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Endereço da página:
https://novaescola.org.br/conteudo/21675/como-ensinar-a-
estudar
Publicado em NOVA ESCOLA 17 de Maio | 2023
Protagonismo
Como ensinar a estudar?
Oferecer recursos para favorecer a aprendizagem do aluno
potencializa sua autonomia como estudante e seu papel de
cidadão
Carol Firmino
Ensinar a estudar vai além da orientação para prestar atenção nas aulas e
garantir momentos para tarefas em casa. Foto: Getty Images
Para que os alunos consigam desenvolver uma aprendizagem significativa e
tenham autonomia para investigar, ampliar e buscar novos conhecimentos, o
professor tem o importante papel de ensinar a estudar – o que vai muito além
da orientação para prestar atenção nas aulas e garantir momentos de estudo
em casa.
Nesse contexto, muitos docentes têm buscado recursos para ajudar a
sistematizar o conhecimento dos estudantes, compartilhando ferramentas e
ensinando a estudar. Walkiria Rigolon, doutora em Educação pela Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp) e assessora pedagógica em programas de
formação continuada de professores, explica que essa é justamente uma das
funções sociais da escola. 
https://novaescola.org.br/conteudo/21675/como-ensinar-a-estudar
/conteudo/21673/investigacao-cientifica-e-essencial-em-todas-as-etapas-de-ensino
“Se considerarmos que é preciso garantir emancipação [e conhecimento] a
todos aqueles que passam pela instituição, é necessário oferecer um processo
de ensino que intencionalmente promova situações de aprendizagem e
desenvolvimento capazes de ampliar o grau de autonomia dos estudantes”, diz. 
Ensinar a estudar e o contexto pós-pandemia
Ensinar a estudar sempre foi importante. No entanto, com a pandemia de
Covid-19 e os novos modelos de aulas com os quais professores e estudantes
tiveram de lidar, esta se tornou uma prática ainda mais desafiadora. Aline
Mendes, bióloga, pedagoga e mestra no ensino de Ciências, argumenta que
materiais e estratégias de estudo [sem a presença do professor] precisaram ser
utilizados, mas não garantiram que os alunos desenvolvessem as
aprendizagens necessárias, conforme indicam pesquisas sobre o período. 
A nota técnica Impactos da pandemia na alfabetização de crianças, do Todos
Pela Educação, mostrou que, entre 2019 e 2021, houve um aumento de 66,3%
no número de crianças de seis e sete anos de idade que, segundo seus
responsáveis, não sabiam ler e escrever.
Como os estudantes – ou boa parte deles – não tinham acesso direto às
intervenções e ao processo de ensino realizado pelo professor, as defasagens
se acentuaram, o que provocou um grande acúmulo de habilidades a serem
trabalhadas. No entanto, ao ensinar o estudante a estudar, buscar informação,
pesquisar e anotar, o docente pode focar as habilidades prioritárias e planejar
situações de estudo, em grupos ou individualmente, para que os alunos
avancem para habilidades mais amplas.
“O papel do professor é essencial ao compartilhar e vivenciar com a turma
diferentes caminhos e estratégias de estudo”, reforça Aline. Quando se ensina a
estudar, espera-se que o aluno reconheça os melhores meios para o seu perfil e
consiga estabelecer uma rotina de estudos – algo que dialoga com algumas
competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Segundo Walkiria, um primeiro movimento nesse contexto, relacionado à
competência geral 1 (Conhecimento) da BNCC, é o de auxiliar crianças e jovens
que passam pelas escolas a criar um vínculo afetivo e positivo com o próprio
conhecimento.
“Fazemos isso valorizando o potencial e a capacidade de aprender dessas
pessoas, que precisam se entender como produtores de conhecimento, e não
meros consumidores de informação”, ressalta. A assessora pedagógica afirma
que tanto os processos quanto os procedimentos de estudo se relacionam a
todas as competências gerais da BNCC não apenas no desenvolvimento do
pensamento crítico, científico e criativo, mas também no campo da cultura
digital, da capacidade de argumentação, no autoconhecimento e na
responsabilidade de cidadania e de cooperação. 
Procedimentos de estudo
E de quais recursos estamos falando quando se trata de ensinar a estudar?
Walkiria diz que ajudar os estudantes a desenvolver a capacidade de ativar
conhecimentos prévios envolve uma série de ações. Entre elas, estão instigar a
curiosidade crítica; estabelecer relações; analisar, comparar e traçar hipóteses;
https://todospelaeducacao.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2022/02/digital-nota-tecnica-alfabetizacao-1.pdf
/bncc/conteudo/5/competencia-1-conhecimento
refletir sobre diferentes campos de conhecimento; sintetizar ideias; generalizar
os saberes adquiridos; contextualizá-los de diferentes formas e aprender a
pesquisar realizando curadoria de informações e selecionando fontes seguras. 
Reduzindo esses métodos a procedimentos ainda mais práticos, a assessora
pedagógica destaca a necessidade do desenvolvimento da capacidade de ler e
escrever. “São métodos básicos, como grifos, anotações, resumos, esquemas,
fichamentos, resenhas, paráfrases, notas de rodapé, sinopses, relatos de
experiência e outros”, enumera. 
Porém ela acredita que a escola trata disso como se fosse algo inato, sem a
necessidade de ser ensinado. “Isso está presente nos comentários de que os
estudantes não gostam, não querem e não se interessam em estudar. A
pergunta inicial deveria ser se eles aprenderam a estudar, o que é papel de
todos os componentes de ensino”, completa.
A pedagoga Aline lembra de outra dificuldade desse contexto, que é a influência
que os alunos de hoje recebem do mundo digital. “É difícil concorrer com tanto
entretenimento, mas esse debate precisa estar na sala de aula ao buscar as
diferentes estratégias de estudo. Quando eles são desafiados a avaliar e validar
informações podem, desenvolver o pensamento científico, crítico e criativo.
Para exemplificar, ela cita possíveis atividades, como curadorias de conteúdo na
internet e de livros, jornais e revistas e debates sobre o uso de ferramentas de
inteligência artificial, como o ChatGPT, que tratem de limites éticos e
responsáveis, em que os alunos possam construir seus próprios argumentos.
“[Nesses exercícios], os estudantes desenvolvem autonomia para reconhecer o
que é benéfico para suas práticas de estudo”, avalia Aline.
Ferramentas para avançar na aprendizagem
Aline Mendes, bióloga, pedagoga e mestra no ensino de Ciências,
lista algumas estratégias que favorecem a autonomia dos alunos
nos estudos
Rotinas de pensamento
O professor pode estimular o estudante ou o grupo com um conjunto
de perguntas sobre determinado tema, incentivando a reflexão e
dando visibilidade às ideias e aos conhecimentos dos alunos.
Roteiros de pesquisa
Os estudantes partem de uma pergunta e, junto com o educador,
traçam objetivos e justificativas, definem a metodologia que vão utilizar
para obter as informações e estabelecem um cronograma.
Mapas conceituais
A ferramenta contribui para que o aluno entenda a ideia central de um
conteúdo e os conceitos que têm relação com ele, estabelecendo
conexões.
Murais colaborativos virtuais ou físicos
Os alunos publicam suas dúvidas e outros colegas ajudam a solucioná-
las.
Resumos e fichamentos
Essas estratégias ensinam o aluno a sistematizar informações (resumo)
e interpretá-las segundo seu próprio repertório (fichamento).
Resolução de situações-problema
É possível aplicar em qualquer componente curricular a partir de uma
problemática apresentada pelo professor, levantando questões para a
turma responder.
Uso de metodologias ativas
Por fim, e de maneira geral, o educador deve guiar suas propostas
(estudo de caso, sala de aula invertida, projetos) instruindo os
estudantes sobre a intencionalidade das atividades e os colocando no
centro do processo de ensino e aprendizagem.
Estímulo ao protagonismo dos estudantes
Em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo (SP), Rita Araújo
leciona disciplinas eletivas de Projeto de Vida e Tecnologia na EE Professora
Isabel Lucci de Oliveira, que abriga turmas do 6° ano do Ensino Fundamental
até o 3° ano do EnsinoMédio. Nos encontros com os alunos, além de seguir as
demandas específicas e curriculares, ela reforça a orientação sobre o
aprendizado. 
A professora e orientadora entende que o papel do educador nesse contexto é
refletir constantemente sobre seu trabalho e se perguntar: há uma maneira
melhor de explicar e apresentar o conteúdo para a turma? “Cada estudante é
único, então não pense que todos aprenderão com a mesma estratégia. Mas o
ato de ensinar a estudar é a base, o início de tudo, algo que deveria ser
ensinado antes de despejar informações e comandos para o aluno”, comenta.
“Como esperar que ele faça um resumo estruturado ou um mapa mental com
informações mais relevantes e claras, se não foi dedicado tempo para ensiná-lo
sobre as características de cada método?”, questiona. 
Por outro lado, a pedagoga Aline acredita que há avanços acontecendo nesse
cenário. “Muitos professores estão repensando as suas práticas e envolvendo
os estudantes nas aulas, estimulando o protagonismo”, observa. “Ainda assim, a
[continuidade] da formação docente é essencial. Redes, escolas e gestores
podem oferecer momentos formativos que envolvam os educadores nessas
temáticas, inclusive vivenciando essas práticas”, sugere. 
Rita conta que a escola onde trabalha tem estimulado o aluno a participar de
maneira ativa durante o processo de ensino e aprendizagem, inclusive
questionando-o sobre a estratégia de estudo com a qual tem mais afinidade. 
Práticas de linguagem em contexto de estudo
Também docente na EE Professora Isabel Lucci de Oliveira, Ana Reis leciona
Língua Portuguesa para os Anos Finais do Ensino Fundamental e o 1º ano do
/conteudo/20630/especial-metodologias-ativas-o-que-sao-as-metodologias-ativas-e-como-funcionam-na-pratica
Ensino Médio. Ela destaca que o componente requer um trabalho dedicado a
compreensão, interpretação e composição de textos, sejam eles orais ou
escritos, o que contribui para o desenvolvimento do aprendizado nos outros
componentes curriculares. “Observamos vários aspectos da língua, desde a
escolha do léxico, os efeitos de sentido, as questões gramaticais e as variedades
linguísticas.” 
Ela relata uma atividade realizada a partir da leitura do livro A face oculta: uma
história de bullying e cyberbullying, de Maria Tereza Maldonado, que envolveu
leitura compartilhada, tarefas de resolução de situações-problema, rotina de
pensamento e pesquisa.
“Eles tiveram a oportunidade de debater e refletir sobre o tema, que é
recorrente na atualidade, e, ao término da leitura, produziram um artigo de
opinião. Com isso, elaboraram uma tese e apresentaram argumentos e
propostas de intervenção para situações de bullying”, descreve. “Como
resultado, identifiquei avanços na escrita e na fluência leitora. O
comportamento com os colegas e o comprometimento em sala de aula
também melhoraram.” 
Rita, por sua vez, lembra que incorporar essas estratégias não precisa ser algo
restrito à Língua Portuguesa: “Na minha época, a Matemática, por exemplo, foi
apresentada com os números devidamente colocados em suas ordens, fossem
unidades, dezenas, centenas. Foi dito que deveríamos copiar igualzinho ao que
estava na lousa”, relata. “Mas isso não é o suficiente, sabemos que há inúmeras
formas de se aprender. [O primeiro passo] é apresentar ao estudante uma ou
mais estratégias, como os mapas mentais, que facilitam a compreensão da
teoria e a relação desse conhecimento construído com a prática”, explica.
Desenvolvimento das habilidades no currículo
Walkiria defende que os procedimentos de estudo deveriam ser contemplados
de forma sistemática não só nas matrizes curriculares, mas nos Projetos
Políticos-Pedagógicos das escolas, nos planos anuais, nas rotinas semanais e
assim por diante, tornando-se atividade permanente ao longo de todo percurso
de escolaridade.
“Precisamos entender que não existe cidadania plena e emancipação sem
conhecimento. As escolas poderiam incluir no planejamento escolar o ensino
de, pelo menos, dois procedimentos de estudo por ano. Assim, quando
chegassem ao 3º ano, os estudantes, especialmente os da rede pública,
estariam no Ensino Médio com mais autonomia para se prepararem para o
vestibular, investirem em cursos, seguirem suas trajetórias acadêmicas e no
mercado de trabalho”, argumenta a assessora pedagógica.
Esses procedimentos de estudo, segundo Walkiria, poderiam ser definidos nos
projetos didático-pedagógicos das escolas, com mais ênfase no trabalho com a
leitura e nos diversos procedimentos de estudo que precisam ser ensinados e
envolvem gêneros escritos (anotação, resumo, fichamento, mapa conceitual,
esquemas diversos, nota de rodapé). Também poderiam envolver gêneros
orais, como exposição oral, entrevistas, debates com regras, relatos de
experiência, participação em assembleias, seminários, mesas-redondas e
outros.
Ela acredita que o trabalho com pesquisa também é um campo que demanda o
desenvolvimento de diferentes métodos de estudo e permite aplicar atividades
significativas para os estudantes, com procedimentos que têm função
sociocultural na prática. “[Aprendendo todos esses processos], os alunos
garantem mais repertório e se tornam capazes de exercer a luta pelos seus
direitos e por uma sociedade mais justa e menos desigual”, conclui.
Consultoria pedagógica: Sidecleia dos Anjos, educadora e membro do Time de
Formadores da NOVA ESCOLA. Esta reportagem faz parte do Especial sobre
Práticas de Aprendizagem.
/tudo-sobre/estrategias-aprendizagem/
	Ensinar a estudar e o contexto pós-pandemia
	Procedimentos de estudo
	Ferramentas para avançar na aprendizagem
	Rotinas de pensamento
	Roteiros de pesquisa
	Mapas conceituais
	Murais colaborativos virtuais ou físicos
	Resumos e fichamentos
	Resolução de situações-problema
	Uso de metodologias ativas
	Estímulo ao protagonismo dos estudantes
	Práticas de linguagem em contexto de estudo
	Desenvolvimento das habilidades no currículo

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