade equivalente. PRODUÇÃO DO PERÍODO (SETEMBRO) QUANTIDADE: Estoque inicial produtos em processo 15.000 (A) Unidades acabadas e transferidas para venda 38.000 Estoque final produtos em processo 10.000 Estágio dos itens em processo 70% (B) Quantidade equivalente 7.000 [(C) = A + B] Produção equivalente45.000 Fonte: elaborado pelo autor Neste mês de setembro, o estoque inicial das unidades em processo soma 15.000. Também em setembro, foram finalizadas e transferidas para venda 38.000 unidades e o estoque final em elaboração alcançou 10.000 unidades, que se encontram no estágio de acabamento igual a 70%, deixando, assim, a quantidade equivalente do mês de setembro em 7.000 unidades. Somamos as unidades acabadas (38.000) com as unidades na quantidade equivalente (7.000) chegando ao total de 45.000 unidades. Esta será a referência para calcular o custo unitário de 117 SISTEMAS DE CUSTEIO produção acabada. Para que a produção tivesse continuidade, no mês de setembro deste ano, a empresa incorreu nos seguintes gastos: • materiais = R$92.250,00; • mão de obra direta = R$52.200,00; • CIF utilizados = R$69.300,00. Agora podemos calcular o valor do custo unitário no mês de setembro. Repare na Figura 45, a seguir: Figura 45 – Cálculo do custo unitário no mês de setembro deste ano. ITEM CUSTO ANTERIOR CUSTO SETEMBRO CUSTO TOTAL QNTD. CUSTO UNITÁRIO Materiais R$20.250,00 R$92.250,00 R$112.500,00 45.000 R$2,50 Mão de obra R$10.800,00 R$52.200,00 R$63.000,00 45.000 R$1,40 CIF aplicados R$16.200,00 R$69.300,00 R$85.500,00 45.000 R$1,90 Total do custo unitário R$5,80 Fonte: elaborado pelo autor Na Figura 45, demonstramos o cálculo do custo unitário do produto no mês de setembro deste ano. Observe que os gastos do mês corrente se somaram aos valores de estoque final do mês de agosto, ou seja, vieram as quantidades junto aos seus respectivos valores para calcular nesse mês. Portanto, o valor do custo unitário no mês de setembro deste ano é de R$5,80. 118 GESTÃO DE CUSTOS Agora, demonstremos os cálculos dos custos totais da produção acabada e do estoque final na Figura 46. Figura 46 – Cálculo do custo total de produção acabada e estoque final - setembro. ITEM VALOR Custo da produção acabada 38.000 X R$5,80 R$220.400,00 Custo do estoque final: R$40.600,00 Materiais (10.000 X 0,70 X R$2,50) R$17.500,00 Mão de obra (10.000 X 0,70 X R$1,40) R$9.800,00 CIF utilizados (10.000 X 0,70 X R$1,90) R$13.300,00 Valores totais R$261.000,00 Fonte: adaptado de Dubois et al. (2019) Na Figura 46, usando as informações obtidas até o mês de setembro deste ano, concluímos que o custo dos produtos acabados no mês foi de R$220.400,00 e o estoque final ficou no valor total de R$40.600,00, valor este que pode ser desmembrado em materiais de R$17.500,00 + mão de obra de R$9.800,00 + CIF utilizados de R$13.300,00. Vale dizer que, no cálculo dos itens em elaboração, o total de 10.000 unidades representa o saldo em estoque no mês de setembro, a equação 0,70 representam o estágio em se encontram estas unidades, ou seja, 70%, seguido do valor unitário calculado na tabela 25. 119 SISTEMAS DE CUSTEIO CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, aprendemos que os sistemas de custeio são procedimentos que contribuem para otimizar a gestão da empresa. Com um conhecimento profundo destes sistemas, o gestor pode trabalhar com mais tranquilidade e assertividade. Esperamos que você tenha aproveitado e assimilado os sistemas de custeio aqui abordados. Um forte abraço e muito sucesso pessoal e profissional em sua trajetória! RESUMO Nesta unidade, aprendemos o que são e para que servem: • o custeio por absorção; • o custeio variável; • o custeio padrão; • a acumulação de custos por ordem; • a acumulação de custos por processo. 120 GESTÃO DE CUSTOS REFERÊNCIAS DUBOIS, A.; KULPA, L.; SOUZA, L.E. Gestão de custos e formação de preços: conceitos, modelos e instrumentos: abordagem do capital de giro e da margem de lucratividade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2019. HORNGREN, C.T.; DATAR, S.M.; FOSTER, G. Contabilidade de custos: uma abordagem gerencial. v.1, 11.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. RIBEIRO, O.M. Contabilidade de custos. São Paulo: Saraiva, 2009. VEIGA, W.E. Contabilidade de custos: gestão em comércio, serviço e indústria. São Paulo: Atlas, 2016. WERNKE, R. Análise de custos e preços de venda: ênfase em aplicações e casos nacionais. São Paulo: Saraiva, 2005.
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