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3ºAula Objetivos e indicadores de desempenho, estratégias de produtos e operações Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • entender como funciona os objetivos de desempenho e os fatores competitivos; • conhecer os principais indicadores de desempenho; • classificar as diferentes características das estratégias de produtos e operações. Olá, alunos(as), sejam bem-vindos(as) a terceira aula da disciplina projeto de fábrica. Nesta aula, iremos dar continuidade a etapa de Estruturação, abordando a importância e metodologias para determinar os objetivos e perceber a relevância dos indicadores de desempenho para atingir os objetivos estratégicos. Por fim, encerraremos este tópico nos aprofundando nas estratégias de produtos e operações, entendendo conceitos importantes e como classificar diferentes estratégias, de forma a encontrar a melhor alternativa para cada modelo de indústria. Bons estudos! Projeto de Fábrica 20 1 - Objetivos de desempenho 2 - Indicadores de desempenho 3 - Estratégia de produtos e operações 1 - Objetivos de desempenho Como vimos anteriormente, no projeto de uma indústria devem ser considerados os objetivos de curto, médio e longo prazo de uma empresa e de suas unidades de negócio. Dentro deste contexto, é importante considerar variáveis, como a satisfação dos clientes, intenção de compra, fl utuação de mercado, ciclo de vida do produto, qualidade, dentre muitas outras. Desta forma, deve-se dar muita atenção a prioridades, tempo e estrutura, permitindo que estes objetivos sejam trabalhados de forma dinâmica ao longo do tempo na empresa. Até bem pouco tempo, os indicadores econômicos e fi nanceiros eram tudo o que interessava para as empresas, principalmente indicadores de curto prazo, com empresas acreditando que devido ao ritmo acelerado de mudanças de mercado e ao mundo cada vez mais integrado e globalizado, os resultados tinham que ser rápidos para garantir o sucesso do negócio. Gradativamente, fi ca claro que este não é o caminho para uma trajetória duradoura. Atualmente, é muito mais importante agregar valor ao negócio, do que o lucro rápido e inconsequente. De maneira geral, diz-se que se agrega valor através de avaliações qualitativas e quantitativas, isto é, as organizações necessitam aferir se o desempenho atual está compatível com os objetivos estabelecidos. Infelizmente, esse processo não costuma ocorrer de forma sistemática e organizada, mas apenas quando ao menos um conjunto mínimo de estratégias são implementadas e monitoradas, uma empresa consegue sobreviver com sucesso no mercado. Tais indicadores e processos operacionais devem refl etir a performance global e departamental da organização, mapeando suas inter-relações com o ambiente interno e externo, incluindo suas relações com clientes, fornecedores, bancos, acionistas etc. (MARTINS, 2006.). Para garantir que a organização e seus subsistemas (processos, departamentos e colaboradores) estejam trabalhando em um modelo otimizado de forma a atingir os resultados desejados, é necessário o gerenciamento do desempenho organizacional. Assim, surgiram os SGD (Sistemas de Gestão do Desempenho), que consistem em sistemas que contemplam todos os aspectos de desempenho, assegurando o alcance dos objetivos e sua continuidade (NEUMANN, 2015). Cada instituição deve criar seu próprio SGD, adaptado para suas demandas e particularidades. Através deste sistema, gestores terão uma base de dados mais confi ável para trabalhar e tomar decisões, além de permitir às empresas a otimização dos resultados dos departamentos e colaboradores. Na internet é possível encontrar SGDs prontos para determinadas Seções de estudo demandas, como por exemplo, o SGD Ilustratown, para avaliação dos colaboradores, disponível em: https://www. ilustratown.com/Produtos/SGD.aspx ou o documento que defi ne o SGD da Eletrobrás no ano de 2008, disponível em: https://docplayer.com.br/1914415-Sgd-sistema-de-gestao- do-desempenho-sistema-eletrobras-versao-fi nal.html. Desta maneira, objetivos de desempenho podem ser, por exemplo, crescer 15% ao ano; lucro líquido acima de 10%; contribuir com a comunidade; contribuir com o meio ambiente; desenvolver novas tecnologias; promover o bem- estar de colaboradores e clientes, etc. Mas, distorções podem acontecer entre o que a empresa acredita ser o melhor para o cliente e aquilo que realmente é. 1.1 Aspectos dos objetivos de desempenho É fundamental que determinados aspectos fi nanceiros e não fi nanceiros estejam relacionados com aqueles objetivos estratégicos que terão mais importância no ambiente competitivo do mercado. São eles: • Econômico: As empresas têm como objetivo primordial o lucro, isto é, fornecer retorno aos investidores daquele negócio. Neste aspecto, após estabelecer a viabilidade técnica projetos de forma precisa e correta, é necessário que a tomada de decisão considere aspectos econômicos. Na Engenharia de Produção, a Engenharia Econômica será a área que fornecerá os critérios de decisão, para a melhor escolha entre as alternativas de investimento. • Organizacional: Este fator é crucial ao realizar-se o planejamento estratégico, operacional e as estratégias de produção, pois, nele serão incluídas informações sobre a capacidade de gestão das empresas e seus recursos humanos. O engenheiro deverá focar, por exemplo, na capacidade gerencial dos administradores; na estrutura e clima organizacional; na política de RH; aperfeiçoamento da mão de obra; índice de turn-over e absenteísmo; etc. • Tecnológico: Os fatores tecnológicos devem ser considerados do ponto de vista dos produtos e processos. Eles devem ser fl exíveis e acompanhar a evolução e mudança das tecnologias de forma contínua e com a mente aberta para manter a empresa sempre competitiva, considerando variáveis como: impacto sobre o mercado de tecnologias inovadoras; orçamento do setor de Pesquisa e Desenvolvimento; vida útil dos equipamentos e capital disponível para substituição; dentre outras. • Ambiental: O pensamento sustentável deve sempre permear o projeto da indústria, pensar sempre na redução do consumo de recursos naturais, ciclo de vida do produto, impacto ambiental e a interação da unidade fabril com o entorno é fundamental. Deve- se buscar privilegiar tecnologias que incentivam a reciclagem e redução de desperdício de matéria- prima e insumos, buscando sempre a utilização mais efi ciente dos recursos naturais (NEUMANN, 2015). 21 1.2 Fatores Competitivos Os fatores competitivos são aqueles que a empresa irá priorizar ao competir no mercado. Tais fatores são identificados de acordo com as necessidades dos clientes do seguimento alvo da empresa, preço, qualidade e customização são exemplos de fatores. Identificando o diferencial competitivo, a empresa constrói a sua imagem em benefício dessa vantagem através dos meios de divulgação adequados ao seu público-alvo. Estabelecendo o foco, a empresa precisa trabalhar em conjunto com os demais fatores. Mesmo em menor proporção, todavia, esses podem influenciar significativamente a produção e a lucratividade da empresa (SLACK et al., 1997). Os autores classificaram tais fatores em três categorias: • Fatores ganhadores de pedido: são considerados os fatores mais importantes do ponto de vista do cliente. Melhorar o desempenho nestes fatores, acarreta no aumento do número de pedidos e de novos clientes. Por exemplo, se o fator ganhador de pedido for prazo de entrega, consequentemente o objetivo de desempenho deverá ser a logística e velocidade de entrega e todos deverão buscar este objetivo para manter-se competitivo. • Fatores qualificadores: são aqueles em que a empresa deve manter o desempenho acima de um determinado nível para que os clientes não escolham o concorrente. Estes fatores irão fornecer as condições mínimas para que a empresa seja considerada como potencial fornecedor por um cliente. • Fatores menos importantes:são fatores que não apresentam relevância para o sucesso competitivo da empresa do mercado e podem ser deixados de lado no foco das tomadas de decisão, mas nunca devem ser permanentemente descartados, já que sua importância pode mudar no futuro e na evolução da empresa. Tais fatores interagem com os objetivos de acordo com a tabela 3.1: Tabela 3.1. Relação entre fatores e objetivos estratégicos. Fonte: Adaptada de NEUMANN, 2015. Quando o Objetivo for custo, deve-se buscar uma alta margem ou grande quantidade produzida. Escolher um processo produtivo de qualidade para fazer barato, também terá como consequência uma redução dos estoques, sendo que o custo também é sempre afetado por outros objetivos, já que todos apresentam efeitos externos e internos à empresa e interagem entre si. Já operações com qualidade diferenciada nem sempre representam alto custo, pois elas não desperdiçam tempo e evitam o retrabalho. Objetivos de rapidez reduzem os estoques, como o método Just-in-time de produção, também costumam diminuir custos administrativos e o custo global da operação. Com o foco na confiança, evita-se surpresas desagradáveis e elimina-se prejuízos de interrupções e, consequentemente, o custo do risco inerente ao negócio. Por fim, ser flexível leva a uma grande capacidade de adaptação da empresa diante de diferentes cenários, podendo trocar tarefas rapidamente, evita o desperdício de tempo e por consequência, o custo. Sabemos que uma empresa nunca tem apenas um único objetivo estratégico. Desta maneira, identificar a importância que cada objetivo tem para o negócio é muito importante. Uma alternativa intuitiva e muito simples é utilizar a Matriz de importância e desempenho desenvolvida por Nigel Slack, já em seus primeiros trabalhos e, replicada por muitos autores, como nesta adaptação em Neumann (2015). Figura 3.1 Matriz de importância e desempenho. Fonte: (SLACK,1993 et al., NEUMANN, 2015). Primeiramente deve-se atribuir uma pontuação de forma a mensurar o nível de importância do critério competitivo em questão, da seguinte maneira: 1 a 3 – Ganhador de pedido; 4 a 6 – Qualificada; 7 a 9 – Menos importante. A seguir, atribui-se uma pontuação para este mesmo critério quando comparado ao concorrente, seguindo o seguinte entendimento 1 a 3 - Melhor que o concorrente; 4 a 6 – No mesmo nível do concorrente; 7 a 8 – Pior que o concorrente. Após plotar o ponto encontrado no gráfico, observa-se em que área ele está para ver qual seria a atitude a ser tomada. Exemplo: Em uma indústria de salgadinhos na cidade de São Paulo, que domina apenas 5% do mercado consumidor, o objetivo mais importante é o preço, seguido da qualidade. Projeto de Fábrica 22 Desta maneira, o Gestor atribuiu para o Custo, a pontuação 2 (ganhador de pedidos) e para o controle de qualidade da produção a nota 6 (qualifi cada). Após uma análise de mercado, ele descobriu que o seu preço está apenas 7% mais barato, em média, que os concorrentes, portanto, em desempenho ele recebeu nota 4 (o mesmo que), também foi realizada uma pesquisa de satisfação e um levantamento dos dados de produtos defeituosos pelo controle de qualidade. Ao buscar na literatura especializada, ele fi cou surpreso em ver que estava abaixo da média dos concorrentes e atribuiu uma nota 8 (pior que) para a qualidade. Desta maneira, ao plotar os pontos no gráfi co, ele observou que o custo (x = 2 e Y = 4) encontra- se na Zona de Melhoramento, muito próximo do limite mínimo de desempenho esperado. Já o critério qualidade (x = 6 e Y = 8) encontra-se na Zona de ação urgente. Com esta informação, ele redirecionou os investimentos de curto prazo, de forma a melhorar estes números e determinou que uma nova avalição deveria ser feita em 3 meses para a questão da qualidade e em 6 meses para o custo. 2 - Indicadores de desempenho Um indicador de desempenho deve ser quantitativo, isto é, um número, para que o mesmo possa ser mensurável e comparável, ao longo do tempo e com os concorrentes. Baseados nestes indicadores, serão estabelecidas metas, para assim, atingir os objetivos estratégicos da empresa. Exemplo: • Objetivo: Ser a principal fábrica de palets para indústria automobilística do estado de Minas Gerais. • Indicador de desempenho: quantidade de palets vendido para o Grupo Fiat Chrysler em relação a quantidade total de palets comprado pelo mesmo grupo. • Meta: Nos primeiros 3 anos atingir 60% e após 5 anos chegar a 75% do total. Existem uma infi nidade de Indicadores de Desempenho. Eles irão variar conforme o ramo de negócio, tamanho da empresa, tipo de indústria, etc. Na sequência, iremos descrever os mais comuns. Vejam: Produtos produzidos Este indicador retorna o número de itens produzidos por uma ou mais máquinas em um determinado período de tempo. Deve ser informado continuamente e de forma precisa, preferencialmente de forma automática e integrada à um software de gestão. Produtividade Homem/hora Estes indicadores irão evidenciar a efetividade de utilização da mão de obra. Para isto, basta dividir a quantidade de produtos produzidos em um período de tempo pelo número de funcionários. Ex.: Uma empresa produz 180 caixas d´água em um turno de 6h com 15 funcionários. Produtividade/homem/h = (180/6)/15 = 2. Isto é, cada funcionário desta empresa está produzindo 2 caixas d´água por hora. Tempos Os tempos representam indicadores importantes, pois, como diz o ditado popular: “Tempo é dinheiro”. Em termos práticos, ele também é mensurável, e podemos ter diversas variantes em uma indústria: Tempo de operação de uma máquina por turno ou por mês; Tempo médio de troca de ferramental; Tempo de inatividade; Tempo médio para correção de falhas; Tempo de deslocamento de funcionários; Horas efetivas trabalhadas, etc. Percentual de utilização da capacidade instalada Este indicador mostra à diretoria, por exemplo, se existe necessidade de investimento na compra de novas máquinas, pois ele mostra o percentual de utilização da capacidade produtiva. Exemplo: uma empresa possui 5 injetoras com capacidade de produzir 30 ton/dia de produtos acabados. Atualmente, a empresa comercializa 120 ton/dia, isto é, ela está usando apenas 80% da capacidade instalada. Giro do estoque Relaciona as quantidades de entrada e saída de produtos e matérias-primas. Também pode fornecer quanto tempo um produto fi ca na empresa até ser processado ou revendido. Particularmente importante para empresas cujo o custo do estoque parado representa um custo muito alto, seja pelo seu custo em m² ou pelo valor intrínseco ao material. Custo Os custos podem ser representando de várias maneiras: custo de matéria-prima, custos fi xos, custos variáveis, custo de mão de obra, custo unitário ou custo total. Seu monitoramento deve ser contínuo e no menor período de tempo possível, fazer uso apenas do custo total anual, pode levar a empresa a responder de maneira muito lenta a uma variação importante no mercado. Ele irá determinar, também, a lucratividade da empresa. Lucro Lucro líquido, lucro bruto, margem de contribuição, valor agregado, etc. Este indicador irá retornar se a empresa é rentável ou não, responde a perguntas como: ela é um bom negócio? É viável? Normalmente, é o indicar mais aguardado por acionistas e investidores, sendo, portanto, um dos mais importantes. Taxa de sucesso de vendas Ela mostra o índice de sucesso, isto é, quantas negociações foram efetivamente concretizadas em relação a quantidade de orçamentos realizados. Através deste indicador o gestor é capaz de verifi car se sua estratégia de vendas é ou não apropriada ao negócio. Massa salarial real Para este indicador, soma-se todas as despesas como salários, horas extras, gratifi cações, dentre outras e acompanha- se sua evolução ao longo dos meses ou anos, permitindo uma comparação da situação da empresa em relação ao mercado. Índice de Turnover Este índice mostra a rotatividade dos colaboradores, 23pois, isso pode representar gastos extras com contratações, demissões e treinamentos, além da insatisfação da equipe e, por consequência, o aumento do custo. Ela pode ser calculado pela fórmula: {(n° de demissões + n° de contratações) /2}/ n° total de funcionários. Segundo Endeavor (2020), os Indicadores de desempenho, também conhecidos pela sigla em inglês KPI (Key Production Indicators), podem ser classifi cados em Indicadores de produtividade (exemplo: Hora/máquina), qualidade (exemplo: índice de conformidade), capacidade (exemplo: capacidade produtiva/máquina) e estratégicos (exemplo: taxa de sucesso de vendas). Como é possível observar, os indicadores estão presentes nas esferas de produção, produtos e de gestão, avaliando os colaboradores da empresa e seu desempenho dentro de suas funções. Também é fácil entender porque projetar uma indústria sem considerar os indicadores é o mesmo que projetar um barco sem saber que tipo de carga ele irá transportar, isto é, a chance de errar é muito grande. 3 - Estratégia de produtos e operações A estratégia de Produto e Operações ou simplesmente Estratégia de Operações (EO) tem diversos conceitos encontrados na literatura, sendo que eles remetem a uma evolução das estratégias de manufatura, estabelecidas por Wiliam Skinner na década de 60, diante da necessidade de integrar a manufatura e serviços dentro do planejamento estratégico das indústrias. Estratégia de operações É um grupo de decisões estruturais e infra estruturais, considerando a experiência e/ou o consequência para o consumidor, considerando o conceito de serviços: Pessoas – Processos, Posse – Processo ou Informação – Processo e, assim, atingindo um grupo de competências alinhadas a estratégia de negócios da empresa. (Adaptado de GONG, 2013). Entende-se por decisões estruturais aquelas que envolvem as áreas de decisão: Capacidade, Instalações, Tecnologia e Integração Vertical. Já as infra estruturais envolvem: Recursos Humanos, Qualidade, Planejamento e controle da produção, Novos produtos, Medidas de desempenho e Organização (CERRA, et al., 2009). Gong (2013) afi rma que no formato Pessoas – Processos, os clientes estão integrados ao processo de produção (exemplo: hotel e pequenas empresas de artesanato e personalização). Já no tipo Posse – Processo, o consumidor está envolvido no processo, mas não toma conhecimento de todas as ações envolvidas (exemplo: depósito de produtos e ofi cinas mecânicas). Por fi m, no tipo Informação – Processo, refere-se à criação de valor através do processamento, coleta e transferência de informações (exemplo: empresas virtuais). Para Neumann (2015), a EO de uma indústria pode ser defi nida segundo 4 caminhos principais e distintos: • Top-Down: De cima para baixo, isto é, a tomada de decisão parte das esferas superiores da administração da empresa; • Bottom-Up: De baixo para cima, ocorre quando as melhorias no chão de fábrica constroem a estratégia de operações; • Market Out: Quando os requisitos do mercado defi nem ou restringem a estratégia que será utilizada; • Product in: Quando a estratégia explora a capacidade dos recursos de determinados nichos de mercado. Outros conceitos são importantes para defi nir qual a melhor estratégia de operações a ser adotada. Processo produtivo De forma simplifi cada, o processo produtivo ou sistema de produção de uma empresa envolve sempre ao menos 3 componentes bem distintos: Entrada (ou input), composto por todos os insumos da produção, tais como Matéria-prima, energia e mão de obra. O processo de transformação: através de máquinas, ou processos manuais, os itens de entrada são transformados no item de saída. Saída (ou output): É o produto intermediário ou fi nal, que será entregue ao cliente ou enviado à uma próxima etapa. Além disso, em alguns processos temos um outro componente conhecido como Retroalimentação, onde através do controle e avaliação do processo, ações são tomadas no sentido de adequar e melhorar o sistema (MARQUES, 2012). Tais sistema de produção podem ser classifi cados de muitas maneiras diferentes, dentre elas, a classifi cação tradicional em: Sistemas de produção contínua São aqueles que apresentam uma sequência linear na manufatura dos produtos, possuem alto índice de padronização, baixa flexibilidade como fábricas de automóveis ou de eletrodomésticos. Sistemas de produção por lotes Os produtos são feitos em lotes ou grupos, com uma quantidade predeterminada de unidades, normalmente sua produção segue a demanda de mercado pelo produto selecionado. Sistema de produção para grandes projetos sem repetição São sistemas únicos com um alto grau de especialização e personalização, de forma a atingir o objetivo específico, como na fabricação de um satélite ou um produto de uso restrito. Processo de Produção Os processos de produção englobam a maneira como as empresas organizam seus setores e realizam a produção, são todas as atividades que consomem e produzem recursos físicos e produtivos, tendo como resultado a execução de atividades relacionadas ao fl uxo de produção, defi nições de Layout, capacidade instalada, tecnologias e equipamentos. Tais atividades compõe o projeto de produção, que pode ser capaz de: prever as quantidades corretas de recursos; economizar Projeto de Fábrica 24 tempo nos estágios através da movimentação precisa de materiais, informações ou clientes; assegurar a utilização de recursos e processos de forma dinâmica, efi ciente e com baixo custo (NEUMANN, 2015). De forma geral, estes processos podem ser classifi cados de várias formas, segundo Neumann (2015) as principais são: • Quanto a forma de organização de suas operações; o Organização por Produtos; Acontece quando os equipamentos são posicionados em uma sequência específi ca para a conveniência dos produtos, incluindo normalmente os sistemas de produção contínua (exemplo: Montadora de carros). o Organização por Processos; Neste caso, os equipamentos são agrupados conforme as semelhanças entre suas funções, sendo os layouts denominados por processo (exemplo: uma fábrica de tubos e conexões, onde as extrusoras são agrupadas em um setor e as injetoras em outro). A fi gura 3.2 sintetiza como as principais características de cada forma de organização podem variar de acordo com sua importância para o negócio. Figura 3.2. Importância de diferentes características quanto à forma de organização das operações. Fonte: Adaptada de NEUMANN, 2015. • Quanto ao tipo das operações; o Volume produzido de saída; A produção é focada em produzir em grandes quantidades. A consequência natural deste tipo de operação é uma redução nos custos unitários, mas isso pode levar também a uma redução na margem de lucro para dar vazão aos produtos. o Variedade produzida de saída; Neste caso a indústria apresenta um mix de produtos diversifi cado, o que permite uma grande fl exibilidade e adaptabilidade em relação às oscilações do mercado. São produções com baixo nível de padronizações. o Variação da demanda de saída; São negócios em setores cuja demanda pelo produto apresenta uma grande sazonalidade e, portanto, o sistema produtivo deve adaptar-se a esta variação, como na indústria de fertilizante. o Visibilidade da saída É defi nido conforme o contato das operações com o cliente, podendo ser de alto contato (interação), mista ou baixo contato. Podemos concluir que os fatores produtivos devem ser o alvo fi nal da estratégia de operações adotada pela empresa, sendo que os KPIs defi nidos, irão agir com instrumentos para mensurar o sucesso ou necessidade de adaptações, de modo que os objetivos estratégicos sejam fi nalmente alcançados. Retomando a aula Ao fi nal desta terceira aula, vamos recordar sobre o que aprendemos até aqui. 1 - Objetivos de desempenho Aprendemos que os objetivos de desempenho devem buscar maneiras de agregar valor à empresa e manter sua competitividade. Para isso, são adotados sistemade gestão do desempenho, ajustado às peculiaridades da indústria. Ao defi nir tais objetivos, devemos considerar os aspectos econômicos, tecnológicos, organizacional e ambiental. Por fi m, determinamos quais dos fatores serão os “ganhadores de pedidos”, quais serão “qualifi cadores” e quais não tem importância, sendo que os mesmos devem ser colocados em uma escala de prioridades e comparados com os concorrentes de forma a verifi car quais ações devem ser tomadas. 2 - Indicadores de desempenho Vimos os principais indicadores de desempenho na indústria, seja na esfera da produção ou de gestão, tais como: produtos produzidos, produtividade homem/hora, tempos de produção, capacidade instalada, giro de estoque, custo, lucratividade, taxa de sucesso de vendas, massa salarial e turnover. 3 - Estratégia de produtos e operações Nessa seção, estudamos que as estratégias de produtos e operações envolvem o sistema produtivo como um todo, englobando as entradas, saídas e processos produtivos, assim como as etapas intermediárias e sua gestão. Vimos os tipos de processos produtivos e de processos de produção, entendendo suas diferenças. 25 NEUMANN, Clovis; SCALICE, Regis. Projeto de Fábrica e Layout. E-book: GEN LTC, 2015. MARTINS, Marco Antonio. Avaliação de desempenho empresarial como ferramenta para agregar valor ao negócio. ConTexto, Porto Alegre, v. 6, n. 10, 2º semestre 2006. SILVA, Cristiano P. Administração da Produção para Administradores. Senac, São Paulo, 2019. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; HARLAND, C.; HARRISON, A; JONHNSTON, R,; Administração da Produção. Atlas: São Paulo, 1997. GONG, Yeming. Global Operations Strategy: Fundamentals and Practice. E-book: Springer, 2013. CERRA, Aline Lamon; et al. Estratégias de Operações e Tecnológicas de empresas do setor de linha branca. Revista Gestão Industrial: Ponta Grossa, 2009. MARQUES, Cícero Fernandes. Estratégia de gestão da Produção e Operações. IESDE Brasil: Curitiba, 2012. Vale a pena ler RAMO, Sistemas Digitais. 10 principais indicadores de desempenho na indústria. Disponível em: https://ramo. com.br/gestao-Industrial/indicadores-de-desempenho-na- Indústria/. Acesso em: 09.03.2020. ENDEAVOR BRASIL: 5 indicadores de desempenho para medir seu sucesso. Disponível em: https://endeavor. org.br/estrategia-e-gestao/indicadores-de-desempenho/. Acesso em: 09.03.2020. Vale a pena acessar KPI: A importância dos indicadores-chave de performance. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=sl1ET_sY40o. Acesso em: 10.03.2020. Papel Estratégico e Obj da Produção. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=j8V2bGwSTCk. Acesso em: 10.03.2020. Operations Management. Disponível em: https:// www.youtube.com/watch?v=FbbGlVle3oU. Acesso em: 10.03.2020. Vale a pena assistir Vale a pena Minhas anotações
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